Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Entrevista: Fabio Verani, assistente sênior do Promundo

Fabio Verani, assistente sênior do Promundo
Antropólogo explica Campeonato do Laço Branco e a proposta de luta contra a violência à mulher
Bruno Camarão

Ações de sociabilização por intermédio do futebol inspiraram o cenário global em 2010. E a realização da primeira Copa do Mundo em continente africano é o símbolo majoritário do processo. Na esteira dessa atmosfera, o Promundo, organização não-governamental (ONG) brasileira que busca promover a igualdade de gênero e o fim da violência contra mulheres, crianças e jovens, criou um projeto pioneiro que agrega a modalidade esportiva com oficinas educativas: trata-se do Campeonato do Laço Branco.

Financiada pelo Fundo Fiduciário das Nações Unidas para Eliminar a Violência Contra a Mulher, a empreitada utilizou um torneio de futebol para atrair homens jovens e adultos para as oficinas educativas e debates na comunidade. Além do jogo, propriamente, os inscritos participaram de debates sobre prevenção de violência, igualdade de gênero, paternidade e cuidado.

No total, 140 homens atuaram durante seis meses em 99 jogos, 105 oficinas e 21 eventos. Uniformes personalizados, cartazes, panfletos, placares, trio de arbitragem profissional, brindes, além de diversos materiais e intervenções desenhadas pela equipe do Promundo em conjunto com os membros da comunidade, compuseram o projeto. Um jornal semanal com noticias sobre a campanha, o campeonato e a comunidade também foi desenvolvido.

“Nesse espaço tentamos questionar muitos dos valores machistas que existem na nossa sociedade, mas sem julgar as pessoas: a ideia é que cada homem escute, fale, e reflita sobre a vida e os relacionamentos dele”, explicou Fabio Verani, assistente sênior do Promundo, nesta entrevista àUniversidade do Futebol.

O principal alvo da campanha social foi promover a conscientização sobre o papel do homem e da comunidade no enfrentamento da violência contra as mulheres. A base ideológica da competição, de fato, era a confraternização entre os cidadãos.

O Campeonato Laço Branco foi um dos seis projetos selecionados entre as 293 iniciativas inscritas para concorrer ao prêmio regional Nike/Changemakers na categoria “Modificando vidas através do futebol” pelas ações realizadas pelo projeto durante esse ano na comunidade do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro.

Fundado em 1997, o Promundo atua ainda na área de pesquisas relacionadas à igualdade de gênero e saúde, na implementação e na avaliação de programas que buscam promover mudanças positivas nas normas de gênero e nos comportamentos de indivíduos, famílias e comunidades e na advocacy pela integração dessas iniciativas e da perspectiva da igualdade de gênero em políticas públicas.

“Entendemos que o futebol, às vezes, tem um papel importante na disseminação de valores machistas e que podemos questionar algumas dessas atitudes machistas dentro do próprio esporte”, acrescentou Fabio, que é antropólogo de formação e se especializou na área de saúde pública.

Os desafios do Promundo incluem ainda a necessidade de fortificar as alianças entre as organizações que lutam pelos diretos das mulheres e outros movimentos de justiça social para engajar o setor privado, formadores de opinião, ídolos e que esse engajamento esteja integrado com a promoção de justiça de gênero de maneira ampla. 


 

Universidade do Futebol  Qual a sua formação acadêmica e como se deu o seu ingresso no Promundo?

Fabio Verani  Eu me formei em Antropologia e depois fiz um mestrado em Saúde Pública. Trabalhei com assuntos ligados a saúde, direitos humanos, HIV e AIDS e gênero nos Estados Unidos e no Brasil.

Estou com o Promundo há três anos e meio trabalhando com publicações, incluindo um guia sobre ferramentas para trabalhar com homens e meninos na promoção de equidade de gênero; projetos de adaptações do Programa H (projeto e manual que busca engajar os homens na equidade de gênero), e também nessa iniciativa no morro de Santa Marta que aborda os homens para prevenir a violência contra a mulher.

*Nota da Redação: o Manual H é dividido em cinco livros: Sexualidade e Saúde Reprodutiva, Paternidade e Cuidado, Da violência para a convivência, Razões e Emoções e Prevenindo e vivendo com HIV/AIDS. 

Os manuais do Programa H, disponíveis em português, espanhol e inglês, orientam o trabalho de sensibilização de homens jovens para o questionamento de normas sociais tradicionais de gênero.

Cada manual é composto de uma introdução teórica ao tema, técnicas de trabalho em grupo e um índice de referência de outros materiais, fontes e recursos de pesquisa. Para baixar cada um desses documentos, clique aqui.

Universidade do Futebol  O Promundo é uma ONG que tem como missão promover a igualdade de gênero e o fim da violência contra mulheres, crianças e jovens. De que forma o futebol aparece como aliado nesse processo?

Fabio Verani  Apareceu agora como estratégia para engajar homens adultos, utilizando o esporte. Entendemos que temos que buscar os homens nos lugares que eles frequentam – nesse caso, o campo de futebol. Também entendemos que o futebol, às vezes, tem um papel importante na disseminação de valores machistas e que podemos questionar algumas dessas atitudes machistas dentro do próprio esporte.

Estamos fazendo nossa avaliação do projeto e em 2011 devemos divulgar resultados do projeto. Também estamos fazendo um DVD curto com entrevistas e clipes do campeonato que deve ficar pronto no início de 2011.

Já conhecemos pelo menos uma organização (Sonke Gender Justice, na África do Sul) que está adaptando nossa metodologia de oficinas, campanha e futebol para seu contexto.

*Nota da Redação: a Sonke Gender Justice Network trabalha em toda a África para fortalecer o governo, a sociedade civil e a capacidade dos cidadãos para apoiar homens e meninos a tomar medidas para: promover a igualdade de gênero; prevenir a violência doméstica e sexual; e reduzir a disseminação e o impacto do HIV e da AIDS.

A organização contribui para o desenvolvimento de sociedades mais justas e democráticas, em que homens, mulheres, jovens e crianças possam desfrutar de relações de maneira equitativa, saudável e feliz.

A campanha One Man Can é o projeto principal da Sonke Gender Justice.



 

Universidade do Futebol  O Campeonato do Laço Branco é um projeto do Promundo que mistura o esporte com oficinas educativas. Por favor, explique um pouco mais sobre detalhes disso.

