Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, abril 07, 2012

João Bosco Pesquero, coordenador do "Atletas do Futuro"

Biologista molecular revela desejo de consolidar conhecimentos de genômica e proteômica no esporte
Bruno Camarão / Universidade do Futebol

Desde que dava os primeiros passos em sua infância, João Bosco Pesquero nunca se contentou com explicações superficiais. O tempo passou, e durante a faculdade costumava falar com os amigos que tinha o desejo de descobrir os segredos do universo. Pouco depois, o olhar deste cientista inato se voltou aos mistérios da vida. Por isso ele acabou migrando para a área biológica.

“Sempre achei que a Medicina era uma coisa muito atrasada, e eu entendia que deveria haver uma integração maior entre a área básica, que produz o conhecimento, e a área clínica, mais aplicada. Via uma lacuna muito grande entre esses dois pontos, e aqui, no nosso departamento, tentamos criar uma ponte entre eles”, explica Pesquero, nesta entrevista concedida à Universidade do Futebol.

Químico de graduação na USP e com pós-graduação em Ciências Biológicas e Medicina Molecular pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Instituto Max-Delbrück para Medicina Molecular na Alemanha, Pesquero foi chefe do Departamento de Biofísica e diretor do Centro de Desenvolvimento de Modelos Experimentais para Medicina e Biologia (Cedeme) da Unifesp. E atualmente também coordena o projeto “Atletas do Futuro”.

Trata-se de um grupo de pesquisadores de diferentes ambientes acadêmicos brasileiros ligados à área de genômica, proteômica, bioinformática e fisiologia do exercício. O alvo comum: consolidar no Brasil estes conhecimentos com aplicação ao ambiente esportivo.

“Hoje, a genética está envolvida em todas as áreas do ser humano, e ainda temos uma noção pequena disso. É o futuro. A influência será geral”, avalia Pesquero. “O jovem pode não ser um atleta de elite, mas deve ter a opção de um treinamento adaptado para que se beneficie e não tenha prejuízos na vida”.

O projeto pretende usar todas as informações retiradas da parte genômica e associar com as mais diversas modalidades. Quanto maior o banco de dados, melhor a ferramenta a ser desenvolvida.

“As pessoas devem perder o medo e participar disso [do projeto]. Quero que meu filho tenha sucesso e que ele se desenvolva bem dentro do esporte, com base e orientação, independentemente de ser um atleta de excelência”, acrescenta Pesquero, que está à frente do pioneiríssimo 1o Simpósio Brasileiro de Genômica e Esporte, a ser realizado no fim de junho.

Além do anseio de criar uma condição para manter crianças no esporte e atrair mais jovens a ele e, por consequência, melhorar a saúde da população e desenvolver atletas de elite, o “Atletas do Futuro” também agregou o futebol. E o Palmeiras foi o primeiro clube a aceitar participar dos testes cedendo os jogadores do departamento profissional.

“No clube, a ideia é trabalhar mais intensamente na área de lesões. Eles têm alguns atletas com problemas constantes, e estamos analisando alguns marcadores que predispõem lesões para ver se conseguimos usá-los na melhora do próprio treinamento, prevenção e reabilitação”, finaliza Pesquero.


Genômica e Esporte: a importância do tema no cenário científico e tecnológico do país

 

Universidade do Futebol – Em que patamar se encontra a aplicação da Biologia Molecular no futebol?

João Bosco Pesquero – Diagnóstico molecular é algo muito incipiente no Brasil, inclusive na área médica. Existem muitos estudos na área de genética que temos de mandar para fora. No nosso laboratório, fazemos [análise de] 10 a 15 doenças diferentes. Não é nada. São milhares de doenças determinadas geneticamente, e não temos diagnóstico genético para isso.

Demora meses para termos um retorno. E se é um caso crítico, como câncer de mama, em que a mulher necessita saber da resposta urgentemente, ela corre o risco de morrer.

Existe um medo da universidade em interagir com essa parte comercial. Passar esse desenvolvimento para os laboratórios é necessário. Temos conhecimento, está dentro da universidade. Os pesquisadores geralmente estão muito envolvidos com seus projetos e se esquecem de que temos problemas práticos.

