Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, março 31, 2008

Da crítica à sugestão para solucionar o problema



Mais uma polêmica no futebol mais político do planeta

Todos querem levar vantagem; jogar pra galera é uma prática comum em um futebol que vive de aparências e não da realidade

Servir a todos os senhores das mais diferentes crenças parece ter sido a escolha de um futebol que perdeu muito da capacidade de dialogar, discutir de modo inteligente, e de encontrar soluções negociadas para seus problemas e conflitos de interesses.

Com a proximidade da semifinal do 2º turno, outra vez estamos diante de um conflito que não se resolverá sem produzir sequelas. O Fortaleza quer jogar na segunda, 7, condição que o Ferroviário diz não aceitar.

Do ponto de vista alvinegro, o sábado, 5, não é bem recebido porque vai ajudar a resolver um problema que, pela ótica alvinegra, é somente do maior rival.

A possibilidade de uma rodada dupla é ainda mais difícil, já que envolve uma negociação muito mais complexa, em que a Polícia Militar certamente alegará que não tem condição de dar segurança. E a questão das cotas dos clubes, como ficaria? Difícil, não!

À primeira vista, manda o bom-senso que os jogos sejam realizados no sábado,5, e no domingo, 6, obedecendo-se o intervalo mínimo de 44 horas entre as partidas de um mesmo clube. Logo, a partida entre Fortaleza (4º) x Ferroviário (1º) deveria ser marcada para o domingo em razão do que está previsto no Artigo 35 do Regulamento da Competição, que tem a seguinte redação:

"Art. 35 - O Clube que estiver participando de Campeonato, Copa ou Torneio patrocinado pela CBF, paralelamente à disputa do Campeonato Cearense de Futebol Profissional da 1ª Divisão de 2008, terá direito à antecipação ou ao adiamento de partidas programadas, a fim de compatibilizar sua participação com intervalo não inferior a quarenta e quatro (44) horas entre seus jogos."

Como se vê, se todos cederem um pouco não há porque nos engolfarmos em mais uma polêmica interminável.

Esperamos que a Federação Cearense de Futebol não se omita do papel de administradora do futebol, e que possa convencer os quatro clubes envolvidos do que é melhor para o futebol em nosso estado.


Editoria NAAREA.com

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Informação, opinião, direito esportivo

domingo, março 30, 2008

CBF mostra lucro quando deveria exibir prejuizo

Entidade exibe lucro artificial

Poderíamos postar matéria dos pricipais veículos de comunicação sobre o tema. Preferimos não fazê-lo. A primazia na abordagem da questão decidimos dar ao próprio blog, o que nos parece coincidir com a preferência dos nossos leitores.

De fato, uma entidade como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não deveria ser deficitária. Contudo, em sendo superavitária deveria reinvestir a maior parte de seu lucro em iniciativas que visassem a desenvolver novas categorias de competições e a dar maior assistência às Séries B e C.

É inconcebível que a entidade mater de administração do futebol brasileiro tenha fechado o exercício de 2006 no vermelho. Pior ainda foi ter que lançar mão de adiantamento de recursos do exercício 2008 para não fechar 2007 novamente no vermelho.

A 'maquiagem' foi conseguida com o aporte de R$14,3 milhões aos cofres daquela entidade, dinheiro esse cuja origem foi Traffic, Nike e Sports Events Company. Além da ajuda dos parceiros, a CBF reduziu em cerca de 50% sua despesa com o futebol profissional.

Está aí o retrato do futebol brasileiro. Nada mais significativo que visualizarmos a entidade que o dirige.


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Falta visão aos dirigentes de clubes


Deve ser melhor o muito de poucos

1.500 pessoas x R$15,00 = R$22.500,00;
2.250 pessoas x R$10,00 = R$22.500,00.

À primeira vista o simplório cálculo acima parece representar igualdade. Mas não, não representa. Colocar 750 pessoas a mais em um estádio como o Alcides Santos representa formar o hábito de ir aos estádios em um número maior de pessoas. Significa agregar novos clientes, mais consumidores.

A promoção de um evento como o futebol deve levar em conta a satisfação do cliente. Isso inclui boas condições de conforto, atendimento, limpeza, higiene, locomoção, estacionamento, segurança, entre outros.

Há muito que não vemos ações de marketing e promoções voltadas para o estímulo da ida do torcedor às praças esportivas. Será que a omissão dos dirigentes se deve à crença de que o ‘produto’ que eles vendem de fato é ruim? Ou, quem sabe, seja pela falta de estrutura destes departamentos.

A verdade é que o foco de toda administração dos clubes de futebol do nosso estado é voltado para o time, para contratações, para o departamento de futebol profissional. Quando se pensa na captação de recursos a primeira imagem que vem à mente dos dirigentes é a da benemerência (esmola, mesmo).

Essa atitude de mendigar formou o mau hábito da acomodação, fazendo com que os clubes deixassem de praticar o exercício da atividade produtiva. De sorte que até suas campanhas de sócio-torcedor estão contaminadas pela premente necessidade da obtenção de fluxo de caixa.

Sem contar que os recursos oriundos dessas promoções equivalem a antecipação de receita, o que lembra muito o velho desconto de duplicatas. Com uma diferença: os juros do desconto de títulos são incomparavelmente menores do que a perda de receita destas malfadadas campanhas.

Já há algum tempo que vimos advertindo para esse equívoco elementar que vem sendo praticado pelos idealizadores dessas promoções. Como podemos considerar aceitável uma campanha que tira dinheiro dos clubes, ao invés de lhes propiciar uma receita adicional?



Sobre a violência de alguns setores da Gaviões


Pode ir de roxo?
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Autor: André Rizek
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Perfil: Jornalista, 32 anos, desconfiado. Repórter especial da revista Placar e comentarista do SPORTV. "Vida pregressa": Ex-editor especial de Playboy (bons tempos...), repórter da Veja, repórter de esporte do Jornal da Tarde e do Lance!, editor de esportes do Último Segundo.
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Corintianos me procuraram nesta sexta-feira perguntando “se pode ir de roxo” ao jogo domingo, no “dia do roxo”, nova campanha de marketing do clube que inclui um novo terceiro uniforme e até um ônibus roxo para levar o time.
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Como se sabe, os muros (roxos) do Parque São Jorge foram pichados em sinal de protesto por alguns torcedores, que não gostaram da cor.
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A Gaviões da Fiel é contra o uso do roxo.
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Natural que tenha muita gente com medo de sofrer represálias caso vá vestindo a nova camisa 3 corintiana ao jogo com o Marília. O inofensivo futebol virou um programa de risco.
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Não quero discutir a iniciativa do clube. É ação de marketing e deixo isso para quem entende da matéria. Mas é sinal dos tempos as pessoas terem medo de apanhar -- para falar o português bem claro -- ou sofrer constrangimentos no estádio caso queiram aderir.
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Conversei com Eduardo Ferreira, que é assessor de imprensa dos Gaviões e sempre foi muito profissional com este repórter. Eduardo diz que, mesmo que a torcida faça protestos contra o roxo, eles não serão endereçados a quem quiser usar a nova camisa.
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É a palavra oficial da Gaviões e está exposta aqui no blog.
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Mas o conselho que dou a quem pergunta “se pode ir de roxo” é triste. “Eu, no seu lugar, evitaria por enquanto”.
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Dói falar isso. É decretar a vitória do medo, a derrota dos bons. Chega a ser ridículo. Como é ridículo aconselhar as pessoas a não usar a camisa de seu time em dia de clássico.
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Infelizmente, o Brasil é um fracasso retumbante no combate à violência. Já que os governos não fazem sua parte, o coitado do pagador de imposto tem de passar por situações patéticas como esta: usar ou não usar uma simples camisa em jogo de futebol.
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É ridículo. Mas é sério. Isso é São Paulo. Isso é Brasil.
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sábado, março 29, 2008

Tática vale para quem a conhece e sabe usá-la

Conceitos táticos, modelos de jogo e Wanderley Luxemburgo...