Fabio Verani  O futebol é utilizado como uma forma de mobilizar homens para participarem do projeto (mais especificamente das oficinas), assim como um evento semanal que traz grande público dentro da comunidade. Durante o evento em si podemos chegar a mais gente com materiais e informações da campanha para eliminar a violência contra mulher.

Apesar do fato de que as oficinas eram somente para os homens que jogavam no campeonato, eles passavam algumas das informações das oficinas para os outros moradores da comunidade e muitos tinham orgulho de participar da empreitada. As oficinas eram espaços onde os homens podiam conversar e ouvir as experiências e pensamentos de cada um.

Nesse espaço tentamos questionar muitos dos valores machistas que existem na nossa sociedade, mas sem julgar as pessoas: a ideia é que cada homem escute, fale, e reflita sobre a vida e os relacionamentos dele.

*Nota da Redação: Uma preocupante estatística expressa em recente estudo publicado pelo Instituto Sangari aponta que a violência doméstica mata 10 mulheres por dia no Brasil. O mapa da violência indica ainda que 41.532 das mulheres no Brasil foram assassinadas entre os anos de 1997 a 2007. O que significa que uma mulher foi morta a cada duas horas durante esses 10 anos.

O caso do jogador de futebol Bruno Fernandes atraiu ainda mais a atenção mundial para a urgente situação. Relatos da polícia evidenciam que a ex-namorada do jogador foi estrangulada e seu corpo foi jogado aos cães. Os restos mortais de Eliza Samudi ainda não foram encontrados e a polícia diz que Fernandes já tinha um histórico de violência registrado em seus autos. O primo do Bruno confessou ter assistido o jogador matar a mãe de seu filho recém nascido e acompanhado de amigos e familiares.

A brutalidade do incidente, entretanto, não é nada incomum ao se voltar os olhos para a realidade nacional – o índice de homicídios causados por violência domestica são de 25,2 por cada 100.000 pessoas.

Dessa forma, o Brasil ocupa o décimo lugar no ranking de países campeões de homicídio com intenção de matar no mundo. Os principais motivos que causam esses crimes são geralmente absurdos (dizer não para o sexo ou querer terminar a relação são a maioria).

Em 50 % dos casos, a justificativa é classificada como fútil, podendo ser originado em discussões domésticas. 10% são crimes passionais, relacionados a ciúmes, por exemplo, e 10 % são relacionados ao uso de drogas e tráfico.

O alvo do Promundo é diminuir significativamente a violência doméstica brasileira, relacionando de maneira estratégica o amor dos homens pelo futebol com oficinas informativas sobre prevenção de violência contra as mulheres.

 

Resposta ao caso Bruno


Universidade do Futebol  
Há uma metodologia especial nesse tipo de ação? Se é que é possível, de que forma ela poderia ser adaptada e aplicada em outros contextos?

Fabio Verani  Existe uma metodologia em temos das oficinas com os homens e também com a campanha na comunidade. As atividades que usamos nas oficinas foram adaptadas do Manual H (H para Homem) e outros trabalhos do Promundo e elas podem ser encontrado no site do Promundo (www.promundo.org.br).

O Manual H já foi utilizado e adaptado em muitos contextos e inclusive em muitos países diferentes. Frequentemente, o próprio Promundo ajuda outras instituições a adaptarem o manual e o projeto para seu contexto. Tivemos muito trabalho para adaptar o manual para esse trabalho e para desenhar esse projeto.

Tanto o manual do projeto de futebol, como algumas lições aprendidas e as ferramentas que usamos, será disponibilizado em breve no nosso site, também.

Nossa ideia como instituição é de incentivar e ajudar outras instituições a fazerem o mesmo trabalho ou adaptarem e utilizarem o máximo possível nossos materiais e metodologias.
 



Vídeo apresenta a história de Maria, uma menina como muitas outras, que começa a questionar as expectativas de como ela deve ou não deve ser

 

Universidade do Futebol  O cenário atual do mundo é também inspirar a mudança social por intermédio do futebol? Em sua opinião, como liberar o potencial de jovens, para que estes fortaleçam suas comunidades, alavanquem o desenvolvimento e promovam mudanças?

Fabio Verani  Confiando neles e envolvendo-os em ações nas quais os próprios possam criar ou ajudar a criar. No caso do futebol como inspirador de mudança social, acredito que também temos que estar cientes de como o esporte já está carregado de muitos valores que podemos considerar machistas ou negativas e estar disposto a questionar esses valores, além de valorizar outras muitas coisas que são positivas no esporte.

Universidade do Futebol  Você acredita que é possível pensar a formação de jovens jogadores de futebol sem a criação de um programa que gerencie o crescimento pessoal, social e profissional de modo interdisciplinar?

Fabio Verani  Não sei. Não trabalhamos com esporte, em geral. Ouvimos dos jogadores é que este foi um ótimo campeonato, com muita paz, especificamente por causa do conteúdo social e das oficinas das quais todos os homens participaram.

Universidade do Futebol  Ao se pensar na forma como o futebol se constrói na nossa sociedade, naturalizado como uma prática masculina (entendida como sinônimo de heterossexualidade), a ideia de um homem gay gostar de futebol pode ser concebida em algum momento?

Fabio Verani  Obviamente, muitos homens gays gostam de futebol e jogam futebol (inclusive profissionalmente), mas devido ao fato que o futebol é carregado de muitos preconceitos e estereótipos machistas, que vêm da nossa sociedade, viver a sexualidade abertamente no mundo de futebol profissional é ainda muito difícil.

Além disso, como mencionei antes, o futebol contém muitos valores machistas que incluem muitas atitudes extremamente homofônicas, as quais podemos ver refletidas de maneira geral no esporte, em jogadores, torcedores, técnicos, diretores e na mídia esportiva.
 


Machismo e homofobia no futebol brasileiro

 

Universidade do Futebol  Em se considerando que a virilidade acompanha o prazer pelo futebol, o que fazer quando se é gay e o futebol é uma das paixões desse indivíduo? Esse tipo de questão também é tratado no Promundo?

Fabio Verani  Não trabalhamos a questão de um homem gay gostar ou não gostar de futebol, pois qualquer opção (gostar ou não gostar de futebol) é completamente normal. O fato de a nossa sociedade ainda pensar em estereótipos sobre o que um homem gay (ou uma mulher lésbica) deve gostar ou fazer reflete o machismo. Como também achar que um homem heterossexual tem que gostar de futebol (e não de dança ou arte, por exemplo) também reflete muito machismo. Tentamos é quebrar esses estereótipos e preconceitos com os homens e mulheres.