Baseado nisso, começamos a fazer o que chamamos de genotipagem. Iniciamos com uma doença, a demanda começou a crescer, viramos referência e hoje fazemos mais de 15 doenças. A amostra do paciente é olhada na parte genética e verificamos se há alguma mutação que possa significar problema médico. Ou o SUS não paga se não houver a comprovação molecular.

Você tem de achar a parte molecular que explique aquela correlação molecular com a doença. O gene é algo complicado. Nos apegamos a uma “parte”. E muitas vezes olhamos para a “parte” errada. É necessário olhar o RNA, os “pedaços grandes” que foram apagados. E com os exames básicos que fazíamos, não conseguíamos detectar.

Podemos nos deparar com marcadores que achamos que podem estar ligados a determinada lesão, mas não podemos afirmar. Você tem de ter um estudo com muitos atletas para se ter noção e confiança do que se fala. E quando houver determinada alteração característica, conseguimos determinar alguns perfis e protocolos.


Grandes ídolos do esporte participam do projeto "Atletas do Futuro", como os judocas João Derly eMárcia Martins da Costa, e o tenista Gustavo Kuerten (centro)

 

Universidade do Futebol – Do que se trata o projeto “Atletas do Futuro”?

João Bosco Pesquero – O projeto surgiu com a parte médica, que está muito ligada ao esporte. Ao criar este banco de dados de conhecimento da parte genômica, muitas vezes verificamos não apenas uma vantagem esportiva, mas também uma desvantagem.

Há um caso chamado Síndrome de Marfan. As pessoas que sofrem dela são mais altas, com seus membros alongados. E faz parte desta síndrome um acometimento cardíaco.

Ao olhar para a altura daquela pessoa e ao colocá-la para jogar determinada modalidade, pode haver o risco de ela ter uma parada cardíaca em quadra. É um exemplo.

Não se pode colocar qualquer pessoa para fazer qualquer esporte. É importante cada um saber dos riscos. Em muitos casos, marcadores dão uma predisposição a você ter um problema cardíaco. E a pergunta é: por conta desta probabilidade eu vou deixar de fazer este esporte? É importante saber. É uma faca de dois gumes, pois pode te impedir de determinada atividade física. Ter conhecimento para se prevenir é o ponto primordial.

Costumo citar um exemplo de Hepatite C. As pessoas querem saber se têm Hepatite C ou não? Hoje em dia é quase obrigatório fazer este teste. Trata-se de uma doença silenciosa. Se você demorar a descobrir, seu fígado pode estar tão comprometido que você tem de ir a um transplante e pode morrer. E muita gente está morrendo disso, pois o exame preventivo não é feito e nenhum tipo de cuidado com a alimentação é tomado.

Para muitas doenças que não têm cura será que eu quero saber? Eu quero para poder prevenir e tomar algumas medidas para minimizar os efeitos ou retardar o aparecimento da doença. Quero saber também pensando no futuro: e meus filhos? Vou querer passar esse legado para eles? São algumas questões éticas que temos de discutir e devem ser levadas à tona.

Esse também é um dos motes do nosso simpósio relacionando a genética e o esporte. A ideia não é excluir, mas incluir. Estimular o debate nesta área crescente.

Criar não apenas uma predisposição a coisas boas, mas também olhar marcadores para prevenção. Isso é muito importante. O jovem pode não ser um atleta de elite, mas deve ter a opção de um treinamento adaptado para que se beneficie e não tenha prejuízos na vida.


"Não se pode colocar qualquer pessoa para fazer qualquer esporte. É importante cada um saber dos riscos", avalia Pesquero

 

Universidade do Futebol – Quais são as peculiaridades desta proposta?

João Bosco Pesquero – O início do projeto foi mais ou menos baseado na história da nossa experiência com a parte de diagnóstico molecular para a área médica. Hoje, a genética está envolvida em todas as áreas do ser humano, e ainda temos uma noção pequena disso. É o futuro. A influência será geral.

