Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, julho 26, 2009

Mega economia

Receitas dos clubes brasileiros em 2009


A Casual Auditores Independentes empresa de auditoria especializada em clubes de futebol, acaba de revelar dados preliminares relacionados com as receitas dos clubes Brasileiros. O ranking das receitas dos clubes Brasileiros segue o mesmo critério de análise que os 4 anos anteriores, onde figuram clubes que atinjam uma receita bruta anual mínima, entre os clubes que disponibilizaram os seus relatórios e contas. No topo da tabela tal como nos anos de 2007 e 2006, continuam o São Paulo na 1ª posição com R$ 160,6 milhões (56,6 M€) e o Internacional em 2º com R$ 142,2 milhões (50,1 M€) em receitas. Existem algumas alterações em relação ao ano anterior no final da tabela, com a entrada da Portuguesa de Desportos no lugar do Juventude de Caxias.

Os 21 clubes com maiores receitas do futebol brasileiro geraram receitas totais no valor de R$ 1,400 milhões (494,2 milhões de Euros), representando um evolução de 69% nos últimos 5 anos. A média de receitas gerada pelos clubes na amostra atingiu os R$ 67,5 milhões (23,8 M€), enquanto no exercício de 2004 era de R$ 39,9 milhões (14 M€). O crescimento em relação ao ano de 2008 foi de 6,1%, sendo que 13 clubes aumentaram as suas receitas e 8 apresentaram uma redução. Os maiores responsáveis pelo aumento das receitas foram o Palmeiras,

Portuguesa,Flamengo, Fluminense, Coritiba e Cruzeiro.














Em 2008 as receitas geradas na venda de atletas que é a grande fonte de receitas dos clubes no Brasil diminuiu, no entanto o aumento das restantes receitas conseguiu ainda assim aumentar as receitas totais. Esse aumento nas restantes receitas foi consequência directa da melhoria das receitas de bilheteira, modalidades amadoras, patrocínios e publicidade, quotização e direitos TV.

Segundo a Casual Auditores o mercado brasileiro de clubes de futebol pode encerrar o exercício de 2014 depois do Campeonato Mundial produzindo receitas no valor de R$ 2,800 milhões, cerca de 988,4 milhões de Euros. Este resultado pode ser atingido pela através do aumento das receitas de exploração da marca dos clubes, maximização das receitas dos novos estádios e conteúdos media, directamente através dos adeptos e empresas patrocinadoras, projectos de marketing e exploração de novas tecnologias.

1 BRL = 0.353005 EUR 1 EUR = 2.83282 BRL

Fonte: Casual Auditores Independentes S/S

| Vida virtual, consequências reais |

Sócrates

A vida que o sucesso e a popularidade nos oferecem é cheia de particularidades interessantes. Somos tratados como indivíduos especiais e únicos, e os privilégios são espantosos. Isso geralmente nos encanta de tal forma que se torna difícil manter a razão. Mas não se pode perdê-la em hipótese alguma, pois as consequências são imprevisíveis. Durante o auge da popularidade como jogador de futebol, eu era convidado de uma das mais elegantes casas noturnas de São Paulo. De vez em quando, até por curiosidade para conhecer pessoas mais exigentes e sofisticadas no trato social, eu aparecia por lá. Em pouco tempo, já conhecia todos que ali trabalhavam e me sentia em casa ainda que os tipos que a frequentavam não fossem exatamente aqueles que me fascinavam (ou fascinam) conviver. Mas havia suas atrações. Gente bonita, algumas boas cabeças e shows musicais de qualidade.

Isso perdurou por longos anos até que um dia recebi pela primeira vez uma conta a pagar. Nesse momento, ficou claro para mim que o personagem que encarnava já não era tão interessante para aquela casa e nunca mais retornei. Até porque aquele não era um local de minha eleição, além de ser extremamente dispendioso para as minhas posses. Não tive nenhum problema com a repentina autoexclusão de um ambiente que de alguma forma fez parte da minha vida por algum tempo, porque sempre tive claro que o convidado em questão não era o ser humano que sou e, sim, a personalidade que todos conheciam dos campos de futebol, da televisão, dos jornais e das revistas. Um personagem que um dia morreria – como de fato aconteceu. Reconhecer as diferenças fundamentais entre o que é real e virtual nessas histórias que envolvem atividades populares é de fundamental importância para a sobrevida posterior de quem atinge esse estágio.

Atores, cantores, jogadores de futebol e outros são como entidades tratadas de acordo com a sua influência dentro da sociedade. Quanto mais aparecem, mais são valorizados. Quando por acaso desaparecem da mídia por qualquer motivo, tornam-se quase desconhecidos – o que, geralmente, provoca imensos traumas na personalidade desses indivíduos, caso não tenham a consciência de que muita coisa ali jamais foi real. Todos passam por isso, mas muito pior é o caso dos esportistas, que inexoravelmente devem deixar a sua atividade por culpa da gradativa incapacidade física que limita as suas potencialidades. O desemprego é um dos grandes males dos tempos modernos e uma das maiores preocupações das sociedades contemporâneas, mas muito mais doloroso que perder o emprego é perder a profissão. O desempregado tem uma qualificação que o credencia a retornar mais cedo ou mais tarde ao mercado de trabalho. Porém, no caso do jogador de futebol, não há alternativa: tem de procurar uma nova profissão para que possa se reinserir na mesma sociedade.

Já não tão jovem e com responsabilidades sociais definidas, nunca é fácil recomeçar. Principalmente no caso dos brasileiros, que quase sempre não possuem uma formação adequada, muito menos qualificação em outra área. Eu, mesmo tendo me preparado exaustivamente para esse momento, tendo um diploma de médico e uma previdência relativamente boa, tive muitos problemas. É que a rotina de trabalho, de laços familiares e de todo o resto tem necessariamente de ser modificada. Tudo: desde o horário de dormir e levantar até o dia de lazer. Além, é claro, de começar tudo de novo para conquistar um espaço em um mercado absolutamente competitivo. Consegui sobreviver, mas quantos permanecem ainda em busca de uma resposta para suas necessidades? É muito triste perceber que tantos que um dia foram ídolos de multidões agora estão em situação precária.