Rodrigo Azevedo Leitão
Cidade do Futebol

Diversos autores, pesquisadores, especialistas e treinadores (especialmente os europeus) conceituam três tipos de ataques possíveis em uma partida de futebol:

1) O ataque posicional (ou posicionado);
2) O ataque rápido;
3) O contra-ataque.

O ataque posicional é um tipo de dinâmica ofensiva em que se busca primeiro melhor posicionamento e distribuição geométrica em campo – onde a posse de bola através dos passes horizontais (para o lado) acaba sendo parte importante da estratégia do jogo – para então, efetivamente construir situações que possibilitem chegar a meta adversária.
O ataque rápido se caracteriza pela progressão rápida no campo de jogo, rumo a meta adversária – onde os passes verticais são predominantes – quando a equipe adversária já atingiu organização defensiva (ou numérica ou geométrica).

O contra-ataque é um tipo de dinâmica ofensiva que se caracteriza pela imediata progressão a meta ofensiva a partir da interrupção do ataque adversário, quando ele não conseguiu ainda estabelecer equilíbrio defensivo.

Cada um desses ataques pode se transformar ao longo do seu percurso. Então um contra-ataque ou um ataque rápido podem se transformar em um ataque posicional, e esse, em um ataque rápido por exemplo.

O fato é que cada uma dessas dinâmicas ocorre em freqüência, de acordo com a lógica do jogo, mas podem, a partir dos treinamentos e do modelo de jogo adotado por uma equipe alterar-se sensivelmente.

Três momentos indissociáveis caracterizam o jogo de futebol; o atacar, o defender e as transições (ataque-defesa e defesa-ataque). Tradicionalmente há um grupo de treinadores que revelam a todo tempo suas preocupações com o defender; alguns outros com o atacar, mas poucos com as transições.

José Mourinho e Arsene Wenger (livro José Mourinho Vencedor Nato; revista Soccer Coaching Dez/Jan 2008) apontam respectivamente que as “transições” são os momentos mais importantes e decisivos dos jogos de futebol, e que está nelas o poder do jogo.

Como é no poder para dominar o adversário e no ganhar o jogo (dentro das regras do jogo) que se estabelecem os objetivos de treinadores e equipes, façamos uma reflexão sobre as tais transições.

Conceitualmente temos dois tipos de transição no jogo de futebol (um grupo de pesquisadores defende a existência de quatro – mas isso é discussão para outro momento): a transição ofensiva e a transição defensiva.A transição ofensiva é o momento (ou conjunto de momentos), a ponte inseparável e não fragmentável entre equilíbrio defensivo e equilíbrio ofensivo (entre o estar a defender e o estar a atacar). A transição defensiva é o momento que caracteriza a mudança do estar a atacar para o defender.

Em geral os gols no futebol ocorrem em grande parte a partir de jogadas estratégicas de bola parada ou de transições ofensivas eficientes.

Existem equipes, especialmente na Inglaterra que jogam com objetivo claro de fazer mais rápidas e funcionais suas transições ofensivas quando confrontadas as transições defensivas adversárias. Quando duas equipes com esse tipo de característica em seus modelos de jogo se enfrentam, a partida torna-se um competitivo confronto entre transições defensivas e ofensivas; e levam vantagem aquelas que as fazem mais rapidamente, em maior velocidade (e menor tempo).
Não se deve confundir tipos de ataque (rápido, posicional ou contra-ataque) com transição ofensiva, pois ela é a estratégia anterior a esses eventos (a tal ponto que alguns especialistas e pesquisadores também defendem que a transições ofensivas e defensivas se confundem, e se convergem em uma coisa só – assunto também para outro momento).

O fato porém que deve ser apreciado e receber grande importância, é o de que independente de quais conceitos se defenda, uma equipe de futebol precisa ter um modelo de jogo bem definido, e isso significa, de alguma forma considerar, respeitar, entender e agir conhecendo a lógica do jogo, os princípios de ação e os princípios do jogo.

Quando uma equipe tem em seu modelo de jogo características que lhe trazem vantagem ao confrontá-las com as do adversário, basta a ela executar com precisão aquilo que já lhe é peculiar. Quando o modelo encontra no adversário uma oposição espelhada, que se encaixe de forma equilibrada e não vantajosa para ambos, ou cria-se um “contra-sistema” para surpreender o oponente, minimizando suas potencialidades e amplificando seus defeitos, ou se aposta que a eficiência do próprio modelo será capaz em algum momento de levar vantagem.

No Brasil, não é coincidência que o treinador Wanderley Luxemburgo tenha obtido (e continue obtendo) êxito, na organização de equipes competitivas e vencedoras. Ainda que pese todo aparato extra campo, que o auxilia na composição de suas equipes, aponto aqui que dentro de campo o treinador tem um modelo de jogo bem definido, com estratégias que deixam suas equipes muito bem preparadas para diferentes circunstâncias do jogo.

Independente de estar mais ou menos direcionado a essa ou aquela variável da lógica do jogo, o treinador brasileiro tem bem estruturado a geometria e as dinâmicas que solidificam seu modelo de jogo.

É muito prazeroso apreciar a forte transição defensiva do Palmeiras (equipe que o treinador dirige no início de 2008). Perda da bola ou ações inimigas pelas laterais; intensa e forte marcação para interromper a progressão adversária. Oponente tentando avançar pelo meio; estrutura que fecha os espaços e induz o adversário a começar o jogo (recuar a bola). Goleiro adversário pronto para iniciar um contra-ataque; atacante que se posiciona para retardar a reposição de bola. O balanço defensivo no escanteio de ataque é uma questão de matemática? Lá vai o modelo de jogo do treinador mostrar que é também uma questão geométrica e não só de números.

Em um jogo do Campeonato Paulista de 2008 tivemos um exemplo interessante e simples sobre a idéia de uma estratégia dentro de um modelo de jogo bem definido que fora colocada à prova. A equipe do Palmeiras trouxe como opção de jogo a formação de um grande losango para seu balanço defensivo nos seus escanteios de ataque. O aparente problema surgiu quando a equipe adversária (o Paulista de Jundiaí) na mesma situação posicionou três jogadores nas linhas de ataque (para conduzir um possível contra-ataque) e um jogador na 2ª bola (na meia-lua).

Se por um lado, para a equipe do Paulista, o modelo sugeria uma possível vantagem em uma situação de contra-ataque, por outro para a equipe do Palmeiras sugeria uma possível vantagem na disputa pela bola dentro da grande área. As duas equipes acreditaram no seu modelo inicial de jogo até o 3º escanteio a favor do Palmeiras. Com uma estratégia melhor definida para seu modelo de jogo o Palmeiras manteve sua proposta inicial; o Paulista recuou um jogador para dentro da grande área.

Poderia talvez o treinador palmeirense recuar mais um jogador para fazer a “sobra” defensiva. E quase como em um jogo de xadrez ele teve a sua “sobra” sem necessitar alterar em nada sua proposta inicial (já que o seu adversário acabara por abrir mão da sua estrutura matriz).

Muitos “especialistas” acreditam que modelo de jogo, ataque, defesa, transições e outros tantos conceitos e variáveis presentes em um jogo de futebol são “perfumaria”, “enfeites”; são bonitos mas não marcam gol, nem ganham jogo. Outros, se afundam em sua ignorância e nem fazem idéia do sem número de conteúdos que podem estruturar um jogo.

