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Gabriel Jesus comemora após fazer gol em jogo do Manchester City |
Os Estaduais começaram com os mesmos problemas de outros anos: gramados e estádios ruins, pouca qualidade técnica, públicos pequenos, violência na arquibancada no jogo do Inter e muitos erros dos árbitros e auxiliares. Atlético-MG, Cruzeiro e Corinthians foram beneficiados em suas vitórias.
Os mesmos que criticam a longa duração dos Estaduais e o enorme número de partidas no ano das grandes equipes são os mesmos que aplaudem a realização da Primeira Liga. A justificativa inicial de que ela seria um embrião de uma forte liga nacional foi mais uma conversa para boi dormir.
Uma característica do futebol é o comentário pronto, uma mesma explicação para situações diferentes. Mesmo se for correto, encobre outros motivos, às vezes, mais importantes. É mais fácil ter um comentário pronto.
Se o Palmeiras não for bem nos primeiros jogos, já está pronto o comentário de que Eduardo Baptista é um técnico pequeno para um elenco tão forte, como se o Palmeiras tivesse um timaço.
Se Felipe Melo for expulso, já existe o comentário pronto: "Eu já sabia". Ele é muito bom para o nível do futebol brasileiro, mas, nas grandes equipes em que jogou, foi sempre um coadjuvante. No Palmeiras, se sente o grande craque, o grande líder. Daí, sua excessiva agitação em campo e nas entrevistas, querendo mandar em tudo, até na opinião dos jornalistas.
Se Gabriel Jesus não tivesse jogado bem os primeiros jogos no Manchester City, já estava pronto o comentário de que seria preciso tempo de adaptação. Como brilhou, tiraram da manga outro comentário pronto: o de que craque não precisa de tempo. O futebol é muito maior e mais complexo que nossas explicações.
Guardiola, antes da estreia de Gabriel Jesus, já sabia que o melhor lugar do atacante seria pelo centro e próximo à área para aproveitar a velocidade de raciocínio e de movimentos, além de ser um bom finalizador. Tite também já sabia disso.
Outro comentário pronto é o de que o bom e equilibrado Campeonato Inglês é o melhor do mundo, tem um número maior de grandes times, e que o Espanhol é pior e mais fácil de jogar. Já disseram até que Messi e Cristiano Ronaldo fazem tantos gols porque os adversários são muito fracos. As equipes espanholas vão sempre melhor que as inglesas na Liga dos Campeões e na Liga Europa. Real Madrid e Barcelona são superiores, e Atlético de Madrid e Sevilla estão no nível dos grandes times ingleses.
Os gramados da Inglaterra são tão perfeitos, o público é tão grande, o ambiente é tão espetacular, os jogos têm tanta intensidade, e o campeonato é tão organizado, que até parece que a maioria das equipes é de alto nível técnico.
Se o São Paulo perder mais alguns jogos, já está pronto o comentário de que Rogério Ceni deveria começar pelas categorias de base. O clube, em vez de ajudar seu ídolo com bons reforços, o prejudica, já que o time é fraco. No jogo contra o Audax, não vi nada novo nem interessante. Se Rodrigo Caio é o melhor zagueiro que atua hoje no Brasil, não deveria jogar de volante, onde é mais um.
Às vezes, o comentário pronto impede o aparecimento do fato. Antes de ser contratado, já está pronta a análise de que o técnico Fernando Diniz não daria certo em grandes times. Os clubes preferem o técnico que faz tudo igual aos outros e que não corre tantos riscos.
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Benê Lima