O que vou comer? Minha carga genética indica que eu digiro melhor determinado tipo de alimento – é o que chamamos de nutrigenômica. O que eu vou passar de cosmético, uma substância que interage com alguns genes e aumenta a produção de elastina e colágeno? Isso acontece e pode ser que eu tenha marcadores que me predispõem a responder melhor a uma destas substâncias – daí pensar em um cosmético personalizado, para que eu tenha menos problemas de envelhecimento, etc. Isso é genética e está presente no cotidiano. A farmácia genômica é outro ponto interessante. Será a genômica personalizada. E rumamos também para o esporte.

Acreditamos nisso, a ideia nasceu, e tentamos criar algo dentro do esporte de modo integrado com a medicina esportiva para tentarmos promover uma evolução dentro da área, aproveitando obviamente a época propícia que nosso país vive.

Queremos usar todas as informações que pudermos tirar da parte genômica e associar com as mais diversas modalidades. Quanto maior nosso banco de dados, melhor a ferramenta a ser desenvolvida.

As pessoas devem perder o medo e participar disso [do projeto]. Quero que meu filho tenha sucesso e que ele se desenvolva bem dentro do esporte, com base e orientação, independentemente de ser um atleta de excelência.

O alvo é criar uma condição para manter crianças no esporte e atrair mais crianças a ele. Por consequência, vamos melhorar a saúde da população e desenvolver atletas de elite.

Universidade do Futebol – Como se deu o contato com o Palmeiras e o ingresso no clube para o desenvolvimento deste projeto?

João Bosco Pesquero – Temos vários colaboradores na Unifesp e a ideia é agregar. Ninguém faz nada sozinho, temos plena noção disso, e chamamos várias pessoas de modalidades esportivas diferentes para participarem do plano, começando pelo judô.

Os professores Fúlvio Alexandre Scorza e Ricardo Mario Arida tinham feito um trabalho específico com o Douglas, medalhista de prata em Los Angeles. Expliquei a ideia, e ele abriu as portas com outros judocas. Ele, Aurélio Miguel, Edinanci, etc., participaram.

O Paulo Correia, que trabalha na fisiologia e é ex-atleta, também aprovou a sugestão e tinha uma proximidade com o Paulo Zogaib, fisiologista do Palmeiras. A partir daí as portas foram abertas.

No clube, a ideia é trabalhar mais intensamente na área de lesões. Eles têm alguns atletas com problemas constantes, e estamos analisando alguns marcadores que predispõem lesões para ver se conseguimos usá-los na melhora do próprio treinamento, prevenção e reabilitação.

Você pode coletar as informações a partir do sangue, da urina, do cabelo, da pele, e da saliva – na realidade, as células da mucosa, com um cotonete, as quais contêm material genômico do atleta para análise. É um procedimento simples, nada invasivo, e muito fácil de ter a cooperação dos pacientes.

Para fazer o que pensamos, uma análise metabolômica, pós-genômica, como costumamos falar (análise de proteínas, carboidratos, lipídios), a fim de determinar um perfil do atleta de elite, vamos precisar de outros referenciais. Buscamos padronizar isso para desenvolver um tipo de teste, ampliar o estudo e ter uma ferramenta muito confiável.



No alto, Edinanci Silva; no centro, Aurélio Miguel; abaixo, Ricardo Arida, Joao Bosco Pesquero, o medalhista olímpico de Los Angeles Douglas Vieira e Fulvio Scorza

 

Universidade do Futebol – Qual é o diferencial deste trabalho de recolhimento genético e de cruzamento de dados com o que é realizado em outros clubes de grande expressão no mundo, como o Real Madrid?

João Bosco Pesquero – A diferença é que nosso projeto é muito mais amplo e queremos criar uma ferramenta muito mais confiável. E para isso é necessário um “N” muito grande de atletas e das mais variadas modalidades. Porque queremos associar marcadores genéticos com performance esportiva em diversos esportes.

Além disso, o objetivo é poder orientar crianças no esporte em geral. E para isso precisamos pegar atletas de elite de todas as modalidades que existem.

No caso do Palmeiras, temos o olhar para o futebol profissional. E seria muito interessante contar com a participação de outros clubes para aumentar este lastro de informações.

O Palmeiras está sendo pioneiro com a abertura desta possibilidade de criar uma ferramenta que mais tarde irá servir para todos os rivais do Brasil.