Tanto um quanto o outro acabam por colaborar pouco para o desenvolvimento crítico de torcedores, dirigentes e novos “especialistas”.

Porém, é claro, muitas vezes é mais fácil elucubrar no mundo das coincidências e dos achismos do que conhecer a fundo aquilo se fala.

Então, como cantaria Zeca Baleiro, “quando o homem inventou a roda logo Deus inventou o freio, um dia, um feio inventou a moda, e toda roda amou o feio”...





Os desafios dos novos gestores do Ceará Sporting

Ceará anuncia novo modelo de gestão


O desafio que os dirigentes alvinegros têm pela frente é imenso. Como se não bastasse terem que gerir uma situação que beira o caos, eles ainda terão que criar as pré-condições para que dentro do campo a equipe possa corresponder aos anseios dos torcedores.
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Entedemos que esse primeiro momento é de fato de pensar e trabalhar para prover o clube de uma estrutura mínima em seus mais elementares departamentos.
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Embora em regra o torcedor não valorize o investimento em estrutura e logística, isso não deve de maneira alguma arrefecer o ânimo e menos ainda a convicção desta nova classe dirigente.
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O outro desafio que Evandro Leitão tem pela frente, é o de se portar como um lídimo representante do capital intelectual. E, neste sentido, nós que temos o entendimento lógico de que as idéias são antecessoras do capital financeiro, sempre acreditamos no poder do capital intelectual, enxergando-o como o principal elemento possibilitador da captação de recursos de toda ordem.
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Logo, não há como torcermos pelo fracasso de Evandro, pois isso representaria, até certo ponto, o malogro de uma experiência que tem tudo para dar certo.
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Queremos ver malograda - aí sim - é a idéia de nos ver a todos reféns de uma situação que só era boa para alguns babões que costumam vender-se.
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E o pior é que essa canalha costuma posar de alvinegros.
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Viajando com as sugestões

Boa idéia 'made in' Uruguai



Enquanto por aqui (em Fortaleza-CE) o preço mínimo para espetáculos de baixo nível técnico é de R$15, em Montevidéu, no Estádio Centenário, para ficar em dependências incomparavelmente melhores que as do PV e Castelão - isso pra falarmos dos nossos melhores - o desembolso equivale a tão-somente R$8,50.

Não é por acaso que o Cearense/2008 vai registrando uma das mais baixas presenças de público da história. E se fizermos essa análise de maneira apropriada - não considerando a média geral que nos leva a equívoco - aí sim é que os números assustam e preocupam.

O Brasileirão vem aí, e o pior é que se nada for feito para que o torcedor cearense vá ao Castelão, certamente estaremos diante de novo fiasco.



terça-feira, março 25, 2008

"Com Pé e Cabeça 118", a coluna do Benê Lima

”O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado!” (Benê Lima)

Opinião
A DESAVERGONHADA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


O gestor público, em sua maioria, já nem ruboriza diante de certos descalabros promovidos por uma gestão pública indiferente aos desafios e praticada por verdadeiros amoucos

A administração pública, através de seus representantes, vem progressivamente incorporando as lições do que há de pior no maquiavelismo. Não que esses representantes dêem-se ao trabalho de estudar os pensadores, os filósofos. Na verdade, eles apenas reproduzem o comportamento de suas lideranças políticas, mediante a disposição para assumirem um mimetismo idiota e aviltante.

Despersuadidos e ‘despersonalizados’, os apaniguados do poder conformam-se com o desprestígio de cargos esvaziados pela desídia e pela devassidão que vem acompanhando os governos – se bem que em graus variados.

Sob o domínio do contexto descrito, vemos um segundo escalão que pede a bênção dos superiores hierárquicos e um terceiro nível que se põe genuflexo ao segundo. Portanto, como podemos nutrir uma expectativa reivindicatória por parte de secretarias e ouvidorias que só sabem dizer ‘amém’?

Para quem não sabe, a situação da administração do Estádio Governador Plácido Aderaldo Castelo é caótica. Só não vamos descer a minudências para preservar quem menos tem culpa: seu administrador. E por quê? Porque administrar o Castelão é administrar o caos. Fazer o quê, sem recursos, sem autonomia suficiente? Nada, a não ser dar a cara pra bater.

O gigante que virou elefante branco pelo descaso das sucessivas administrações públicas, é um exemplo flagrante e dos mais eloqüentes da miopia governamental. Ou não é aquela praça esportiva um dos cartões postais da cidade de Fortaleza? Por que, então, não tratá-la pelo que representa?

Um outro aspecto digno de repúdio e reprovação – esse umbilicalmente ligado a nossa (in)cultura -, diz respeito à verdadeira segregação que vem sendo praticada no Castelão contra a crônica esportiva, justo uma categoria que precisaria ser respeitada para aprender a respeitar-se. Os membros da crônica, em regra, principalmente os menos aquinhoados, são tratados como cidadãos de terceira categoria. A cada evento ali realizado se instituem novas regras, novos impedimentos. Melhorias, nenhuma! Facilidades, para quê?

Secretário que não tem tempo para aprender e que não é animado pela vontade política do fazer abundantemente e adequadamente, definitivamente está em posição equivocada. A visão do titular de uma secretaria de estado ou de município deve ter a mesma grandeza, analogamente falando, da extensão geográfica da área representada. Que se deixe de lado, pois, a visão estreita do paroxismo, as ações sub-reptícias – se forem o caso -, e outras práticas inspiradas pela deturpação dos valores.

De outra parte, as pessoas precisam entender que não há discurso - por mais encomiástico e retórico – que sustente a incompetência, a omissão, a ausência de vontade política e a falta de autêntico compromisso.

Que as pessoas readquiram a capacidade de envergonharem-se do que fazem de errado e do que não fazem por absoluta desídia, Assim, ganharemos todos.

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EFEMÉRIDES

Vale controvérsia
Até que ponto podemos considerar ético a um radialista que emite opinião na área esportiva, no exercício de sua profissão assumir um cargo em um clube sobre o qual deverá opinar? Sinceramente, não vejo como podem ser conciliados os interesses do veículo de comunicação e os da entidade de prática desportiva. A não ser através da existência de uma relação promíscua e incestuosa. Em todo caso, como o ambiente do futebol cearense tem sido indutor de criações quasimodescas, nenhuma surpresa nos causa mais essa.

Coisa mais feia
Os microfones das emissoras de rádio são de uma flexibilidade que beira o dantesco. Em vez do debate de idéias, o que mais se coloca é a baixaria dos insultos injustificáveis, de acusações levianas, irresponsáveis e no mais das vezes injuriosas. Apesar de estar incomodado tão-somente pelos companheiros vitimados, quero lembrar aos detratodores - que também parecem ser gente de bem – que rebater uma crítica através de argumentos sem nenhuma qualificação é demonstração plausível de preconceito e de deformação do caráter. Outra: que os ouvidos dos ouvintes não são repositório de excrementos. Lamentamos ter ouvido tais impropérios de dois grandes nomes da nossa crônica. Que reflitam um pouco mais sobre o papel da comunicação social, e, acima de tudo, quanto ao que ambos representam. Tomem tento, gente!


Kramer vs Kramer
Estive fora por mais de uma década. Se não lembro Carlos Kramer não dá para passar despercebida a ótima performance de Kramer Filho. É verdade que Kramer e o saudoso Paulo César Carioca são estilos distintos. Mas, enquanto este ajudou a fundar uma das escolas da radiofonia cearense, aquele vai descobrindo uma vocação itinerante e um estilo próprio, fruto de uma meritória busca pessoal. A verdade é que enxergamos Kramer Filho muito mais adaptado ao estilo ‘cbneano’ da O Povo/CBN, onde, aliás, se faz bom jornalismo esportivo.