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França vence Campeonato Europeu sub-19 em casa

País que sediou evento conquista título após vitória contra Espanha na final

Equipe Universidade do Futebol

Enquanto a seleção principal francesa busca se recuperar do fiasco da Copa do Mundo da África do Sul, realizada entre os meses de junho e julho deste ano, a categoria sub-19 dos Les Bleus comemora a conquista do torneio continental contra a equipe da Espanha.

Para dar mais brilho à conquista dos gauleses, o título da competição ocorreu no próprio país, assim como na vitória do único título mundial dos franceses, contra os brasileiros, em 1998. Esta foi a primeira vez na história do torneio que a equipe sede levanta a taça.

A decisão ocorreu diante dos espanhóis, após vitória nas semifinais contra a seleção da Croácia, por 2 a 1. A equipe espanhola contava com a presença dos brasileiros naturalizados Thiago Alcântara, filho do ex-jogador Mazinho, e do atacante Rodrigo Machado, também filho de um ex-futebolista.

Diante de 20 mil espectadores, a Espanha saiu na frente do marcador com gol de Rodrigo, aos 18 min. Mas logo no início da etapa complementar, Yannis Tafer, que tinha acabado de entrar, deu assistência para Gilles Sunu empatar. E coube também a um reserva dar o título da competição para a França. Alexandre Lacazette marcou o gol da vitória, aos 85 min, após cruzamento de Kakuta.

O título do Campeonato Europeu teve gosto especial, não apenas por ocorrer em terra natal. A conquista foi a revanche contra a Espanha, que goleou os rivais franceses na final do Europeu sub-17, dois anos antes.

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Gestão: Fracas em 2010, bilheterias dependem de entretenimento

RODRIGO CAPELO
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

Dirigentes terão de oferecer lazer para alavancar lucros com tíquetes

O fim do Campeonato Brasileiro comprovou algo que, empiricamente, qualquer torcedor leigo pode deduzir, e que terá de estar nos planos de dirigentes para 2011. O lucro obtido com a comercialização de ingressos, por uma série de motivos, está proporcionalmente muito abaixo da receita oriunda de patrocínios em âmbito nacional.

Entre maio e dezembro, a elite do futebol nacional conseguiu lucro aproximado de R$ 51,7 milhões. Esse número é 623% inferior ao atingido por meio de aportes, em torno de R$ 374 milhões, de acordo com pesquisa realizada pela Trevisan Gestão do Esporte, que contabilizou os ganhos das principais equipes do país no ano.

"Não adianta fazer ingresso a R$ 2 para lotar porque se precisa da torcida para enfrentar determinado adversário", aponta José Cocco, diretor da J.Cocco Sportainment, agência de marketing esportivo. "Ir ao estádio é um desestímulo, pois falta estrutura, banheiros, há flanelinhas, enfim, uma das piores coisas é ir ao estádio de futebol".

A solução para elevar os valores embolsados com ingressos, de acordo com o especialista, depende de investimentos para tornar jogos em espetáculos. A aposta no entretenimento antes, durante e depois das partidas já é feita com sucesso no Estados Unidos, por exemplo, com a NBA, mas ainda não migrou para o futebol brasileiro.

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Jornal elege Mourinho o ‘homem do ano’

Treinador português se consagrou campeão da tríplice coroa europeia em 2010

Equipe Universidade do Futebol

 

  ”JOSÉ MOURINHO,  como  técnico  da  Inter vence  Taça de Itália,  Scudetto  e  a  Liga dos Campeões”  (o time italiano é o primeiro a ter sucesso no mesmo ano).

Apesar de comandar o os galácticos do Real Madrid atualmente, foi como técnico da Inter de Milão que José Mourinho atingiu o ápice de sua carreira. Na temporada 2009/2010, o ex-treinador da equipe nerazzurri foi responsável pela conquista os títulos da Liga dos Campeões, Campeonato Italiano e Copa da Itália.

Nesta sexta-feira, o tradicional tablóide esportivo italiano La Gazzetta dello Sport concedeu a Mourinho o título de “homem do ano”. Conforme apurou o portal UOL, esta foi a primeira vez em 32 anos que um treinador recebe tal honraria.

Segundo o jornal, o português, que agradeceu ao prêmio por uma dedicatória à sua família, ocupou sua manchete em 143 dias durante o ano inteiro. Completaram o “pódio” o tenista espanhol Rafael Nadal, que fechou o ano em primeiro do ranking de sua modalidade, e o piloto alemão Sebastian Vettel, campeão da Fórmula 1 em 2010.

Outros futebolistas também marcaram presença no ranking do veículo italiano, como os jogadores do Barcelona, Xavi Hernández e Andrés Iniesta, além do craque argentino Lionel Messi, que também atua pelo clube catalão.

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Marketing: Os melhores do ano

REDAÇÃO
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

Mais um ano se vai e, como já é tradicional, a Máquina do Esporte apresenta agora a retrospectiva de 2010, com os melhores cases do marketing esportivo nacional e do exterior, sempre tendo como ponto de vista a opinião da nossa redação de jornalismo.

Num ano marcado por Copa do Mundo, entrada das grandes agências de marketing esportivo no país e, porque não, pelo centenário do Corinthians, 2010 será lembrado pelo início de uma grande movimentação na indústria do esporte no país.

Confira abaixo um pouco daquilo que foi destaque no ano do marketing esportivo.

Case da Copa do Mundo: Jabulani

Sim, decidimos, neste 2010, criar um prêmio especial com base no principal evento esportivo do ano. Afinal, a Copa do Mundo de futebol, como segundo maior evento do esporte no planeta, não poderia deixar de ter um destaque próprio. E o prêmio de melhor case do Mundial vai para a bola que ganhou nome. A Jabulani, confeccionada pela Adidas, fez com que, pela primeira vez na história, os torcedores soubessem que a bola da Copa sempre tem um apelido. Sim, a polêmica em torno da qualidade da bola impulsionou essa lembrança, mas a grande sacada da Adidas e da Fifa foi ter feito da bola a estrela principal antes de cada um dos 64 jogos da Copa. Ao colocarem a Jabulani da partida num pedestal, e mostrar para o mundo inteiro a imagem do árbitro pegando a redonda para entrar em campo e iniciar o jogo, empresa e entidade promoveram mundialmente a bola. Isso, aliada a toda polêmica sobre a Jabulani, contribuíram para que a bola fosse um dos temas mais comentados do Mundial. Isso, claro, ao lado do Polvo Paul e de Larissa Riquelme, mas isso é outra história...

