Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, fevereiro 28, 2014

CBF terá dobro de patrocínios e recorde de arrecadação

SÉRGIO RANGEL

A seleção brasileira vai arrecadar mais de R$ 300 milhões para a CBF somente em patrocínio no ano da Copa.

Com quase o dobro de parceiros em relação a última edição do torneio, na África do Sul, a entidade ganhará três vezes mais que o principal clube captador de anunciantes do país, o Corinthians.

O time do Parque São Jorge estima receber R$ 90 milhões neste ano com os patrocínios de camisa e da Nike.

A enxurrada de patrocínios para a seleção quase supera a receita bruta da CBF no seu último balanço, quando obteve R$ 360 milhões em 2012.

A confederação já coleciona 14 patrocinadores e vai faturar pelo menos R$ 324 milhões em 2014. Mas a conta poderá subir até o fim do ano.

A Chevrolet cobiça o lugar da Volkswagen e fez uma proposta no início do ano. O valor chega perto dos R$ 16 milhões.

Os executivos da entidade ainda não fecharam negócio com a Chevrolet por causa da alta multa do atual contrato com a Volks, que atualmente é de R$ 9 milhões. A pena ultrapassa R$ 30 milhões.

Só no ano passado, a CBF fechou patrocínio com Unimed Seguros, Sadia e o curso de idiomas EF EnglishTown.

Dos 14 parceiros, apenas a Nike estampa a sua marca na camisa da seleção. Por isso, a empresa paga a maior cota, US$ 35 milhões, quase R$ 84 milhões. Desde 1996 vestindo o time nacional, a multinacional dos EUA é a mais antiga parceira da entidade.

Os outros patrocinadores têm direito a colocar banners atrás dos atletas durante as entrevistas ou placas de publicidade nos treinos. Apenas Itaú, Vivo, AmBev e Sadia estampam os seus símbolos também no uniforme de treino.

Fora os 14 patrocinadores, a Tênis Pé Baruel e os relógios Parmigiani também tem acordo com a CBF. As duas empresas pagam menos e são classificadas como "apoiadoras".

Segundo o último balanço divulgado, a Parmigiani pagou R$ 1,8 milhão. Já a Baruel desembolsou R$ 1,9 milhão.

A cifra recorde com os patrocínios foi turbinada pela alta do dólar. Só em 2013, a moeda norte-americana registrou valorização de 15,3%.

Pelo sistema, as empresas pagam em real o valor do dólar no vencimento das cotas.

Na África do Sul, em 2010, a seleção disputou a Copa com dez patrocínios. Quatro anos antes, na Alemanha, o time contava com apenas quatro. 

Editoria de arte/Folhapress

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

A Europa dominada pelos superclubes

CARLOS EDUARDO MANSUR

Dos oito jogos de ida das oitavas-de-final da Liga dos Campeões, seis foram vencidos pelos visitantes e só um por um time mandante. Um pequeno sintoma da direção para onde a globalização está levando o futebol europeu. O caminho é o da concentração de renda. O continente assiste à criação dos superclubes. Potências globais, integrantes de uma pequena elite com arrecadações infinitamente maiores às dos rivais e, em consequência, elencos infinitamente mais poderosos.

O passeio do Real Madrid em Gelsenkirchen começa a ser explicado fora de campo. Na temporada 2012-2013, o clube espanhol teve R$ 1,67 bilhão em receitas, valor que o colocou no topo do ranking de arrecadação na Europa. Em campo, seu elenco milionário fez o Schalke 04 parecer impotente, como se ambos não pertencessem ao mesmo universo. O resultado: 6 a 1 sobre os alemães, que tiveram arrecadação de R$ 650 milhões na última temporada. 

O confronto entre Barcelona e Manchester City reuniu dois candidatos a superclubes. Mesmo assim, os catalães, que arrecadaram na última temporada R$ 1,54 bilhão, o que significa R$ 500 milhões a mais do que os ingleses, venceram fora de casa por 2 a 0. O Bayern de Munique, com seus R$ 1,38 bilhão por ano, foi a Londres vencer o Arsenal, que teve receita de R$ 909 milhões. 

