Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, setembro 28, 2012

A ascensão da insignificância

Futebol gerado reproduz e multiplica uma sociedade economicamente desigual e um saber onde a dimensão antropológica não conta

Manuel Sérgio / Universidade do Futebol

O livro A Ascensão da Insignificância, de Cornelius Castoriadis, traduzido para português pela Editorial Bizâncio, parece-me de grande atualidade. “Qual o exemplo que as sociedades do capitalismo liberal fornecem ao resto do mundo? O único valor que existe nelas é o dinheiro, a notoriedade mediática ou o poder, no sentido mais vulgar e irrisório do termo” (p. 70). Por outro lado, o trabalho da esmagadora maioria dos jornalistas, dos comentaristas, dos intelectuais são mais “justificadores da ordem estabelecida” (p. 97) do que um contra-poder ao poder do neoliberalismo vigente. (Destaque de Benê Lima)

O defeito não é de hoje, de fato. Heidegger e Sartre chegaram ao ponto de manifestar entusiasmo incontido: Heidegger pela ditadura de Hitler e Sartre pelas ditaduras de Castro e Mao. Cornelius Castoriadis é da opinião que “temos de nos desembaraçar, ao mesmo tempo, da sobre e da subvalorização do intelectual. Existiram pensadores e escritores, que tiveram grande influência, na História, mas nem todos no melhor sentido” (p. 98).

Cornelius Castoriadis

Hoje, segundo o mesmo autor, o intelectual faz parte do sistema que o contrata, que o remunera, que o condiciona (p. 99). E, por isso, ”há traição da parte dos próprios críticos, quanto ao seu papel de críticos; há traição, por parte dos autores, quanto à sua responsabilidade e rigor; e há a vasta cumplicidade do público, que está longe de ser inocente, neste assunto, na medida em que aceita este joguinho e que se adequa àquilo que lhe é fornecido” (pp. 99/100). A sociedade não degenerou biologicamente, a tecnociência progride diariamente e, diariamente também, a medicina rasga novos horizontes – a sociedade degenerou, sim, etica e culturalmente, quando é de bom tom entoar ladaínhas ao conformismo diante do consumo, do deus-dinheiro, de um capitalismo demencial, da crise de sentido e significação.

Não, não recebo o termo “atual”, com grande carga afetiva, dando-lhe um significado de mau, de falso, de execrável. Digamos antes que nunca, como hoje, uma crise económica e social e política se tornou tão visível (até nas próprias religiões). Não é por acaso que vivemos a Sociedade do Conhecimento da Era da Informação! Nos meus tempos de rapaz (bem me lembro), havia um sentimento de firme estabilidade e de radical confiança em determinados valores – e valores que eram uma continuidade do mundo clássico e do cristianismo.

Vivíamos então, em Portugal, um regime político de ditadura e um clima social de catolicentrismo? Não o nego, mas quando se apontavam “os amanhãs que cantam”, no capitalismo ou no marxismo, uma grande esperança iluminava as palavras, porque se descortinavam Absolutos em que se acreditava: Deus (Senhor e Pai), a Razão, a Liberdade, a Democracia, a Luta de Classes. E o mundo, se era um mistério, não era um absurdo.

Só que uma igreja sem cristianismo e um cristianismo sem igreja; o desmoronamento paulatino de muitas das ideologias de esquerda; o descrédito dos caudilhos que se dizem marxistas; o triunfo da sociedade de consumo; o espírito quantitativista, sem uma réstea de solidariedade, do neoliberalismo que nos sufoca – tudo isto gerou um mundo onde os valores vitais de solidariedade e democracia desaparecem, diante dos valores numéricos, unicamente numéricos, do capital. Por isso, no nosso tempo, o ser humano é parte, não é pessoa. E, porque parte de um todo, ao serviço do lucro, a facilidade com que é explorado, manipulado e... sem consciência da sua eminente dignidade, dado que “a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante”.