Case Internacional: Red Bull

Em meio ao questionável jogo de equipe feito pela Ferrari para privilegiar Fernando Alonso na disputa pelo título do Mundial de pilotos da Fórmula 1, a Red Bull deu uma banana para a ganância de ganhar e colocou seus pilotos, Mark Webber e Sebastian Vettel um contra o outro, para preservar o espírito esportivo. Além de arrebatar pela primeira vez o título do Mundial de Construtores, a equipe da fabricante de bebida energética viu Vettel coroar o ano perfeito na última prova, sagrando-se também o vencedor entre os pilotos. No final, a Red Bull saiu como grande moralizadora de um esporte que recentemente vinha sendo manchado pelas negociatas.

Cases nacionais

1 – A hora das mega agências

O ano de 2010 ficou marcado pelo crescimento sem precedentes da indústria do esporte no Brasil. Com a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, assistimos, no segundo semestre do ano, a uma invasão das grandes agências de marketing esportivo mundiais no país. IMG (em parceria com Eike Batista, criando a IMGX), Octagon (que comprou a B2S) e Havas (com operação própria) desembarcaram no Brasil a partir de agosto para aproveitarem o crescimento do mercado em virtude dos grandes eventos. Ao mesmo tempo, o grupo WPP e o atacante Ronaldo formalizaram a criação da 9ine, enquanto Alexandre Gama (da agência publicitária NeoGama/BBH) juntou-se a José Carlos Brunoro para fundarem a Sport Strategy. Outro grande grupo publicitário, o ABC, de Nizan Guanaes, expandiu sua participação sobre a Reunion e abriu escritórios da agência nos EUA e no Rio de Janeiro. Por fim, a Geo Eventos, fruto de uma sociedade entre Globo e RBS, surgiu para organizar grandes eventos, como o jogo de exibição entre Guga e Agassi, em dezembro. E, em 2011, a Enter, do Grupo Bandeirantes, também começa a operar com a organização da etapa de São Paulo da Fórmula Indy. O mercado de trabalho nunca esteve tão aquecido.

2 – César Cielo

Já havíamos tentado tirar “Cesão” da lista dos melhores do marketing esportivo nacional em 2009. A duras penas, conseguimos. Mas, em 2010, novamente ele volta para o ranking em que começou a figurar em 2008. Lista na qual, pelo visto, ele deve continuar pelos próximos anos. Mais do que um fenômeno nas águas, o nadador de Santa Bárbara D’Oeste tem mostrado uma evolução significativa em fechar novos contratos de patrocínio. Mais do que quantidade, impressiona a qualidade dos acordos, como o anunciado em dezembro, com a Gatorade. Cielo será um dos nomes mundiais da marca, usando o laboratório GSSI, em Chicago (EUA), para aprimorar sua performance. Com as Olimpíadas de Londres no horizonte, Cesão tem tudo para se consolidar como um dos grandes nomes do esporte tanto dentro quanto fora das piscinas.

3 – Centenário do Corinthians

Assim como o Internacional foi o primeiro clube a figurar entre os melhores do ano da Máquina do Esporte por conta da programação do marketing no ano de seu primeiro centenário, o Corinthians entra na lista ao final de 2010. Se não foi brilhante dentro de campo, fora dele o “Timão” movimentou como nunca sua marca e faturou como nunca antes na história desse país um clube havia faturado. Foram cerca de R$ 200 milhões em faturamento, sendo que a receita em produtos licenciados saltou para quase R$ 10 milhões, recorde da história do clube, que lançou de geladeira a “Banco Imobiliário” no ano do centenário. Foi a prova de que o futebol brasileiro entendeu que ano de centenário serve para fazer barulho em torno da marca e turbinar o faturamento muito mais do que ganhar títulos.

4 – Nike 600k

A Nike vive, no universo das corridas de rua, uma situação pouco comum. No Brasil, a marca é vista muito mais como uma linha de “moda” do que de performance. A história, porém, tem mudado significativamente. A empresa americana criou em 2009 a Nike 600k, prova destinada a uma elite de atletas amadores que percorrem a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro durante três dias. A competição fez com que as pessoas passassem a comentar sobre a Nike dentro do universo da corrida e, agora, começa a colocar a marca entre as mais importantes do segmento também entre os atletas de alta performance. Mérito da equipe comandada por Christiano Coelho, alçado da Asics para a Nike em 2008 para cuidar do segmento de running na empresa e que foi o mentor da prova.

5 – Ativação do patrocínio do Itaú no futebol

Não basta patrocinar, tem de dizer que se faz isso. E, em matéria de ativação do patrocínio, nenhuma marca trabalhou mais do que o Itaú em 2010. O banco, patrocinador da seleção brasileira e da Copa do Mundo de 2014, usou o pacote de mídia do futebol da Globo, além dos principais veículos de comunicação do país, para mostrar às pessoas que investe no futebol. Além disso, investiu maciçamente em ações de relacionamento com seus consumidores para tomar conta do futebol. O resultado foi tão eficiente que o Bradesco, seu maior rival, segue agora uma linha de investimento nos esportes olímpicos, já que o mercado do esporte mais popular do mundo está tomado pela concorrência.

6 – Guga x Agassi

Um dos maiores legados que a realização de Copa do Mundo e Olimpíadas pode trazer ao país é a coragem de nos tornamos realizadores de grandes eventos. E, no final do ano, tivemos uma prova de como é possível colocar o país na rota de grandes acontecimentos do esporte. A partida de exibição entre os ex-tenistas Gustavo Kuerten e Andre Agassi marcou a entrada definitiva da Geo Eventos no mercado. E, mais do que isso, mostrou que é possível fazermos grandes eventos mesmo sem Copa e Olimpíada por aqui. O Maracanãzinho lotado e patrocinadores de peso como Gillette e Duracell foram uma prova disso.

7 – BMG no futebol

Há dois anos, muito se falou no mercado do futebol da entrada da Traffic na compra e venda de jogadores para os clubes, combalidos financeiramentes. Pouco depois, o banco BMG, que esteve envolvido no escândalo do Mensalão, passou a usar o futebol como meio de mudar a imagem da instituição e aumentar o faturamento. O banco criou um segmento para cuidar da gestão de contratos de atletas, no estilo da Traffic. Em troca do investimento, além da participação na negociação de atletas, o BMG tem conseguido espaço na camisa dos clubes. O banco é, hoje, uma das marcas de maior penetração nos uniformes dos clubes, tendo São Paulo e Flamengo como os dois times de maior torcida que ostentam a marca BMG no uniforme.

