Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, setembro 30, 2009

Santos diz que Toshiba quer mulheres
Fortalecido com as figuras de Marta e Cristiane, Sereias da Vila chamaram atenção de patrocinador majoritário; marketing alvinegro quer 'dissociar' acordos contratuais
Equipe Universidade do Futebol

O Santos já deu início ao processo de rediscussão do contrato de patrocínio para 2010. E as primeiras conversas com a Semp Toshiba, patrocinadora atual do time masculino, deixaram evidente a nova situação do clube da Vila Belmiro.

De acordo com José Geraldo Gomes Barbosa, diretor de Marketing do Santos, a multinacional de eletrônicos quer incluir no novo acordo de patrocínio o time feminino do clube.

O interesse surgiu depois da contratação das jogadoras Marta e Cristiane para jogarem por três meses na equipe que disputará a partir da semana que vem a primeira edição da Copa Libertadores feminina.

"Estamos conversando com a Semp Toshiba para a renovação. Mas a princípio não queremos colocar todos os ovos dentro da mesma cesta", afirmou Barbosa em entrevista ao programa Máquina do Esporte da rádio Bandeirantes, que irá ao ar por volta das 20h45 desta terça-feira.

Durante o programa, também, o dirigente santista afirmou que o clube pretende implementar um conceito de sustentabilidade no departamento de futebol feminino, seguindo modelos adotados por Barcelona e Real Madrid.

"O futebol não pode dar prejuízo. Mostramos isso agora com a Marta e a Cristiane, que elevaram nossos custos, mas mantivemos as receitas equilibradas", disse Barbosa.

O dirigente ainda comparou a contratação de Marta ao projeto envolvendo a contratação de Ronaldo pelo Corinthians. Para Barbosa, o futebol tem de ser mais audacioso e montar projetos do gênero, para conseguir viabilizar a presença de grandes ídolos.

O programa Máquina do Esporte vai ao ar toda terça-feira na rádio Bandeirantes (dial 90,9 FM e 840 AM em São Paulo), dentro do programa "Esporte em Debate". O programa ainda pode ser acompanhado pela internet, no site www.radiobandeirantes.com.br.

Análise das principais ações realizadas em partidas de futebol através do scout técnico
Pode-se, a partir disso, até mesmo decidir um jogo com alguma informação relevante acerca dos números não só coletivos, mas também individuais de performance
Rodrigo Rezende, Luís Felipe Borba Carignano, Ivan Ferreira de Mello

Introdução

No futebol atual a tecnologia se faz sempre presente e é elemento indispensável para auxiliar a comissão técnica das equipes com informações sobre adversário e sobre a própria equipe, a fim de trazer subsídios para a montagem de estratégia de jogo. É dessa forma que o treinador terá informações suficientes para encontrar os pontos positivos e negativos tanto da sua equipe como a do oponente e assim explorar essas características de tal forma que sua formação saia sempre vencedora do confronto.

É nessa perspectiva que, além dos vídeos tape das partidas, temos também o scout técnico, que tem por objetivo mensurar as ações que acontecem em uma partida de futebol, desde o tempo dos gols marcados, até número de escanteios, impedimentos e qualquer outra ação que caracteriza um duelo.

Objetivos

O objetivo principal desse estudo é referenciar as ações dos jogos de futebol que aconteceram na atual temporada de uma equipe de elite do futebol brasileiro por meio do scout técnico. Como objetivos secundários, temos a apresentação dos números em forma de média das ações de um jogo de futebol, além da análise do tempo em que os gols saíram nas partidas dessa equipe.

Metodologia

O scout técnico foi desenvolvido a partir de observação direta de uma partida de futebol e a anotação das ações do jogo quantificando-as por meio de uma planilha. As variáveis coletadas são bem definidas pelo entendimento popular, tais como gols, escanteios, passes errados e impedimentos. Quanto aos gols, foram coletados a forma em que saíram bem como o tempo de jogo em que aconteceram.

