A 3ª câmara de Direito Civil do TJ/SC condenou o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense a indenizar um fotógrafo em R$ 30 mil em virtude de ter utilizado o material fotográfico produzido pelo profissional durante a cobertura da Copa Toyota de 1983 para produção de um DVD comemorativo lançado no ano de 2009, sem, contudo, atribuir-lhe os créditos sobre as fotografias.As partes celebraram contrato para a realização das obras fotográficas em 1983, por isso, o Tricolor Gaúcho alega a co-titularidade dos direitos autorais, uma vez que a lei vigente à época em que as fotos foram tiradas (Lei 5.988/73) conferia a ambos, prestador de serviço e contratante, o direito sobre as imagens produzidas em contrato de prestação de serviço.
O Grêmio aduz, ainda, que o fato de as fotografias retratarem jogadores que se tornaram símbolos do clube concede a este direitos autorais sobre as imagens, segundo interpretação do art. 87 da lei 9.615/98.
O desembargador Marcus Tulio Sartorato, relator da apelação, reconheceu o direito adquirido pelo Grêmio quanto aos direitos patrimoniais sobre as obras, sendo, portanto, desnecessária qualquer remuneração ao autor ou sua autorização para explorar economicamente as fotografias.
No entanto, o magistrado concluiu que “o fato de ter o clube réu adquirido os direitos patrimoniais sobre a obra, não lhe confere o direito de utilizar as imagens produzidas pelo autor sem lhe atribuir os créditos, ou mesmo modificá-las, já que estas prerrogativas dizem respeito aos direitos morais do autor, os quais não foram transferidos ao clube réu“.
*Fonte: Migalhas
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Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
CALOUROS DO AR FC
sábado, dezembro 29, 2012
Grêmio terá que indenizar fotógrafo por não creditar fotos do profissional
Derrubada exclusividade do uso da marca “Sócio Torcedor”
O juiz Federal substituto Eduardo Aidê Bueno de Camargo, da 13ª vara do TRF da 2ª região, determinou que o INPI consigne a não exclusividade de todo o elemento nominativo da expressão “ST Sócio Torcedor”.
A ação foi movida pelo São Paulo Futebol Clube contra a Recanto Consultoria e Informática e o INPI. O advogado Carlos Miguel Castex Aidar, da banca AIDAR SBZ Advogados, especializada em Direito Empresarial, representou o autor.
De acordo com o magistrado, as marcas são sinais usados para fazer a distinção entre os produtos ou serviços oferecidos por uma empresa e aqueles oferecidos por outra empresa. “As duas características principais de uma marca são o seu caráter distintivo e não ser enganosa. A marca é, portanto, um sinal que individualiza os produtos de uma determinada empresa e os distingue dos produtos de seus concorrentes. (…) o termo SÓCIO TORCEDOR não pode ser considerado distintivo efetivamente, tendo em vista seu caráter genérico, comum ou simplesmente descritivo, principalmente com a edição do Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03) que faz menção expressa a tal termo“.
Assim, o julgador entendeu procedente em parte a pretensão autoral, para determinar que o INPI consigne a não exclusividade de todo o elemento nominativo, “sendo certo que a exclusividade deve ocorrer, tão somente, no conjunto, e não também quanto ao aspecto nominativo”.
“Esta decisão confere um caráter profissional ao termo e beneficia não somente o São Paulo Futebol Clube, mas também todos os demais clubes de futebol do país que agora podem utilizar a expressão ‘Sócio Torcedor’ sem pagar royalties”, disse Carlos Miguel Aidar.
*Fonte: Migalhas
‘Companhia do Esporte’ divulga em primeira mão o valor do contrato dos clubes cearenses com a Arena Castelão
BENÊ LIMA, ESPECIAL
Cifra anual terá um piso de R$ 1,8 milhão, além de outros benefícios adicionais como participação na exploração comercial da Arena.