Não sei exatamente como Romário preparou-se para o final de sua brilhante e bem-sucedida carreira, porém, os episódios tornados públicos nos últimos dias fazem-nos acreditar que seus problemas ainda persistem e não são poucos ou simples de resolver. Muitos não entendem como alguém – se é que tudo o que foi divulgado faz parte da realidade – que tenha tido a oportunidade de usufruir algo tão especial acabe jogando por terra boa parte do que conquistou. No entanto, é plausível que essas pessoas compreendam que nem sempre as soluções encontradas em determinado instante (inclusive judicialmente) são compatíveis com as distorções provocadas pela limitada extensão dessa carreira profissional

Sócrates

Ana Sheila, do Mídia Sem Média

Copa do Brasil de Futebol Feminino

De 15 de Setembro á 15 de Dezembro o torneio será disputado por 32 equipes

A CBF anunciou a data em que será disputada a 3º edição da Copa Feminina de Futebol Feminino, de 15 de setembro á 15 de dezembro, serão 32 equipes que jogarão em partidas de mata – mata.


As vagas são decididas por critério do Ranking Nacional de Federações (RNF), as federações que estiverem mais bem colocadas terão maior número de representantes. Serão três vagas para o estado em primeiro lugar – São Paulo, duas vagas para os estados posicionados da segunda à quarta colocação – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais e uma vaga para os Estados de quinto a 27º lugar no RNF.


A última edição da Copa em 2008 foi vencida pela equipe do Santos que venceu na final contra o Sport Recife.


Os clubes que representaram o estado de São Paulo na edição do ano passado foram o Saad Esporte Clube, o Santos Futebol Clube e o Sport Club Corinthians Paulista.

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Romário condenado a três anos e meio de prisão


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Romário foi condenado a três anos e meio de prisão pelo juiz da 8ª Vara Criminal Federal, Gilson David Campos. O Baixinho omitiu informações à Receita Federal sobre valores recebidos em 1996 e 1997, quando realizou propagandas para uma marca de cerveja e jogava pelo Flamengo. A pena incluiu ainda multa de R$ 1,7 milhão, tornando sua vida financeira ainda mais difícil.


Por ser réu primário e a pena ser inferior à quatro anos, a pena será convertida em três anos e meio de serviços comunitários.


A defesa do ex-atleta alega que as dívidas sobre os recebimentos das propagandas, na verdade, seriam da empresa de Romário. E culpa o Flamengo por não recolher os impostos devidos ao Fisco.

O nível técnico do jogador brasileiro
Uma verdade sobre a formação dos nossos atletas
Wladimir Braga
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. (Paulo Freire)

O atleta brasileiro, mundialmente, é conhecido pelas jogadas “geniais”, com dribles magníficos e gols de placa. Mas considerando o futebol enquanto esporte tático, em que os aspectos técnicos e físicos têm importância decisiva, é preciso relacionar os outros fundamentos técnicos que são igualmente importantes para o bom desempenho do atleta profissional.

Além do drible, os fundamentos são: passe, domínio, cabeceio, condução, chute a gol ou finalização que se estendem em outros itens. O passe, por exemplo, possui as variantes, cruzamento, inversão de jogo, lançamento, passe curto de primeira. E ainda temos no cabeceio outra forma de passe.

O próprio cabeceio pode ser defensivo ou ofensivo, o domínio pode ser com os pés, coxas, peito, cabeça ou qualquer parte do corpo que não as mãos ou braços. O chute a gol é evidenciado com a parte interna ou externa dos pés, com o peito do pé, de voleio, bate-pronto, calcanhar, além de sabermos que podemos fazer gols com os joelhos e até mesmo com as coxas.

Continuando, podemos conduzir a bola com o dorso do pé quando queremos mais velocidade. Usamos a parte interna ou externa para mudar a direção, em determinadas situações, precisamos pisar na bola como no futsal; em outras, podemos conduzir a bola nas embaixadas e até de cabeça.

Com tudo isso, precisamos questionar até que ponto o jovem atleta brasileiro é bem preparado para o futebol profissional e se bom nível técnico é entendido como um real domínio dos fundamentos técnicos ou capacidade de realizar malabarismos de circo com a bola e saber driblar.

O drible, sem dúvida, também é um elemento importante e decisivo no jogo, mas futebol é muito mais do que isso. Atletas que estão há anos no mesmo clube não podem chegar no sub-20 com problemas básicos de elementos técnicos da modalidade.

O jogador brasileiro precisa, sim, de mais volume de treino técnico e de mais concentração para a execução de gestos motores específicos de sua modalidade. Não podemos nos esconder atrás do pentacampeonato mundial e achar que nossos atletas são superiores por causa disso.
Acompanhando os jogos da Liga dos Campeões, bem como das competições nacionais européias, é evidente o altíssimo nível técnico dos outras atletas em relação a muitos jogadores que consideramos craques de bola. Dessa forma, aos jovens treinadores e profissionais de clubes formadores, é preciso rever se os conteúdos estão realmente sendo ministrados de maneira eficiente ou se é preciso mais horas de treino técnico em detrimento de sistemas de jogo.

Reforçando essa preocupação com a preparação na base, é preciso definir bem o conceito da relação formação x rendimento.

É lamentável que ainda se acredite que quando se treina para o jogo não se treina para a formação; que quando se forma bem, não se treina para o jogo. Na verdade, formação e rendimento não são coisas dicotômicas ou contrárias. O conceito a ser definido é: quando se forma direito, o rendimento aparece a curto e longo prazo.

Ou seja, a definição dos conteúdos técnico, tático e físico, por categoria, assegura que os elementos importantes em cada etapa ajudem também no rendimento momentâneo, mas principalmente permitam, aliados a uma boa captação de talentos, a formação e revelação de jovens profissionais para o futebol.

Não podemos esquecer que apesar de ser um esporte coletivo e/ou tático, a preparação individual é ponto fundamental na formação de jovens atletas. Nessa fase, principalmente até os 15 anos, a técnica e a capacidade tática individuais são mais importantes que o sistema de jogo. Já a partir dos 16, o rendimento individual é igualmente importante em relação ao rendimento coletivo, no que se refere à formação. Nunca superior.

Aqueles questionamentos quando ligamos a televisão e observamos um lateral sem marcação errar um cruzamento pode estar associado a isso. É claro que a tomada de decisão também interfere, mas quantas finalizações na cara do gol o atacante chuta para fora? E um dado irrefutável: chutamos muito pouco de fora da área. O jogador brasileiro precisa entrar no gol com bola e tudo. Isso também pode ser porque tática e tecnicamente não são condicionados a fazê-lo.