A ascensão da insignificância, ou seja, da corrupção, do compadrio, do mediático, do conformismo, do absentismo e de um tipo de homem que se contenta com a pseudo-felicidade do ter que não sabe ser gerou um futebol que reproduz e multiplica uma sociedade economicamente desigual e de um saber onde a dimensão antropológica não conta. Cornelius Castoriadis escreve: “Deveríamos querer uma sociedade, na qual os valores económicos deixassem de ser centrais ou exclusivos, em que a economia voltasse a ser posta no seu devido lugar, enquanto simples meio e não enquanto finalidade última da existência humana” (p. 110).

Se não laboro em erro grave, tudo o que venho de escrever deveria ser escutado e posto em prática pelos dirigentes da Fifa e da Uefa e dos maiores clubes de futebol para que um dia acontecesse o anseado desenvolvimento desportivo.

É que o desenvolvimento supõe tudo para todos e não só para o Real Madrid, ou o Manchester United, ou o Manchester City, ou o Bayern de Munique, ou o Barcelona, ou o Chelsea. Mas não é próprio do neoliberalismo mundializado que nos governa dar tudo a meia dúzia de endinheirados, conluiados com o poder, e umas migalhas aos outros? Até no futebol se pode vislumbrar a sociedade em que vivemos.

Não é possível pensar o desporto sem um quadro de valores. Ser pessoa e agir como tal implica a referência a valores, incluindo os valores morais. Mas não é amoral o mundo empresarial que preside ao futebol? Verdadeiramente, o que tem a ver a moral com as vitórias e as derrotas nas competições desportivas?

Repito o que venho dizendo há muitos anos: o desporto de alta competição reproduz e multiplica as taras da sociedade capitalista. Esquecer isto é não compreender o futebol que entusiasma e apaixona o mundo de hoje.

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

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quarta-feira, setembro 26, 2012

Rádio Bradesco Esportes estreia hoje no Rio

Primeira transmissão de jogo já será nesta quarta-feira, às 21h, com o duelo entre Flamengo e Atlético-MG
José Carlos Araújo, o Garotinho, comanda as transmissões / Reprodução/FacebookJosé Carlos Araújo, o Garotinho, comanda as transmissõesReprodução/Facebook

 

O Grupo Bandeirantes de Comunicaçãoestreia nesta quarta-feira a primeira rádio exclusivamente de esportes do Rio de Janeiro. Já presente em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, a Bradesco Esportes FM ocupará a frequência 91,1Mhz com programas, transmissões, especialistas renomados, atletas, autoridades, música e notícias de todas as modalidades 24h por dia, sete dias por semana. A primeira transmissão de jogo já acontece nesta quarta, às 22h, com o duelo entre Flamengo e Atlético-MG.

 

“O entusiasmo diante desse novo desafio na carreira é enorme e a possibilidade de ajudar a formar uma nova geração de jornalistas esportivos, com ética, com honestidade, com respeito ao próximo, realmente me emocionam. Esse desafio de poder provar que podemos fazer a coisa certa, mexe comigo. Acredito nisso! Vamos colocar esse Jumbo no ar e quando ele atingir a altitude e a velocidade de cruzeiro, a gente pensa no resto. A minha vontade e a vontade do nosso time me fazem crer em sucesso a curto prazo! Com os pés no chão e com muita humildade, mas com a certeza absoluta que uma iniciativa dessas só pode redundar em sucesso”, disse Jorge Eduardo, chefe de reportagem da Bradesco Esportes FM Rio.

 

José Carlos Araújo, mais conhecido como Garotinho, passa a fazer parte da equipe Bradesco Esportes FM em solo carioca. O narrador também é o responsável por montar a equipe das transmissões esportivas. O comentarista Gerson, o apresentador Gilson Ricardo, o técnico de basquete medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, Miguel Ângelo da Luz, e as gêmeas do nado sincronizado Bia e Branca Feres também estarão no ar.