Minas Arena, Arena Fonte Nova e Arena Castelão (Divulgação)
Num esforço empreendido durante algumas horas por dia, conseguimos levantar alguns dados dos contratos de Cruzeiro, Bahia, Ceará e Fortaleza com os consórcios que representam as arenas Minas, Fonte Nova e Castelão. Qual não foi a nossa surpresa ao verificarmos que os valores mínimos assegurados a Cruzeiro e Bahia representam um acréscimo de 400% em relação ao que está sendo reivindicado pelos clubes cearenses. E o que é ainda pior. Se levarmos em conta o valor e condições acessórias da primeira proposta feita aos clubes, a situação é ainda mais surpreendente.
Para fazer face ao piso de R$ 9 milhões anuais, além de outros valores e benefícios, como a participação nos lucros da Arena Fonte Nova, o Bahia realizará naquele estádio 33 jogos da temporada 2013, ainda garantindo 65% da renda líquida de seus jogos entre os adicionais conseguidos. O detalhe é que mesmo na situação hipotética do Bahia não vir a ter nenhum torcedor em seus jogos, o clube terá o direito a receber os valores previstos em contrato.
Quanto a maiores detalhes dos contratos de Ceará e Fortaleza, ninguém os confirma, mas apuramos que há uma garantia de R$ 150 mil mensais, perfazendo a receita de R$ 1,8 milhão por ano. Os clubes cearenses ainda podem garantir ganhos adicionais relativos à exploração comercial da arena, tais como: a participação na receita de publicidade, a cessão de camarotes e lojas para os clubes, um percentual de participação na receita do estacionamento e incremento da receita-piso em função do desempenho das equipes em competições regionais e nacionais.
Os clubes (Ceará e Fortaleza) ainda reivindicam - e devem ser atendidos – uma antecipação de receita da ordem de R$ 500 mil para cada um deles.
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sexta-feira, dezembro 28, 2012
As lições de um maestro
"Uma empresa tem que ser dirigida não só com a razão, mas também com o coração. Tudo funciona se ambos estiverem juntos na hora de traçar objetivos"
Por Simão Mairins, www.administradores.com.br
Grandes homens se fazem com grandes histórias. Prova disso é o maestro João Carlos Martins. Pianista desde os oito anos de idade, começou sua carreira nacional aos treze e, aos dezoito, já fazia apresentações internacionais. Aclamado como um dos maiores intérpretes de Johann Sebastian Bach, ganhou fama pela destreza no piano, chegando a tocar 21 notas por segundo. Hoje ele é regente e dirige concertos no mundo todo, com sua Orquestra Bachiana Filarmônica e a Bachiana Jovem do SESI/SP, projeto de inclusão social que une, nos palcos, jovens de comunidades carentes a músicos profissionais.
Lendo assim, chegar ao sucesso parece ter sido simples. Entretanto, por trás das conquistas e da genialidade há uma grande história de superação. Ainda jovem, o maestro perdeu temporariamente os movimentos da mão direita, depois de uma queda em um jogo de futebol. Mais tarde, sofreu com uma síndrome causada pela repetição de movimentos. Como se não bastasse, uma agressão sofrida durante um assalto lhe comprometeu os movimentos de todo seu lado direito. Pouco depois de se recuperar e voltar a tocar, João Carlos recebeu dos médicos a notícia de que teria de passar por uma cirurgia que o impediria de tocar para o resto da vida. Sem se dar por vencido, o maestro passou a usar a mão esquerda para tocar. Mas, com algum tempo, esta também ficou comprometida por conta de outra doença.
Em conversa com a equipe da revista Administradores, o maestro João Carlos conta como superou tantas adversidades e se tornou um dos músicos mais respeitados do mundo. Ele fala ainda da inspiração em Bach, que teve uma história de superação parecida com a sua, e aborda temas importantes para a área de Administração, como liderança, trabalho em equipe e valorização de talentos.
(Foto: divulgação)
Administradores - A sua vida foi marcada por diversos percalços, que sempre colocaram sua força de vontade à prova. Hoje, podemos ver que nenhuma palavra pode definir melhor sua trajetória do que superação. O que o senhor acredita ter sido fundamental para sempre dar a volta por cima?