 

Universidade do Futebol – Por que os clubes só estão dando os primeiros passos agora nesta interação com estudos ligados à biologia molecular?

João Bosco Pesquero – Eu acredito que haja muita falta de informação. Esta área de genômica esportiva no Brasil é muito pouco desenvolvida. Daí nasceu a idéia de criar o simpósio para trazer os grandes nomes do mundo e discutir com nossos pesquisadores.

É algo muito precoce em nosso país, e nossos especialistas que trabalham com esporte têm muito pouco conhecimento e noção da parte genética e genômica e suas implicações. Por conta disso, estamos tão atrasados com esse tipo de estudo.

Demos o primeiro passo e pretendemos levantar a discussão, em uma época em que estamos no centro das discussões sobre o esporte. Está mais do que na hora, se quisermos melhorar as capacidades esportivas de nossos atletas. É importante debater.

Universidade do Futebol – A relação custo e benefício de um projeto envolvendo a genômica é um impeditivo para que os clubes e federações passem a investir nisso, ou você diria que é mesmo a falta de informação certificada?

João Bosco Pesquero – Eu acredito que realmente falta aos dirigentes ter a devida noção de que há um benefício a partir destas informações genéticas no ambiente esportivo. Isso não é algo claro, mesmo em termos globais.

As discussões sobre uso de determinado marcadores estão ocorrendo, mas aos poucos isso está começando a se concretizar, bem como a correlação da genômica com o desempenho esportivo.

Vamos deixar o mundo se caracterizar para depois entrar no debate e criar um banco de dados nosso? Vamos olhar para os marcadores e compará-los com os da Europa, da China, da África?

Ao desenvolver um projeto como este, passamos a ter um olhar próprio, brasileiro, da nossa população, e vamos comparar as diferenças entre o nosso povo.

A base de dados com quem você compara a sua população normal deve ser a própria. E não a da Índia. Aí, sim, poderemos afirmar que se a criança tiver determinada característica, ela vai te dar alguma diferença para determinado esporte.


Referências no Atletismo, André Domingos, Marilson dos Santos e Joaquim Cruz também participam do projeto

 

Universidade do Futebol – É possível chegar em um equilíbrio da predisposição genética de uma criança para determinado esporte relacionando-se a aspectos mais globais (culturais, maturacionais, psicológicos, sociais, comportamentais, psíquicos, etc.)?

João Bosco Pesquero – Acho que no futuro vamos conseguir utilizar isso como mais um parâmetro. Mas genética não é tudo. O atleta pode ter toda a parte genômica privilegiada para desempenhar um tipo de esporte, mas o psicológico, o cognitivo deste cidadão não ajuda.

Não adianta colocar uma criança, por exemplo, em um ambiente no qual ela não se sinta bem. Apesar de uma estrutura físico-muscular consolidada. E ela não se beneficiará disso.

A alimentação, as relações humanas, o conjunto, etc. é o que irá moldar o atleta. São vários os fatores que interferem no desenvolvimento para se tornar um atleta de elite que vão determinar o sucesso ou não.

E às vezes, mesmo a pessoa não tendo uma estrutura determinada pela genética, ela possui valências psicológicas, uma força de vontade gigantesca, que fará com que ela compense as deficiências e se torne um grande judoca, por exemplo.

O que falamos é pegar pessoas que têm estrutura ótima e colocá-las para fazer o esporte “certo”. Em um ambiente interessante. Trata-se de um ajuste de caminho.

Você pode fazer com muito esforço um pangaré vencer uma corrida. Mas ele nunca se tornará um cavalo de corrida. Mas se pegar um cavalo de corrida, com predisposição genética, e treiná-lo bem, certamente ele pode se tornar um vencedor. Com menos exigência do que seria com o primeiro.

Universidade do Futebol – Guardadas as devidas proporções, e levando o contexto para o futebol, podemos exemplificar com o Messi: “baixinho”, com dificuldade de chute e passe com seu pé não dominante, mas que apresenta características incríveis?