Enfim, é um ponto a ser mais discutido. Acredito que tenha fundamentação independentemente de alguma discordância. É preciso investigar, cada um em seu ambiente de trabalho, se isso realmente está acontecendo, pois é grave e nossos adversários mundiais já no alcançaram há muito tempo. Nós é que não percebemos isso.


*Wladimir Braga é preparador físico do Clube Atlético Mineiro e coordenador do Geaf
O futebol pode (e deve) salvar vidas
O futebol tem o grande poder de dar à população um justo retorno, se não financeiro, ao menos, no âmbito social

Carlos Teixeira

A popularidade do futebol nas últimas décadas ajudou esse esporte a atrair grande interesse por parte de patrocinadores e mídia, fazendo com que, na atualidade, um grande volume financeiro seja movimentado nesse negócio ao redor do mundo.

Esse fenômeno ficou conhecido como ¨a comercialização do futebol¨, que promoveu, em última análise, sua transformação, de um mero esporte amador, em um verdadeiro ramo de atividade profissional, com diversas frentes de atuação.

Mas toda essa força do futebol não pode resumir-se a isso. Há algo muito maior do que isso. O futebol tem o grande poder de dar à população (que é a grande responsável por esse fenômeno da comercialização) um justo retorno, se não financeiro, ao menos, no âmbito social.

O futebol, se bem administrado, pode efetivamente reinserir indivíduos na sociedade. Pode desenvolver regiões menos favorecidas, alimentar e proporcionar um sonho a um jovem atleta, e, ainda, estampar um sorriso no rosto de cada um de nós. Enfim, não há limites na quantidade de benefícios que o futebol pode proporcionar à população.

Mas essa função social não sai do papel se as pessoas que dirigem o esporte não passem a tomar medidas reais para tanto. Já existem, de fato, diversos programas nesse sentido. Mas hoje, gostaria de sugerir mais um programa para o nosso país, à semelhança do que já acontece em outros países.

Trata-se de um programa para incentivar os torcedores a doarem sangue.

De acordo com o site Filantropia.org, o Brasil necessita de 5.500 bolsas de sangue por dia. São inúmeras as vítimas que precisam de sangue para sobreviver e dependem dessas doações para sobreviverem. Mas a realidade é que ainda não temos doadores em quantidade suficiente para suprir a atual demanda.

Houve em 2003, um projeto de lei que tratou da concessão de livre acesso de doadores em espetáculos, incluindo jogos de futebol, mas que, até onde temos notícia, não foi levado a diante, ou que, de toda forma, não foi devidamente implementado.

Independentemente do esforço legislativo, os clubes e federações poderiam se antecipar ao problema, e promover ¨ex oficio¨ um programa de concessão de determinados ingressos para pessoas que comprovadamente fizeram doações de sangue.

Dentro de seus regulamentos, as federações poderiam repassar essa obrigação aos clubes, que teriam uma quantidade de ingressos separada para ser enviada aos postos de coleta de sangue credenciados. Esses ingressos seriam pessoais e intransmissíveis.

Sabemos que é raro no Brasil termos estádios completamente lotados nos diversos jogos, das diversas divisões, tanto a nível nacional como estadual. Assim, não há dúvidas de que há ingressos de sobra a disposição para essa finalidade.

No âmbito deste programa, os estádios aumentariam seus públicos (em benefício do espetáculo como um todo), bem como teríamos um aumento efetivo do número de doadores de sangue.

É claro que comentamos aqui o programa de forma genérica. Mas a sua implementação poderia ser feita de forma criativa, em que se propicia uma rotatividade na distribuição de ingressos (para que sempre se incentive que um novo torcedor faça doações de sangue), bem como mecanismos para que se evitem desvios na distribuição (e tentativa de comercialização) desses ingressos.

É assim que o futebol pode salvar vidas. Mas essa é apenas mais uma delas.

O futebol pode, e a população brasileira merece.


Encontro do Comitê Executivo da Fifa propõe alterações no futebol
Entre os pontos discutidos, a redução da idade olímpica de 23 para 21 anos foi um dos que teve aprovação da maioria das federações presentes
Equipe Universidade do Futebol

A Fifa anunciou, por meio de uma nota, algumas decisões tomadas durante o encontro do Comitê Executivo, em Nassau, nas Bahamas. O congresso, assistido por 205 federações, decidiu criar um projeto para implantar uma norma que exija a escalação de seis jogadores do país de origem do clube entre os titulares. Isso evitaria o excesso de estrangeiros em algumas ligas.

"Quando for aprovado o Tratado de Lisboa, pediremos seu apoio para proteger as equipes representativas, os clubes formadores e sua identidade. E não só na Europa, mas no mundo todo. A regra virá, é só questão de tempo", garantiu Joseph Blatter, presidente da Fifa. Ele lembrou que o tratado refere-se à "especificidade do esporte" e sua "estrutura", assim como sua "função social e educativa" (grifo deste blog).

Além disso, 58% dos participantes aprovaram uma emenda no artigo 18 do Estatuto da Fifa, para eliminar o limite de 21 anos de idade aos jogadores com dupla nacionalidade para defender outro país.

Outro assunto debatido no início do encontro do Comitê Executivo da Fifa foram os critérios de elegibilidade para o torneio olímpico de futebol masculino. Até o momento, as equipes olímpicas eram formadas por jogadores abaixo dos 23 anos, com três exceções. A Fifa pretende reduzir o limite de idade para 21 anos.

Mais ainda, 98% das federações aprovaram a declaração que insiste na proteção dos jogadores menores de 18 anos, na identidade dos clubes e na formação dos jovens jogadores nos clubes, na luta contra o doping, no estímulo ao fair play financeiro e na reforma do regime dos agentes.

Também foi decidido que será criada uma subcomissão para examinar as transferências de menores de idade e aumentar a quantia da indenização por formação para os jogadores de entre 12 e 15 anos. Isso evitaria a caça aos jovens talentos.

"Temos um esporte maravilhoso como ferramenta para criar esperança e emoções, por isso devemos proteger nosso futebol. Nossa obrigação é proteger os jovens jogadores e acabar com a escravidão", disse Blatter.