João Carlos Martins - Eu acho que, de cada adversidade - pode ser a que atinge o físico ou a que atinge a alma - você tem que fazer uma plataforma para mostrar que na vida existe esperança. No momento em que você faz da adversidade essa plataforma, você está dando um exemplo para você e para uma multidão de pessoas que consideram a palavra adversidade como um fim de linha. Para mim, a adversidade é como o começo de uma jornada.
Adm - O compositor clássico Johann Sebastian Bach, que, desde cedo, aparece como a grande referência da sua carreira na música, assim como o senhor, precisou superar muitos desafios para chegar a seus objetivos. A história dele foi inspiração para a sua postura ao longo da vida? E o que Bach tem a nos ensinar?
JCM - Sem dúvidas. Aos onze anos de idade, Bach tinha que acender uma vela para ler partituras à noite, praticamente escondido do irmão mais velho, que foi quem passou a criá-lo (após a morte dos pais). Ele começou sua trajetória por volta dos doze, treze anos, indo para as cortes alemãs, para conseguir seu primeiro emprego. E foi aí, a partir dessas diversas cidades que percorreu, que ele fez toda a profecia da história da música dos dias de hoje. Bach foi uma pessoa que tinha humildade pra entender como a corte funcionava, mas, ao mesmo tempo, ele tinha certeza de que deixaria um legado para a humanidade. Tenha certeza de que, daqui a mil anos, a música de Bach ainda vai ser o centro do universo de toda música no mundo, porque ele foi a origem. Se você pegar o jazz ou a música dodecafônica de hoje, você vê o dedo de Bach. Baseado na humildade e na genialidade que Deus lhe deu, ele mudou toda a história da música do Ocidente.
Adm - Como maestro, o senhor garante a harmonia do trabalho conjunto de dezenas de músicos. O que um líder da música tem a ensinar a um líder da Administração de Empresas?
JCM - Eu digo sempre que a música é a régua do mundo. Se um governo vai bem, se uma empresa vai bem, se uma federação vai bem, todo mundo fala que funciona como uma orquestra. Se um presidente, um governador acha que existe uma campanha contra ele, ele fala que há uma orquestração. Se um time de futebol joga bem, todo mundo fala que está jogando com música. E isso não é uma terminologia que se usa somente no Brasil. Então, se numa empresa você vê que todos os departamentos estão se ajudando, você diz que é uma empresa que trabalha com harmonia. Você tem na orquestra o exemplo de uma empresa que, se todos não funcionarem em razão de um ideia, em razão de um objetivo, se todos eles não tiverem uma meta objetiva, a empresa acaba, aos poucos, perdendo a sua razão de ser. Você não pode ter um departamento de marketing que, por exemplo, fica jogando contra o financeiro, ou um presidente que não é um maestro capaz de criar harmonia entre os departamentos. Não adianta um querer se destacar por vaidade pessoal, se todos não trabalharem em conjunto. Isso você pode entender por um time de futebol. Se um jogador só pensar individualmente no seu ego e quiser fazer tudo sozinho, ele pode ser o maior craque do mundo, mas não vai funcionar. Ele, mesmo sendo uma pessoa genial, tem que trabalhar harmonicamente com o resto do time. Por isso eu digo que uma orquestra é um exemplo para uma empresa, para um governo, para uma federação, para uma delegação esportiva, para tudo. Porque uma orquestra é símbolo de harmonia.
Adm - O senhor ministra em todo o país a palestra "Tocando uma Empresa", voltada tanto para líderes quanto para colaboradores. Qual a sua principal mensagem?
JCM - Eu procuro fazer a palestra mostrando, exatamente, que uma empresa tem que ser dirigida não só racionalmente, mas também com o coração. Porque se você pensa só pelo lado racional em uma empresa, você perde o lado humano. E se você só tem o lado humano, você perde o lado racional. Os dois têm que estar juntos. Isso acontece na música. Se você toca simplesmente de uma forma cerebral e racional, você não consegue chegar ao coração das pessoas. E se você só toca na base da emoção, você pode pecar pelo perfeccionismo. Então, no fundo, tudo funciona se a razão e o coração estiverem juntos na hora de traçar objetivos.