Resultados e discussão

A tabela a seguir mostra os números em mínimo, médio e máximo de alguns dos fundamentos coletados no scout técnico.

Passes Errados
Escant. a Favor
Gols
Impedimentos
Minímo
Médio
Máximo
Desvio Padrão
41
63
90
15,1
4
8
12
2,1
0
2
4
1,5
1
2
5
1,3

TABELA 1 – NÚMEROS DO SCOUT TÉCNICO DE UMA EQUIPE DE FUTEBOL

Os números apresentados nesse estudo correspondem aos resultados de scout realizado durante o 1º turno do Campeonato Brasileiro de 2009.

Podemos observar um valor médio importante de dois gols por jogo que essa equipe tem conquistado. É interessante ressaltar também o valor médio de escanteio, evidenciando que essa equipe teve um bom poder ofensivo, penetrando até a linha de fundo de seu adversário. Esses valores também têm a influencia de o scout sempre ter sido realizado com essa equipe jogando em seu estádio, com o apoio da torcida.

Outra questão a se ressaltar é o alto índice de passes errados com a equipe chegando a uma média de 63 por jogo. Um fato importante a se colocar nesse sentido é, novamente, o fato de a equipe jogar em casa, o que lhe conferiu maior posse de bola nos jogos em que o scout foi realizado.

Todavia, esses números, ao passo que mostram poder ofensivo da equipe, também mostram a falha em manter uma sequência de passes. Com certeza esses números influenciaram diretamente no aproveitamento dessa equipe nos seus jogos como mandante, o que lhe conferiu durante o 1º turno um aproveitamento de 62,96% em seus domínios, tendo a 8ª campanha em jogos em casa.

Na sequência, apresentaremos a tabela com o tempo de jogo em que saíram os gols nos jogos dessa equipe.

Gols a Favor
Gols Contra
0 a 15 minutos
16 a 30 minutos
31 a 45 minutos
46 a 60 minutos
61 a 75 minutos
76 a 90 minutos
3
7
3
2
4
5
5
4
5
2
5
6

TABELA 2 – TEMPO DE JOGO EM QUE SAÍRAM OS GOLS

De acordo com a tabela acima apresentada, podemos verificar que no 1º tempo existe um índice maior de gols. Foram 13 gols marcados no 1º tempo, contra 11 gols marcado no 2º, bem como 14 gols sofridos no 1º tempo, contra 13 sofridos no segundo.

Outro ponto importante é a quantidade de gols que saíram nos 15 minutos finais de jogo. Isso demonstra quanto é importante a equipe manter a atenção até o fim do jogo, pois um gol nesse tempo pode definir uma partida. Os gols nesse período também podem ser um indicador da fadiga, física e mental, que os atletas podem ter, condicionando falhas de marcação e até mesmo erros individuais.

Conclusão

Conforme colocado anteriormente, o scout técnico é ferramenta indispensável para uma equipe grande de futebol. Os profissionais dessa área devem ser valorizados, e um clube que visa ser modelo na modalidade não pode abrir mão de tal departamento, pois qualquer detalhe que não passa despercebido pode conferir informações suficientes para a comissão técnica utilizar de forma a explorar as deficiências do adversário, bem como trabalhar as deficiências da sua própria equipe. Pode-se, a partir disso, até mesmo decidir um jogo com alguma informação relevante acerca dos números não só coletivos, mas também individuais de performance técnica.

Opinião

FUTEBOL FEMININO NO CEARÁ: A PERGUNTA QUE

NÃO QUER CALAR

Paulo Medeiros*

1. Na última quinta-feira (24/09/2009), pela Copa do Brasil de Futebol Feminino, a equipe do CAUCAIA, campeã cearense, aplicou uma espetacular e incontestável goleada de 4 x 0 na equipe do São José, campeã do Estado de Tocantins. Mas não foi uma goleada qualquer, foi na casa das adversárias, e por este motivo a equipe cearense qualificou-se diretamente para a segunda fase da competição promovida pela CBF, sem a necessidade da “partida de volta”. Agora o CAUCAIA prepara-se para enfrentar as meninas do Sport Recife, campeã Pernambucana.

