Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, julho 30, 2012

UEFA.technician - O que é preciso para ser treinador?

por Mark Chaplin
de Nyon

A mais recente edição da publicação oficial dos treinadores, a UEFA.technician, analisa as implicações da carreira, e de como não se trata de um trabalho normal, mas sim de uma opção de vida.

UEFA.technician - O que é preciso para ser treinador?

O seleccionador de Espanha, Vicente del Bosque, com o troféu de vencedor do UEFA EURO 2012 ©Getty Images

 

Querem ser treinadores profissionais? A UEFA tem colocado esta questão ao longo dos últimos meses aos alunos participantes nos inovadores cursos “Pro Student Exchange”. Os participantes são confrontados com uma série de questões que os fazem reflectir sobre as vantagens mas também sobre os inconvenientes de uma profissão de grande desgaste.

A mais recente edição da publicação oficial dos treinadores, a UEFA.technician, analisa as implicações de Treinadoresuma carreira de treinador de futebol, e de como não é um trabalho normal, mas sim de uma opção de vida.

Na sua coluna de opinião, o director técnico da UEFA, Andy Roxburgh, recorda a questão colocada aos alunos dos cursos “Pro Student Exchange” pelo famoso treinador inglês Howard Wilkinson: "São obcecados por isto [ser treinador] e estão prontos para dedicar as vossas vidas a esta profissão?"

Roxburgh destaca a exigência que é colocada aos treinadores profissionais e a forma como pode colocar em perigo o bem-estar pessoal e a vida familiar, devido às exigências dos jogadores, imprensa, patrocinadores e dirigentes. "No futebol profissional", explica, "a lista de obrigações é exigente, mas é a pressão que provoca um desgaste maior. A exigência permanente de resultados, a pressão dos relacionamentos com jogadores de elite, a ansiedade de tentar satisfazer a curiosidade da imprensa e as dificuldades criadas pelas grandes restrições de tempo, situações de crise, agentes perturbadores e proprietários poderosos deixam marcas profundas."

Não obstante, Roxburgh reconhece que para a maioria dos treinadores de topo, as vantagens compensam os inconvenientes. E para os alunos da UEFA que estão a começar a profissão, tudo se irá tornar claro a curto prazo. "É um trabalho que rapidamente se transforma num modo de vida."

Depois de entrarem na profissão, os treinadores rapidamente evoluem e amadurecem, como técnicos e como pessoas. A UEFA.technician analisa a forma como muitos dos grandes treinadores evoluíram com a formação, experiência profissional e os conselhos preciosos dos seus mestres rumo ao topo da profissão. Para além disso, os treinadores não têm necessariamente de ter sido grandes jogadores, com o português José Mourinho a ser apontado como um dos melhores exemplos nesta área, mas todos contam com experiências de vida importante e com as qualidades e características pessoais que os tornaram técnicos de sucesso.

"É uma combinação de formação de treinadores, pratica da modalidade, orientar equipas, realizar contactos, recorrer a mentores e trabalhar com pessoas de futebol que permite formar um treinador completo", explicou Roxburgh.

"Os treinadores também precisam saber treinar, ensinar, gerir, liderar, aprender, comunicar, organizar, planear, preparar, analisar e escolher. Mas isto não é suficiente, como explicou recentemente num encontro de treinadores da UEFA Vicente del Bosque, o treinador campeão do Mundo e da Europa pela Espanha: "Estão perdidos se apenas perceberem de futebol. Os grandes treinadores, como José Mourinho, Alex Ferguson e muitos outros, sabem de futebol, mas também conhecem a vida."

O futebol feminino está em grande crescimento na Europa e a UEFA.technician também dedica atenção ao treino das mulheres. Duas especialistas muito conceituadas Tine Theune, antiga seleccionador da Alemanha e três vezes campeã da Europa, e Anna Signeul, actual treinadora da Escócia, contribuem com uma perspectiva fascinante sobre o estado actual do treino no feminino e a evolução permanente em termos tácticos e técnicos que se verifica nesta área.