Adm - Atualmente, o senhor realiza um importante trabalho de inclusão social com a Bachiana Jovem do SESI/SP, unindo músicos profissionais a jovens iniciantes de comunidades carentes. Qual o segredo para extrair das "pedras brutas" o talento necessário para formar um grupo admirado?
JCM - A minha frase é a seguinte: é preciso ter a alma de um poeta e a disciplina de um atleta. Tendo esse pensamento, aquele jovem vai, antes de tudo, ter a sensação de que nada vai acontecer no seu futuro se a disciplina e a emoção não estiverem presentes. E, dessa forma, o jovem não está se tornando, simplesmente, um músico. Ele está, também, se tornando um cidadão. Não adianta você ser um músico genial e, como cidadão, não ter a sua responsabilidade social com o país. Nós estamos hoje já com cerca de 1.500 crianças, em treze núcleos, nos estados de Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. E formei também uma orquestra com quarenta e cinco jovens e vinte profissionais, sendo que esses quarenta e cinco jovens estão comigo a cerca de quatro ou cinco anos. Então, eu acredito que a música – que hoje já é o principal instrumento de inclusão social nos países asiáticos – vai alcançar essa mesma posição na América do Sul e no Brasil.
A entrevista com o maestro João Carlos Martins foi publicada na edição de lançamento da revista Administradores, em dezembro de 2010.
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quinta-feira, dezembro 27, 2012
‘Companhia do Esporte’ se insurge contra a violência verbal dos programas esportivos segmentados
Por: Benê Lima / Companhia do EsporteNo que concerne a programas de torcida, não quero separar o joio do trigo, porque não vou perder tempo para estabelecer gradações entre a violência verbal que é tão comum a esse tipo de programa. Neste particular, até diria que uns são piores que os outros. Não falo do conteúdo noticioso e informativo desses programas, que na verdade não são perniciosos até pela fragilidade do jornalismo que praticam. É claro que há os que são quase especialistas neste tipo de violência, e o que é pior, é que essa forma de violência verbal está atrelada à negação de valores e de direitos, já que são usados sofismas, mistificação, suposições, ou seja, falsas verdades, que em última análise acabam por configurar-se como verdadeiras calúnias, portanto, crimes contra a honra das pessoas.Como nós podemos, pois, compactuar com esse tipo de programa? E vou mais além: para quê se presta uma linha de programação com esse fim? No quê isso ajuda o futebol, os clubes e ao próprio torcedor? Dois grandes presidentes de clubes, Ribamar Bezerra e Evandro Leitão, já cometeram o equívoco de dar apoio a esse tipo de iniciativa numa versão que se dizia de programas oficiais de seus clubes, e isso não deu em nada. Os programas não tinham identidade jornalística, não tinham um modelo preconcebido, desenvolvido e planejado, e se prestavam apenas a criarem problemas de relacionamento para os clubes, para o objetivo menor e deplorável de blindar dirigentes, e para amesquinharem a imagem dos clubes, como se eles fossem torcidas organizadas. Aliás, a gente costuma ouvir com frequência o argumento de que esses programas se prestam à defesa dos clubes, como se Ceará e Fortaleza precisassem desse tipo de muleta e dessa força reacionária que no fundo serve mais para envergonhar e às vezes até constranger os clubes que auxiliá-los.Jarbas Oliveira/UOLNa verdade, estamos diante de um novo tempo, de uma nova realidade em nosso futebol, e nós precisamos interagir com ela da melhor maneira que pudermos. Ontem senti não só um pouco de orgulho pela obra monumental que é o Novo Castelão, mas por ver corroborada nossa opinião que aqui [no programa Cia do Esporte] temos expressado em um grande portal nacional. E a matéria que vimos tratava dos estádios brasileiros, sobretudo de três deles (Castelão, Mineirão e arena do Grêmio), como o ponto de partida para um novo conceito de como potencializar o uso desses extraordinários equipamentos. E, claro, eu fiquei feliz por ver a nossa visão corroborada por quem de fato pensa grande, por quem enxerga o futebol como o meganegócio que é. No entanto, no mesmo dia em que isso acontece, eu escuto um programa desses de torcida