2. No último dia 18/09/2009 a jogadora Ana Lúcia Nascimento dos Santos, a Dida, goleira do CAUCAIA, foi convocada pela CBF para integrar a seleção brasileira feminina sub-19 que irá disputar a Copa Sul Americana de Futebol Feminino em janeiro/2010 na Colômbia.

3. A árbitra cearense Eveliny Almeida, que também pertence aos quadros da FIFA, foi convocada pela Confederação Sul Americana de Futebol – CONMEBOL para atuar nos jogos do I Copa Libertadores Feminino 2009 (e não I Campeonato Sul Americano de Futebol Feminino como divulga erroneamente o site da Federação Cearense de Futebol), e que contará com equipes de diversos países sul-americanos (e não “seleções” como divulga erroneamente o site da FCF).

Como o estimado leitor deve perceber, trata-se de três notícias maravilhosas, e que demonstram claramente o potencial que o Futebol Feminino do Ceará poderia desenvolver, inclusive em termos de projeção e resultados nacionais.

Quando eu escrevo “poderia” é porque todos estes fatos relatados ocorreram sem qualquer incentivo ou participação direta da Federação Cearense de Futebol, que teoricamente deveria ser a instituição a zelar pelos interesses do Futebol Feminino no Estado. Mas o que tem ocorrido é descaso e desinteresse. Por exemplo: o “apoio” da FCF ao feito da equipe de futebol feminino do CAUCAIA, por exemplo, se restringiu a uma mensagem protocolar de congratulações publicada em sua pagina web, que a rigor não passou de meras seis linhas.

E aí vem a perguntar que não quer calar: A Federação Cearense de Futebol é “de Futebol” ou “de Futebol Masculino”?

Comprovo a pertinência desta questão com a falta de iniciativa da FCF em “abraçar” a causa do futebol feminino no Estado do Ceará, mesmo que em parceria VERDADEIRA e ATIVA com a Liga Cearense de Futebol Feminino - LCFF, que a rigor é a entidade que tem desprendido esforços na divulgação, organização e viabilização desta modalidade por estas paisagens.

É uma constatação óbvia de que a LCFF tem melhor know how, comprometimento e interatividade com o futebol feminino no Ceará. Acredito que neste contexto compete à FCF agregar esta entidade em suas atividades institucionais, porém dando-lhe autonomia para exercitar esta expertise.

*apaixonado por esporte e PhD em Economia


terça-feira, setembro 29, 2009

COM PÉ E CABEÇA – ANO IV – Nº159

”Falar é preciso quando silenciar é nocivo.” (Benê Lima)


Opinião
A RETÓRICA QUE REVELA

“Ser exigente não é mera questão de opção: trata-se de externar uma característica dominante, que adquirimos pela formação educacional no meio familiar e corroborada na escola.”


Na década de oitenta, entre tantas boas oportunidades de ampliação de meu lastro cultural, participei, como representante do S. I. News – Jornal dos Empresários, da região de Santa Ifigênia, São Paulo, de um evento realizado no auditório do Gallery, denominado MEGATRENDS-2000. O casal de sociólogos norte-americanos John Nasbitt e Patrícia Aburdene eram os protagonistas do evento, que consistia em ANTECIPAR as MEGATENDÊNCIAS para o início do século XXI.

É importante frisar que a visão antecipada nem era oportunista e menos ainda adivinhatória. Tratava-se, como bem conceituam os lexicógrafos sobre sociologia, do estudo do conhecimento objetivo da realidade social. Entre as previsões fruto das megatendências, encontravam-se:

- A explosão econômica global;
- Renascimento nas artes;
- A emergência de um socialismo de livre-mercado;
- Estilo de vida global convivendo com o nacionalismo cultural;
- A privatização do ‘welfare state’;
- A ascensão da orla do Pacífico;
- A década das mulheres na liderança;
- A era da biologia (biotecnologia);
- Renascimento religioso;
- O triunfo do indivíduo.