O Paris Saint-Germain, novo gigante do continente, usou seu elenco rico, movido por receita anual de R$ 1,23 bilhão, para fazer 4 a 0 no Bayer Leverkusen, na Alemanha. O time da casa não está entre os 30 maiores arrecadadores do continente, com receita abaixo de R$ 300 milhões. Já o Borussia Dortmund, que abocanhou R$ 819 milhões na última temporada, fez 4 a 2, na Rússia, sobre o Zenit, que também está abaixo da linha dos R$ 300 milhões de receita.


Houve duas exceções. Em Milão, o Atlético de Madrid, embora tenha receita 50% inferior ao do rival, venceu o Milan, que segue em crise técnica. E na Grécia, o Olympiakos, também abaixo da linha dos R$ 300 milhões anuais, derrotou o turbulento Manchester United, dono de R$ 1,35 bilhão por ano.

A Liga dos Campeões, em tese, reúne a elite europeia. Mas globalização tem significado concentração de renda também no futebol. O resultado é que até entre os 16 melhores da Europa, quando se chega ao mata-mata, há disparidades que sobressaem, times que não conseguem competir com os mais poderosos, mesmo jogando em casa.

Nas ligas nacionais as diferenças se acentuam. Boa parte delas ganharam um indisfarçável ar de campeonatos estaduais. 

- A tendência dos superclubes na Europa é real. Os clubes viram potências globais. Mas é preciso ter cuidado. Há fenômenos como o Paris Saint Germain, inflado pelo dinheiro do Qatar; o Chelsea, que tinha receita muito menor antes de ser comprado pelo Abramovich; assim como o Manchester City, com dinheiro do Oriente Médio - diz Amir Somoggi, consultor em marketing e gestão esportiva. - O mais incrível é o Bayern de Munique. Em termos de cotas de TV, sai atrás de italianos, franceses, ingleses. Mas está partindo para brigar com Barcelona e Real Madrid e ser o maior arrecadador da Europa. 

E os números não mentem. O mais recente estudo da Deloitte, a Football Money League, aponta claramente o aprofundamento das diferenças de receitas na Europa. A Espanha continua como o caso clássico. O Real Madrid, maior arrecadador da Europa, ganhou R$ 1,67 bilhão na temporada 2012-2013, seguido de perto pelo Barcelona, com R$ 1,54 bilhão. O mais próximo competidor, o Atlético de Madrid, arrecadou R$ 384 milhões.

Muito se especulou que o Brasil partisse para a "espanholização", com a liderança de Corinthians e Flamengo. Os mais recentes estudos não apontam tal risco.

- O mercado brasileiro tem características próprias, marcas com grande poder de mobilização. O Internacional, com 3% da torcida do país, fatura R$ 46 milhões por ano com sócios. Cruzeiro, Grêmio, Vasco, São Paulo, enfim, são muitos clubes com potencial que Valencia e Atletico de Madrid não tem. Com exceção de Barcelona e Real Madrid, os espanhóis são clubes regionais - diz Somoggi, que acrescenta. - Em todo o mundo, não há situação idêntica à da Espanha, com o domínio de dois clubes.

Mas proliferam os mercados dominados por um clube só. A Alemanha tem o reinado absoluto de um clube, o Bayern de Munique, que teve receitas de R$ 1,38 bilhão contra R$ 819 milhões do Borussia Dortmund em 2012-2013.

O fenômeno é idêntico ao da França. Lá, no entanto, o domínio do Paris Saint Germain é visto com ressalvas até pela Uefa, já que é movido por um dinheiro estranho ao futebol. O clube arrecadou R$ 1,23 bilhão, valor que o colocou como o quinto no ranking da Europa. No entanto, dois anos antes, sequer aparecia na lista dos 20 maiores arrecadadores. A subida é turbinada pelo investimento do qatari Nasser Al-Khelaifi.