vomitar e ruminar uma série de ideias malucas de conspiração, de movimentos mafiosos, de esquemas mirabolantes envolvendo clubes, federação, CBF e até a presidente Dilma Rousseff. E não contentes com isso, ainda conclamaram com extrema veemência os torcedores a não comparecerem ao Castelão. E o que é ainda mais grave: isso tudo produzido sob um clima de instauração do terror. E aí pergunto: isso é a primeira vez? Qual a novidade nisto que estou a relatar? Mas aqui também cabe outro tipo de pergunta, outro tipo de questionamento. Ou seja: até quando nós teremos que conviver com esse tipo de programa, com esse tipo de profissional, com esse tipo de gente, com esse tipo de atitude que envergonha a democracia e que, em última análise, é alimento para os golpistas? E na verdade, a gente já pode perceber alguns pontos de recrudescimento da velha rivalidade entre os nossos dois maiores clubes, é só prestamos atenção nas recentes declarações de alguns de seus dirigentes.Não por acaso, o presidente da federação [cearense], já cansado de ouvir tantas acusações levianas, mandou recado para um programa esportivo, onde ele dizia que não era torcedor e sim presidente de todos os seus filiados, e que seu time era a FCF. Certamente, o que ele quis dizer é que sua simpatia por um desses filiados nada representava diante da grandeza do cargo que ele ocupa, no que está coberto de razão.Eu não tenho dúvida de que o chefe da nossa comissão de arbitragem, o presidente da FCF, o presidente do TJDF, sabem da importância dos cargos que eles exercem, e tem a exata noção de que o produto futebol precisa que eles sejam isentos, honestos, pois sem isso não há como formatarmos um produto com credibilidade. E nós precisamos dessa credibilidade, o futebol precisa dessa credibilidade para se afirmar e para dar provimento à grande demanda por recursos que ele requer.Portanto, fica aqui, mais uma vez, o meu protesto, a minha indignação e o meu repúdio a programas esportivos que não servem para nada, a não ser armar espíritos, fomentando a violência, seja de maneira aberta e cínica, seja de maneira velada e subliminar. Se o secretário Ferruccio teve a coragem de vir a público para cogitar até mesmo o fim das organizadas, que tanto ele quanto o ministério público, bem como o sindicato dos radialistas, também reflitam sobre que medidas devemos tomar para pelo menos exercermos algum controle sobre essa situação.
Oscar Tabárez: "O futebol evoluiu"
(FIFA.com)
O uruguaio Oscar Wáshington Tabárez é, sem dúvidas, um dos principais responsáveis pelo renascimento do futebol uruguaio. Assim mostram os resultados, exceto pelos últimos tropeços durante as eliminatórias sul-americanas, e assim o julgam os inúmeros reconhecimentos recebidos ao longo da sua trajetória, como o que lhe foi concedido pela Associação Uruguaia de Treinadores de Futebol (AUDEF) neste mês de dezembro.
Com clubes como Peñarol, Boca Juniors e Milan no riquíssimo currículo, o estrategista se prepara agora para um novo desafio: a Copa das Confederações da FIFA. O treinador falou com o FIFA.comsobre esse torneio, as novas tendências do futebol moderno e a rivalidade com o futebol brasileiro. A seguir, apresentamos a primeira parte da entrevista.
Visite o site a partir do dia 28/12, para ler a segunda parte da entrevista.
FIFA.com: O Uruguai finalmente jogará a sua primeira Copa das Confederações da FIFA. Quais são as expectativas para essa nova experiência?
Oscar Tabárez: O objetivo, em primeiro lugar, é aproveitar. Cada vez que se aproxima uma competição internacional com seleções tão importantes, como costumam ser os torneios continentais ou mundiais, e a Copa das Confederações entra nessa categoria, temos a expectativa de chegar o mais longe possível. Mas isso fica em segundo plano quando lembramos o que tivemos de passar quando começamos este processo: como era difícil conseguir enfrentar uma seleção de grande nível! Fazia muito tempo mesmo, 17 anos, que não ganhávamos uma Copa América. Por isso, agora que ganhamos o direito de disputar esta Copa, a primeira coisa que precisamos dizer é que estamos satisfeitos por disputá-la. Depois sim, com profissionalismo e responsabilidade, nos prepararemos bem para fazer as coisas da melhor maneira possível.