Karam vs Karam
O estilo Karam, marcante, às vezes até meio viperino, outras causticante, e no mais das vezes crítico, é imprescindível como um dos elementos indutores de um processo reflexivo sobre o nosso futebol. Felizmente Karam volta ao exercício do rádio, comandando, ao lado do irmão, o seu Karam versus Karam na Cidade AM860, de segunda a sexta, das 17 às 18h.

Defesa do errado
A falta de argumentos dos que fazem a defesa do atleta Erandir só serve para o acirramento da discussão. Assistimos a uma verdadeira inversão de valores. Há os que o defendem acusando os árbitros de perseguirem-no, o que não condiz com a realidade. Na verdade, Erandir construiu para si uma imagem de atleta desleal, algumas vezes violento. Pelo visto faltou-lhe melhor formação até mesmo como atleta, coisa que Heriberto parece estar tentando corrigir. No entanto, é preciso que Erandir encontre resistências, tanto nele quanto nos outros, para que ele possa contribuir para a reorientação de sua formação como futebolista. Lamentavelmente, tanto o presidente Marcello Desidério quanto o diretor de futebol Edílson José insistem num discurso que parece referendar os erros do atleta. O que temos visto é que Erandir e Preto têm sido beneficiados pela miopia e/ou falta de coragem de alguns árbitros e assistentes. O mais não passa de retórica para se desviar o foco do problema. Mas que é visível o esforço de Erandir para jogar um pouco mais, isso tem saltado aos olhos sim.



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sexta-feira, março 21, 2008

Clarimundo chuta o pau da barraca

Entrevista com Clarimundo D’Oitiva, personagem de caráter inquieto, crítico, irônico e sarcástico que permeia o futebol cearense

BB- Clarimundo, qual a sua visão do episódio que marcou a cessão do Castelão para o treinamento do Corinthians?
CD-
Olha, o futebol tem uma lógica própria, porque envolve paixão. Ceder o Castelão para um time de fora e negar para o daqui, representa a quebra dessa lógica e por isso tal atitude representa uma afronta, tanto para Fortaleza quanto para Ceará. É o mesmo que abaixar a calça e ficar com a bunda de fora em disponibilidade.

BB- Mas não seria deselegante não permitir ao visitante um treino de reconhecimento do gramado, das condições do campo de jogo enfim?
CD-
Não, não! No futebol o acirramento da disputa vai além do que se passa dentro de campo. Uma negação acompanhada de um bom argumento e com o oferecimento de um outro campo – o PV, por exemplo – seria demonstração de boa educação.

BB- A que você atribui, então, a atitude desigual da administração do Castelão?
CD-
Eu penso que começa na nossa ancestralidade, passa pelo nosso subdesenvolvimento e se sedimenta no nosso complexo de vira-lata. Isso acaba nos tornando subservientes e provincianos. Mas o pior mesmo é imaginar que essa situação vem de quem deveria ajudar a formar nossa personalidade como cidadão e como povo.

BB- Ao episódio do qual já falamos, se seguiu um outro ligado à administração do Castelão e Polícia Militar, envolvendo a localização dos torcedores do Corinthians. Como você viu esse problema?
CD-
Ele me faz lembrar aquela velha analogia que representa o País como o corpo humano e elege um certo estado da federação como o (...) ânus. Nós, que na analogia também circundamos aquela região, estamos tentando ser o esfíncter anal, aquele que regula o tráfego intestinal. Como se não bastasse, é só ver a baixeza dos apaniguados da secretaria de esportes, que só faltaram despir a delegação corintiana.

BB- O Fortaleza é uma vítima nesses episódios?
CD-
O Fortaleza é vítima da falta de profissionalismo de sua dedicada corriola. Não basta gostar do clube para fazer ele caminhar balizado pelo profissionalismo. Para agir profissionalmente é preciso ser do ramo, estar no ramo e aprender como se colocar e como agir dentro dele ‘full time’. Da administração do Castelão, todos nós temos sido vítimas. Primeiro se faz necessário definir os termos de um contrato de aluguel do estádio, onde fique claro o que é de responsabilidade do poder público, dos clubes e da federação. Isso deve sempre levar em conta o interesse dos clubes que são o fato gerador de qualquer receita. Depois é preciso definir claramente o papel da segurança pública (entenda-se PM) e de representantes de órgãos como AMC, bem como o limite da segurança privada dos clubes. Se deve buscar uma sintonia dessas instâncias.

BB- Como você analisa a atuação da Polícia Militar.
CD-
No futebol ele (o trabalho) deixa muito a desejar. São incontáveis os incidentes que os nossos PMs demonstram despreparo. A própria corporação, através de muitos dos seus oficiais, reconhecem a situação de penúria e o descompasso entre as necessidades da população e aquilo que o aparelho policial pode oferecer. Não há verba para o básico em se tratando de policiamento em praças esportivas. A verba mal dá para o custeio. E o que é pior é que o viés político tem estado muito presente na corporação, a ponto de os mais preparados serem preteridos, se dando chance para alguns menos preparados.

BB- Dentro desse contexto de carência na PM, ainda há algo que possa ser feito?
CD-
Não tenho a menor dúvida que a operacionalização do trabalho da PM pode ser melhorado sim. Nós temos percebido que cada vez mais seus representantes – não sei se seguindo orientação do comando – se rendem à lei do menor esforço, chegando ao ponto de, numa atitude extemporânea e sem paralelo, terem causado prejuízo ao já combalido cofre do Fortaleza Esporte Clube. E não há como aceitarmos o argumento utilizado como justificativa para a ingerência praticada pela PM contra os promotores do espetáculo entre Fortaleza e Corinthians. A determinação de cima para baixo de dar destinação diversa às dependências do estádio soou como se vivêssemos um estado de sítio ou equivalente. Lastimável! Em um regime democrático a PM deve ter outro tipo de postura. Constitui um engessamento despropositado uma orientação e uma ação tão conservadora quanto a que a PM vem adotado, contribuindo para desfigurar (enfear) o espetáculo futebol. Não pode bandeiras com mastros, não pode isso, não pode aquilo... E os bandidos dentro dos estádios assaltando o torcedor, impondo marcas e praticando sob a proteção do Estado a ilegalidade da ‘cartelização’ e de preços abusivos.

BB- A ideologia política tem atrapalhado o desempenho das administrações também no futebol?
CD-
Com certeza. Quando você se define politicamente, isso provoca uma espécie de reação em cadeia. É como contar uma mentira e depois ter que inventar outras sete (que é a conta do mentiroso) pra criar relações de coerência entre elas. A visão neoliberal tem revelado ao longo do tempo que a diminuição irresponsável das atribuições do Estado tem gerado uma ‘desumanização’ dos gestores públicos, que transportam os valores da iniciativa privada sem adaptá-los às peculiaridades inerentes ao setor público. Isso tem gerado sérias frustrações a até conflitos entre as expectativas da sociedade e o desempenho governamental. No caso específico do Castelão, a administração só quer atuar nas questões que lhe dê visibilidade midiática imediata. E quanto a essa estória do administrador torcer por clube A ou B, essa é uma prerrogativa inerente a cada pessoa, mas não à pessoa do administrador no exercício de sua administração. Me dá nojo, repulsa esse tipo de conduta parcial, tendenciosa. Entendo que o mais valioso diferencial do ser humano é a boa formação de seu caráter. Dá pra desculpar um monte coisa; o mau-caratismo não dá porque não tem remédio pra ele.




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terça-feira, março 18, 2008

Com Pé e Cabeça 117, a coluna do Benê Lima

”O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado.”