A concentração de renda tem tornado a competição europeia cruel até para os tradicionais grandes da Itália. A esperança de futuro é o Juventus, que foi eliminado na fase de grupos da atual Liga dos Campeões.

O clube de Turim, após a construção de seu novo estádio, cresce muito mais do que os rivais do país. E a tabela do Campeonato Italiano já reflete a diferença crescente. O Juventus liderou o ranking de receitas na Itália com R$ 872 milhões de arrecadação contra R$ 843 milhões do Milan. A diferença não é tão grande, mas as receitas da Juventus cresceram 41% em relação à temporada anterior, enquanto o Milan ampliou o faturamento em apenas 3%. Enquanto isso, o Internazionale despenca. Arrecadou R$ 650 milhões na temporada 2011-2012. No último ano, caiu para R$ 550 milhões.

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segunda-feira, fevereiro 24, 2014

A sobrevivência dos treinadores do futebol paulista em 2014

Das 60 equipes que disputam as primeiras divisões do Campeonato Paulista, 22 trocaram de treinador. O que você pensa a respeito?

Eduardo Barros / Universidade do Futebol

Duas semanas antes do início do Paulistão, da Série A2 e da série A3 fiz uma busca dos treinadores que estariam à frente de cada uma das 60 equipes que disputam as três competições. A pesquisa foi facilitada pela publicação previamente divulgada pelo site Futebol Interior e os resultados podem ser observados logo abaixo:


Semanas depois, com nove rodadas concluídas do Paulistão, oito da Série A2 e seis da Série A3, a classificação atual das equipes (com uma simulação de um grupo único na série A1) é a seguinte:

Das 60 equipes, 22 já mudaram de treinador. Algumas das mudanças aconteceram dias antes da estreia. Na sequência, destacadas em vermelho, as equipes que já trocaram de comando e o respectivo treinador atual:

Já foi divulgado neste portal, pelo ex-colunista Cavinato, que a troca de comando durante a competição, estatisticamente, não está relacionada com a melhoria de performance da equipe. Como isto já é sabido, o objetivo da coluna é propor outras reflexões aos treinadores de futebol.

Como você se vê neste cenário? Das 60 equipes, 36,6% passaram por mudanças no comando em cerca de 50 dias de trabalho.

Você está preparado para trabalhar num mercado em que a instabilidade e a pressão são constantes?

Você está disposto a trabalhar num ambiente e a tentar transformá-lo para o crescimento da modalidade ou você é favorável ao contexto atual?

Esta semana, Ricardo Drubscky, ex-técnico do Criciúma, deu um excelente exemplo sobre como podemos nos posicionar em relação a uma atitude empírica, muitas vezes mal planejada e que contribui para o atraso do nosso futebol.

Porém, se um dia almejamos a mudança deste cenário, é necessário que compreendamos a realidade e que nos adaptemos para nos mantermos no mercado.

Pois, como disse um grande treinador de futebol, só poderemos mudar o cenário se estivermos inseridos nele. Para isso, hoje e sempre, precisaremos de vitórias. Contamos com você!

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sábado, fevereiro 22, 2014

Orlando Laitano, cientista e fisiologista do exercício

"A temperatura e o clima podem ajudar a seleção brasileira na Copa", aponta
Guilherme Yoshida