Espanha, Uruguai e Taiti. O que você acha do seu grupo no torneio?
Sabemos que vamos enfrentar grandes equipes. A Espanha está marcando época: ganha os torneios mais importantes, tem um estilo invejado por todos os outros e mostra grande influência no futebol da atualidade. A seleção africana, seja qual for, vai ser forte. Quanto ao Taiti, desperta muito respeito e muita curiosidade. Vamos ver que papel cumprirá. Será uma questão de preparar-se bem, apesar de que só saberemos o resultado no final de cada partida. E nisso acho que temos um pouco de experiência: não podemos nos iludir demais nem ser pessimistas de antemão. Eu sei disso e, este plantel também sabe.
Tirando o lado futebolístico, em que outros aspectos a competição lhe será útil?
Estamos vindo a um torneio tradicional que, muito além do próprio valor que já tem, é como uma sala de espera do Mundial. E não só para ver como estão algumas das seleções que podem jogar em 2014, mas também quanto à infraestrutura que terá a Copa do Mundo. Outro aspecto é o da logística: já conseguimos informações sobre o que está sendo feito, os campos de treinamento, os diferentes estádios. Temos uma ideia desde já, mas não é preciso se precipitar: temos expectativas de poder estar no Mundial, mas ainda não temos certeza. As eliminatórias são muito difíceis e já ficaram complicadas para nós com maus resultados nos últimos tempos, depois de termos conseguido um bom início. Se for aparecendo nas próximas rodadas a possibilidade de classificação, daí sim será o momento de pensar em onde vamos nos concentrar e treinar.
Como Uruguai e Brasil estão em grupos diferentes, pelo menos por enquanto não será preciso comentar o Maracanaço de 1950. Fica incomodado ao ser questionado constantemente sobre a necessidade de revalidar aquela façanha?
Não é que me incomode, mas tenho convicção de que o futebol evoluiu. Há coisas que ocorreram em determinados momentos porque as relações de força, sobretudo naquela época, eram de paridade. O que enaltece o Uruguai de 1950 são as condições em que ganhou, já que não era inferior ao Brasil futebolisticamente. Agora as coisas mudaram, já não é mais assim.
Poderia ampliar o conceito? Porque, de fato, o Uruguai sempre parece crescer quando enfrenta o Brasil.
O Brasil é uma potência quando o assunto é número de jogadores, infraestrutura e organização esportiva. Nós não temos essa quantidade de futebolistas de elite, apesar de que temos alguns, e isso eleva o nosso entusiasmo quando enfrentamos o Brasil. Mas não tanto pela certeza de um resultado, e sim pela motivação de enfrentar um rival tão poderoso. E vai continuar sendo assim. Mas também estabelecemos e demonstramos tanto na Copa do Mundo como na Copa América que, com o que temos, se conseguirmos nos organizar e nos preparar bem, poderemos ser um rival difícil para qualquer um.
Antes do sorteio você dialogou muito amistosamente com Luiz Felipe Scolari, recentemente contratado para dirigir a seleção brasileira. Qual pode ser a contribuição da chegada dele?
Fundamentalmente, a capacidade que ele já demonstrou como treinador em muitas oportunidades. Além disso, a sua experiência geral e específica na seleção nacional, que é um meio muito particular. O cargo por si só já é difícil, mas no Brasil me parece que chega à sua máxima dimensão. Vou dar um exemplo: os jornalistas locais, na coletiva de imprensa, me perguntavam sobre o "estancamento do futebol brasileiro". E eu me espantava por dentro, com muito respeito, claro… Mas achava que eles tinham uma visão da realidade exigente demais para consigo mesmos. Não se pode ganhar sempre, e eles são os que mais vezes ganharam Mundiais! É evidente que essa supremacia talvez não possa se manter indefinidamente, mas isso não quer dizer que haja um estancamento.