 

Entre os colunistas e apresentadores que já estão presentes na Bradesco Esportes FM em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre estão José Carlos Brunoro (Universo do Esporte), Álvaro José (Esporte Olímpico), Elia Junior (Pá e Bola), Zetti (Futebol), Danielle Zangrando (Judô), Marcos Paulo Reis (Qualidade de Vida), Ivan Zimmerman (Esportes Americanos), Gustavo Magliocca (Medicina Esportiva), Irineu Loturco (Ciência do Esporte), Fernando Portugal (Rugby), Román Laurito (MMA), Dudu Braga e Mizael Conrado (Paradesporto) e Celso Miranda (Automobilismo).

Globo cobrará para falar naming rights, diz portal

REDAÇÃO
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

 

Globo e Niming Rights

 

 

Segundo o portal "UOL", a Rede Globo divulgará o naming rights de estádios em suas transmissões a partir de 2013. A emissora receberá uma remuneração em troca, mas a forma  de pagamento ainda não foi definida.

 

A Globo poderá receber o dinheiro de duas maneiras: ficando com uma pequena parcela dos contratos entre o clube e a empresa parceira das arenas ou cobrando dos patrocinadores um valor para citar o nome deles nas transmissões.

 

“O departamento comercial está definindo a forma. A parte da emissora será pequena. Os clubes vão ficar com o grosso”,  revelou Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes.

 

O assunto é tema recorrente nos debates sobre comportamentos da mídia em relação ao esporte. A Globo realizava, desde o ano passado, uma pesquisa interna sobre a possibilidade de citar os parceiros comerciais das arenas.

 

Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes

 

O faturamento com naming rights é o principal alicerce do projeto comercial dos novos estádios brasileiros. Um dos maiores contratos desse modelo no mundo é entre Bayern de Munique e a seguradora Allianz, que nomeia o Allianz Arena, estádio construído para a Copa do Mundo de 2006.  O clube recebe 6,5 milhões de euros por ano da empresa.

 

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Felipão é anunciado como consultor do Ministério do Esporte

A convite do ministro Aldo Rebelo, o ex-treinador do Palmeiras atuará no programa Segundo Tempo, que foi alvo de denúncias de irregularidades durante gestão anterior
Equipe Universidade do Futebol

Felipão fala com os jornalistas em Brasília - Dida Sampaio/AE

Dida Sampaio / AE

Poucos dias após se desligar do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari já conseguiu uma nova função para exercer no seu tempo vago.

A convite do ministro Aldo Rebelo, o treinador será o novo "consultor voluntário" do programa Segundo Tempo, relacionado ao Ministério do Esporte. As informações são do portal Uol.

O projeto visa estimular a iniciação esportiva e a prática de atividades culturais em regiões menos favorecidas. O programa, porém, foi alvo de denúncias de irregularidades que provocaram a queda do então ministro da pasta, Orlando Silva.

Ainda segundo Aldo Rebelo, a colaboração de Scolari não será remunerada. O político acrescentou ainda que a presença do técnico campeão mundial em 2002 pode servir de promoção para a Copa do Mundo de 2014.

Em contrapartida, a confirmação de Scolari no cargo também esfria as especulações que apontavam o treinador gaúcho como o possível substituto de Mano Menezes no comando da seleção brasileira.


sábado, setembro 22, 2012

Consultoria aponta queda de 30% no valor de mercado de Ganso

Para a empresa especializada, transferência do ex-meia do Santos para o São Paulo traz de volta a expectativa de valorização futura do jogador
Fernando Pinto Ferreira* / Universidade do Futebol

Reduzimos nossa avaliação do jogador Paulo Henrque Ganso em 30%, de € 22 milhões para € 15,4 milhões. O processo já havia sido concluído após o término das Olimpíadas de Londres, porém, em respeito às negociações que ocorriam entre o Santos e os potenciais interessados no atleta, optamos por aguardar o desfecho da mesma para então divulgar este relatório.