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Invisíveis ao olho humano, o calor e a umidade relativa do ar podem ser importantes armas da seleção brasileira na busca pelo título da Copa do Mundo de 2014. Isso porque o clima bem distinto do continente europeu pode atrapalhar algumas das equipes favoritas no Mundial.
A Copa das Confederações, disputada no meio do ano passado, foi um bom exemplo do que está por vir nos próximos meses de junho e julho no Brasil. Naquela ocasião, alguns jogadores, como os espanhóis, reclamaram do clima abafado de Fortaleza, uma das 12 sedes da competição. Já os ingleses elegeram Manaus como a grande vilã para os desacostumados com o clima.
Orlando Laitano, consultor do GSSI (Gatorade Sports Science Institute) e professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, de Pernambuco, explica que o mal-estar causado pela alta umidade relativa do ar de algumas cidades poderá dar uma vantagem à equipe brasileira em relação aos visitantes.
“Embora eles não estejam atualmente atuando em campos brasileiros, os jogadores da nossa seleção terão uma adaptação ao clima do país muito mais rápida do que os europeus que nunca vieram ao Brasil. O corpo é muito inteligente, e a célula tem uma memória que faz com que o tempo de reajuste ao clima brasileiro seja menor. Então, é claro que representa uma vantagem. Não somente aos atletas do Brasil, mas também para os países que já sejam adaptados ao calor”, aponta o cientista e fisiologista do exercício, em entrevista exclusiva à Universidade do Futebol.
Graduado em educação física, com doutorado em ciências do movimento humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e especialização em bioquímica e fisiologia do esporte pela Loughborough University, na Inglaterra, Orlando Laitano acrescentou ainda que a possibilidade de uma seleção jogar em um estado mais quente e depois em outro mais frio, pode interferir na qualidade dos jogos.
“Essa alteração brusca de clima pode influenciar até no ritmo dos jogos, que deverão ser mais lentos que os de outras Copas. O número de ações de alta intensidade vai diminuir dentro da partida e os jogadores vão entrar em um nível de fadiga de forma precoce”, completou.
Nesta entrevista, concedida diretamente de Pernambuco, o especialista ainda explicou sobre como o corpo humano reage quando é submetido ao calor excessivo e porque as paradas técnicas deveriam acontecer em todos os jogos e não somente no verão. Confira a íntegra:
Universidade do Futebol – Atualmente, há um debate sobre a disputa da Copa do Mundo no Qatar em um período que as temperaturas por lá superam os 40 graus. Quais os desafios que há em um jogo de futebol no calor? Como o corpo humano reage a esse calor durante uma atividade física de alta intensidade?
Orlando Laitano – Na verdade, há duas problemáticas com o jogo de futebol disputado sob um forte calor: o aumento da temperatura do corpo e a desidratação. No futebol, classificamos os movimentos como intermitentes, isto é, ações que tenham uma variação de intensidade. Não são contínuas. E, numa partida, há uma predominância de ações de alta intensidade com curtas durações.
Então, trata-se de um esporte de chamamos de metabolismo misto, em que há as exigências das capacidades anaeróbias, para ações mais intensas, e das capacidades aeróbias, para o deslocamento no campo durante os 90 minutos. Isso, inclusive, tornou-se um dos grandes desafios para os profissionais da preparação física dos clubes, que têm de se preocupar com essas duas valências de forma igual. Hoje em dia, também já se entende que é preciso uma preparação específica para cada jogador, pois o trabalho com um zagueiro não pode ser o mesmo de um atacante ou um lateral.
E por que isso? Porque o jogador precisa de contração muscular para correr dentro do jogo. No nosso organismo, a enzima ATP é quebrada dentro da célula muscular para liberar energia. Então, há essa demanda energética para fazer o músculo continuar capaz de se movimentar. E ela é feita por meio dos alimentos que o jogador consome. Por isso, a importância da nutrição esportiva atualmente.
Com isso, o nosso corpo transforma essa energia química em energia mecânica [na forma de movimento]. No entanto, nesta conversão, o corpo não consegue aproveitar os 100% dessa energia química, pois há uma perda neste processo. Há estudos que indicam que o corpo utiliza somente cerca de 40%, os outros 60% são transformados em calor para o corpo.
Isso significa que movimentar-se dentro de campo aumenta a temperatura do corpo. Independentemente do ambiente. Então, as corridas ou os sprints dos atletas produzem uma grande quantidade de calor. E se isso acontecer em um lugar de clima quente, haverá um ganho de calor para o corpo, gerando então uma sobrecarga térmica para o organismo do jogador.
Porém, como resposta deste cenário, o corpo recorre à via mais eficiente para a troca de calor com o ambiente: a evaporação do suor, justamente para que haja uma perda do calor e regule a temperatura do corpo. Mas, daí surge outro problema. O suor é produzido pelas glândulas sudoríparas. Estas, ao trabalharem, diminuem o volume do sangue no corpo durante o suor. Com isso, há uma menor capacidade de transportar nutrientes para o músculo.
Então, o único jeito de o jogador evitar esses efeitos é através da hidratação durante a partida. Isso reduz a magnitude do volume de sangue numa faixa fisiológica ideal.
Há questões, técnicas, táticas, emocionais, enfim, que também influenciam de forma direta o jogo. E o fator da adaptação ao clima é somente mais um deles, relaciona Orlando Laitano (à esq.)