Os dois observadores técnicos que estiveram recentemente na fase final do Campeonato da Europa de Sub-17 na Eslovénia, Mathie Ross e John Peacock, analisam a evolução do futebol jovem, especialmente sobre a tentativa de encontrar um equilíbrio entre criar uma mentalidade vencedora nas equipas dos escalões jovens e a necessidade de privilegiar a formação e crescimento dos jogadores em detrimentos dos resultados.

Finalmente, a UEFA.technician felicita os treinadores que atingiram as finais das competições europeias de clubes e de selecções na época de 2011/12.

A UEFA.technician permite uma visão fascinante do mundo dos treinadores, da formação e desenvolvimento de técnicos e as perspectivas e filosofias dos treinadores mais importantes.

.

domingo, julho 29, 2012

BB cria ação de emboscada em voo para Londres

BB cria ação de emboscada em voo para Londres

 
ERICH BETING
Da Máquina do Esporte, Em Londres, Inglaterra*

O Banco do Brasil conseguiu pegar carona na popularidade da seleção brasileira de vôlei e na dupla Robert Scheidt e Rodrigo Prada, do iatismo, para fazer uma ação de marketing de emboscada relacionada aos Jogos Olímpicos de Londres.

 

No voo que levou a equipe da Máquina do Esporte para a cidade-sede dos Jogos Olímpicos, na última sexta-feira, um panfleto da instituição financeira foi distribuído aos passageiros com um convite do banco para “vestir a camisa” e torcer pelos atletas brasileiros (veja foto ao lado).

 

Com a foto de Scheidt e Prada na capa com a inscrição #vesteacamisa, e do time feminino de vôlei de quadra, atual campeão olímpico, nas páginas centrais do material, o folheto convida o brasileiro a visitar olounge montado pelo banco em Londres.

 

O espaço oferece serviços bancários para os correntistas do Banco do Brasil e também informa que exibirá as “competições esportivas pela TV”. Como não é patrocinador dos Jogos de Londres (o Lloyds Bank é o patrocinador da categoria de instituição financeira), o BB não pode usar os termos referentes à competição.

 

Com isso, o banco usou as imagens de seus patrocinados que têm mais chances de medalha, além do termo “competições esportivas” para referir-se aos Jogos Olímpico. O folheto informativo, inclusive, reforça a realização das Olimpíadas, mas sem fazer referência que fira os direitos exclusivos dos patrocinadores oficiais da competição.

 

A última frase do material é: “Vestir a camisa é torcer junto com você. Será um prazer receber você durante as competições esportivas em Londres”.

 

O BB também terá fazer uso do marketing de emboscada para se promover nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. O concorrente Bradesco é o detentor da cota de patrocínio para a área de instituição financeira e, assim, único autorizado a usar expressões como Rio-2016, Olimpíadas e Jogos Olímpicos, entre outras.

 

*O repórter viaja a convite da Adidas

 

.

sábado, julho 28, 2012

O olimpismo: uma lição de vida?

O uso dele como contra-poder ao poder das taras dominantes, como foco irradiador de um mundo novo, que tente erradicar da face da Terra um individualismo sinónimo do mais empedernido egoísmo
Manuel Sérgio / Universidade do Futebol

Olimpíadas - selo

Depois da modernidade, poderá dizer-se, na esteira de Wittgenstein, que já se acumulou tanto conhecimento sobre o mundo e afinal está por criar uma sabedoria que nos ensine a viver. O Desporto surgiu, no século XIX, com inspiração elevada, como sabedoria de vida, através do olimpismo que Coubertin idealizou. Não há teórico, que se adentre nesta matéria, que não se confesse devedor ao pioneirismo deste aristocrata francês, discípulo do cónego Thomas Arnold e da filosofia moral tipicamente anglo-saxónica. Por outras palavras, eles dizem-lhe o que Dante disse de Vergílio: “Tu duca, tu signore e tu maestro”. 

Em Les Assises Philosophiques de l’Olimpisme Moderne, que reproduz o texto de uma mensagem radiodifundida em 1935, Coubertin resume, em cinco pontos, a ideologia do olimpismo:

- O olimpismo é uma religião, a célebre religio athletae: “Cinzelando o seu corpo, pelo exercício, como o faz o escultor de uma estátua, o atleta antigo honrava os deuses. Fazendo o mesmo, o atleta moderno exalta a sua pátria, a sua raça, a sua bandeira”;

- O olimpismo supõe uma aristocracia dos atletas que compõem uma  elite baseada democraticamente na igualdade de oportunidades. Aqui se situa a famosa sentença: “Para que cem se entreguem à cultura física, importa que cinquenta pratiquem desporto; para que cinquenta pratiquem desporto, é preciso que vinte se especializem; para que vinte se especializem, bem é que cinco sejam capazes de surpreendentes proezas”.