Esse é o segundo corte que fazemos na avaliação de Ganso (o anterior foi após o Mundial de Clubes 2011) e a justificativa segue praticamente a mesma: frequentes problemas de contusão e de relacionamento extra-campo, com consequente queda de rendimento em campo, e agravada por uma evidente perda de espaço na seleção brasileira.

Porém, agora há uma diferença em relação à reavaliação anterior, pois à época havíamos reduzido a estimativa de valor de mercado de € 25 milhões para € 22 milhões, com viés de baixa, indicando que uma nova desvalorização estava por vir, como de fato veio agora.

A diferença hoje é que o viés passou a ser de alta, indicando que a transferência para o São Paulo traz de volta a expectativa de valorização futura do jogador, em plenas condições de retomar, aos 22 anos, a trajetória interrompida nos últimos dois anos, e com isso recuperar posições de destaque no futebol brasileiro e na seleção, fundamentais para qualquer pretensão de valorização futura.

Mas tudo dependerá dele. Agora quem dá bola é o Ganso.

*Economista, Especialista em Gestão e Marketing do Esporte e Pesquisa de Mercado.

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A participação de terceiros nos direitos econômicos dos jogadores de futebol: questões jurídicas

É fundamental que o investidor, assim como o clube, tenha ciência de que o assessoramento jurídico é fundamental para o sucesso do negócio
Pedro Zanette Alfonsin* / Universidade do Futebol

Sempre nos períodos que antecedem a abertura das janelas de transferências, um tema que vem a mídia é a quem pertence o percentual dos direitos econômicos do atleta que está para ser negociado.

O que se propõe a demonstrar neste artigo são alguns apontamentos e comentários jurídicos que normalmente se enfrentam em contratos e negociações.

O primeiro ponto a se destacar é a questão da confiança e credibilidade fundamental entre o investidor que irá aportar o valor e o clube. É muito comum que na hora em que se faça o investimento seja estendido um tapete vermelho e no momento que se esteja diante de uma transferência o investidor seja visto como um inimigo.

Para que o clube esteja pronto para receber investimentos, ele deve estar ciente de que não obstante em qual gestão foi assinado aquele documento o investidor é um parceiro que deve ter um tratamento condizente com a sua condição, sendo natural a sua preocupação com o futuro do jogador.

Muito embora os investimentos sejam benvindos, a nova Lei Pelé inovou ao proteger os clubes no artigo 27-B que são nulas de pleno direito as cláusulas de contratos firmados entre os clubes e terceiros, ou entre estes e atletas, que possam intervir ou influenciar nas transferências de atletas ou, ainda, que interfiram no desempenho do atleta ou da entidade de prática desportiva.

Tal dispositivo espelha o artigo 18 bis do Fifa RSTP, acompanhando a preocupação da entidade máxima do futebol, que está focada na estabilidade das competições e na criação de mecanismos que assegurem a independência aos clubes, face a tais investidores, que não devem interferir na relação trabalhista mantida entre clubes e jogadores.

Ainda assim os referidos dispositivos tem a sua limitação no artigo 422 do Código Civil, principalmente no que se refere ao princípio da boa-fé objetiva, mais precisamente quanto aos postulados do dever de informar e cooperar, pilares do Código Civil de 2002.

Não pode um clube, que assina um contrato de parceria, baseado no artigo 27-B da Lei Pelé, por exemplo, se portar de maneira contrária ao investidor, suprimindo-lhe informações ou sendo negligente de maneira contumaz com o bem contratado, até que ele se deprecie por completo.

Estas situações são mais corriqueiras do que se imagina, podendo, por exemplo, a atual diretoria de um clube mal gerido querer prejudicar o investidor pelo simples fato dele ter assinado nas gestões passadas com inimigos políticos, ou por que simplesmente não respeite os compromissos assinados.