Universidade do Futebol – A umidade relativa do ar tem alguma importância nesse cenário de ambiente muito quente?
Orlando Laitano – Tem total importância, apesar de poucos falarem sobre isso. É exatamente ela que determina o sucesso do suor do corpo. Quando há muitas moléculas de água num ambiente, o corpo vai continuar suando, mas não vai regular a sua temperatura, provocando fadiga, cansaço e até problema de pressão arterial nos jogadores. Isso porque em um ambiente muito úmido, o suor não evapora.
Então, quanto menor for a umidade relativa do ar, melhor será para a disputa de um jogo de futebol. No entanto, ela não pode ser muito baixa também, pois pode causar uma desidratação nos jogadores sem, às vezes, perceberem. O ideal é que, na hora do jogo, a umidade esteja entre 40% e 60%.
O problema é que a parada técnica é utilizada somente de forma subjetiva. Só a realizam quando há calor no local. Mas, deveria ter em todos os jogos disputados na temporada, afirma o cientista

Universidade do Futebol – Há alguma faixa de temperatura considerada ideal para a prática do futebol em alto nível?
Orlando Laitano – Em relação à temperatura do local do jogo, não há como estabelecer, pois isso depende muito mais da umidade relativa do ar. Portanto, é preciso sempre haver uma boa combinação entre temperatura em graus centígrados e umidade do ar para que a partida ocorra em boas condições.
Agora, quando a gente fala em temperatura do corpo do jogador, há algumas faixas consideradas ideais sim. A temperatura axilar, por exemplo, reflete a temperatura da pele. Ela é sempre mais baixa que a temperatura que chamamos de central, que obtemos através da medição retal ou intestinal.
No início do jogo, essa temperatura é próxima à fisiológica, que é de 37 graus. Mas, no segundo tempo, a temperatura central pode chegar a valores próximos a 39,5 graus. A temperatura do músculo pode atingir 40,5 graus. Estudos mostram que esses são os números considerados ideais.
Segundo Orlando Laitano, em jogos disputados à noite, a sobrecarga térmica sobre o corpo do é muito menor que em horários que haja os raios solares

Universidade do Futebol – Você vê alguma possibilidade de alteração no rendimento dos jogadores durante a Copa do Mundo no Brasil devido às diversas temperaturas que as equipes terão de enfrentar no decorrer da competição? Há seleções que jogarão em uma sede na qual estará calor e logo depois em outra com um clima mais frio...
Orlando Laitano – Essa Copa do Mundo no Brasil vai ser um grande desafio para as comissões técnicas das seleções que vão disputar a competição. Devido às características do Brasil, país com dimensões continentais, com uma grande variação de clima e de umidade relativa do ar.
O ideal é que as equipes tenham boas estratégias de aclimatação. No mínimo, duas semanas antes da partida para os atletas se adaptarem com o clima do lugar. É preciso também haver um planejamento de hidratação. E, quanto mais estas preparações forem individualizadas, melhores serão as respostas dos jogadores.
Essa alteração brusca de clima, inclusive, pode influenciar até no ritmo dos jogos, que deverão ser mais lentos que os de outras Copas. O número de ações de alta intensidade vai diminuir dentro da partida e os jogadores vão entrar em um nível de fadiga de forma precoce.
Então, uma seleção europeia, por exemplo, se for jogar em lugares como Norte ou Nordeste, vale mais a pena se aclimatar em uma cidade como Manaus. Mesmo que depois ela jogue em Porto Alegre, porque a capital gaúcha tem temperaturas mais próximas da Europa e não é preciso de uma adaptação com tanto tempo de antecedência.
Agora, o tempo de recuperação também será curto entre um jogo e o seguinte, o que é outro agravante para este cenário. Mas, que fico claro: o risco para a saúde do atleta é mínimo.
É preciso sempre haver uma boa combinação entre temperatura em graus centígrados e umidade do ar para que a partida ocorra em boas condições, explica o especialista