Opinião
QUEREMOS O MELHOR PARA O FUTEBOL CEARENSE

A incapacidade da maioria das pessoas de lidarem com suas paixões e/ou simpatias e preferências clubísticas, faz com que elas não consigam entender e menos ainda aceitar que exista uma minoria – mas existe - de pessoas que, por razões até mesmo inatas e também pelas adquiridas, através da educação, do treinamento e do exercício da autodisciplina, elas introjetaram – inscreveram mais que escreveram – em suas mentes os preceitos de um comportamento equânime, sustentando por um mais construtivo padrão de moralidade e de ética.

Se isso incomoda algumas pessoas, é por elas se sentirem inferiorizadas em sua conduta e por não encontrarem respaldo na unanimidade, sentindo-se, portanto, inseguras e por isso buscando criar um mimetismo que as tranqüilizem. Na verdade, se as suas condições as incomodam, não é o exercício de um discurso fascista e preconceituoso que as aliviará. A única saída honroso para elas está na aceitação dos pressupostos democráticos, aprendendo a conviver com o contraditório, com as divergências, com os diferentes, com as minorias enfim.

A explicação mais plausível para quem reluta em aceitar a ‘teoria do não-torcedor’, é a de que a natureza de nossa relação com o futebol se dá não só pela paixão exacerbada por um time, mas, antes, por nossa afinidade com tal esporte enquanto espetáculo. Não fosse assim, como justificar o comportamento de uma minoria que se comporta tipicamente como espectador e não propriamente como torcedor?

São essas personalidades mais maleáveis e adaptáveis as que melhor se coadunam com os objetivos do desporto. Entre elas também deveriam estar os cronistas esportivos, sobre os quais repousa mais do que a expectativa, o dever ético de proporcionarem bons exemplos de equanimidade, equilíbrio e justiça.

No sentido mais lato (lato sensun) todos torcem; já no sentido estrito (stricto sensu), nem todos! Isto é que precisa ser entendido. Se esta premissa não puder ser compreendida, que ao menos seja respeitada. Vale explicar ainda que, o torcer nesse sentido mais geral, significa fazê-lo de forma pontual e migratória, objetivando exatamente que os fatos corroborem nossas teses, teorias, conceitos, juízos e interesses legítimos – e tão-somente os legítimos.

Outro fator de influência sobre o pensamento maldizente dos detratores do politicamente correto, é a ‘lei da similitude’ pela qual se deixam amparar. Ou seja, se eles não são capazes de manterem um comportamento condizente com os melhores valores, tentam arrazoar no sentido de emprestarem caráter adúltero às ações de quem age de maneira diversa em relação ao consenso que pretendem implantar.

Somos sim, avessos ao modo ora subserviente ora encomiástico que tomou conta do rádio e da televisão cearense, na área esportiva – nem tanto do meio jornalístico que consegue ter maior grau de independência. Nossa repulsa se deve, principalmente, por termos a consciência de que em nada estaremos contribuindo para o desenvolvimento do nosso futebol, sem que adotemos uma atitude crítico-analítica conseqüente, responsável, madura, tempestiva, reflexiva e conclusiva. Fora disto, nosso futebol estará sempre resvalando nas areias movediças das crises gerenciais – além das existenciais, motivadas pelo culto às idiossincrasias dos nossos cartolas.

Querer o melhor para o futebol cearense representa, portanto, não sermos coniventes com os erros aqui existentes; significa não priorizarmos as amizades e o corporativismo sob nenhum pretexto em detrimento dos interesses dos nossos clubes; significa não vendermos nossa opinião; significa pensarmos os nossos clubes não pelo viés pessoal, não pelo viés de adestramento que nos queiram impor, não por interesses político-partidários, menos ainda por interesses escusos.

Aquele repensar do qual tanto temos falado é necessidade cada vez mais premente, sob pena de em não o promovendo, estarmos sempre distantes da fundação de um modelo de gestão que verdadeiramente traga progresso para o nosso futebol. Evidentemente que tal injunção passa não só pelas entidades de prática desportiva aqui existentes – notadamente nossos dois maiores clubes -, mas deve alcançar também a entidade de administração do desporto do nosso estado, a Federação Cearense de Futebol (FCF).

Já que o futebol cearense existe, pois, é preciso que cuidemos em reinventá-lo. Desde a constituição de um novo perfil para essas entidades, até a implemento de políticas, estratégias, planejamento e organização para que elas possam funcionar melhor do que o fazem.


* * *


Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br
85 8898-5106, o telefone da comunicação


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Um ensaio sobre uma 'teoria da influência'

O inato, o adquirido, a inteligência e o futebol

Alcides Scaglia

Questões relativas ao inato e adquirido sempre me intrigaram, como por exemplo, por que determinada pessoa se destaca tanto em sua atividade, ou mesmo por que não aparece outro Mozart, Nietzsche, Pelé...

É tão tentador dizer que estas pessoas simplesmente têm um dom natural ou mesmo divino. Isto se adéqua muito bem ao discurso do senso comum. É óbvio.

Ao dizer que o determinismo inatista define as coisas, fica fácil, pois não é preciso fazer mais nada. É e está posto. Inquestionável. Ao talentoso cabe torna-se um mito, e aos pobres mortais, resta apenas a resignação e a disposição para servir e aplaudir os especiais.

Contudo, o avanço do pensamento científico contemporâneo já nos ajuda a superar a ignorância e o fatalismo do senso comum. As explicações sobre como se formam as pessoas que se destacam não são simples.

Entender o porquê alguns se destacam mais dos que outros levou a ciência a criar várias hipóteses. E os estudos se concentravam em determinar quão inteligentes eram os especiais, pois todos partiam da premissa que ser especial significa ser inteligente

No final do século XIX e início do XX havia gente séria, como Paul Broca, que afirmavam que a diferença estava no tamanho do crânio, ou seja, iniciavam-se os estudos sobre craniometria.

Alfred Binet, em seus primeiros estudos sobre inteligência também partiu da hipótese de Broca, contudo investigações mais rigorosas feitas pelo próprio Binet refutaram qualquer possível relação mais direta entre o tamanho do crânio e a inteligência.

Stephen Jay Gould, em seu livro “A falsa medida do homem”, diz que Binet não desistiu das pesquisas sobre inteligência, o que o levou a criar a escala de Binet, mundialmente conhecida como teste de QI.

Nos testes de QI Binet procurava avaliar as faculdades mentais, em especial, das crianças, correlacionando-as as respectivas idades cronológicas. Uma correlação positiva, ou seja, alcançar uma nota alta no teste corresponderia a uma posição na escala muito acima de sua idade, logo estes deveriam ir para escolas especiais, pois eram considerados gênios.

Mas, é importante destacar que os testes de Binet tinham a explícita intenção de não avaliar o conhecimento advindo da escola ou adquirido em meio à interação cultural.

Os testes de QI propunham-se selecionar os talentos natos. E quanta gente ainda não acredita nos testes de QI. Mesmo existindo inúmeras pesquisas que mostram a não existência de correlação estatística entre quem tira uma alta nota nos testes e seu sucesso na vida pessoal, social e ou profissional.

Ser inteligente segundo o teste de QI não significa sobrevivência, desse modo passa a ser incoerente em relação à evolução da humanidade.

Por este motivo, atualmente, mesmo com os testes genéticos avançando consideravelmente, os cientistas dos processos cognitivos, que investigam as questões relativas à inteligência afirmam que, mais importante do que investigar o inato, é preciso compreender o adquirido.

Neste sentido, deparei-me com um artigo da revista Super Interessante (edição 248 – Janeiro/2008) que abordava o tema sobre o Inato e o Adquirido sobre o prisma da personalidade, instigando os leitores com uma pertinente pergunta: O que faz de você?