João Bosco Pesquero – Ele é o maior do mundo. Esse tipo de jogador é raro. Se você pegar atletas excepcionais das mais diversas modalidades, eles são raros. A ferramenta tem a intenção de fazer aparecer mais atletas de excelência.

Pegá-los como parâmetro, os top, é o ideal. Eles percorreram todo um caminho e chegaram ao ápice em suas profissões. Muitos casos vão destoar dos outros. Porque muitos vão “negar” as predisposições genéticas e revelarão que conquistaram seus resultados positivos muito por conta de outros fatores.

Queremos pegar coisas comuns na maior parte dos atletas. Por isso queremos cada vez mais contar com mais atletas e nos tornarmos um facilitador na escolha da modalidade esportiva.



 

Universidade do Futebol – O trabalho desenvolvido no Palmeiras irá considerar aspectos pedagógicos, técnicos, táticos, motivacionais, nutricionais, além de vários outros fatores que interferem no máximo desempenho de um jogador de futebol?

João Bosco Pesquero – O futuro irá dizer. Dependendo da confiança das informações a partir dos estudos iniciais, a ideia é que se parta para um treinamento personalizado, para uma nutrição personalizada. Você olhar para o atleta como um indivíduo e adaptar todas as componentes do jogo àquelas características particulares. É como eu vejo o futuro.

Quanto tempo isso irá levar? Depende de quanto esforço vai ser colocado neste tipo de estudo para que tiremos conclusões aplicáveis.

 

Pioneiro, Palmeiras abriu as portas para os estudos e montagem de um banco genômico/metabolômico; rivais poderão se beneficiar  
 

 

Universidade do Futebol – Como você enxerga a inserção do bioquímico e do biotecnólogo no ambiente de um departamento de futebol profissional, em se considerando a necessidade de um trabalho interdisciplinar?

João Bosco Pesquero – Seria extremamente importante ter dentro de um clube uma pessoa com esse tipo de visão, para nortear os treinamentos e os conhecimentos daqui para frente. Esse tipo de informação deve ser levada aos clubes.

Universidade do Futebol – As universidades já conseguiriam ofertar esse tipo de profissional mediante a demanda do mercado esportivo?

João Bosco Pesquero – Acredito que sim. O conhecimento acerca da área é pequeno, mas as pessoas provenientes da academia têm capacidade de entender rapidamente o contexto e promover um maior desenvolvimento da área.

É importante os clubes se abrirem e manterem esse tipo de visão e interação. O desenvolvimento do esporte passa por isso.

O papel da genética no processo de seleção, formação e detecção de talentos no futebol

Universidade do Futebol – Em uma entrevista, você comentou sobre sua formação em Química, com especialização em Ciências Biológicas e Biologia Molecular, e revelou que partiu para esta área para “descobrir os segredos do universo”. É isso mesmo?

João Bosco Pesquero – É mais ou menos isso (risos). Desde pequeno, nunca me contentei com explicações superficiais. E na época da faculdade costumava falar com meus amigos que tinha o desejo de descobrir os segredos do universo. E depois passei a querer descobrir mais os mistérios da vida. Por isso fui para a área biológica.

Sempre achei que a Medicina era uma coisa muito atrasada, e eu entendia que deveria haver uma integração maior entre a área básica, que produz o conhecimento, e a área clínica, mais aplicada. Via uma lacuna muito grande entre esses dois pontos, e aqui, no nosso departamento, tentamos criar uma ponte entre eles.

Somos especialistas em Biologia Molecular e desenvolvemos conhecimento para que a área médica clínica se beneficie dele. A ideia da minha carreira era essa.

Uma coisa que me preocupa muito é desenvolver a área médica. Somos muito atrasados e dependentes da tecnologia estrangeira. E poderíamos fazê-lo aqui. Estamos em uma zona de conforto. Temos capacidade. E tenho comentado muito a respeito de empreendedorismo aos meus alunos. Falar na universidade destas questões comerciais era algo que sempre causava muito medo.

Hoje tenho uma visão de que esta parceria é muito importante. Para o país é importante ver a universidade fazendo o desenvolvimento e passando à empresa, que irá comercializá-lo e disponibilizá-lo à população. Consequentemente, todos iremos nos beneficiar.

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Benê Lima