Universidade do Futebol – A chamada parada técnica, na qual os jogadores aproveitam para fazer a hidratação do corpo, é o suficiente para tal objetivo? Quais bebidas ou nutrientes são ideais para repor o que o jogador perde durante uma partida?
Orlando Laitano – Essa parada técnica é sempre muito bem-vinda. Durante a partida, o jogador de futebol não tem tempo ou espaço para fazer a hidratação, a não ser quando ele vai para o intervalo. É diferente, por exemplo, do que acontece no ciclismo, em que o atleta carrega garrafinha de água, gel de carboidrato, e faz o consumo durante a prova.
O problema é que a parada técnica é utilizada somente de forma subjetiva. Só a realizam quando há calor no local. Mas, deveria ter em todos os jogos disputados na temporada.
Agora, em relação ao que beber durante essas paralisações, é simples. Tem muito produto no mercado com promessas mirabolantes de reposição de nutrientes e etc, mas que não servem para essa finalidade. A comissão técnica tem de ser objetiva, repor o que o jogador perde na partida.
E o que ele perde? O suor contém água e eletrólitos, ou também chamados de sais minerais. Então, tem de fazer a reposição desses elementos e mais nada. Além disso, o consumo de carboidratos também seria ideal, pois ele é um combustível para o músculo.
O suor contém água e eletrólitos, ou também chamados de sais minerais. Então, tem de fazer a reposição desses elementos e mais nada. Além disso, o consumo de carboidratos também seria ideal nas paradas técnicas, pois ele é um combustível para o músculo, diz

Universidade do Futebol – Jogar à noite faz alguma diferença para o corpo do jogador profissional em termos de desidratação ou hipertermia?
Orlando Laitano – Faz sim. Jogando à noite, o jogador não está exposto diretamente à irradiação do Sol. No período noturno, há somente uma irradiação indireta. Então, a sobrecarga térmica sobre o corpo do é muito menor em horários que não haja os raios solares.
Dentro de um cenário de clima quente, jogar à noite elimina um dos fatores que contribuem para a desidratação do jogador. Mas veja, mesmo assim, haverá a sobrecarga térmica, porém com um efeito menor.
A análise dos marcadores sanguíneos não pode ser a única forma de critério para tirar ou colocar o atleta na próxima partida. Tem de saber traduzir essa informação, analisa Orlando Laitano

Universidade do Futebol – Os jogadores da seleção brasileira, apesar de a maioria atuar no exterior atualmente, podem levar alguma vantagem por estarem mais adaptados ao clima do Brasil?
Orlando Laitano – Sim, podem sim. Embora eles não estejam atualmente atuando em campos brasileiros, os jogadores da nossa seleção terão uma adaptação ao clima do país muito mais rápida do que os europeus que nunca vieram ao Brasil.
O corpo é muito inteligente, e a célula tem uma memória que faz com que o tempo de reajuste ao clima brasileiro seja menor. Então, é claro que representa uma vantagem. Não somente aos atletas do Brasil, mas também para os países que já sejam adaptados ao calor.
Contudo, é preciso ressaltar que isso é apenas uma pequena vantagem dentro de um cenário complexo que é o jogo de futebol. Há questões, técnicas, táticas, emocionais, enfim, que também influenciam de forma direta o jogo. E o fator da adaptação ao clima é somente mais um deles.
Então, quanto menor for a umidade relativa do ar, melhor será para a disputa de um jogo de futebol. O ideal é que, na hora do jogo, a umidade esteja entre 40% e 60%, orienta ele