Por fim, foi discutida uma campanha para estimular um estilo de vida saudável por meio do futebol. De acordo com dados da Fifa, anualmente são feitos 30 mil exames antidoping no futebol, com 0,3% de casos positivos.


Relação clube-técnico, uma questão que supera as regulamentações e invade a cultura dos países
Mais do que regras para determinarem como deve ser tratado o treinador, a forma como é encarado o futebol interfere nessa relação
Marcelo Iglesias

No futebol brasileiro, existem muitas regras que abordam todas as esferas da modalidade, desde o desenvolvimento do jogo até a relação dos clubes com os jogadores. No entanto, há uma enorme negligência no que se refere às diretrizes que regem a convivência com os treinadores.

“No Brasil, não há regulamentação para os técnicos de futebol. Na Europa, ao contrário, se um treinador é demitido, ele não pode comandar outro clube do mesmo país”, disse Mano Menezes, técnico do Corinthians, em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura. “Essas regras reduzem a quantidade de especulações em relação a possíveis transferências, o que é muito comum no Brasil”, completou.

Na verdade, as diferenças em relação ao tratamento que é dado aos treinadores varia de país para país. Não existe uma norma que seja igual para todos as nações européias, isto é, cada campeonato tem as suas regras particulares, assim como a que foi citada pelo técnico corintiano.

“Esse procedimento é algo particular do campeonato inglês. Na Europa, cada país tem as suas regras. Nesse caso, se por um lado o treinador não pode comandar nenhuma equipe do mesmo país, a agremiação é obrigada a pagar o seu salário até o final da temporada, o que também impede algumas demissões”, contou Luiz Felipe Santoro, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD), formado pela USP, pós-graduado em Direito da Integração e Mercosul pela Universidade de Buenos Aires e especializado em Administração para Profissionais do Esporte pela FGV-SP.

No entanto, como é apenas uma regra de campeonato e não uma lei, esse tipo de relação clube-técnco pode ser facilmente alterada. Caso tivesse força de lei, precisaria passar por diversas tramitações e processos para que fosse mudada.

“Apesar de ser de praxe essa relação na Inglaterra, ela é uma regra que pode ser alterada a qualquer momento, diferente de uma lei, que exige mais do que a simples vontade dos organizadores do campeonato para ser mudada”, enfatizou Santoro.

No Brasil, uma realidade igual a da Inglaterra poderia acontecer sem problemas. Bastaria que técnico e agremiação colocassem em contrato que, caso o treinador fosse demitido ou se demitisse, ele não poderia comandar outro time do país, e/ou que o clube se comprometeria a pagar o seu salário até o final da temporada.

Um dos pontos levantados por Mano Menezes é que, a consequência da falta de regulamentação para os treinadores no Brasil acarreta em constantes especulações em relação a possíveis transferências para clubes do mesmo país, o que dificulta ainda mais a relação harmoniosa entre os dirigentes das agremiações brasileiras.

“Acredito que esse tipo de relação do mercado acontece muito mais no Brasil por conta da desunião dos clubes. Em países como a Inglaterra, a Alemanha e a Itália as agremiações são mais corporativistas. Mesmo porque elas sabem que, se não houver esse tipo de relação, os custos para ter-se um bom técnico sobem muito, o que, atualmente, é um dos principais problemas da indústria do futebol”, disse Oliver Seitz, pesquisador do Grupo de Indústria do Futebol da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e colaborador da Universidade do Futebol.

No entanto, em países como a Espanha, por exemplo, existem dois grandes clubes, o Real Madrid e o Barcelona, que se odeiam, e que têm muito mais dinheiro e poder que os demais. Lá, a relação entre as agremiações extrapola o ambiente do futebol, chegando a questões étnicas, o que dificulta a boa relação entre as agremiações.

“No Brasil, apesar de não existirem problemas étnicos ou sociais que interfiram no relacionamento dos clubes, alguns dirigentes se odeiam por razões pessoais. Acredito que para que possamos ter algo parecido com o que há na Inglaterra, ainda precisaremos de algumas gerações de dirigentes”, opinou Seitz.

Portanto, a reclamação de Mano Menezes poderia ser facilmente contornada com a inserção de uma cláusula contratual. O maior problema para práticas como essa é a mudança cultural que deveria ocorrer no Brasil a fim de que se alterasse a relação técnico-clube.


O que fazer para se tornar um treinador de futebol?
Para ser treinador de futebol do século XXI (e não no século XXI) serão necessários muitos estudos e anos de dedicação

Nos cursos de Educação Física sempre me deparo com fantásticos alunos que desejam ser treinadores de futebol. Também, com certa frequência recebo e-mails de jovens que me indagam sobre como ser um treinador de futebol, ou mesmo se tenho contatos com pessoas do meio futebolístico para arrumar-lhes oportunidades de estágio e emprego.

Assim, a pergunta que não quer calar seria: o que fazer para se tornar um treinador de futebol? Principalmente em um país em que ainda impera o tradicionalismo e o conservadorismo quando o assunto é futebol.

Além do fato incontestável de que, em sua maioria, a gestão do futebol está nas mãos de pessoas reacionárias que, obviamente, não querem mudanças, logo os revolucionários devem ser sufocados e suas idéias impedidas de propagação.

Esta estóica conjetura privilegia apenas os que possuem capital simbólico. E este capital simbólico não é obtido na universidade (nesta seara se obtém o capital intelectual), e sim no campo de jogo no seio de uma sociedade mitificadora (que depende de mitos).

Capital, segundo o Houaiss, significa “de relevo; principal, fundamental”, ou seja, estou querendo dizer que do modo como o futebol está sendo gerido, apenas os ex-jogadores, e famosos (de relevância, com capital simbólico), têm a oportunidade de se candidatar ao cargo de treinador.

Não é necessário estudar, preparar-se... e sim apenas aproveitar a oportunidade, ganhando jogos e se mantendo na ciranda (ou dança das cadeiras) dos palcos que se transformam os bancos de reservas dos estádios.

Sendo assim, só posso entender que existe um cenário interessante para a eclosão de uma revolução, não anárquica, mas inteligente, que poria fim às injustiças impostas por esta forma de gestão.

Digo injusta, pois esta visão tradicional, primeiro, exclui os que não têm dom, pois não pode ser jogador de futebol quem não recebeu os talentos divinos ou genéticos, e, na sequência, só pode ser treinador quem foi jogador de sucesso.