8 – Rúgbi

Isso ainda vai ser grande. A expressão, que mais parece desmerecer o rúgbi brasileiro, virou o alicerce para o crescimento da modalidade no país. Impulsionado pela repercussão da campanha publicitária da Topper, fornecedora de material esportivo do time nacional, e sustentado por um eficiente projeto de gestão, o rúgbi celebrou em 2010 a primeira conquista. Um patrocínio do Bradesco para a modalidade até 2016, ano em que o Brasil deve disputar o esporte nos Jogos Olímpicos por ser país-sede da competição. No final do ano, o acerto com a agência de marketing esportivo Dream Factory para gerenciar a imagem da modalidade também deixa o horizonte com boas perspectivas para que, enfim, o rúgbi possa ter o tamanho que merece no país.

9 – Olympikus na Copa do Mundo

Em meio ao frenesi causado pela Jabulani, a Olympikus usou a Copa do Mundo para uma interessante ação de marketing de emboscada. A fabricante contratou 32 cineastas de cada uma das 32 seleções participantes do Mundial para que eles produzissem um filme sobre a relação do torcedor com o principal torneio de futebol do planeta. O resultado foi o filme “A Copa das Pessoas” e a entrega, para 32 personalidades do esporte nacional, de uma bola com 32 gomos que rodaram cada um dos países participantes da competição. Para tornar maior o alcance da iniciativa, além de usar as redes sociais, a Olympikus comprou espaço na grade de transmissão da ESPN, que exibiu o documentário alguns meses após a Copa.

10 – Ação do Correios no Sub-23

Se a ação promovida pela Fifa com a Jabulani durante a Copa do Mundo foi uma das responsáveis pelo sucesso da bola em 2010, no Brasil uma iniciativa que teve como base o merchandising feito no Mundial gerou uma das melhores ações de marketing usando a mídia no ano. Numa parceria entre os Correios e a TV Esporte Interativo, antes de cada partida do Campeonato Brasileiro Sub-23, exibido pela emissora, um carteiro entrava em campo com uma encomenda para o árbitro. Filmada pela EI, a ação fazia com que o jogo só tivesse início após o árbitro abrir o pacote, retirar a bola e preparar o início da partida. O merchandising deu tão certo que os Correios repetiram a ação na final do Campeonato do Nordeste, em dezembro, competição promovida pela EI.

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“Futebol é uma meia verdade: se não é uma verdade por inteiro, mas também não é por inteiro uma mentira”

Léo Rabello: 'Futebol é uma mentira. O que o jogador vê é dinheiro'

Dono da carteira nº1 de agente no país, empresário vê falsidade no amor à camisa e admite que às vezes tira proveito do amadorismo dos dirigentes

Por Luciano Ribeiro

"Léo Rabello tem razão em quase tudo. Só deveria evitar tê-lo dito da forma como o disse. Afinal, nem tudo é mentira. E, para o torcedor, muito é sonho, e não temos o direito de roubar os sonhos deles." --  (Benê Lima)

OS DONOS DA BOLA

 

 

 

Léo Rabelo, empresárioLéo Rabelo não cogita aposentadoria: 'Vivo em paz.'
(Foto: Luciano Ribeiro / GLOBOESPORTE.COM)

Com apenas 29 jogadores sob seu comando, nenhum deles no topo da cadeia internacional, Léo Rabello pode não parecer um empresário influente para as novas gerações. Mas foi ele o primeiro brasileiro a enxergar potencial no mercado de transferências. Rubro-negro desde a infância, chegou a dirigente do clube nos anos 70. Naquela década, nascia a geração que transformaria o clube em um gigante de conquistas. Surgia também um estalo para Rabello. Ali ele percebeu que a falta de tato dos jogadores para negociações era uma mina de ouro. Trocou o amadorismo dos cargos de diretoria pelos cifrões que enxergou de longe.

Atualmente, o dono da carteirinha 001 de agente Fifa no Brasil não tem o futebol como número um em sua lista de prazeres. Empresário há 25 anos, Léo Rabello é exemplo clássico do velho ditado sobre consumo de salsichas. Se quem as produz é incapaz de comê-las, o mesmo vale para quem conhece a fundo os ingredientes dos boleiros. Rabello não vai a um estádio desde 2008. Só torce pelo seu Flamengo pela TV, e mesmo assim com bem menos ímpeto dos que nos velhos tempos. Atualmente, na maior parte das vezes um jogo é só um jogo. Ou melhor, só mais uma oportunidade de negócio.

- Estou no futebol desde 66. Isso frequentando o Flamengo. Como dirigente, desde 77. Ninguém é filho de chocadeira, sou Flamengo, era fanático. Hoje há um desgaste grande. Praticamente não vou a jogo. O último  foi a final da Libertadores do Fluminense contra a LDU. Quando quero um jogador, mando os nossos auxiliares verem. Às vezes, acho meio enfadonho. O futebol que o público vê é uma grande mentira. O jogador de futebol vê dinheiro. Esse carinho, esse amor não existe, é folclórico. Quem balança a camisa quando faz gol, beija escudo, é hipócrita. Raros pensam diferente – resumiu o agente, que tem como principais ações neste fim de ano a permanência de Joel Santana no Botafogo, a transferência de Madson para o Atlético-PR e a tentativa de retorno de Thiago Neves do Al Hilal para o futebol brasileiro (Fluminense e Flamengo são os interessados).

Joel Santana confirma permanência no BotafogoJoel  ri à toa com o prestigio no Botafogo. Técnico tem auxílio de Rabello em negociações  (Foto: Ag. Estado)

A tese de que futebol é uma fraude bem disfarçada confirma o autorretrato de Rabello, que se define acima de qualquer coisa como um “autêntico”. A língua sem travas não acerta só os jogadores. O empresário também se incomoda com a classe dos dirigentes. Ele culpa a legislação e diz não entender como um cartola pode ser responsável por orçamentos milionários sem ser cobrado profissionalmente por isso. De peito aberto, admite que às vezes tira proveito dos erros de planejamento das diretorias. Quando os resultados não acontecem, é hora daquele telefonema básico oferecendo reforço.