Universidade do Futebol – Qual a real importância dos marcadores sanguíneos na indicação de nível de lesão, estado de hidratação, condição de fadiga e desgaste muscular de um atleta de futebol?
Orlando Laitano – Costumo dizer que a ciência e a tecnologia estão à disposição de todos. A diferença é como você as utiliza, é o que você faz com as informações que elas te fornecem. A forma como eu interpreto essa informação e como eu faço a sua aplicação na rotina de um jogador é muito mais importante.
A análise dos marcadores sanguíneos não pode ser a única forma de critério para tirar ou colocar o atleta na próxima partida. Tem de saber traduzir essa informação.
Então, esses marcadores são bem-vindos, mas tem de haver um preparo por parte dos profissionais envolvidos para, aí sim, este método resultar no melhor desempenho do jogador.

Universidade do Futebol – De que modo vêm sendo conduzidas as detecções de talento com base em análise genômica? No atual momento em que a ciência genética se aplica ao esporte, é possível ter um parâmetro seguro sobre isso?
Orlando Laitano – Não. Acredito que em relação à identificação e detecção de talento, não acredito não. Havia uma expectativa de se criar a possibilidade de se prever um talento por sua capacidade, por uma pré-disposição, mas é muito pouco para você se basear.
Acho que, com a análise genômica, é possível detectar, por exemplo, jogadores que tenham uma pré-disposição para lesões, para treinamentos mais intensos, ou para recuperações mais rápidas. Mas, não para identificar talento.
A detecção de talento envolve uma interação complexa entre muitos genes, o futebol depende de uma série de fatores. O jogo tem se tornado cada vez mais físico, mas ele também é um jogo de xadrez. Exige do jogador uma capacidade de leitura do jogo muito grande.
Então, não dá para se basear apenas com os genes conhecidos atualmente. Diferentemente da detecção de atletas velocistas, nadadores, que possuem habilidades mais fechadas. Penso ser mais difícil usar a genética para esportes coletivos. 
Mais do que um bioquímico em um departamento de futebol profissional, há a necessidade de uma melhora na educação do jogador. Para assim, ele entender que a ciência do esporte pode influenciar a vida dele, afirma o profissional

Universidade do Futebol – Como você enxerga a inserção do bioquímico no ambiente de um departamento de futebol profissional, em se considerando a necessidade de um trabalho interdisciplinar?
Orlando Laitano – O meio do futebol é um pouco atrasado em relação à ciência. Ainda se escuta muita coisa ultrapassada, é muito empirismo. E, e alguma forma, o jogador brasileiro sempre se valeu pelo talento dentro de campo.
Acho que é preciso, primeiramente, iniciar uma mudança nas categorias de base, nas escolinhas de futebol, começar a implantar a necessidade do conhecimento para a prática do esporte. Conhecer o próprio corpo, uma nova cultura para que o atleta entenda a importância do corpo dele quando chegar ao time profissional.
Mas, ainda estamos longe do ideal. O que adianta o jogador ter a melhor avaliação física, o melhor CK, se ele não entende a importância disso dentro da complexidade do esporte.
Acho que, mais do que um bioquímico em um departamento de futebol profissional, há a necessidade de uma melhora na educação do jogador. Para assim, ele entender que a ciência do esporte pode influenciar a vida dele. Mas, para isso, ele precisa ser educado a essa nova cultura.
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sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Fluminense fecha parceria e amplia vantagens a sócios

Atualmente, o clube do Rio de Janeiro tem cerca de 22 mil associados e está em 10º no "torcedômetro" da Ambev
Equipe Universidade do Futebol


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O Fluminense aumentou a quantidade de benefícios aos sócios-torcedores, por meio de uma parceria com a CNV, agência que, com sua rede credenciada, consegue dar benefícios, descontos, ofertas, promoções e compras dentro e fora do Brasil aos associados.