Ou seja, é preciso ser dotado de muita resignação para não aderir a esta revolução. Só mesmo tomando muito “alienol” para se manter neste estado letárgico de alienação.

Nada diferente das fábulas proféticas relatadas no começo do século XX, nos clássicos livros “Admirável mundo novo” e “A Ilha”, por Aldous Huxley, onde a resignação era quimicamente controlada por substâncias alienantes como o soma e o moksha.

Porém, só os “cegos” e os que ignoram o conhecimento científico, para não perceber as mudanças paradigmáticas que estão em curso.

Nos tempos atuais, emergem mudanças sistêmicas que, de modo avassalador, irão levar à extinção àqueles que não se adaptarem às novas exigências, agora democráticas, da profissão de treinador de futebol.

Democráticas, pois, nesta perspectiva, ser treinador de futebol não será mais determinado pelos “genes” futebolísticos ou mesmo, por pura vocação divina.

Para ser treinador de futebol do século XXI (e não no século XXI) serão necessários muitos estudos e anos de dedicação, para aquisição de saberes que levem à edificação de competências e habilidades requeridas às novas funções dos gestores de campo.

A pergunta, logo, muda. Passa de o que fazer para o que estudar, se se almeja ser treinador de futebol?

Minha sensibilidade, advinda do acúmulo de conhecimentos e experiências no meio futebolístico, diz que talvez os estudos devam começar pelas ciências humanas (a filosofia, a psicologia, a pedagogia, a sociologia, a história, a administração, a motricidade humana...).

De forma semelhante, relata de próprio punho o revolucionário treinador José Mourinho, em um capítulo do livro Motrisofia (obra organizada que reúne uma diversidade de autores comprometidos em homenagear o filósofo Manuel Sérgio).

Ele escreve: “Fiz o curso de Educação Física há mais de 20 anos, onde no meu primeiro ano conheci o Prof Manuel Sérgio. Tinha uma convicção, queria ser treinador de futebol, mas na minha época estava no auge estudar Matveyv, porém a teoria do treinamento desportivo positivista não se alinhava a minha forma de pensar. Foi aí que o Prof. Manuel Sérgio me ensinou que para ser aquilo que eu queria ser, teria de ser um especialista na área das ciências humanas. Foi assim que aprendi que um treinador de futebol que só perceba de futebol, de futebol nada sabe. Se sou um treinador singular é porque não me esqueço das lições sobre emancipação e libertação. É preciso ser livre para fazer o novo... até no futebol”.

Autor: Alcides Scaglia

quinta-feira, julho 16, 2009

Polêmica

Fundação religiosa critica combate a manifestações de fé no futebol
Após a final da Copa das Confederações de 2009, os brasileiros foram advertidos pela Fifa por terem manifestado-se religiosamente, durante a comemoração do título
Equipe Universidade do Futebol

Edio Costantini, presidente da Fundação João Paulo II, afirmou que Joseph Blatter, presidente da Fifa, e a Federação da Dinamarca equivocam-se ao quererem “eliminar do esporte os valores éticos que a fé cristã e a Igreja Católica difundem há muitos séculos”.

Esse foi o recado passado pelo comunicado da fundação religiosa em resposta à advertência dirigida aos brasileiros por sua maneira de expressar a sua fé religiosa nos estádios após a conquista da Copa das Confederações de 2009.

Após sua vitória sobre os norte-americanos na final do torneio disputado na África do Sul, os jogadores de futebol da seleção brasileira se abraçaram e recitaram uma oração de agradecimento. Jim Stjerne Hansen, presidente da Federação Dinamarquesa de Futebol, não gostou da alegria dos atletas, repleta de fervor religioso.

“A expressão de fervor religioso dos brasileiros durou tempo demais”, declarou Hansen, e cria uma “confusão entre a religião e o esporte”. “É inaceitável”, opinou o presidente da Federação Dinamarquesa de Futebol por meio de um escrito dirigido à Fifa. Para Hansen, “não há lugar para a religião no futebol”, e, por isso, solicitou a intervenção da Fifa para evitar o “perigo” de que, no futuro, uma partida de futebol possa-se converter em um evento religioso.

Blatter advertiu os jogadores brasileiros por seu gesto e se comprometeu também a vetar toda manifestação religiosa na próxima Copa do Mundo, que acontecerá na África do Sul em 2010.

Diante disso, o presidente da Fundação João Paulo II para o Esporte quis defender a expressão dos gestos religiosos no futebol. “O desaparecimento progressivo dos valores éticos e religiosos é responsável pela desorientação moral da qual o futebol e o esporte em geral são agora vítimas”, assinalou Costantini, por meio de um comunicado. “Violência, dopping e racismo são os efeitos derivados do esporte ‘laicista' ", completou.

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Coritiba terá departamento de Scout
Equipe paranaense utilizará as estatísticas para estudar adversários e possíveis reforços
Equipe Universidade do Futebol

Na última terça-feira, a equipe do Coritiba informou que criará de um departamento de Scout no clube. O sistema é responsável pela captação de estatísticas e números sobre os jogos, como chutes a gol, impedimentos, passes errados, etc.

De acordo com Felipe Ximenes, coordenador de futebol da agremiação da capital paranaense, o objetivo do novo setor, muito comum no futebol europeu, é observar os adversários e, também, buscar jogadores que possam reforçar a equipe.

“Estamos estruturando o departamento com o passar do tempo da maneira como entendemos que deve funcionar um departamento de futebol. O primeiro desafio é integrar o departamento de futebol da base ao departamento de futebol profissional e fazer somente um departamento de futebol do Coritiba”, contou Ximenes.

Com a criação do departamento de Scout, uma das ideias é que se faça um estudo mais aprofundado sobre os garotos das categorias de base para que eles subam ao time profissional quando realmente estiverem preparados.

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ENTREVISTA



Quem é Eduardo Fernandez-Cantelli
Eduardo Fernandez-Cantelli é PhD em gestão esportiva pela Universidade de Minnesota, dos Estados Unidos, e ainda tem um diploma em ciência da administração pela Universidade de Oviedo, na Espanha.

Essa experiência acadêmica garantiu ao especialista um lugar no Real Madrid, de 2001 a 2002. Na época, o professor geriu o marketing do departamento de basquete do clube e chegou a dar aulas sobre o assunto na Universidade do Real Madrid.