A base teórica da matéria se fundamentou, entre outros, nos estudos de Judith Harris e Pinker. E a cada página algumas consolidadas verdades para o senso comum (impingidos pelas concepções inatistas) são incontestavelmente refutadas.

Acredito ter sido muito dolorido para um pai conservador ler que sua influência sobre a personalidade de seu filho (a) é muito pequena. Ou mesmo, para a escola tradicional ser mais uma vez questionada sobre seu ineficiente método de transmissão de conhecimentos (verdades).

Entretanto, o que é mais relevante é o fato de que o adágio popular “diga com quem andas que te direi quem és”, está coberto de razão. Segundo Judith Harris, é o meio social o maior determinante de nossa personalidade e, ao mesmo tempo, de nossa inteligência, pois inteligência é entendida com capacidade para se adaptar (sobreviver no meio social), resolvendo-se problemas para nossa sobrevivência social e vital.

Um exemplo interessante que surgiu na matéria é a explicação sobre o motivo das piadas a respeito das loiras (ou mulheres bonitas). A possível correlação entre beleza e pouca inteligência se daria pelo fato de que ao longo da vida as mulheres belas, em nossa sociedade, ter a vida facilitada, pois sempre tem alguém disposto a resolver os seus problemas, ou mesmo, idolatrá-las, logo elas crescem (sobrevivem) no meio sem precisar desenvolver e aperfeiçoar a capacidade de adaptação.

E é neste ponto, no final deste texto, que início as minhas analogias com o futebol, pois como já disse e afirmei (em textos anteriores) o meio futebolístico é ainda muito inatista no que tange assuntos relativos à inteligência, sendo assim, não tenho dúvidas em correlacionar a loira com o potencial jogador que chega a um clube para se especializar.

Se parte da idéia de que este menino já tem um dom, o que é preciso fazer seria apenas colocá-lo no alojamento (leia local de confinamento e engorda, para posterior abate) e esperar para colher os dividendos. Pois as sessões de treinamento tecnicistas (desenvolvida em mais de 95% dos clubes) servem apenas para reforçar aquilo que já se sabe fazer e não criar adaptação para as novas (e inevitáveis) possíveis situações.

Um jogo imprevisível que é o futebol, sempre tendendo ao caos (desordem), exige jogadores com alto grau de desenvolvimento de suas capacidades cognitivas adaptativas.

Mas como formá-los se os potencias jogadores (que até chegam com esta característica muitas vezes adquirida ainda nas ruas, campinhos e praças desse nosso imenso Brasil) ao adentrar no processo de especialização são tratados como “mulheres bonitas”, acostumando-se às regalias, atrofiando, deste modo, suas respectivas capacidades de adaptação.

Portanto, tornam-se inaptos jogadores impregnados de vícios indolentes ao mesmo tempo em que também apresentam enormes dificuldades quando, por algum motivo (e são muitos), têm que retornar ao mundo dos mortais, ao serem expulsos do castelo da fantasia.


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quinta-feira, março 13, 2008

Agora é oficial! Com Eugênio só no papel!

Íntegra da carta-renúncia do ex-presidente do Ceará, Eugênio Rabelo

"Estou tomando uma decisão da maior importância e gravidade, que não estava nos meus planos até bem pouco tempo. Sou, desde a adolescência, não apenas um torcedor, mas um apaixonado pelo Ceará Sporting Clube. Sou de origem humilde, ralei a vida toda para sobreviver e para criar e manter uma família digna e honrada.

No clube de maior torcida do Estado, estive sempre, não apenas fazendo número, mas vibrando e torcendo, vestindo e suando a camisa alvinegra, alegrando-me e comemorando suas vitórias e sofrendo os insucessos, pois é de insucessos e de vitórias que se faz a história de todos os clubes. Quis, em determinado momento, a torcida do mais querido fazer-me seu presidente, o que significou para mim uma honra, um privilégio e uma enorme responsabilidade. Atesta minha consciência que tudo, mas tudo mesmo, que estava e está ao meu alcance venho fazendo para gerir uma instituição que, do ponto de vista administrativo, já encontrei deficitária, com enormes dificuldades de manutenção. Apesar de tudo, estou gerindo as dificuldades, remanejando atletas, substituindo-os e descobrindo formas de administrar o período crítico que o clube está vivendo.

Fui feito deputado federal, com um contingente de votantes em que muito pesou a votação da torcida e, em um ano de mandato, já consegui, entre outras coisas, fazer votar, no Congresso Nacional, uma legislação que abre uma enorme chance de regularização das dívidas dos clubes de futebol, num prazo que, graças à mobilização que fiz, na Câmara dos Deputados, foi estendido a 12 anos - 240 meses.

Sou membro titular atuante da Comissão de Turismo e Desporto e o esporte está entre minhas prioridades de ação parlamentar. Tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei de minha autoria obrigando a instalação de sistema de vigilância por meio de câmaras nos estádios de futebol credenciados para a realização de jogos oficiais. O objetivo é contribuir para a redução da violência e também para a segurança das famílias que freqüentam os estádios de futebol.

Lamentavelmente, porém, percebo que tudo isso é interpretado, ora como comportamento omisso em relação aos problemas internos do ceará, ora como aproveitamento da condição política a que cheguei para minha projeção pessoal em detrimento do destino do clube. Toda crítica é bem recebida quando construtiva, mas, no caso, estou recebendo, não objeções fundamentadas, alternativas de solução. Recebo, sim, de pessoas mal intencionadas que se apresentam, como torcedores, todo tipo de ofensa, desaforos, acusações levianas, ao ponto de se organizarem "movimentos", utilizando a mídia, o correio eletrônico, panfletos, manifestos, e todo tipo de formas agressivas à minha pessoa.

Tudo tem um limite e o meu limite de tolerância e de compreensão já é chegado, sobretudo depois que agora não são mais vexames e aborrecimentos que estou enfrentando, mas ameaças à minha integridade física e insultos de todo tipo. Sou um apaixonado pelo Ceará. Só Deus sabe o amor que tenho pelo clube, mas não me apego à presidência, que não deixei até agora porque ninguém apareceu para pleiteá-la. Apareça quem pretender exercer o comando da mais importante instituição esportiva do meu Estado. Habilite-se, dispute a honrosa liderança deste clube querido, pois renuncio à presidência do Ceará Sporting Club.

Só me resta agradecer a João Rabelo por tudo o que fez em benefício do clube, aos vice-presidentes Adriano Rabelo e Evandro Leitão, a Castelinho Camurça, presidente do Conselho Deliberativo, à atual diretoria e aos ex-diretores, atletas, funcionários, torcedores em geral. Mas continuo um colaborador anônimo do clube e trabalhando firme em Brasília pelo esporte no Ceará. Agradeço especialmente à minha família, pelo apoio e estímulo que me deu, sofrendo junto comigo, em todos os momentos. Ao meu sucessor desejo muita sorte e a certeza de que pode contar comigo para o êxito de sua gestão.

Eugênio Rabelo

quarta-feira, março 12, 2008

Com Pé e Cabeça 116, a coluna do Benê Lima

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O fim de um carreirista
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O medo do torcedor do Ceará o fez tornar-se refém de uma situação falsa, construída por asseclas do presidente da executiva

Na história da agremiação Ceará Sporting Club, jamais o clube esteve tão acéfalo quanto agora. Entre dirigentes de boa cepa e medianos, os fracos – que foram em pequeníssimo número - constituíram exceções à regra.

O atual presidente, para amargor do torcedor alvinegro, pôs-se na condição de fraquíssimo entre os fracos, por sua deliberada omissão, por sua falta de vontade política, por sua incompetência enfim.