- “Mas ser uma elite não basta, é preciso que esta elite seja uma  cavalaria”. E prossegue: “Mas ser uma elite não chega; é preciso ainda que essa elite seja uma cavalaria. Os cavaleiros são, antes de tudo, irmãos de armas, homens corajosos, enérgicos, unidos por um vínculo mais forte do que o da simples camaradagem”. O fair play é a sua regra.

- A ideia de trégua, “de generosa e pacífica emulação”.

- O culto da beleza. E assim os Jogos, com um suplemento artístico, ampliariam o seu projecto-esperança à complexidade humana.

Força é convir que, para 1935, as declarações de Coubertin não se revestiam de qualquer assomo de novidade. Elas reflectiam o espírito do tempo. Era então moda afirmar-se que a cultura física criava homens novos, de esplendorosas qualidades humanas. Recordo a minha leitura do livro de Houston Stewart Chamberlain, La Genèse du dix-neuvième siècle (tradução do alemão). Tratava-se de um livro de inspiração pangermanista, cuja tese rácica defendia que tudo o que na Europa havia de admirável, após o caos étnico da queda do Império Romano, era obra da raça pura dos germanos, dada a uma corajosa vida ao ar livre onde os jogos guerreiros predominavam.

O nacional-socialismo alemão tinha, neste livro, o seu “evangelho”. Mas já, anteriormente, outros escritores alemães, como Woltmam e C. Newman, tinham procurado explicar o Renascimento, com a infiltração do “fresco sangue germânico”.

 

 

Na minha pouquidade, sempre discordei, nas aulas que leccionei, no ensino público (e lecciono, hoje, no ensino privado), que a cultura física (e o desporto), por si só, fosse o factor de transformação individual e social. Já em finais da década de 60 eu sabia que qualquer fenómeno histórico resulta de uma complexidade de factores, agentes, ocorrências, condicionalismos. Na Revue des Deux Mondes (Février de 1902), em artigo intitulado «A força nacional do desporto », escreveu Coubertin : « O utilitarismo é a corrente dominante, na época que atravessamos”. E é mister que o Desporto nele se integre, “em nome das concorrências democráticas e do struggle for life”. Na Revue Universitaire (de 15 de Maio de 1892), não tergiversa: “Para mim, o verdadeiro herói olímpico é o adulto macho individual”. Como negar que Pierre de Coubertin procurou penetrar, no desporto, em determinado momento da sua vida, a corrente utilitarista inglesa?...

O utilitarismo clássico é obra, principalmente, de três filósofos: Jeremy Bentham (1748-1832), que escreveu An Introduction to the Principles of Morals and Legislation; John Stuart Mill (1806-1873), que deu à estampa On Liberty e Utilitarianism; e ainda Henry Sidgwick (1838-1900), que publicou The methods of Ethics. Segundo Gilbert Hottois, na sua História da Filosofia – da Renascença à Pós-Modernidade (tradução portuguesa do Instituto Piaget, 2003): “O utilitarismo inscreve-se na grande tradição do empirismo inglês, tanto do ponto de vista da concepção do mundo, da teoria do conhecimento, como do interesse crítico em relação ao político (...).

O utilitarismo só pode compreender-se com o desenvolvimento da Economia, que floresce em França e, mais ainda, na Inglaterra, a partir da segunda metade do século XVIII e no início do século XIX (Adam Smith e David Ricardo). A economia política, então ortantes do pensamento moderno e contemporâneo” (pp. 189 ss.). Adam Smith, no seu célebre An enquire into the nature and causes of the wealth of nations, não vislumbra assomo de contradição na articulação entre os interesses individuais e os colectivos, numa sociedade onde a oferta e a procura possam actuar livremente, num mercado sem entraves.