Posteriormente, Cantelli decidiu assumir uma cadeira no IE Business School, a maior universidade privada da Espanha. Hoje, é uma das maiores autoridades em patrocínio esportivo do país europeu.


Entrevista: Eduardo Fernandez-Cantelli

GUSTAVO FRANCESCHINI
Da Máquina do Esporte, em São Paulo


Na semana posterior às contratações de Kaká e Cristiano Ronaldo, o Real Madrid tomou conta do noticiário esportivo mundial. Coincidentemente, esteve no Brasil, no mesmo período, um dos membros da primeira gestão de Florentino Pérez, o dirigente que criou a primeira geração dos "galácticos" e retornou ao poder com estilo nos últimos dias.

Eduardo Fernandez-Cantelli foi diretor de basquete do Real Madrid, e viveu de perto o processo de internacionalização da marca que levou o clube ao posto de mais rico do mundo. Em entrevista exclusiva à
Máquina do Esporte, o PhD em gestão esportiva e professor do IE Business School, mostrou sua visão da política do clube merengue.

"Quando Pérez chegou ao clube [pela primeira vez], ele estava em uma situação econômica difícil, e a prioridade era a geração de receita, acima da parte esportiva. É claro que sem a parte esportiva não havia crescimento econômico, mas a prioridade era a geração de receitas", disse Cantelli.

A visão é de um modelo espanhol de gestão. Em meio à crise financeira, o especialista apresenta a polêmica criada na Europa pelo Real Madrid, que conseguiu um empréstimo milionário para a contratação de seus novos craques.

"Os bancos não tem liquidez, não conseguem ter crédito, mas emprestaram mais de 50 milhões de euros para o Real Madrid. Isso é muito dinheiro. Então, você está produzindo uma situação complicada, que não aconteceria se o clube fosse uma sociedade anônima, porque teria de responder a esse montante com o capital de seus sócios", disse Cantelli.

Leia a íntegra da entrevista a seguir:

Máquina do Esporte: Conte um pouco da sua visão da estratégia do Real Madrid na primeira gestão de Florentino Pérez?
Eduardo Fernandez-Cantelli:
Eu sou uma pessoa muito feliz por ter vivido de perto uma época tão importante que foi a da globalização da marca Real Madrid. O interessante para entender é ver o ponto de partida, aonde estava antes de Florentino Perez antes de chegar a essa posição muito global. O Real sempre foi conhecido por ter muitos torcedores, mas nunca havia se relacionado com eles da maneira ideal. E hoje, depois de todo o processo, a realidade é que o Real Madrid tem muitos torcedores espalhados pelo mundo, muitos mais que os outros grandes clubes europeus. Naquele momento, o clube entendeu que tinha três tipos de torcedores. Aqueles que estavam mais próximos, que acompanhavam o time e tinham contato normalmente, aqueles que estavam um pouco mais distantes, mas podiam se relacionar diretamente ocasionalmente, e aqueles que estavam mais afastados. E o Real Madrid ainda não conseguia lidar com esse público que ficava mais afastado e tinha características distintas. E para isso, eles avaliaram qual era o perfil de cada mercado. Aqui na América Latina, por exemplo, os torcedores são muito mais inconográficos, ligados ao ídolo, inclusive quando ele muda de equipe. Dessa avaliação nasceu praticamente todo o processo que resultou no marketing do clube, que queria alcançar esses mercados. E então contratou-se jogadores que podiam alcançar esses mercados. E aí você consegue formar uma equipe que, esportivamente, é muito boa, e ainda carrega uma série de valores que aumentam a penetração da marca Real Madrid.

ME: O Beckham foi o ápice de marketing, mas começou a cair esportivamente. Como fica essa relação?
EFC:
Essa é um dos maiores problemas das equipes que querem se estabelecer globalmente. Como estabelecer prioridades? Quando Perez chegou ao clube, ele estava em uma situação econômica difícil, e a prioridade era a geração de receita, acima da parte esportiva. É claro que sem a parte esportiva não havia crescimento econômico, mas a prioridade era a geração de receitas. E é muito difícil quando você tenta fazer esse processo de transição de prioridades, porque as instituições, e não só as esportivas, não são como as pessoas. Eu não consigo me levantar e mudar de lugar assim tão fácil. Essa mudança como pessoa é muito mais fácil que para empresas. O Real custou a entender que, quando sua situação financeira estava ajustada, graças à chegada de Beckham, a parte esportiva se convertia em uma prioridade, porque sem ela um clube não é nada. E não é porque o torcedor deixa de admirar o Beckham, mas há uma massa social por trás que se interessa mais pelo esporte que pela parte econômica. O Real passou por uma situação difícil quando teve de mudar essas suas prioridades. Esse é um dos problemas que terão de ser enfrentados pela nova gestão de Florentino Pérez.

ME: Nesse período, o Real fortaleceu as parcerias que não são de exposição, como a da Audi. Esse tipo de acordo é a melhor saída para os clubes hoje em dia?
EFC:
Eu entendo que as marcas é que estavam buscando isso, porque quando você busca um contrato de patrocínio, não está indo atrás só do retorno, porque há processos prévios antes da exposição. Um exemplo é a Coca, que às vezes patrocina um evento não só para gerar um comportamento de compra nas pessoas, mas sim para buscar outros objetivos. Tem determinadas marcas que precisam aparecer no mercado, porque as pessoas não sabem que elas existem. Nesse raciocínio, o patrocínio é uma ferramenta de comunicação. Tem outras que tem uma penetração forte nos mercados, mas sem uma relação afetiva, que vai ser alcançada justamente com acordos de patrocínio. E é por isso que as marcas retiram os seus apoios quando há um escândalo, porque a relação é afetiva, com laços positivos, e não negativos. Um acordo desses é difícil de ter sua efetividade medida, porque elas não querem um reconhecimento, mas sim ficar ligados à emoção que está por trás do esporte.

