por Mauro Beting
O futebol brasileiro não respeita datas. Não tem cabimento. Não é exemplo para Darwin. Não tabela com a preparação física. Não respeita o corpo do atleta, a alma do torcedor, a camisa dos clubes.
Calendário do futebol brasileiro é como folhinha de borracharia onde modelos desfilam suas vergonhas. Onde alguns sem muitas vergonhas baixam a borracha e sobem o burro no que é sagrado.
Não pode. Não cabe. Não deve.
- Não!
É o grito de gente que joga. São atletas bons de pé e de cabeça e também de peito para desarmar jogadas de bastidores. Bastilha que cai e que precisa ser encarada pelos atletas do bem comum e do bom senso. CBF, TVs, mídia, estão todos no mesmo jogo. É preciso organizá-lo. Respeitá-lo como já não se respeitam mais as férias aos atletas. A pré que já vira temporada. Os estaduais inchados. O Brasileirão longo. Muitos jogos para pouco futebol.
- Não!
Se preciso, que atletas profissionais (e não apenas bem remunerados, quando pagos em dia – ou meses) cruzem as pernas e os braços. Ao menos que discutam como alguns estão se articulando com a mesma velocidade com que os donos da bola e das boladas com controle remoto dominam o esporte, o espetáculo e o negócio de milhões para poucos, e migalhas para muitos.
O ideal seria equiparar nosso calendário ao europeu. O possível é racionalizar os estaduais, esticando-os pela temporada, diminuindo o número de partidas dos que jogam as primeiras divisões nacionais.
São várias ideias. Muitos ideais.
E, torcemos, muitos para debater e bater um bolão. Canarinhos que não são mais cordeirinhos. Ovelhinhas de presépio. Cordeirinhos no curral eleitoral e comercial de interesses desinteressantes ao futebol.
É preciso dar força e respaldo a quem coloca o pescoço e as canelas na forca.
Tem como racionalizar e diminuir o número de partidas, e não necessariamente acabando com campeonatos.
Tem como ouvir e conversar com quem faz o jogo, não necessariamente as jogadas.
Tem como melhorar o diálogo, o desempenho, a atividade, o negócio.
Tem de jogar junto. Não contra.
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Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
CALOUROS DO AR FC
domingo, setembro 29, 2013
Cruzando as pernas – #Demorou #Tamojunto
sábado, setembro 28, 2013
Professor Luis Filipe Chateaubriand fala sobre o Calendário do Futebol Brasileiro
Autor do livro "Futebol brasileiro: um projeto de calendário" fala sobre o movimento dos jogadores
Bruno Camarão
Criticado por treinadores, diretores e atletas da maioria dos grandes clubes do país, o calendário do futebol brasileiro pode passar por mudanças - mas só depois de 2014, quando o país sedia pela segunda vez uma edição da Copa do Mundo.
Virgílio Elísio, diretor de competições da CBF, diz que alterações pontuais estão na pauta de José Maria Marin, presidente da entidade, que busca ampliar o diálogo com os clubes desde que assumiu o cargo, em março deste ano. Mas cerca de 80 jogadores resolveram reivindicar antes mesmo do fim do Campeonato Brasileiro de 2013.
Na última sexta-feira, Alex, do Coritiba, Rogério Ceni, do São Paulo, Paulo André, do Corinthians, e Elias, do Flamengo, dentre outros, emitiram um comunicado com o intuito de mudar o calendário do futebol nacional. Eles integram um movimento composto por outros 71 jogadores profissionais, das Séries A e B do Brasileirão, cujo objetivo é propor mudanças no calendário – o Bom Senso FC.
O grupo reúne jogadores de 19 dos 20 clubes da Série A, além do Palmeiras e de outras equipes da Série B. Boa parte dos atletas deve se reunir nos próximos dias, em São Paulo, para debater propostas de mudanças na agenda brasileira da bola ainda para o ano que vem. E conta com o apoio de um dos maiores batalhadores por mudanças nesse sentido: o professor Luis Filipe Chateaubriand.
Pré-temporada e adequação à Europa são algumas das exigências dos jogadores“O momento é apropriado, o calendário exposto pela CBF extrapolou em termos de falta de bom senso e ficamos felizes com essa reação, que estava tardando. Lamentamos que isso venha dos atletas, e não dos clubes, nas figuras dos seus dirigentes, que deveriam ter se posicionado há mais tempo contra esses desmandos”, disse o Mestre em Administração Pública pela FGV, Analista de Logística e Suprimentos da DATAPREV e autor do livro “Futebol Brasileiro: Um Novo Projeto de Calendário”.