A CNV vai prover 10.800 convênios nos segmentos de educação, com creches, escolas, cursos e universidades; saúde, com médicos, dentistas, farmácias, clínicas, laboratórios e terapias; bem-estar, com academias, salões de beleza, tratamento estético e vestuário; fora hotéis, agências de viagens, restaurantes, bares, manutenção e aluguel de veículos, compras online, seguros e mobiliário.

As informações sobre os benefícios podem ser encontradas no site da parceria. Hoje, o Fluminense tem cerca de 22 mil filiados e está em 10º no "torcedômetro" da Ambev. As vantagens geradas por esta nova parceria, inclusive, somam-se aos descontos que o grupo de empresas coordenado pela cervejaria dá aos associados.

"Nosso objetivo é tornar a carteira de sócios ainda mais presente no dia a dia dos tricolores. Com uma rede de benefícios abrangente, o Fluminense passará a fazer parte de mais etapas da vida do torcedor, ampliando a visão do que é o relacionamento com a nossa marca", resume Lucas Sodré, coordenador de projetos e produtos do clube.

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Endividamento dos clubes de futebol: o fantasma a ser combatido

Gustavo Lopes Pires de Souza / Universidade do Futebol

Não há mais espaço para amadorismo no futebol e da forma que as dívidas caminham a insustentabilidade está próxima

Entra ano e sai ano os noticiários esportivos são invadidos com estudos e pareceres apontando o ranking das dívidas dos clubes. Além disso, invariavelmente, clubes tem rendas ou outros créditos bloqueados pela Justiça.

As razões deste descontrole financeiro são muitas, desde administrações amadoras, passando pelos riscos de qualquer negócio e desembocando no excesso de tributos no Brasil.

Independente do passado dos clubes, é imprescindível olhar para a frente criando gestões profissionais que relacionem tecnicamente questões financeiras e busca por resultado desportivo.

Na década de 90, Espanha e Portugal, por meio de lei, criaram as SADs (Sociedades Anônimas Desportivas) de forma que o passivo anterior fosse reestruturado e os clubes recomeçassem do zero.

A ideia seria “apagar” os erros do período pré profissional e permitir que os clubes fossem geridos como verdadeiras empresas sujeitas, inclusive à falência ou à proibição de disputar competições em virtude das dívidas.

Entretanto, cerca de vinte anos depois, muitos dos clubes voltaram a atrasar salários e se endividar e as entidades esportivas e Governo voltaram a debater soluções.

Tratar os clubes de futebol como meras empresas em um país como o Brasil, que respira futebol, não seria adequado, eis que envolve muita paixão.

Imagine as repercussões da falência de equipes como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Atlético Mineiro, Palmeiras ou Vasco da Gama.

Dessa forma, Poder Público, clubes e CBF devem estabelecer um programa de recuperação financeira dos clubes priorizando os débitos trabalhistas e a pontualidade dos pagamentos futuros condicionando-se a participação nas competições ao adimplemento das obrigações.

Não há mais espaço para amadorismo no futebol e da forma que as dívidas caminham a insustentabilidade está próxima, o que pode trazer prejuízos inimagináveis, eis que o esporte é a força motriz para a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, fora a sua função social e recreativa.

A tarefa de combater o “fantasma do endividamento” não é fácil, tanto é que Espanha e Portugal não tiveram o sucesso almejado.

Diante de tudo, medidas devem ser tomadas com celeridade antes que seja tarde.

Tags: administração , gestão , endividamento , dívidas , receitas , clubes , dirigentes , créditos financeiro