Sabemos que nem tudo se concretizou. No entanto, no geral, muito do que foi preconizado acabou se cumprindo. Mas, a grande pergunta que o leitor deve estar fazendo é: o que tudo isso tem a ver com o futebol. E a resposta a essa pergunta é: com o jogo de futebol, nada; mas com a gestão do futebol, tem muito a ver.

Na verdade, se nossos dirigentes fossem alcançados ao menos por parte da revolução que vem ocorrendo no mundo ao longo das duas últimas décadas, nossos clubes já teriam mudado seus perfis para melhor a pelo menos uma década. E o pior é que em não mudando, eles influenciam negativamente o comportamento dos atletas, que continuam fazendo-os refém da mera possibilidade de bons resultados que eles representam.

Bem recentemente, o jogador Luiz Carlos, do Fortaleza, em tom reconhecidamente cínico, expressou, via discurso indireto, que havia (ou ainda há) uma capacidade de produção reprimida do elenco tricolor. E o pior é que as pessoas encaram tal situação com extrema naturalidade, como se fosse normal o boicote ao clube ou a negação da contraprestação do atleta ao clube que lhe paga.

A propósito, nada mais desmoralizante para os dirigentes tricolores nos últimos tempos que a contratação do jogador Luiz Carlos. São meses e meses acima do peso, além de um inesgotável repertório de problemas criados, dificultando a instauração de um clima harmônico e desrespeitando os próprios companheiros.

Se sairmos das entidades de prática desportiva e entrarmos no domínio da entidade-mor de administração do desporto (a nossa FCF), aí teremos uma amostragem das mais irrefutáveis de uma mentalidade atrasada, preconceituosa e anacrônica, o que não impede que se faça uma revolução a partir das mentes das pessoas. E, neste sentido, a bem da justiça, já se faz notar algumas atitudes que sinalizam a presença de certa vontade política.

Se não se pode mudar as pessoas, estimulemos a mudança nas pessoas, de preferência sem os extremos da deusificação e da demonização.

O triunfo do indivíduo preconizado pelo ‘Megatrends-2000’, embora se mostre até aqui inatingível, não deve jamais deixar de nos inspirar e animar, até mesmo como condição redentora da espécie humana.


*****



EFEMÉRIDES


O retardo de sempre


Só foi os dirigentes do Fortaleza terem uma atitude resoluta de enfrentamento dos problemas do clube, e a situação começa a dar pinta de que pode ser alterada para melhor pelas bandas do Pici.

Em encontrando – como se faz crer – um ‘experimentalista’ em Roberto Fernandes, terá sido melhor que os ‘especialistas’ que sucumbiram em meio à crise de gestão leonina. Mas, não nos enganemos, a tarefa de Fernandes é hercúlea. Achar e prescrever a medida do ponto de equilíbrio do time tricolor é tarefa para uma mente futebolística analítica e detalhista.

A mesma diretoria que retirou a liga do relacionamento entre o time e seu torcedor, trata de recolocá-la, percebendo o quão importante é para ambos uma relação simbiôntica.

Bater no Campinense e da forma como o fez, mesmo que a instabilidade da produção continue presente, já representa um feito promissor.

Ao torcedor leonino neste instante, cabe relevar as fraquezas de sua direção, agindo tal qual o mais generoso dos parceiros, demonstrando seu apoio incondicional, sempre de forma a mais cooperativa e solidária. Nada de jogar contra.

Se mesmo com o atraso das medidas da atual direção a equipe conseguir sua permanência na Série B, isso será algo a ser comemorado sim, se olharmos a situação pela ótica da salvação de não ter que encarar uma Série C.


Declínio da criatividade

É inegável que a equipe alvinegra vai bem. O ponto alto é seu poder de marcação, com um bom preenchimento dos espaços. Michel, João Marcos e Heleno dão sustentação ao sistema defensivo. Não são propriamente brucutus e por isso acrescentam um pouco de qualidade na armação ofensiva. No entanto, não dá para esconder certo declínio na criação a partir do meio-campo. Tal acontece pela limitação física do meia Geraldo na fase final dos jogos, e pelas limitações técnicas do trio da pegada (Michel, João Marcos e Heleno).