Uma linha minoritária de operadores do direito desportivo cogita que o inciso II do artigo 27 da Nova Lei Pelé jogou para ilegalidade os contratos de investimentos em direitos econômicos, porém não é esse o entendimento dos clubes e da maioria dos investidores.

Por outro lado esta alteração legislativa auxiliou a ganhar força a tese de que o futuro dos investimentos no futebol estão ligados a fundos de investimentos como o “soccer Br1” controlado pelo banco BMG com autorização da CVM ou clubes de investimentos criados tanto por investidores como por clubes.

É fundamental que o investidor, assim como o clube, tenha ciência de que o assessoramento jurídico tanto no âmbito preventivo, nas negociações, na construção do contrato, assim como durante eventual transferência é fundamental para o sucesso do negócio.

Aliás, sobre os fundos vale a mesma máxima do assessoramento qualificado. Quem afirma isso é Juan Figer, um dos maiores negociadores do futebol mundial, na edição de novembro de 2011 da revista Época Negócios: “fundos como o do BMG só conseguem sucesso se seus operadores tiverem grande conhecimento jurídico-desportivo, técnico e financeiro”.

Pelo exposto acima, conclui-se portanto que apesar da importância que o investidor representa para o futebol, a maioria dos clubes não está preparada para dar uma resposta para que esta parceria seja duradoura, sendo fundamental o assessoramento jurídico especializado para que o investimento em futebol se torne lucro e não um pesadelo. 

*Pedro Zanette Alfonsin é advogado, pós graduado em direito desportivo, militante na matéria e coordenador do GEDD (Grupo de Estudos de Direito Desportivo).

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Com base carente, clubes do Amazonas contratam times inteiros para jogar Estadual

Atual campeão do Estado e vencedor do 1º turno das categorias sub-16 e sub-18, o Nacional tem apenas três integrantes formados na base entre o elenco profissional
Equipe Universidade do Futebol

Investir corretamente nas categorias de base é garantia certa de que um clube terá bom retorno financeiro e um ganho significativo nos resultados dentro de campo. Vide o case de sucesso do Barcelona.

Porém, o processo de formação de atletas no Amazonas tem ido na contramão desta corrente e tem causado grandes prejuízos ao futebol local.

Com a falta de renovação de jogadores, os clubes daquela região precisam recorrer à contratação de times completos para disputar o Estadual. As informações são do Portal D24am.

O Nacional é uma das agremiações que mais tem sofrido com o pouco aproveitamento dos jovens no time titular principal. Atual campeão profissional do Estado e vencedor do primeiro turno do campeonato amazonense das categorias sub-16 e sub-18, o time tem apenas três integrantes formados na base entre o elenco profissional.

O técnico da equipe infantil do Nacional, Robson Garanha, aponta que a falta de organização e de estrutura são os principais fatores que contribuem para a deficiência na formação de jogadores no Amazonas.

"Fundamentos que deveriam ser ensinados nas escolinhas, quando o garoto tem seis ou sete anos, são ensinados quando eles já têm 16 anos", afirma.

Há pouco mais de um mês Garanha criou uma campanha nas redes sociais para pedir dinheiro aos torcedores com a finalidade de manter as atividades das categorias de base do clube.

"São muitas dificuldades como alimentação, transporte e equipamentos para os garotos. Também não dá para exigir muito em treinos sob o calor das 15 horas. Os coletes que eles usam para treinar foram doados pelas torcidas organizadas Apaixonaça e Narraça", revelou.

 
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A análise do modelo de jogo

Quanto melhores forem as ferramentas de análise, mais precisas serão as informações obtidas pelo treinador
Eduardo Barros / Universidade do Futebol

A competição é o meio ideal para o acompanhamento da evolução do modelo de jogo de uma equipe. Nela é possível analisar o desempenho individual e coletivo em cada um dos momentos do jogo.

Quanto melhores forem as ferramentas de análise, mais precisas serão as informações que o treinador terá em mãos para a elaboração de seu planejamento semanal.