De que dependem as tendências do futebol atual?
O futebol está cada vez mais globalizado, e por isso aparecem outros poderes vinculados ao da organização: o econômico, as categorias de base, os grandes processos de trabalho que têm raízes históricas surgidas muitos anos atrás. Um caso claro é o Barcelona. Ficamos todos maravilhados com aquela expressão, a melhor que eu já vi. Mas ela não nasceu há dois ou três anos, não é? Jogar como o Barcelona não é tão fácil quanto passar por uma vitrine, ver uma roupa bonita, comprar e pronto. O futebol não é assim. No futebol a gente precisa conseguir o tecido, encontrar os botões, levar ao alfaiate, fazer e depois ver se fica igual. Isso demanda muito tempo, muito conhecimento e muita preparação. Eu não sei o que o Scolari vai fazer, mas acho que tentará jogar de acordo com as raízes históricas do futebol do Brasil.
Você menciona o Barcelona. Acredita que é possível imitá-lo em uma seleção?
Cada treinador tem o seu estilo, e cada federação, a sua própria estratégia, tudo a partir da sua própria realidade. Eu acho que é até positivo que nem todos nós imitemos o Barcelona, pois o futebol ficaria chato se fosse possível repetir assim. É bom que haja diferentes maneiras de jogar, diferentes escolas, e aproveitar esses grandes torneios para confrontá-las esportivamente e ver o que acontece. Não para estabelecer quem é o melhor do mundo ou de todos os tempos, algo mais midiático do que real, mas sim para ter sempre essas grandes festas do futebol como pode ser a Copa das Confederações e, nem preciso dizer, uma Copa do Mundo.
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Árbitro profissional dá dicas para quem deseja ingressar na profissão
Além das regras, formação inclui preparação física e psicológica
Vida de árbitro não é fácil. É preciso ter bom condicionamento físico, conhecer a regra na ponta da língua e, em muitos casos, ter preparo mental para aguentar a pressão da torcida e dos jogadores. Para quem deseja seguir nessa profissão, José Pelissari, que atua como árbitro de basquete há mais de 30 anos, é enfático ao dizer que é preciso, acima de tudo, ter disponibilidade, principalmente aos finais de semana, período em que acontece grande parte dos jogos.
Um dos pontos importantes para o árbitro é sua condição psicológica. Pilissari, que já apitou em grandes eventos esportivos, dentre eles as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, destaca que a preparação psicológica deve ser constante. “Não existe um jogo igual a outro. Muitas vezes visualizamos exemplos de jogos passados, em que o fator psicológico não foi bem trabalhado. Somos preparados para situações de pressão, seja dentro, ou fora da quadra. Ainda assim, momentos antes da partida, fazemos uma reflexão sobre as situações extras que poderão ocorrer durante o jogo”, conta o árbitro.
Mas que instituição procurar para se tornar um árbitro? Pelissari lembra que se o candidato pretende atuar nos campeonatos de federação, deve procurar o departamento de arbitragem da federação relativa à modalidade em que deseja trabalhar. Caso a opção seja por atuar em campeonatos não federados, como os universitários, escolares e ligas, por exemplo, deve-se procurar as entidades que administram esse tipo de jogos."Para se tornar um árbitro, é preciso, inicialmente, fazer um curso de formação na modalidade escolhida e ser aprovado. No caso do basquete, dependendo da função do árbitro, existe, ainda, o teste físico. Basicamente, em todas as modalidades, o árbitro vai conquistando gradativamente promoções por meio de cursos, avaliações e reciclagens. No basquete, o profissional começa a carreira como árbitro iniciante, também chamado de ‘regional’, busca sua promoção à categoria ‘nacional’ e, finalmente, ‘internacional’”, lista Pelissari, que também é formado em Educação Física. Além disso, ele fez cursos de especialização em arbitragem de basquete na Secretaria de Esporte e Turismo de São Paulo e na Federação Paulista de Basquete.