Era preciso fazer os dirigentes tratarem o clube como se fosse sua casa"
Léo Rabello

- Em geral, é o agente que vê as carências do clube e oferece. É difícil um dirigente ligar para pedir indicação. Existe, mas o mais comum é o contrário. No futebol não tem santo. Mas procuramos fazer as coisas certas para depois não sobrar para nós também. Você tem de zelar pela sua empresa, seu nome. Senão, fica queimado. Em 30 anos você constrói um nome, não pode perder isso. A verdade é que o futebol brasileiro cada vez progride mais em campo, mas fora dele não melhora nada. Não pode ter um clube com o orçamento que tem hoje dirigido por amador. Era preciso fazer os dirigentes tratarem o clube como se fosse sua casa. Ele trata como um divertimento. Não tem responsabilidade. Quando perdem três ou quatro partidas, querem contratar de qualquer maneira. E fazem errado, não há planejamento. Falta zelo. Igual ao Flamengo no caso do Zico. Contrataram ele sem experiência nenhuma. E as pessoas não têm coragem de colocar na conta do Zico essas negociações malfeitas, não por má-fé, mas por total falta de experiência. Não pode ter só nome para gerir futebol. As pessoas acham que esses caras vão resolver, Zico, Júnior. É tudo na base da emoção.

Muitos desgastes

Rabello ataca os craques que tentaram carreira na gestão do Flamengo, mas a recíproca é a mesma. Em 2004, Júnior teve problemas com o empresário logo no início da sua caminhada como dirigente. Com boas relações na diretoria, o agente tentou colocar na Gávea o desconhecido atacante argentino Castillo. Fechou tudo com a ala amadora no clube, mas Júnior brecou. Atualmente, ninguém lembra mais de Castillo. Mas também é verdade que não são boas as lembranças de Rafael Gaúcho, Negreiros, Welliton, Diogo, Flávio e Dill, alguns dos atacantes que vestiram a camisa rubro-negra naquela temporada.

Quem balança a camisa quando faz gol, beija escudo, é hipócrita"
Léo Rabello

O desgaste com alguns dirigentes não é a única reclamação de Rabello. O empresário também se incomoda com as marias-chuteiras que cercam seus atletas, e brinca dizendo que "se abrisse um laboratório de teste de DNA, ia ganhar um dinheirinho bom". Outras burocracias também lhe tiram do sério.  Mas, aos 72 anos, a aposentadoria não é sequer cogitada. O trabalho de 10h às 18h, com 11 funcionários, lhe dá muito mais lucros do que dores de cabeça. Em julho de 2008,  Thiago Neves saiu do Fluminense para o Hamburgo por sete milhões de euros. Seis meses depois, o meia foi vendido para o Al Hilal pelo mesmo valor. Rabello não diz qual foi sua parte no negócio, mas a praxe no mercado da bola é de 10% da negociação para os agentes, o que daria mais de R$ 3 milhões nas duas transações para o sistema, ou melhor, para a Systema, nome de sua empresa.

Se o afeto pelo vermelho e preto não é mais o de antigamente, a relação profissional com o clube continua estreita. Seis nomes da base do Flamengo têm contrato com Rabello: o goleiro Caio, os zagueiros Fernando e Escobar, os meias Vitor Saba e Ygor, e o atacante Vitor Hugo. Entre os profissionais, há o volante Rômulo. O Fluminense aparece como segundo colocado na lista de atuações, com três jogadores, sem contar o interesse em Thiago Neves. No clube, há quem diga que o zagueiro Thiago Sales, também do casting de Rabello, só foi para as Laranjeiras em julho porque estava no “pacote” para o empresário lutar pela liberação de Neves. O goleiro juvenil Silezio e o volante Leandro Dantas são outros vinculados a Fluminense e Rabello.

O agente aposta na base, mas diz que, se fosse dirigente de clube, jamais permitiria a presença de empresários nos treinos das promessas. Em sua visão, é aonde os aproveitadores mais têm êxito.

Isso que você lê no jornal, o glamour, isso não existe. Mais de 90% dos jogadores vivem na maior miséria"
Léo Rabello

- Hoje o mercado é uma bagunça total. Entre os credenciados não falta ética, mas tem muita gente que não tem licença para trabalhar e está aí só para ficar enganando os outros. Os clubes aceitam negociar com esses caras e depois sempre quebram a cara. Mães vêm aqui reclamar. Tem cara que toma dinheiro da família prometendo levar para o exterior. Toda hora aparece. Mas é caso de polícia, não podemos fazer nada. Em geral o cara vai ali para a divisão de base. Devia ser proibida a entrada de todo mundo, é aonde acontecem os maiores problemas no futebol. Os clubes são os grandes responsáveis. Treino de futebol devia ser fechado sempre, não devia entrar ninguém. Só imprensa com horário certo para entrevistas. A coisa não evolui nesse aspecto.

Nesta época do ano, os telefonemas aumentam na proporção dos anúncios de panetone e jingles melosos.

- Tocam umas 30, 18 furadas.  É imprensa, conversa fiada, jogador ligando para pedir ajuda. A estrela não liga, mas os outros ficam preocupadíssimos quando estão sem contrato. Nós temos uma responsabilidade grande. Isso que você lê no jornal, o glamour, isso não existe. Mais de 90% dos jogadores, que deve ser algo perto de 20 mil federados, vivem na maior miséria. Só 3 ou 4 % têm esses salários altos. Não passa disso. Futebol é uma profissão muito efêmera. O cara trabalha 10 anos em média. O salário alto dilui no tempo. Raros são aqueles que têm formação para exercer uma profissão. É treinador, preparador físico, auxiliar, fora isso não tem mais nada para fazer. Porque eles não estudam nada, não sabem nada. E precisam de alguém estruturado por trás para render bem.

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quinta-feira, dezembro 30, 2010

Mídia: Clubes brasileiros tropeçam em Facebook e Twitter

RODRIGO CAPELO
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

Enquanto Corinthians e Santos despontam como clubes com atuação mais forte em mídias sociais, há times brasileiros completamente perdidos em relação à função dessas redes. Atualmente, a maioria já aderiu ao Twitter, ainda com número reduzido de seguidores, mas o principal ponto fraco está na atuação no Facebook.

A criação de Mark Zuckerberg já reúne 500 milhões de usuários no mundo, acima dos 175 milhões obtidos pelo Twitter, mas permanece fora do foco dos clubes brasileiros. Dentre as 20 equipes da Série A do Campeonato Brasileiro, 11 ignoram a existência da ferramenta, enquanto outras seis ainda engatinham por entre as páginas.