Quem não vê, aqui, o liberalismo que Karl Marx meteu a ridículo? Ninguém contesta que o proletariado, no sentido que Marx deu à palavra, não existe já. Mas a extensão do poder do Estado, como hoje se verifica, não significa também, mesmo sem o subtil exercício dialéctico de alguns “fazedores de opinião”, que o neoliberalismo é, cada vez para mais gente, um venenoso perfume? Mas .continuemos a resumir a filosofia do utilitarismo:

- A moral é uma disciplina empírica. O que é bem ou o que é mal é a  experiência a dizê-lo e não qualquer dedução, a partir de princípios.

- Os valores não são transcendentes. No utilitarismo, queimam-se  grãos de incenso ao relativismo cultural e histórico dos valores.

- São as ciências da natureza que permitem um cálculo rigoroso,  visando maximizar a felicidade e minimizar a infelicidade.

- Os actos avaliam-se, não pela pureza interior da intenção, mas pelas consequências que provocaram. Se tomarmos à letra a famosa distinção de Max Weber, entre ética da responsabilidade e ética da convicção, o utilitarismo assume declaradamente a primeira.

- Tendo Hume (1711-1776), o empirista e o agnóstico (e amigo íntimo de Adam Smith), como seu ascendente, o utilitarismo defende uma ética constatativa, uma ética do ser, do dado, do facto e não uma ética do dever-ser, do direito, da razão. Em Hume são as emoções, as paixões a grande fundamentação da ética. Ética do utilitarismo, precursora da de Bentham? Acima do mais, nascia a ética burguesa.

Ainda sobre David Hume, será de realçar que se trata de um filósofo atual: os representantes da fenomenologia, do neopositivismo e dos funcionalismos de vária ordem continuam a reclamar-se da sua paternidade. Porque o secularismo, o agnosticismo, o naturalismo e todas as reminiscências da religião das Luzes são hoje aceites e aprofundadas, por muitos homens da ciência e da política. John Stuart Mill, no seu Ensaio sobre a Liberdade, anuncia os primeiros clarões do liberalismo democrático: “O único objectivo pelo qual a força pode ser exercida legitimamente, em relação a um membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é com vista a impedi-lo ser nocivo aos outros”. Em que muito pese ao fundamentalismo socialista, o utilitarismo contribuiu ao reconhecimento dos Direitos do Homem, suas liberdades e garantias.

 

Mas o excesso de individualismo, uma declarada alergia ao papel do Estado na Educação, na Saúde, na Justiça, na Segurança, nas Finanças, no Trabalho, etc., deixaram os marginalizados, os excluídos, incapazes de entrar na competição em que o liberalismo (que é um capitalismo liberal) se movimenta. Poderíamos lembrar, a propósito, o darwinismo social que assenta na luta pela vida e no triunfo do mais forte, ou do mais apto, como expressão de efectivo progresso. Era a Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, no acto de gestação da democracia liberal e Pierre de Coubertin (1863-1937) olhava, para este sistema económico-político, com um sorriso de amena cumplicidade.

E, assim como o “homem livre”, segundo o Platão das Leis, deveria “viver, recreando-se, através de certos jogos e outras diversões”, sem alguma vez trabalhar – também o fair-play significa que são os nobres e a burguesia endinheirada os desportistas a que Coubertin se referia, por convicção própria, ou para escapar à ferina galhofa dos “desportistas” que o rodeavam. Para Coubertin, não existia senão um só Desporto, mas uma diferença insanável dividia, no dealbar do século XX, os desportos nobres (a equitação, a esgrima, o remo), praticados pelos “amadores”, que dispunham de ócio, e os outros desportos, onde os proletários e os camponeses auferiam algum dinheiro. Na vasta trajectória histórica do olimpismo, é de não esquecer o que aconteceu a Jim Thorpe que, nos Jogos de Estocolmo (1912), perdeu as medalhas ganhas, no atletismo, porque era profissional como jogador de baseball. Ele era índio, cumpria as suas tarefas agrícolas, com os vagares de quem é dono do seu tempo, mas o dinheiro era escasso.