Mas o que agrava a situação descrita em regra acontece nos jogos em casa, especialmente quando os adversários se fecham e os espaços diminuem. Fora, por mais paradoxal que pareça, é quando o time se dá melhor, em função dos espaços que lhes são propiciados.

Outro fator que nivela e em alguns casos prepondera, é a condição física dos atletas do Ceará. Estatisticamente, é no 2º tempo das partidas que na maioria das vezes o Ceará supera seus oponentes em termos de produção ofensiva e posse de bola.




Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
benelima@apcdec.com.br
www.blogdobenelima.blogspot.com
(85) 8898-5106
Como lutar contra as suas próprias expectativas?
Quando um treinador tem altas expectativas sobre um atleta, se relacionará com ele de forma que procure fazer sua predição se tornar verdadeira
Marcelo Augusto Antonelli

Parte 1: Compreendendo como ocorre o poderoso e perigoso processo das expectativas

Um dos grandes desafios nos relacionamentos humanos, incluindo a relação treinador-jogador, é “o poder das expectativas” (em inglês, “The self-fulfilling prophecy”). Apesar da importância de se conhecer como funciona esse mecanismo, como diminuir os efeitos negativos e potencializar os positivos, a “cultura futebolística” brasileira ainda não abriu grandes espaços para essa área.

O mesmo não se pode dizer no campo da educação escolar ao redor do mundo. Centenas de pesquisas já foram realizadas desde o início do século, e os conceitos são ultilizados não somente na educação escolar, como também em segmentos do mercado de trabalho.

“The self-fulfilling prophecy” pode ser definido como o processo pelo qual as expectativas de uma pessoa podem levar uma outra pessoa a agir de maneira congruente com as expectativas da primeira pessoa (Brém, Fein and Kassin, 2005).

Exemplificando no caso dos esportes coletivos: quando um treinador tem altas expectativas sobre um atleta, se relacionará com ele de forma que procure fazer sua predição se tornar verdadeira. Da mesma forma, quando as expectativas são baixas, suas atitudes em relação ao atleta procurarão realizar a predição.

Um treinador eficaz tem conhecimentos nessa área e usará todas as estratégias estudadas no campo da psicologia social para que suas influências não só não prejudiquem os atletas, mas também deve entender que boas expectativas podem influenciar de maneira positiva no desenvolvimento e desempenho dos atletas.

A tarefa não é simples. Antropologicamente falando, é natural para todo ser humano fazer julgamentos baseados nas experiências passadas e nas informações recebidas. No entanto, existem estratégias para quebrar o ciclo das expectativas negativas e potencializar aquelas positivas.

O processo do qual estamos falando é também conhecido no meio científico como “Pygmalion effect”. Isso porque, segundo a mitologia, Pygmalion, o rei de Cyprus, fez, nominou, vestiu e amou uma estátua, Galatea, como se ela estivesse viva. Aphrodite, a deusa, com dó de Pygmalion, deu vida à estátua. Pygmalion e Galatea, então, casaram-se e deram à luz Meatharme (Campbell & Simpson 1992).

Deixando de lado a mitologia e olhando para a história desse conhecimento, podemos relacionar o conceito até mesmo com as loucuras do mercado de ações nos últimos meses: muitos afirmam que as melhores predições das bolsas não vêm das ciências econômicas, mas das humanas.

Segundo o sociólogo Robert Merton, no século passado, alguém começou a espalhar o boato de que um banco encontrava-se prestes a ir à falência. Apesar de a informação ser falsa, a maioria dos clientes retiraram o dinheiro e o banco faliu. Baseando-se neste fato, ele criou uma teoria de que se algo é amplamente acreditado, tem uma maior chance de acontecer. E chamou esse processo de “Self-fulfilling prophecy”. Desde então, psicólogos sociais, utilizando-se de pesquisas científicas, vêm estudando esse processo.