Há casos como Atlético-PR e Bahia, que insistem em criar um perfil dedicado aos respectivos clubes, em vez de usufruir da ferramenta para criação de páginas para empresas criadas pelos desenvolvedores da rede. Por não compreenderem o funcionamento do Facebook, deixam de atrair torcedores e desperdiçam opções de relacionamento.

O Palmeiras, por sua vez, vive situação curiosa. O clube paulista compreendeu as características da rede e criou página adequada, com cerca de 7 mil torcedores. A página não oficial, porém, tem 86 mil usuários conectados. Por sorte, o torcedor responsável pelo grupo criou links para a loja oficial do time e para o programa de sócios-torcedores.

Em cenário similar está inserido o São Paulo. Enquanto o departamento de marketing do clube tricolor decidiu não apostar no Facebook, um torcedor criou página não oficial e atraiu aproximadamente 59 mil são-paulinos. Mais uma vez, há links para ações de marketing do time, mas a ferramenta teria mais potencial se trabalhada pelo clube.

Os piores erros, entretanto, são cometidos pela dupla mineira. Enquanto o Cruzeiro pulveriza a participação no Twitter e não mantém um perfil central, o Twitter oficial do Atlético-MG tem um difícil adversário pela frente: o próprio presidente. Alexandre Kalil, contrário ao marketing no futebol, tem 68 mil seguidores, e o clube em si, 17 mil.

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Ex-treinador teme futuro do futebol feminino no Santos

Demitido, Kleiton Lima revela decepção com término de seu trabalho com as ‘Sereias’

Equipe Universidade do Futebol

“O infindável e movediço interesse religioso, conflagrando, mais uma vez, a convivência pacífica – desta feita, no esporte” --  (Benê Lima)

Atual treinador da seleção brasileira feminina e ex-treinador da equipe feminina do Santos, Kleiton Lima, concedeu sua primeira entrevista após sua demissão do clube da baixada. Ao responder as perguntas, o técnico mostrou insatisfação com sua saída e alertou para uma possível crise no projeto das ‘Sereias da Vila’, como é apelidada a equipe.

Segundo o técnico, que esteve no comando do time feminino do Santos desde 1997, o trabalho que iniciado por ele no clube pode entrar em crise, já que, por exemplo, a agremiação ainda não fechou um patrocínio para o time de mulheres em 2011.

Kleiton Lima conquistou seu quinto título em nove meses

“O clube não tem ainda patrocinador, as atletas ainda não sabem se vão renovar. O contrato da maioria termina agora no fim deste ano e elas não sabem o que vai acontecer. Eu acreditava que essa situação fazia parte do passado, que o Santos estava iniciando uma nova fase do futebol feminino. Infelizmente, está acontecendo o contrário. Vejo que um trabalho de 13 anos pode entrar em declínio - lamentou Kleiton Lima, durante entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, num hotel de Santos”, revelou, em declaração ao portal Globo.com.

Em defesa, a diretoria alegou que pretender contar com um treinador exclusivo para o time no ano que vem e Kleiton Lima exercia sua função em paralelo aos trabalhos no time nacional. O ex-comandante da ‘Sereiras’ disse que ocorreram alguns atritos inclusive devido à sua religiosidade, pois realizava orações com o grupo.

“Houve certas situações, como orar antes dos treinos e alguns trabalhos motivacionais com base em histórias bíblicas, que alguns diretores acharam desagradáveis. Mas eu mesmo nunca tive nenhum problema com isso. Tanto que a minha capitã, tanto no Santos, como na Seleção Brasileira (Aline Pellegrino), não é evangélica”, concluiu.

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Marketing: Com tijolinhos, Flamengo arrecada R$ 1,25 milhão

REDAÇÃO
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

Patricia Amorim e Heitor Martinez (tijolo do Flamengo(repre). Foto: Mauricio Val/VIPCOMM/Divulgação

O Flamengo anunciou nesta quarta-feira (29) que finalizou a venda do primeiro lote da "campanha do tijolinho", lançada sob o nome "Rubro-Negro para sempre" para levantar recursos para a construção de um centro de treinamento.

Por ora, com cinco mil peças vendidas, o clube conseguiu R$ 1,25 milhão. "Gostaríamos de agradecer aos torcedores que compraram o tijolinho e acreditaram no nosso trabalho", comemorou o vice-presidente de marketing do Flamengo, Henrique Brandão.

A meta é vender mais 10 mil tijolos até o carnaval, em fevereiro. "Teremos um grande impacto perante os rubro-negros quando as obras realmente começarem, em data a ser definida, mas ainda em janeiro", completou o dirigente carioca.

O projeto, segundo antecipou a Máquina do Esporte em meados de outubro, consiste na venda de azulejos de cerâmica com o nome do torcedor que pagar pelo privilégio. Cada peça custa R$ 250 e a meta é arrecadar R$ 5,75 milhões.

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quarta-feira, dezembro 29, 2010

Ministro do Esporte, Orlando Silva, fala sobre trabalhos na próxima gestão do esporte

O ministro do Esporte, Orlando Silva, esteve ontem (28) no Rio para reunião com integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI). Mais uma vez explicou os visitantes o porquê do atraso na criação da Autoridade Pública Olímpica (APO). Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ele falou sobre os desafios para a próxima gestão, destacando a proposta de criar, na próxima gestão, um programa que alie esporte e atividade física, com o Ministério da Saúde.

Leia a íntegra da entrevista:

Estado - Por que a APO (Autoridade Pública Olímpica) não sai do papel?
Orlando Silva - Ela depende de uma complexidade de normas. Estou convencido de que será consolidada no começo de 2011. A APO consta da MP502/2010, que tem eficácia até fevereiro. Se, numa eventualidade, não for aprovada - não acredito nisso -, a presidente Dilma Rousseff poderia reedita-la. A APO precisa da aprovação dos três níveis de governo. No plano federal, vai se concretizar. O Estado do Rio já a aprovou. E o prefeito Eduardo Paes me garantiu que vai trabalhar pela votação na Câmara de Vereadores antes do carnaval.

Estado - O Comitê Olímpico Internacional (COI) já se manifestou publicamente mais de uma vez sobre a demora da criação da APO. Como evitar novos constrangimentos na relação com o comitê?
OS - Falando a verdade, nós optamos por criar um consórcio inédito no País e dois dos três níveis de governo passaram por eleições recentemente. Isso teve um impacto na consolidação de projetos e iniciativas, como a da APO. Então, estamos dizendo ao COI a verdade, estabelecendo uma relação de confiança.