Ser profissional de baseball arrancou-o à miséria. Em Estocolmo, o rei Gustavo V, maravilhado com o desempenho do Jim Thorpe, desceu ao terreno, segurou-lhe as duas mãos e, em voz emocionada, exclamou: “Você é o maior atleta do Mundo!”. Era, de facto, o maior atleta do Mundo e um homem, dizem, de trato fraterno e de saudável exuberância. Mas não era um gentleman...

José María Cagigal, no seu livro Oh! Deporte (anatomia de um gigante) editado em 1981, pela Miñon S.A., de Valladolid, reproduz o conceito de amador do Amatheur ,Athletic Club: “É amador o gentleman que nunca participou numa competição pública; que nunca defrontou profissionais, tendo recebido dinheiro por isso; que nunca foi professor, ou monitor, remunerado de exercícios deste jaez; que não seja operário, artesão ou jornaleiro”. Esta definição manteve-se até 1880, data em que a última clásula (ser operário, artesão ou jornaleiro) foi extirpada. Cagigal, no mesmo livro, sustenta que eram os companheiros de Coubertin os que deitavam um breve e desdenhoso aceno ao desporto profissional e não o criador do olimpismo moderno. De facto, trinta e cinco anos depois, Coubertin desabafava, nas suas Memórias Olímpicas: “Sempre o amadorismo! (...) Hoje, posso afirmar, francamente, que este assunto nunca me importou (...).

Vendo o interesse que lhe dedicavam os meios desportivos, dediquei-lhe a máxima atenção, mas sem grande convicção. O meu conceito de Desporto sempre se distinguiu de um grande número, talvez a maior parte, dos desportistas. Para mim, o Desporto é uma religião com igreja, dogmas, culto, mas sobretudo com sentimento religioso e, por isso, parecia-me tão pueril condenar o desportista que recebesse algum dinheiro pela prática do Desporto, como condenar, como incrédulo, o sacristão da paróquia porque tem um vencimento, para assegurar o serviço do santuário” (Publicaciones – Comité Olímpico Español, 1965, pp. 108 ss.). A cultura ocidental, vivendo sempre do sangue tumultuoso de novas experiências, distingue-se das demais culturas principalmente pelo seu grau de secularização... que eu defendo, embora ancião, com fogosa irrequietude. E por quê? Porque as demais culturas se colocam antes e por cima da condição humana. “ É aqui que a ilusão cultural provoca os maiores estragos: quando acreditamos que somos humanos apenas porque temos uma cultura e não por natureza, sempre que encerramos a dignidade do Homem na sua origem étnica, religiosa, nacional ou imperial. Deixamos então de entender a palavra cultura como um aperfeiçoamento livre de nós próprios, mas como uma entrega da consciência a um primado determinista” (Jérôme Bindé, Para onde vão os Valores?, Instituto Piaget, Lisboa, 2006, p. 60).

Podemos admitir então que Pierre de Coubertin desdenhou, por fim, a sociedade vertical, classista e hierárquica da Inglaterra vitoriana? Julgo que não! Ela perdura na composição dos vários COI’s, constelados de fidalgos e de nomes da alta burguesia... europeus! Depois, o facto de o olimpismo se apresentar como religião tal significa, como o assevera o Dalai-Lama, uma crença “que tem como um dos seus principais aspectos a aceitação de alguma forma de realidade metafísica ou sobrenatural, incluindo possivelmente uma idéia de paraíso ou nirvana” (Uma Ética para o Novo Milénio, Sextante, Rio de Janeiro, 2000). E aqui a metafísica ou a espiritualidade residem na Pátria, na Raça, na Bandeira, como vimos acima e, como em todas as religiões, na hierarquia que as proclama e as explica.

A linguagem habitualmente turibular com que o COI é incensado diz-nos que o culto da personalidade nele habita, como afinal nas demais religiões. Mas também a alta competição faz regressar, inevitavelmente, o utilitarismo que é, bem vistas as coisas, a filosofia do liberalismo e ainda um fair-play de clamorosa insensibilidade. Neste passo, transcrevo um texto do escritor brasileiro Rubem Alves, sobre os Jogos Olímpicos: “São um evento assombroso. Começa com aquela festa linda, comovente, festa de fraternidade e de paz. Norte-americanos e iraquianos desfilaram no mesmo desfile, sem que Bush tentasse matar os atletas do Iraque, como terroristas disfarçados. Ele estava jogando golfe. O grande símbolo: uma oliveira cheia de folhas! Dizem os poemas sagrados que a pomba que Noé soltou ao final do dilúvio voltou com um ramo de oliveira no bico. Que bom que seria se aquela oliveira anunciasse o fim do dilúvio de loucuras bélicas, que está destruindo o mundo! Algumas dessas festas ficam inesquecíveis.