O próximo passo foi quando Jacobson e Rosenthal publicaram o “Pygmalion in the Clasroom”, avaliando se as expectativas dos professores poderiam influenciar o desempenho dos alunos ou se os alunos que influenciariam as expectativas dos professores. Segundo Rosenthal (2002), isso acontece porque o professor altera seu comportamento de forma consistente com a impressão feita do aluno, e este, como consequência, ajusta o próprio comportamento de acordo com as expectativas que lhe são passadas.

No mundo comercial, pesquisas foram realizadas em empresas como AT&T, e os resultados mostraram que promoções e aumento de salário estavam diretamente relacionados com as expectativas da empresa.

No esporte, Adams, Eiche e Javaune (1997) fizeram uma pesquisa com 73 “freshmen” (atletas no primeiro ano da Universidade), e o resultado foi que as expectativas positivas levaram atletas ao sucesso tanto nos campos como na sala de aula.

Até mesmo no exército foram feitas pesquisas. Em um centro de treinamento, instrutores receberam a informação de que treinariam um grupo de “top” recrutas (na verdade eles tinham sido selecionados aleatoriamente). O resultado foi que o grupo atingiu resultados mais altos que os outros grupos (Campbell & Simpson, 1992).

Atualmente, centros de treinamento no mundo comercial utilizam esses conceitos para otimizar os resultados. Basicamente, a estratégia é dizer ao “trainee” de forma consistente que ele carrega a expectativa de ter um bom rendimento, até o ponto onde o “trainee” acreditará na expectativa e agirá de acordo com ela. Para isso, os supervisores recebem treinamentos sobre linguagem corporal, contato com o olhar, expressões faciais, tom de voz e postura corporal. Eles também são treinados para prestar atenção, dar “feed back” (retorno) e motivar a todos da mesma forma.

E o que isso tem a ver com o futebol? Tudo. Esse é um processo poderoso e perigoso, que ocorre da mesma forma no dia-a-dia dos treinamentos. A primeira impressão pode ser feita mesmo antes de se conhecer o atleta. Ela será mais forte depois do primeiro contato visual, e no final do primeiro treinamento uma forte expectativa, positiva ou negativa, já terá se instalado.

O treinador com conhecimento nessa área deve procurar usar as técnicas necessárias para evitar o ciclo vicioso da expectativa negativa. O processo ocorre basicamente em quatro passos. No primeiro, o treinador desenvolverá uma expectativa, baseado em informações físicas, sociais e técnicas. No segundo, essas expectativas influenciarão o tratamento do atleta (frequência, duração, qualidade das interações). No terceiro, o aprendizado e desempenho do atleta serão influenciados pelo tratamento recebido. No quarto e último passo, o comportamento do atleta será influenciado pela expectativa do treinador (Burton & Bernie).

No próximo artigo, desenvolveremos as estratégias para lidar com esse processo.

Bibliografia

Adams-Gaston, J., Eiche K. & Sedlacek, W. (1997) An Exploration of Leadership Characteristics in College Athletes. Maryland Univ, Research 143. Acessado dia 23 de Novembro, do site: http://williamsedlacek.info/publications/articles/exploration697.html

Brém S., Fein S. & Kassin S. (2005) Social Psychology. Boston, MA: Houghton Mifflin

Burton D. & Bernie H. Self-Confidence: The Key to Sport Success. University of Idaho. Acessado dia 25 de Novembro, 2008 do site:http://64.233.169.132/search?q=cache:zfLLQuQRokkJ:www.educ.uidaho.edu/sportpsych/305%2520Campus/Self_Confidence.ppt+self+fulfilling+prophecy+sports&hl=en&ct=clnk&cd=8&gl=us

Campbell C. & Simpson C. (1992). Self-fulfilling prophecy: Implications for the Training/Learning Process. Department of Technological and Adult Education. The University of Tennessee. Acessado dia 22 de Novembro, do site:http://www.eric.ed.gov/ERICDocs/data/ericdocs2sql/content_storage_01/0000019b/80/13/3f/43.pdf

