Treinador – a arrogância personificada?
Fernando Diniz – GE - divulgação
Todos
eles – os treinadores – são arrogantes?
Não!
Claro que não! Somente quase todos.
E isso
não é piada, cinismo de minha parte, nem mesmo ironia.
Eles
argumentam que precisam ter suas convicções.
Dizemos
nós que eles necessitam flexibilizar decisões.
Afinal, a presunção do saber onisciente é uma declaração
inescapável de prepotência.
E tem
mais. Treinador aprende uns com os outros?
Claro que
sim! Mas eles admitem isto? Claro que não!
É tão
mais fácil, tão mais decente, tão mais transparente, e seria tão mais meritório
se a categoria tivesse representantes bem mais interessados na adoção de um postulado básico da verdade.
No meio
dos treinadores, bem que eles poderiam vivenciar, nem que fosse por um
brevíssimo intervalo de tempo, o chamado teste pragmático da verdade.
Outro
ponto. Entre os treinadores brasileiros há o que eles possam replicar do
trabalho dos treinadores estrangeiros? Sem dúvida que há! Se considerarmos o
aspecto cultural, o multidisciplinar, o interdisciplinar e o transdisciplinar,
mais ainda haverá lugar para repliques, paráfrases e acréscimos em geral. E
isso não implica subdesenvolvimento dos treinadores brasileiros. Antes
corresponde a buscar entender o aparente gap existente os profissionais de
casa e os de fora.
O
‘fenômeno’ Vojvoda, que já criou o neologismo vojvodismo não é único,
contudo detém a maior gradação de didatismo para que se possa entendê-lo. E a
razão é simples. Vojvoda tem feito mais
com menos.
Reparem
que enquanto o Fortaleza percebe ou capta R$2 mi por ano de seu patrocinador
máster, o Palmeiras se beneficia de R$80 mi, podendo chegar a R$120 mi em igual
período. Logo se vê que é brutal a diferença. Portanto, ao aportarem na ‘page-one’
(página-um) da tábua de classificação, as gestões de Ceará e Fortaleza
conseguem resultados muito melhores, proporcionalmente, que as de seus primos
ricos. É assim que é!
O
treinador tem que saber qual a ‘fisiologia’ e a ‘compleição’ financeira do
clube para o qual trabalha, a fim de que possa moldar a sua filosofia à do
clube. Em vez disso, treinadores há que esperam o contrário, pretendendo ver o
clube adaptar-se a eles. Ora, se os clubes possuem DNA genérico, mas também
específico, se sabemos que tem
aspirações, inspirações, personalidade intrínseca e extrínseca, perfil que
corresponde ao caráter, metas e objetivos, nada mais lógico que o treinador
saiba lidar com tudo isso, além de entender e respeitar as características de
cada clube. Isso, portanto, é o extracampo que é levado (ou deve) para o intracampo.
Creio
que deu para entender que VOJVODAR não é modismo, mas uma
necessidade premente de reavaliar a identidade de clubes e times.
Benê Lima, Cronista e Gestor Esportivo, Ex-Presidente da Liga Cearense de Futebol Feminino, Ex-Coordenador/gerente de Futebol Feminino da FCF, Membro do Conselho do Desporto do Estado do Ceará, Rosacruz do Graus Superiores e Neo-humanista.