Estado -
Seu nome é cotado para exercer o cargo de Autoridade Pública Olímpica. Não seria conflitante para o ministro do Esporte o acúmulo de funções?
OS - O grau de qualificação e de capacitação das equipes técnicas que vão conduzir o trabalho da APO é mais importante do que falar ou debater sobre o nome de quem vai presidir o consórcio.

“O Estadão, nesta entrevista, trata o esporte como se fora apenas copa do mundo e olimpíada. Não se fala em empenho para dar cumprimento às deliberações da III Conferência Nacional do Esporte.”  --  (Benê Lima)

Estado - Qual a garantia de que haverá ocupação das instalações esportivas dos Jogos a partir de 2016?
OS - A primeira coisa a fazer é produzir instalações provisórias quando não houver necessidade de obras permanentes. Depois, reduzir a capacidade de público onde for possível.
Estado - Quanto custará ao governo federal a Copa de 2014 e os Jogos de 2016?
OS - Não existe um número final. Há temas, como segurança, que ainda não têm plano operacional definido. Sem isso, não há condição de chegar a uma conta. O que se sabe é que só para 2011 o governo vai investir R$ 1,5 bilhão para a Olimpíada.

Estado - Está otimista quanto à aprovação do estádio de Itaquera pela Fifa?
OS - Recebi notícias positivas do próprio Corinthians, dono do estádio, e do empreendedor do negócio. Estive dias atrás com o prefeito Gilberto Kassab e guardei uma frase dele que me tranquilizou. Ele disse: "Ministro, fique tranquilo que vamos resolver o assunto do estádio em São Paulo." Mais que isso. Ele me informou que tomou providências para que não apenas a abertura seja em São Paulo, mas que a cidade receba também o Congresso da Fifa, o que exige oferta de um centro de eventos. O prefeito está muito seguro e me passou confiança.

Estado - A lei que garante isenção fiscal para os gastos da Fifa com a Copa de 2014 gerou algum desconforto ao governo federal?
OS - O Brasil firmou compromisso com a Fifa de encaminhar essas isenções e, daqui a pouco, haverá uma nova lei para renúncia fiscal visando à realização da Olimpíada, acordo prévio com o COI. Essa redução da arrecadação não causa nenhum constrangimento, estava programada.

Estado - Quais as prioridades de políticas públicas do Ministério do Esporte a partir de 2011?
OS - Há vários desafios. Um deles é criar um programa que alie esporte e atividade física, com o Ministério da Saúde. Se a gente observar os indicadores, há redução de doenças no Brasil de todos os tipos, exceto das que têm como fator gerador a obesidade. Também pretendemos interagir cada vez mais esporte e escola e já há um piloto em curso em parceria com o Ministério da Educação.

Estado - Faz parte da agenda do Ministério do Esporte a discussão sobre a perpetuação de dirigentes nas entidades esportivas?
OS - Houve um tempo em que o Estado tutelava. Foi assim desde 1941, quando Getúlio Vargas normatizou pela primeira vez a atividade esportiva. Em 1988, a Constituição deu autonomia às entidades. Na minha opinião, elas devem ter uma dinâmica, quanto mais democráticas e participativas, melhor. Mas não cabe ao Estado intervir.

Estado - Logo depois de escolhido por Lula para ocupar o Esporte, em 2006, o senhor disse que a tradição brasileira preza a transição sem ruptura. Desde então, houve algum sinal de transição nas principais entidades esportivas do País?
OS - Há uma evolução muito positiva na gestão do esporte no Brasil. O desafio agora é reforçar a economia do futebol brasileiro, Há potencial para isso. Olhe o exemplo do Corinthians nesse período presidido por Andrés Sanchez. O crescimento das receitas do clube é fabuloso. Veja também o nível alcançado pelo São Paulo. Podemos crescer ainda mais diversificando as fontes de receita. Bilheteria dá muito pouco, licenciamento de produtos no Brasil é quase nada se comparado com o mercado europeu. Eu me interesso mais por esses temas, pelo mérito de programas, medidas, e iniciativas que fortaleçam a economia do futebol. Para mim, isso vale muito mais do que discutir se fulano, beltrano ou sicrano têm de ter um ou dois ou três mandatos.

Fonte: Portal Vermelho

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Com arenas em obras, times deixam de lucrar em 2010

Clubes do Rio e de Minas foram os mais prejudicados devido as ausências do Maracanã e Mineirão
Equipe Universidade do Futebol

O Campeonato Brasileiro de 2010 ficará marcado como o primeiro a ter sofrido as consequências de o Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014. O torneio em si permaneceu intacto, mas, devido à necessidade de interditar grandes estádios para reformá-los, cinco tradicionais clubes tiveram de se adaptar, e essa situação custou dinheiro.

A diferença entre o montante lucrado foi sentida da maneira mais expressiva entre Flamengo e Fluminense. Ambas as equipes do Rio de Janeiro tiveram de deixar o Maracanã e partir para Engenhão e Raulino de Oliveira. Ainda conseguiram usar a casa antiga durante boa parte do primeiro turno, mas viram o lucro despencar sem a arena.

Em Minas Gerais, Atlético-MG e Cruzeiro tiveram de deixar o Mineirão para migrar para Parque do Sabiá, Arena do Jacaré e Ipatingão. O primeiro, em especial, sofreu os efeitos da proximidade à zona de rebaixamento nas bilheterias e teve dificuldade para atrair boas cifras. O Palmeiras, por fim, deixou o Palestra Itália e rumou para o Pacaembu.

Flamengo

O Flamengo, em má fase durante o torneio, atingiu média de R$ 167 mil durante as partidas que realizou no Maracanã durante o primeiro turno, com pico de R$ 589 mil no lucro - valor efetivamente embolsado, já descontadas as despesas e eventuais penhoras. No Engenhão, a média foi de R$ 105 mil, e no Raulino de Oliveira, R$ 49 mil.
 


O gráfico representa o montante lucrado a cada rodada, apenas em partidas como mandante, separado de acordo com o estádio usado.

Fluminense

O Fluminense, ao conquistar o terceiro título nacional da própria história, viu o lucro atingido com o Engenhão subir gradativamente, conforme o desempenho da equipe melhorava e a taça se aproximava. A média na nova casa foi de R$ 168 mil; no Maracanã, média de R$ 199 mil; e no Raulino de Oliveira, com apenas um jogo, R$ 64 mil.

Fonte: Máquina do Esporte 

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