O desgaste a que foi submetido o presidente Eugênio Rabelo por sua própria incapacidade, revela uma das páginas mais negras da história do clube. Afinal, como negar que a própria personalidade do clube tenha sido negativada pela atitude reiteradamente cínica de seu presidente?

Sabemos que o peso das palavras aqui utilizadas pode causar sobressalto a alguns desavisados. Contudo, peso e estrago maiores são o que vem sendo feito com o Ceará ano após ano por dirigentes e ex-dirigentes que, nesta década sem exceção, serviram-se da imagem do clube como nunca antes. E não me venham com conversa de que a coisa não é bem assim, de que ruim com eles pior sem eles porque não aceitamos tais injunções.

Há tempos venho defendendo a tese de que Eugênio deve deixar a presidência do Alvinegro, sob pena do clube já sucateado caminhar para a mais completa insolvência.

Na verdade, temos que reconhecer que o pouco apreço dos cartolas pelo clube que os projeta, é uma das causas da presente situação do Alvinegro de Porangabuçu. Obviamente que não somos ingênuos para acreditarmos no amor desses dirigentes por seus clubes – pelo menos da maneira como se propala. E quanto a isso, os fatos aí estão para corroborar com o que temos dito. Vale dizer também que, outra vez é da regra que estamos falando, não das exceções.

Creio que a administração Eugênio Rabelo não resiste a uma elementar prestação de contas, por isso, talvez, tanto achincalhamento de sua parte para com a reclamada transparência. De forma notória a contabilidade alvinegra – se é que ela existe - não respaldaria o discurso de ‘salvação da lavoura’, e os Rabelo certamente perderiam parte de seu prestígio – se é que isso é possível.

Lastimável ainda a posição genuflexa de certos cronistas, que alheios e indiferentes a seu papel, alistam-se entre os serviçais de causas perdidas, tais quais as dos ‘salvadores da pátria alvinegra’. Como se não bastasse, esses pusilânimes pretendem em nós incutir a mesma debilidade de que são acometidos, ou – quem sabe – nos fazer igualmente marionetes ou agentes passivos de corruptelas.

Como subprodutos de um arremedo de gestão, pululam sucessivas crises e proliferam as iniciativas anti-profissionais em nome de uma inexplicável união. Tudo caminhando na contramão do processo de pós-modernidade que tem tomado conta do futebol. Afinal, a administração empresarial não se coaduna com a paixão oriunda das arquibancadas. Não é por acaso que as iniciativas dos torcedores não têm caráter duradouro. É só percorrermos a história dos nossos clubes para disto nos certificarmos.

Eugênio também se serve da eterna solução Dimas Filgueiras, entrando em cena a cada crise e em seus espectros, e isso é também outro fator artificioso e de mascaramento da realidade do clube. Ademais, a maneira recorrente com que Dimas tem sido elevado (17 vezes) à condição de técnico acabou tornando-o imune aos questionamentos, o que é ruim para o clube. Filgueiras é o protótipo do herói empedernido, que perdendo ou ganhando permanece inabalável. Não tem mais opinião e/ou vontade quanto a querer estar técnico, gerente ou diretor administrativo. Proclama-se um ‘soldado’ do clube, sempre pronto a atender a quaisquer chamados. Por isso, talvez, seja tão temerária a sua presença junto a qualquer comissão técnica.

Se considerarmos como procedente a grita de 2º Vice-Presidente alvinegro, Evandro Leitão, alardeando que gostaria de receber o Ceará através da carta-renúncia de Eugênio Rabelo, e de preferência com a camisa limpa (de patrocínios), estaremos propensos a crer na viabilidade administrativa do clube – apesar dos pesares. A não ser que Evandro esteja blefando, depreende-se de sua coragem que ele vislumbra saídas para o Clube do Povo.

Já que o capital financeiro não tem sido suficiente para encaminhar o Alvinegro de Porangabuçu, que a ele adicionemos o capital intelectual, aquele que os asseclas e apaniguados do poder rechaçam, porque lhes afeta a vaidade e, o bolso.


Veja mais:

Ai, Moreirinha (...) Os sete pecados capitais contra a ‘eugenia’,

em Destaques do Benê Lima, 06 março de 2008

segunda-feira, março 10, 2008

Que tal tomarmos medida congênere

Torcidas organizadas terão que se cadastrar em SC

Fabrício Escandiuzzi
Direto de Florianópolis

As torcidas organizadas dos clubes de Santa Catarina terão dez dias para efetuar um cadastro, de todos os seus integrantes, junto à Federação Catarinense de Futebol (FCF). Uma identificação exclusiva deverá ser emitida pela entidade, sem a qual o torcedor estará proibido de entrar em estádios.

A medida faz parte de uma Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado na tarde de hoje entre o Ministério Público de Santa Catarina, Polícia Militar e a própria FCF. A promotoria propôs o acordo após os incidentes registrados no dia 24 de fevereiro.

Na ocasião, o aposentado Ivo Costa, 62 anos, foi atingido por uma bomba caseira no Estádio Heriberto Hülse, durante a partida entre Criciúma e Avaí. Ele teve a mão direita decepada pelo artefato, e três jovens torcedores avaianos acabaram presos e acusados de tentativa de homicídio.

De acordo com o Ministério Público, o TAC tem o objetivo de evitar episódios semelhantes e facilitar a identificação de torcedores presentes nos estádios. Na reunião de hoje, ficou definido que membros de torcidas organizadas terão um espaço isolado nas arquibancadas, onde só será permitida a entrada de pessoas credenciadas.

O órgão realizou um inquérito civil para apurar as responsabilidades. Segundo os promotores, Fábio de Souza Trajano, Alexandre Herculano Abreu, Onofre Agostini e César Grubba, "as torcidas organizadas tumultuam a segurança pública nos estádios".

Redação Terra

quinta-feira, março 06, 2008

Destaques do Benê Lima

Intertexto de *Clarimundo D'Oitiva
* Personagem de caráter inquieto, crítico, sarcástico e irônico


Erandir: o santinho do pau oco

O misto de volante e zagueiro do Tricolor do Pici merece de todos certa tolerância, além daquela que costumeiramente temos dado. Afinal, como dizem os de tendência protofascista, ele é cria da casa. De cara, este já é um posicionamento discricionário, que também anima congêneres como o nepotismo e o favorecimento, seja o canhestro seja o cínico.

Que Erandir tem garra, isso todo mundo sabe. Mas quando ele é desleal e violento – e não são poucas as vezes – não é a garra que está a serviço do clube que ele defende. Suas razões deixam de ser substantivas e passam a ser eivadas pela adjetivação.

O pior é termos conhecimento que certos atletas – entre eles o Erandir – assumem duplo comportamento ou personalidade dentro de campo: uma com os árbitros da casa; outra com os de fora. Ou seja: complicam o quanto podem e lhes é permitido a vida dos árbitros locais, facilitando sobremaneira, por ‘amarelidão’ (frouxidão), o trabalho dos ‘forasteiros’.

Na verdade, o homem-primitivo ainda se faz muito presente no meio futebolístico, razão substancial pela qual é muito perigosa a atitude antipedagógica do Diretor de Futebol do Fortaleza Esporte Clube, senhor Edílson José, em tentar fazer a defesa do indefensável. É preciso, pois, que se tenha mais cuidado com certas ‘bombas’ do retoricismo.


Ai, Moreirinha (...) Os sete pecados capitais contra a ‘eugenia’

Eugênio Rabelo de um lado, Edmilson Moreira de outro: é nitroglicerina pura!
Em apenas seis dias o recorde de ‘tô dentro’ e ‘tô fora’ foi batido. E, “em nome do Ceará” todo cinismo é pouco, como se fosse disso que o clube precisasse.