Três “pilares problemáticos” são citados por Chateaubriand: a falta de adequação ao calendário europeu, o Campeonato Brasileiro sendo jogado nos meios de semana, e a falta de respeito às datas Fifa.
“Há o problema de não fazer uma pré-temporada adequada sem intercâmbio com os grandes clubes do mundo. Interromper o Campeonato Brasileiro para o compromisso das seleções e deixar o principal produto do nosso futebol como algo menor é um absurdo”, acrescentou Chateaubriand.
Nesta entrevista especial à Universidade do Futebol, o professor universitário falou ainda sobre uma situação que perpassa isso tudo, que é a extensão dos campeonatos estaduais. Confira o bate-papo na íntegra.
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terça-feira, setembro 24, 2013
Os donos da bola
Empresas campeãs, como Ambev, Bradesco, Burger King, Danone, Netshoes, Pepsico, Seara, Sky, TIM e Unilever, criam um programa de benefícios que pode colocar R$ 1 bilhão por ano no futebol brasileiro - e ainda salvar seu time
Por Ralphe MANZONI Jr.
Era uma tarde ensolarada de domingo no fim de julho, em Belo Horizonte. O estádio do Mineirão, recém-reformado para os jogos da Copa do Mundo, contava com um público de 36 mil espectadores para assistir ao clássico regional Cruzeiro versus Atlético, pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro. Antes da partida, de forma surpreendente, um carro-forte “invade” o gramado com os dizeres “Patrimônio do Sócio do Futebol” e estaciona atrás de um dos gols. Quando sua porta é aberta, o meia-atacante Júlio Baptista, a nova contratação do time azul e branco, aparece saudando os torcedores.
75 jogadores dos principais times brasileiros se unem para mudar calendário do futebol
BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC
MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO
Um movimento composto hoje por 75 jogadores profissionais das Séries A e B do Brasileiro inicia uma queda de braço com a CBF para mudar o calendário do futebol nacional, anunciado na última sexta pela entidade.
A Folha obteve a lista dos atletas que aderiram à causa. Nomes como os de Alex (Coritiba), Rogério (São Paulo), Paulo André (Corinthians), Dida (Grêmio), entre outros, encorpam o grupo.
São jogadores de 19 dos 20 clubes da primeira divisão, além do Palmeiras e outras equipes da Série B.
Insatisfeitos com a proposta da CBF, com início da temporada em 12 de janeiro de 2014, os jogadores pretendem se reunir nos próximos dias, em São Paulo, para discutir sugestões de alteração do modelo em voga.
O principal argumento de líderes ouvidos pela reportagem é que a quantidade de jogos do calendário atual faz com que o nível técnico do Brasileiro caia muito.
O projeto de mudança que será discutido na assembleia do movimento --ainda sem nome-- prevê a alteração de cinco pontos.
O primeiro, claro, se refere ao calendário inchado, no qual os times raramente têm uma semana para descansar.
O movimento indica, então, três propostas de mudança no calendário: uma prevê a adequação ao modelo europeu (com a temporada começando no meio do ano) e outras duas tentam mexer no esquema atual, enxugando as datas de jogos.
O segundo tema diz respeito ao número máximo de partidas por período. O projeto dos atletas é que os times não joguem mais do que sete partidas a cada 30 dias --atualmente, acontecem oito ou nove jogos neste espaço.
Tempo para a pré-temporada é outro ponto a ser tratado entre os jogadores e a CBF. Para 2014, por exemplo, os times terão menos que cinco dias para se preparar para o início dos jogos dos principais estaduais.
Isso porque os atletas têm que desfrutar das férias, que devem ser gozadas após o fim do Brasileiro, 8 de dezembro.
As férias, aliás, são o quarto ponto a ser discutido. Alguns clubes defendem a divisão do período de descanso entre dezembro e o período de recesso para a Copa-2014.
Por fim, o movimento dos jogadores propõe uma espécie de "fair-play financeiro".
A ideia é que os clubes não terminem o ano sem dever a seus jogadores. Para isso, será feita uma proposta na qual, a cada início de temporada, os clubes apresentem o plano financeiro para pagamento de salário e que siga a planilha durante o ano.
O movimento quer levar todas essas propostas à CBF, em um encontro formal com a cúpula da entidade.
"Quem está perdendo é o futebol brasileiro. A nossa esperança é que o calendário para 2015 seja diferente. Que seja pensado nesse lado, para que os atletas sejam ouvidos", diz Alex, do Coritiba
A CBF, por meio da assessoria de imprensa, informou que não recebeu pedido oficial para encontro com jogadores. A entidade, porém, não vê margem para mudanças no calendário de 2014 por causa da Copa do Mundo.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
segunda-feira, setembro 23, 2013
Se o Rock in Rio fosse o Brasileirão
Marcelo Paciello / Blog Futebol e Arte
Durante a semana li duas opiniões muito pertinentes sobre os ensinamentos do Rock in Rio para o esporte brasileiro e as lições de Bruce Springsteen para os empreendedores.