Rosenthal, R. (2002). Covert communication in classrooms, clinics, courtrooms, and cubicles. American Psychologist, 57, 839-849


Rio lança pedra fundamental de sede da CBF e de Museu do Futebol
Os projetos fazem parte do esforço dos governos estadual e municipal para que a cidade seja a grande protagonista da Copa de 2014
Equipe Universidade do Futebol

Na manhã desta segunda-feira, foi lançada a pedra fundamental da sede definitiva da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro, e do Museu do Futebol, na Barra da Tijuca.

Participaram do evento o presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), RicardoTeixeira, o governador e o prefeito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e Eduardo Paes, respectivamente.

O projeto do Museu do Futebol, cuja construção será de responsabilidade da prefeitura do Rio de Janeiro, é do arquiteto Paulo Casé. A entrada será feita por um corredor que faz alusão à estrutura de um gol. Internamente, o edifício terá três pavimentos, um mezanino e um subsolo para áreas de depósito.

O empreendimento faz parte dos esforços da administração municipal e do governo local para que o Rio de Janeiro seja a grande protagonista da Copa do Mundo de 2014.

Além da final do torneio de seleções, que deve acontecer no estádio do Maracanã, o Rio busca ser sede do Centro de Mídia da competição e base da Fifa. Para isso, no dia 4 de junho, o prefeito e o governador assinaram uma carta-compromisso com os investimentos previstos para a Copa do Mundo de 2014. O documento foi entregue a Ricardo Teixeira, colocando à disposição dos executivos da Fifa o Palácio da Cidade (sede do governo municipal), e o Palácio Laranjeiras (residência oficial do governador).

sábado, setembro 26, 2009

Vendas de PPV dos clubes brasileiros
Amparado pelo 'fator Ronaldo', Corinthians cresce em porcentagem e se aproxima do Flamengo, ainda líder comercial nesse quesito
Equipe Universidade do Futebol

De acordo com a última pesquisa realizada pelos institutos Ibope e Datafolha entre os assinantes dos canais pay-per-view brasileiros, já foram comercializados mais de 600.000 pacotes referentes ao Campeonato Brasileiro de 2009, significando um aumento de 300% em relação à temporada de 2006.

Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo encabeçam a lista que serve como base para a distribuição das cotas fixas de televisão pagas entre julho de 2009 e junho de 2010 e, até lá, pelo menos R$ 117,5 milhões (44 milhões de euros) serão distribuídos pelos clubes.

Na segunda posição, o Corinthians é o clube que apresenta o maior crescimento em relação à temporada anterior. O clube de Ronaldo aumentou em 22% as vendas de pay-per-view, aproximando-se dos números do Flamengo, que desceram cerca de 9%.

Os dois clubes, que também são os que têm mais torcedores no país, já garantiram pelo menos R$ 15,6 milhões (5,8 milhões de euros) e R$ 14,7 milhões (5,5 milhões de euros), respectivamente.

Comercialização de Pay-per-view – Clubes Brasileiros (%)

2009 2008
Flamengo12,6% Flamengo13,8%
Corinthians11,8% Corinthians9,7%
Palmeiras8,9% São Paulo9,2%
São Paulo8,0% Palmeiras8,2%
Internacional8,0% Grêmio8,1%
Grêmio7,7% Internacional6,8%
Atlético Mineiro7,0% Cruzeiro6,5%
Fluminense5,8% Vasco da Gama6,5%
Cruzeiro5,7% Atlético Mineiro5,9%
Botafogo4,9% Fluminense5,5%


Com no mínimo R$ 11,1 milhões (4,1 milhões de euros) assegurados, o Palmeiras aumentou as suas vendas em 9%, ultrapassando o tricampeão brasileiro São Paulo, que teve uma queda de 13%, conseguindo arrecadar R$ 9,9 milhões (3,7 milhões de euros).

Fontes: Globosat / Ibope / Datafolha e Futebol Finance