Parece coisa do Movimento Fora Eugênio, mas, para o teor da esculhambação que reina pelas bandas de Porangabuçu há um grande responsável. Ele se chama Eugênio Rabelo. Não que ele queira que seja assim.

Seu maior pecado é o da omissão;

Seu segundo maior pecado é o das más companhias;

Seu terceiro maior pecado é pensar que o dinheiro é tudo e por isso tenta desqualificar o capital intelectual;

Seu quarto maior pecado é a desídia para com o povão alvinegro, ao não cumprir o que promete;

Seu quinto maior pecado é não ter carisma e não saber aglutinar em torno de si bons camaradas;

Seu sexto maior pecado é dar causa às seguidas humilhações que o torcedor alvinegro tem passado;

Seu sétimo maior pecado – e fico por aqui – é dar apoio à onda de desvalor que tomou conta do país Brazuca.


'El Moreirinha'
Quanto a Edmilson Moreira, há algo que o impede de se ver como é. Diz e desdiz. Faz e desfaz. Elege amigos treinadores que tripudiam da ética e a enxovalham. Cria o caos para o técnico que dirige seu time a ponto de fazê-lo desistir do cargo. Recria ‘vermes’ e também duendes, adultera a realidade de alguns fatos, querendo nos fazer a todos de marionetes e idiotas.

Eu, hein!

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domingo, março 02, 2008

Com Pé e Cabeça 115, a coluna do Benê Lima

Uma cartilha para cada dirigente

Fico a me perguntar por que por aqui é mais difícil administrar a relação entre clube e jogador de futebol. As respostas que me sobrevêm apontam para dois caminhos. O primeiro deles é o da característica da nossa Cidade, que para quem vem de fora representa um convite permanente para a curtição. O outro perpassa pela postura do dirigente local, que insiste em não agir com profissionalismo, preferindo reproduzir o mesmo comportamento comezinho e provinciano de outrora.

Sabe-se que os clubes que já alcançaram um estágio mais adiantado de profissionalismo, instituem cartilhas para orientar o comportamento de seus atletas, embora isso nem sempre se dê de forma explícita. Porém, o aconselhável para um clube que ainda não formou sua personalidade nesses novos tempos, é desenvolver uma cartilha que ajude a regular a conduta de seus atletas, a fim de desencorajá-los dos excessos, animando-os para a disciplina.

No tocante aos deveres do atleta, a Lei Pelé, embora que de maneira um tanto inespecífica, faz menção a eles em seu Artigo 35. Lamenta-se que os clubes não se orientem pelo texto que lá está, preferindo deliberadamente continuarem sob o jugo de alguns maus caracteres, que vivem a explorar essa condição de desequilíbrio na relação clube/atleta.

O exemplo mais próximo que temos e que nos alcança, é o do Fortaleza Esporte Clube e alguns de seus atletas. Simão e Erandir são os exemplos mais marcantes. Erandir nem bem chegou e já foi expulso em duas oportunidades, não o sendo em pelo menos outras duas por tibieza dos árbitros. E o que é pior: se o fosse, a tipificação do ato poderia ser como agressão física e não como jogada violenta, o que acarretaria ao atleta, uma vez julgado e condenado, o cumprimento de pesada pena em dias e não em partidas.

Quanto ao atleta Simão, este deveria ser multado pelo clube em face dos prejuízos que tem dado causa. Na mesma Copa do Brasil, só que no ano passado, Simão apensou a seu histórico de indisciplina mais uma expulsão, deixando seus companheiros em maus lençóis. Sua equipe privou-se parcialmente de seu concurso no jogo de ida, em Goiás frente ao Atlético, bem como integralmente na partida de volta no PV, ocasião em que o time do Fortaleza acabou sendo eliminado daquela competição.

É preciso que as comissões técnicas dos nossos clubes cobrem de seus atletas uma atitude de seriedade, profissionalismo e ética, para que não continuemos a escorregar no provincianismo de uma violência estúpida e contraproducente.

Na falta de uma melhor formação dos dirigentes para lidarem com as corruptelas inerentes à gestão do futebol, a eles é cabível o arquétipo da cartilha, para tornar as suas atitudes mais congruentes e adequadas ao mundo do futebol.

O dirigente é o torcedor não manifesto que pensa como torcedor, mas que deve agir como gestor. Por isso não pode se permitir o excesso da parvoíce. Da Cartilha do Dirigente deve constar, entre outras assertivas, o termo correto para referir-se ao maior rival, sem conjuro, sem pejorativos, sem escárnio.

Para ser dirigente de um Ceará e de um Fortaleza há que se ter equilíbrio, bons modos, bom-senso, tanto para dignificar a tradição dos clubes, quanto para representar a estatura das duas maiores torcidas do Estado.

A atualização dos conceitos e conhecimentos sobre o futebol deve constar da Cartilha do Dirigente, exortando-o a propagar uma boa retórica, nos limites do seu saber e animada pelos melhores valores.

É importante o dirigente saber que para ele o futebol é trabalho e não lazer. Diante desta perspectiva, ou se terceiriza os ‘fazeres’ – nem tanto os ‘haveres’ – ou se profissionaliza o dirigente.

Tem-se conhecimento de dirigentes que se multiplicam para darem sua contribuição, conquanto seja ela insuficiente em todos os casos e, além de insuficiente, inócua em outras circunstâncias. No primeiro caso pela total falta de recursos, sejam os de natureza monetária, sejam os de cunho intelectual; nas demais circunstâncias, somem-se a elas a falta de uma visão profissional do dirigente, que interfere não só em suas crenças, mas na sua prática como gestor do futebol.

Observemos, pois, que não basta trabalhar; é necessário fazê-lo com sabedoria, delegando, construindo novas lideranças, investindo em suas formações como gestores esportivos, transmitindo os valores inerentes ao clube.

Mãos à obra senhores, pois o que nos espera – lhes mais do que a nós – é tarefa para alguns anos de trabalho árduo e incessante.


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Solução ou mais um problema?

Timemania: Clubes podem ficar endividados

Quase R$ 6 milhões foi arrecado no primeiro concurso da loteria

A Timemania, loteria que realizou neste sábado o seu primeiro sorteio, teve arrecadação abaixo da expectativa média de R$ 10 milhões por semana. Embora tenha estreado já como a segunda loteria mais popular da Caixa Econômica Federal, o valor arrecadado (cerca de R$ 5,921 milhões) liga o sinal de alerta: ou embala ou os clubes passarão sufoco no futuro.

A participação dos torcedores-apostadores será fundamental para que os clubes não se vejam com dívidas mensais enormes daqui a um ano. O Flamengo é o maior exemplo do que pode acontecer se a loteria fracassar. Devendo cerca de R$ 180 milhões, o Rubro-Negro deve parcelar o débito em prestações mensais de cerca de R$ 750 mil.

O problema é que a arrecadação mensal para o clube – o preferido nas apostas – neste começo da loteria não deve passar muito dos R$ 200 mil mensais (cerca de R$ 50 mil por sorteio: R$ 8,8 mil por ser o clube mais apostado e pouco mais de R$ 42 mil por ser da Série A). No primeiro ano, os clubes só terão de inteirar R$ 50 mil por mês. Mas, depois deste período, o pagamento da dívida deverá ser completo. Se a meta de arrecadação, R$ 350 mil, não for atingida o clube vai ter de desembolsar a diferença para chegar aos R$ 750 mil mais os impostos mensais (FGTS, Receita Federal e INSS) em dia para não perder a certidão negativa de débitos.

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