Melhores ferramentas de análise não significam, necessariamente, as com grande poderio tecnológico. Como já foi abordado em outra coluna, é possível estabelecer uma leitura ampliada de uma equipe dispondo somente de um papel e uma caneta. Basta um significativo aprendizado tático do jogo de futebol.

Posto isso, como você analisa sua equipe?

Somente quantifica passes, desarmes, lançamentos e finalizações? Suas ferramentas de análise estão proporcionando informações precisas do seu modelo de jogo?

Já se preocupou em quantificar elementos qualitativos do seu jogar? Na tese do treinador Rodrigo Leitão (2009), podem ser observados alguns comportamentos de jogo que foram analisados ao longo de 18 partidas oficiais de uma equipe sub-17 e que servem como exemplos para uma proposta de análise qualitativa do modelo de jogo.

Os comportamentos analisados pelo treinador foram o de tempo para a recuperação da bola, tempo para a recomposição da equipe ao meio campo, número de chutões da própria equipe, número de chutões do adversário, êxitos na primeira bola, êxitos na segunda bola e zonas de maior incidência de desarmes e de interceptações.

De acordo com o modelo de jogo idealizado, o objetivo era que cada um dos itens apresentasse uma resposta específica ao término das 18 partidas.

Eram elas: redução do tempo de recuperação da posse de bola para valores próximos de cinco segundos; redução do tempo de recomposição à linha 3; diminuição para valores próximos do zero do número de chutões da sua equipe e aumento do número de chutões do adversário; aumento do percentual de êxito nas "primeiras" e "segundas" bolas, visto que ocorreriam com maior frequência em virtude do aumento de chutões dos oponentes e maior incidência de desarmes nas faixas laterais ofensivas e de interceptações no campo de defesa.

Cometerá um equívoco quem, a partir de agora, reproduzir estes elementos qualitativos na análise de suas equipes. Afinal, tais comportamentos fazem sentido às ideias de jogo de Rodrigo Leitão (sintetizadas em sua tese), para a equipe em questão e que podem não ter nenhuma similaridade com as suas (ideias e equipe).

Acertará quem, a partir deste estudo, refletir sobre como adaptá-lo a sua realidade. Com os exemplos citados, fica evidente que elementos não faltam para compor uma boa análise.

Antes de tal avaliação, no entanto, espera-se a definição de um modelo condizente com os princípios de jogo do futebol moderno.

Infelizmente, estes modelos quase não são vistos na atualidade futebolística brasileira. O que vemos, por enquanto, é uma imprensa que enche os espectadores de números que dizem muito pouco sobre uma equipe, comentaristas que analisam fragmentos do jogo e treinadores que se alternam na dança das cadeiras do futebol brasileiro. Pagamos o caro preço dos modelos ultrapassados.

Precisam emergir profissionais que busquem a evolução e lutem pela construção de um jogo que atenda às demandas do futebol competitivo.

Assim, ao invés de observarmos aquele "scout analfabeto" (como já bem afirmou Leitão), poderemos nos deparar com elementos como: o tempo gasto para repor a bola em jogo, o número de invasões à zona de risco, os setores de maior incidência de perda da bola ou o tempo para ultrapassar o meio campo com a equipe em posse. (Destaque nosso – do Blog do Benê Lima)

Como você analisa sua equipe?

Aguardo sua resposta!

 
 

sexta-feira, setembro 21, 2012

Torcida 'ignora' patrocinadores da Seleção Brasileira, aponta pesquisa

Mais de 40% dos entrevistados não associou equipe a nenhuma das 13 parceiras da CBF

 

  • Lance!net / Leo Burlá - Rio de Janeiro (RJ)
Neymar - Seleção Brasileira (Foto: Mowa Press)

 

Uma pesquisa inédita desenvolvida pela Stochos Sports & Entertainment materializou o distanciamento da Seleção Brasileira de seu público.