Agora, e se fosse ao contrário?
Você imaginaria como seria o Rock in Rio se fosse "gerido" no mesmo modelo que atualmente o futebol brasileiro e, principalmente, o Campeonato Brasileiro são administrados?
Mesmo com todo o investimento em um local com padrões similares aos demais festivais que ocorrem no mundo apenas 22% dos ingressos seriam vendidos para todo o festival e 38% para os principais dias do festival.
Como as bandas pensariam cada uma para si, o grupo que negociaria todos os quesitos mercadológicos em nome das bandas seria extinto, e a emissora que adquiriria os direitos de transmitir o festival negociaria diretamente com as bandas, pagando um alto valor para uma banda de pagode e uma dupla sertaneja, pois são as bandas que mais dariam audiência para a emissora.
Imaginem o Rock In Rio com uma banda sertaneja e de pagode como bandas principais para fechar os principais dias do festival no Palco Mundo?
A emissora, por ter o direito de transmissão, exigiria que os shows seriam da meia noite até as seis da manhã, às segundas, terças e quartas feiras, pois primeiro ela teria que agradar seu público com a novela e o futebol.
Apesar das bandas serem famosas, muitos músicos teriam pouca experiência e sem reconhecimento pelo público, e só um grande ídolo, já em fase decadente na carreira, faria parte de grande parte das bandas. E eles não poderiam dar show todos os dias pois seus corpos já não aguentariam o ritmo intenso de show dia sim dia não.
Mesmo as famosas bandas de pagode e sertanejo não conseguiriam lotar os shows, pois tocando a cada dois dias até seus fãs mais fervorosos não teriam condições financeiras e vontade de assisti-los frequentemente, não despertando o mesmo desejo de antigamente.
Esse mesmo público criticaria que as bandas não criariam mais músicas novas, e sempre tocariam o mesmo set list. Os músicos e managers reclamariam que, com esse ritmo alucinante de shows, aviões, hotéis, não teriam tempo para corrigir e melhorar as falhas dos shows e nem tempo nem inspiração para criar novas músicas.
Bruce Springsteen seria vaiado no palco, pois ele não faria um show de 3 horas como nos Estados Unidos. Ele não aguentaria o ritmo de shows e aviões para atravessar um país continental como o Brasil. Alguns reclamariam que os Estados Unidos também é um país com dimensões similares ao Brasil, mas lá os shows ocorrem entre setembro e janeiro, enquanto no Brasil os shows são de janeiro a dezembro, com apenas 01 mês de férias.
No dia de uma das principais atrações do festival, o vocalista, com um talento promissor e que atrai inúmeros fãs, teria que viajar para fazer uma filmagem em Hollywood, pois já havia assumido esse compromisso, e para seu lugar seria colocado um substituto, o que esvaziaria o show.
No dia seguinte o baterista de uma grande banda de rock não poderia tocar devido a uma lesão na coluna, pois as condições para tocar no interior seriam precárias. Nos bastidores todos reclamariam da baixa qualidade dos ginásios do interior e pela série de shows com menos de 100 pessoas. Ele não poderia deixar de tocar nesses shows menores, pois caso contrário a banda seria punida pelo emissora e pela organizadora.
O manager de uma das grandes bandas do festival, juntamente com sua banda seriam abordados por fãs em um restaurante de forma violenta. Todos reclamariam que a banda não fazia mais sucessos e ameaçariam bater em todos os integrantes se essa situação não mudasse em breve, caso contrário não teriam mais sossego.
Mesmo com baixa procura, os fãs teriam que fazer filas quilométricas para comprar seus ingressos, mesmo com as compras pela internet já serem uma realidade em outros eventos no Brasil. Além disso, seria possível perceber que vários cambistas circulariam pelas ruas ao redor da cidade do rock, ofertando ingressos pelo triplo do preço das bilheterias.Infelizmente o futebol brasileiro é assim e tem todo o potencial para ser uma grande festa.
Devido a falta de organização e visão de negócio, na mesma data seriam colocadas para tocar no mesmo palco uma banda de heavy metal, outra de boys band e uma banda de forró. A cada show, parte da plateia vaiaria a banda que não gostassem e vice versa, transformando uma bela noite de shows em uma praça de guerra, onde seria possível ver famílias com seus filhos correndo desesperadamente para fugir da briga e dos gases de pimenta que a polícia soltaria no meio da população.
Você imaginou o Rock in Rio dessa forma?
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