ME: Mas você acha que essa saída pode ser aplicada a outros mercados?
EFC:
Os clubes tem a capacidade de gerar recursos de três fontes diferentes. Uma é a exploração de seus direitos, outra são todas as formas de receita, como patrocínio, e a outra de receber dos torcedores, que é uma fonte limitada, uma vez que o estádio tem a sua capacidade limitada. O Maracanã, por maior que seja, não comporta mais que um determinado número de pessoas. Mas isso não quer dizer que não possa gerar mais recursos com a venda de direitos, para que tenha mais gente assistindo fora do estádio. Outra ferramenta são os patrocínios. Quando Perez chegou, ele percebeu que muitas das propriedades que ele possuía estavam em poder de outras organizações, e não do Real Madrid. Elas haviam se aproveitado da situação econômica e tinham comprado essas propriedades. Por isso, a primeira questão era recuperar essas propriedades, de forma que a exploração desses recursos caísse direto no caixa do Real Madrid. Depois, o clube teria de otimizar a exploração dessas propriedades. E o clube conseguiu chegar a esse patamar como um reflexo do processo de globalização da marca, que gerou mais receitas e permitiu essas compras.

ME: E quais eram essas propriedades?
EFC:
Olha, a equipe de basquete, por exemplo, praticamente não era do clube. O peito das camisetas, as placas de publicidade na quadra e todos os direitos de mídia, como o site oficial. O Real Madrid era capaz de firmar um acordo com a Audi, por exemplo, e muitas das receitas não vinham para o clube. A gestão de um clube passa por um aspecto comum, que é a inovação. Cada clube tem de avaliar qual propriedade pode ser mais interessante e bem trabalhada para as empresas, que estão sempre buscando uma relação com o público em um momento especial, emocional. É claro que nem todo mercado vê o esporte dessa maneira. Nos Estados Unidos, por exemplo, ele é muito mais trabalhado como espetáculo. Tem muitos americanos que preferem, independentemente do resultado, ver uma boa partida. Os latinos, por definição, querem a vitória. A relação é diferente. Nós estamos em um período mais emocional, e o patrocinador busca essa fase emocional. E a qualidade dessa relação é responsabilidade dos clubes e das ligas, que tem de abrir espaços para que as empresas cheguem a esse público no momento correto.

ME: O modelo de gestão da Espanha, incluindo a negociação com as TV's, favorece o Real Madrid?
EFC:
Esse é um tema complicado, porque o Real Madrid diz que esse sistema os prejudica. Os dois grandes vão negociar com uma quantidade estabelecida, e o restante é repartido com os demais clubes. Você pode crer, sim, que há um favorecimento, mas o argumento do Real Madrid é que a parte repartida seria menor se os dois não participassem, então os pequenos não tem outra alternativa. Existem, certamente, outros modelos mais interessantes, mas aí temos de ver se Real Madrid e Barcelona vão aceitar. É um modelo que está firmado em vários setores, inclusive no basquete espanhol, que premia os clubes que tem melhor desempenho na temporada. Esse modelo não vai interessar aos dois grandes, porque eles já tem uma vantagem muito grande sobre os demais.

ME: E a questão das sociedades anônimas. Na Espanha, poucos clubes não são sociedades anônimas. O que você pensa disso?
EFC:
Hoje mesmo estamos em uma polêmica tremenda, porque as coisas na Espanha estão indo mal. Não é uma situação de alarme, mas de preocupação. Os bancos não tem liquidez, e não conseguem ter crédito, mas emprestaram mais de 50 milhões de euros para o Real Madrid. Isso é muito dinheiro. Então, você está produzindo uma situação complicada, que não aconteceria se o clube fosse uma sociedade anônima, porque teriam de responder a esse montante com o capital de seus sócios. Mas mesmo assim ele teria um capital maior que os dos outros.

ME: Maior que o dos outros, mas nem tão maior que o dos rivais europeus, não? Ele seria capaz de tirar Cristiano Ronaldo do Manchester United,, por exemplo?
EFC:
Na Europa existe o modelo inglês, que nos mostra que o potencial de geração de recursos de um clube não está ligado necessariamente ao seu desempenho esportivo. O Chelsea, por exemplo, pertence a uma pessoa que não está interessada no esporte. Pelo contrário, ele está quase mais interessado em um fraco desempenho esportivo, que lhe garante mais exposição como pessoa.

ME: Mas essa disparidade entre Barcelona e Real Madrid e os demais não pode lhes ser prejudicial mais à frente, com a Liga Espanhola caindo de nível? O modelo americano de igualdade não é mais interessante?
EFC:
Do ponto de vista da Liga, com certeza, o ideal é o ponto de vista competitivo. Mas para o Real Madrid, o melhor é que haja um grande desequilíbrio, especialmente se o desequilíbrio colocar o Real lá em cima. O interessante é que a capacidade de Real e Barcelona de continuarem crescendo passa pela participação em outras competições, porque o Espanhol já não oferece dificuldade. E é por isso que os dois sempre irão buscar, até que consigam, uma competição com uma amplitude geográfica maior, que geraria mais exposição e receita. Hoje a maior fonte de receitas de um clube ainda é a venda de direitos de televisão, e não a dos artigos de marketing. A venda de camisas, por exemplo, é importante, mas não é a única. Não se compra Beckham para que ele venda camisetas. A ideia é que eles cheguem a um mercado mais amplo.

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quinta-feira, julho 09, 2009

Do Diário do Nordeste

ENFIM, PRAZOS PARA ENTREGA

Reformas pontuais marcam projeto do PV

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Visão do Setor de Imprensa e agora também com tribuna de honra, entre as cadeiras especiais (Foto: Reprodução)

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Geral do Estádio Presidente Vargas após a reforma que deve ser finalizada em maio de 2010 pela Prefeitura

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Projeto de reforma foi apresentado pela prefeita Luizianne Lins, ontem, durante uma reunião em hotel da orla marítima

Cinqüenta e dois milhões é o valor integral que será gasto com a reforma do Estádio Presidente Vargas (PV). O projeto do novo estádio do Benfica foi apresentado, ontem, pela manhã, em hotel da orla marítima, pela prefeita Luizianne Lins. Presentes nesse encontro com a prefeita dirigentes dos principais clubes da Capital, o vice-presidente Mauro Carmélio, da Federação Cearense de Futebol (FCF), novo secretário de Esportes do Município, Evaldo Lima, jornalistas e outros integrantes da comunidade esportiva.

“O Estádio Presidente Vargas (PV) recebeu diversas reformas pontuais ao longo da sua existência. Mas com esse projeto apresentado hoje (ontem) não estamos mais para remendar o PV, vamos deixar o Presidente Vargas agora pronto para os próximos 100 anos. Este era o nosso interesse e por isso demorou tanto a confecção desse novo projeto”, afirmou entusiasmada a prefeita Luizianne.