Questionados sobre qual marca associariam como patrocinadora da Seleção (veja infográfico abaixo), 40,5% dos 8.329 entrevistados foram incapazes de mencionar sequer um dos 13 parceiros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O entrevistado poderia responder até três marcas.


 

O baixo recall (termo em inglês usado para medir o nível de memorização de uma marca) é significativo se comparado ao alto volume de recursos injetados por estas empresas, mas os resultados, dizem especialistas em marketing, têm relação direta com a performance da equipe e o trabalho de ativação da marca feito pelas empresas.


 

- Se eu fosse presidente de uma destas empresas, me preocuparia com este resultado. Não existe pensar apenas em visibilidade, é preciso uma estratégia conjunta. A própria CBF precisa de um grande trabalho de marca, a Seleção está muito banalizada ultimamente - opinou José Carlos Brunoro, presidente do Conselho da BSB, empresa especializada em marketing e gestão de negócios do esporte.


 

De todas as patrocinadoras, as quatro primeiras colocadas no ranking da lembrança abocanharam 104,6% das respostas. O índice superou os 100% porque a pesquisa era de resposta múltipla. Por outro lado, nada menos que sete atingiram menos de 1% das pessoas.


 

- Muitas empresas são tímidas em relação ao que poderiam fazer. O número de marcas também gera este índice dos que não souberam responder. Quanto mais exclusividade, melhor - disse Cesar Gualdani, sócio-diretor da Stochos.

 

 

A carteira de anunciantes da CBF, no entanto, só cresce (em 2011, a entidade faturou R$ 193,1 milhões). Em agosto de 2012, fechou com a  Mastercard, e outras cotas deverão ser vendidas.

 

 

Mas na contramão do clichê, neste caso a propaganda não tem sido a alma do negócio.

 

 

COM A PALAVRA
Mario Andrada, diretor de comunicação da Nike para a América Latina ao LANCENET!

'Prova que a Seleção se distanciou do povo'

"Nós temos um espaço privilegiado na camisa da Seleção Brasileira. Ficamos contentes por termos atingido o topo da pesquisa, mas somos obrigados a reconhecer que ainda não ganhamos nada. Ainda há muito o que fazer para nos posicionarmos enquanto marca. É um consenso de que precisamos estar mais próximos do torcedor. A pessoa que vai ver a Seleção Brasileira não é necessariamente aquela que acompanha futebol cotidianamente.


 

Temos de aumentar a dose de energia entre o torcedor e a Seleção, este é um trabalho de todos os lados envolvidos. O resultado desta pesquisa é a prova científica de que o torcedor se afastou um pouco da Seleção. Nós precisamos nos conscientizar que o Brasil precisa estar bem preparado para a Copa do Mundo de 2014, nossos torcedores são os mais exigentes do mundo.


 

Mas esta não é uma equação tão simples assim, não se resolve apenas com uma canetada. Há uma enorme quantidade de coisas sendo feitas antes de entregar a equipe para uma Copa do Mundo, mas a responsabilidade é muito grande, somos o único time que entrará em campo obrigado a ganhar, não apenas para participar da competição."

 

BATE BOLA
Thiago G. Hackradt, gerente de marketing do guaraná Antarctica, em entrevista ao LANCENET!

Estes números da pesquisa são próximos dos que vocês têm em suas próprias pesquisas?
De números não posso falar, mas em termos gerais, sim. Sempre temos nos visto muito bem posicionados junto à Seleção.

O resultado da sua marca na pesquisa agradou?
É muito positivo. Algo que nos ajuda é a proximidade com o valor do nosso produto, que é uma marca genuinamente brasileira.

O que acha do alto índice dos que não lembraram de nenhuma?
É difícil falar sem conhecer a pesquisa. As empresas elegem um lugar diferente para se associar. Mas de fato parece alto. 

Os números servem para uma negociação futura de contrato?
Não, mas ajudam a balizar. Não é isso que determina, mas é importante sabermos.


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