Em geral, nos cursos para a formação de árbitro, aprende-se desde as regras do jogo a outros idiomas, incluindo noções de preparação física, redação de súmulas e relatórios, e psicologia do esporte, dentre outras disciplinas. “O curso de formação dura, aproximadamente, seis meses e o candidato terá aulas sobre as regras do jogo, funções de quadra e mesa, mecânica de arbitragem, sinalização e comportamento, dentre outras coisas. Se aprovado no curso, o candidato recebe o título de ‘árbitro estagiário’ e, conforme seu desempenho, poderá, em menos de dois anos, ser promovido a árbitro ‘de primeira categoria, ou regional’. Essa nomenclatura varia conforme cada federação, ou estado”, explica.
Com relação à preparação física, ele destaca que, geralmente, os árbitros fazem duas vezes ao ano uma avaliação física, sendo o principal foco a verificação de sua resistência e o desenvolvimento muscular, incluindo a flexibilidade. “A grande maioria dos jogos é decidida nos instantes finais, em que a fadiga física ou psicológica não pode atrapalhar o posicionamento e o reflexo para tomar decisões corretas”, alerta o árbitro.
quarta-feira, dezembro 26, 2012
Uefa cria regra e pressiona Fifa a acabar com empresas donas de jogadores
DE SÃO PAULO
Cássio, o herói da conquista do título mundial sobre o Chelsea, joga no Corinthians, mas, economicamente, não é totalmente do clube paulista.
Caso o goleiro seja vendido, apenas 60% do valor da transferência ficará no Parque São Jorge. O resto será dividido entre empresários e investidores que o colocaram no time no início do ano.
Vassil Donev/Efe |
O presidente da Uefa, o francês Michel Platini |
Esse tipo de negócio se tornou o mais recente alvo do presidente da Uefa e pré-candidato ao comando da Fifa, Michel Platini, na cruzada pela higienização do futebol.
O Comitê Executivo da entidade que controla a modalidade na Europa decidiu no início do mês que irá proibir que terceiros (pessoas físicas ou fundos de investidores) tenham participação nos direitos econômicos de jogadores.
A pedido da Uefa e com aprovação do comitê de futebol, órgão também presidido por Platini, a Fifa deve votar em maio a extensão da medida para o mundo todo.
Mesmo que o veto não seja aprovado, a Uefa já avisou que não aceitará atletas nessas condições nas competições que organiza após três ou quatro anos de transição.
"Todos sabemos que a participação de terceiros no controle dos jogadores traz muitas ameaças à integridade financeira e das competições", disse o secretário-geral da Uefa, Gianni Infantino, durante reunião do comitê.
Há três pontos que, segundo a entidade, fazem essa prática trazer risco ao futebol.
A primeira: a preocupação com fraudes esportivas. A entidade entende que jogadores pertencentes a investidores externos e clubes bancados por parceiros são mais suscetíveis a manipulações de resultados que possam beneficiar os terceiros.
Segundo, vê o modelo de gestão como uma brecha para que o futebol seja usado como instrumento de lavagem de dinheiro de milionários com negócios ilegais.
Por fim, considera que esses investimentos apresentam um risco de fraude ao Fair Play Financeiro, regra que está em andamento e que proíbe os clubes de gastarem mais do que arrecadam.
O exemplo é simples: se o Chelsea tiver € 20 milhões no orçamento para contratar um jogador de € 40 milhões, seu dono, Roman Abramovich, ou um laranja pode adquirir os outros 50% dos direitos e ficar com metade do valor de uma transferência futura.
"Já existem várias formas de burlar o Fair Play, como patrocínios e venda de naming rights de estádios superfaturados [expedientes usados por PSG e Manchester City]", defende o advogado Marcos Motta, especialista em mercado internacional.
Para ele, o veto ao fatiamento de jogadores só empobreceria mais um mercado que sente os efeitos da crise econômica internacional.
"O que precisa é de uma regulamentação maior, de esclarecimento para que esses negócios aconteçam da maneira mais limpa possível."
O estatuto atual da Fifa diz que "nenhum clube pode permitir que um terceiro adquira a capacidade de influência em transferências ou em assuntos relacionados à sua independência, política ou desempenho de seus times."
Colaborou MARCEL RIZZO
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