Quanto ao prazo para o início das obras do novo PV, o secretário Evaldo Lima, atual titular da Secretaria de Esportes do município (Secel), afirmou que “ainda este mês será lançado o edital de licitação para a reforma do estádio. E entre a abertura de propostas, adjudicação, homologação e início das obras é um prazo que deve ser respeitado. Nós imaginamos que as obras deverão ser iniciadas no mês de outubro. E que em maio de 2010 o novo Estádio Presidente Vargas será entregue ao público cearense”.

E o titular da Secel garantiu: “serão oito meses para a reconstrução do Presidente Vargas, e não é apenas uma maquiagem, não é uma ‘reforma cosmética’, é uma reforma estrutural, de requalificação. O estádio não será apenas uma praça de futebol, na parte externa haverá lanchonetes, com possibilidade de receber lojas, amplos espaços de convivência, então, a expectativa é que o Benfica receba isso em maio”.

Cronograma

A obra de reforma ou requalificação do PV está prevista para duas etapas, com duração de oito meses. Na primeira, cuja conclusão está prevista para fevereiro de 2010, serão gastos cerca de R$ 22 milhões na restauração da segurança estrutural das arquibancadas e adequação dos padrões de evacuação do local. Na segunda fase, onde deverão ser gastos R$ 30 milhões, o objetivo é recuperar e modernizar a infra-estrutura esportiva do PV, para que o estádio possa ser utilizado pelos clubes a partir de 2010 e como campo auxiliar ao Castelão durante o Mundial de 2014.

Responsáveis pelo projeto do novo PV são o engenheiro Luís Eduardo Cardoso e o arquiteto Luís Armando Mendes, que também trabalharam na reforma do Maracanã.

Cardoso, na apresentação do projeto, ressaltou que “tirou partido da estrutura já existente no PV para realizar toda essa reforma”. O engenheiro frisou que a característica do PV como estádio será mantida. ‘‘O que vai acontecer é uma recuperação estrutural e uma adequação, com reforço, à modernidade com relação às arquibancadas. Por exemplo, as rampas, hoje, de acesso às arquibancadas, são rampas que existem no interior do estádio, por dentro do campo. Isso vai ser mudado, pois o PV ganhará novas arquibancadas, prolongadas até o campo, com novos degraus, além de cadeiras numeradas”.

Critérios da Fifa

Luís Eduardo Cardoso salientou que “os acessos às novas arquibancadas serão compatíveis com o que hoje a Fifa exige para a segurança desses estádios. Aliás, a questão da segurança, do escape do torcedor, ela deve ser integralmente respeitada. Esse é um dos pontos prioritários no novo PV. E quando você numera as cadeiras e cria novas entradas e saídas no estádio, você dá essa condição, claro, de conforto ao usuário. Basicamente, nós vamos recuperar as estruturas deterioradas, reforçar as estruturas que no novo projeto exigirão esse reforço, e adotar técnicas absolutamente reconhecidas dentro das normas brasileiras, obviamente”.

Limites da obra

O engenheiro Luís Cardoso assegurou que “nosso projeto está dentro dos limites que definem, hoje, a periferia do Presidente Vargas, desde sua construção, em 1941. A partir do que estabelecemos, com o arquiteto Luís Mendes, nada será modificado com relação a essa área. Não sei se a Prefeitura tem outra concepção para os arredores do estádio”.

DEMOLIÇÃO, NÃO
Mário Elízio diz que a cidade saiu ganhando com a decisão

O engenheiro que chefiou uma comissão do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (CREA-CE), que identificou os problemas estruturais do Presidente Vargas, Mário Elízio Aguiar, disse que a cidade saiu ganhando com a reforma, ao invés da demolição do PV.

Mário e outros seis engenheiros eram a favor do “Plano B”, ou seja, a não demolição do estádio, mas a reforma. “O que estava previsto antes era a demolição total do estádio e a construção de um outro, mas isso seria oneroso demais. Seriam necessários R$ 152 milhões para demolir, com prazo de um ano e meio a dois anos para a conclusão das obras”, informou Mário Elízio.

Mário elogiou muito os itens da reforma do PV, identificando alguns pontos principais, que o fizeram um defensor dela. Partiu dele e de outros engenheiros, a indicação dos arquitetos que farão a reforma. “Primeiro, o município vai economizar, gastando apenas um terço do que custaria a demolição; segundo, o prazo de execução é menor; terceiro, será conservada a história da cidade, mantendo-se a fachada do estádio”, comentou Mário Elízio, sobre o assunto.

SAIBA MAIS

Requalificação do PV

Recuperação e reforço dos pilares do estádio, com a colocação de vigas metálicas; novas rampas de acesso para as arquibancadas, que receberão novos degraus e se estenderão até o campo etc

Corrosão da estrutura

As ações da água das chuvas e da lavagem da urina humana causou a desagregação e corroeu o concreto do Estádio Presidente Vargas, deixando suas estruturas metálicas expostas à degradação do ambiente com o tempo

Licitação

Edital de licitação das obras de reforma do PV está sendo finalizado e sua publicação acontecerá ainda este mês. A partir de novembro, até fevereiro de 2010, a primeira parte da reforma estará concluída. Já a segunda etapa, que visa à reconstrução de toda a infra-estrutura esportiva do estádio, tem como referencial as indicações da Fifa

PV
Mudanças no estádio

CCF funcionando dentro do próprio estádio
Ligar as arquibancadas (hoje separadas)
Colocação de vigas metálicas
Impermeabilização da estrutura (contra urina, especialmente)
Dezoito vomitórios; novas rampas de acesso e escape
Substituição de muros por gradis (para que estádio seja visto por quem passa por aí)
Cobertura para cadeiras especiais
Ampliação da pracinha do PV
Aécio de Borba deverá ser demolido para ampliar a rua e criar nova opção de saída
Túneis ampliados com quatro vestiários
Criação de lojinha dos clubes
Cabines para rádio/TV de 12 a 15
Colocação de placar eletrônico
Instalação de câmeras de segurança

O que permanece

Fachada fica igual
Torres de iluminação serão mantidas

MOACIR FÉLIX
Repórter

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