Lembro-me do ursinho que marcou as Olimpíadas de Moscou. No encerramento, o ursinho chorou: lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Sei muito bem que o urso não tem rosto, urso tem é focinho, mas seria feio dizer: lágrimas escorriam pelo seu focinho. Do jeito como as coisas vão, em breve se dirá que os bichos têm rosto e os homens têm focinho. Aí chega o primeiro dia. Vai-se a fraternidade. Agora é briga. Briga pelo pódio. O pódio é motivo de briga. Nas Olimpíadas não há lugar para fraternidade, porque fraternidade significa todo mundo junto brincando de roda e nos Jogos Olímpicos não há cantigas de roda. No pódio só cabem três. Cada atleta quer mesmo é que o outro se dane. Ah! A suprema felicidade do velocista dos cem metros, quando sabe que o recordista baixou no hospital acometido de uma súbita cólica renal, na véspera das finais. E as ginastas rezam, enquanto as adversárias executam os seus números: Tomara que ela escorregue...” (ostra feliz não faz pérola, Planeta, São Paulo, 2008, p. 141).

 

 

Não sei se do legado literário que Coubertin nos deixou não possa fazer-se o resumo seguinte:

- O olimpismo é uma religião, um livre acto de consciência, responsavelmente assumido.

- O atleta olímpico faz parte de uma elite que resulta da igualdade de oportunidades.

- O olimpismo revivesce nos ideais de cavalaria, porque pretende reabilitar a coragem ao serviço de uma espiritualidade que lhe dá sentido.

- A trégua olímpica há-de reflectir um homem, fisica e psicologicamente ágil e forte, capaz de converter-se e de converter os outros à causa da Paz. Só os fortes constróem a Paz.

- O olimpismo, embora não queira crucificar a vida na cruz do conceito (acusação de Garaudy a Platão, no seu livro Palavra de Homem) não esquece que estará para breve o colapso do Desporto, se este não assumir os vários domínios da vida humana, incluindo a literatura e os outros meios de comunicação artística.

Só que o individualismo (e, por extensão, a alta competição) forma o código genético da filosofia utilitarista e da democracia neoliberal, em que estamos imersos. Faço minhas as palavras do Prof. Carlos Diáz, na sua Breve historia de la filosofía (Encuentro Ediciones, Madrid, 2002): 

“La posmodernidad se mueve a gusto en lo que llama egoísmo asociativo, individualismo responsable o simplemente ética de los negocios. Buena ética, hacer buenos negocios, good ethics make good business, la bonne affaire de l’éthique y otros eslóganes similares abundan por Europa” (p. 260). A crise financeira que se abateu sobre o mundo todo mostrou que não há mesmo ética nos negócios. Até por esta razão muito simples: se o neoliberalismo rejeita, como discurso infecto ou bafiento, qualquer anseio totalizante e solidário do mundo social, tudo é visto de forma a reafirmar-se a autoridade indiscutível do capital sobre o trabalho e o seu direito a gerir e a governar a produção social das riquezas.

Um outro ponto me interessa salientar: o mercado apresenta-se, hoje, como o fundamento fiável da democracia e, assim, a política desliza para infrapolítica onde as preocupações com o bem comum são olhadas com um olhar lateral. A política como forma exigente de viver um compromisso sério, ao serviço dos outros, designadamente os mais necessitados, é bandeira que o neoliberalismo dificilmente desfralda.

Aqui, poderá levantar-se o olimpismo como contra-poder ao poder das taras dominantes, como foco irradiador de um mundo novo, que tente erradicar da face da Terra um individualismo sinónimo do mais empedernido egoísmo. Foi isso o que Coubertin tentou fazer, embora a “episteme” do seu tempo e as marcas de classe da sua prática. Façamos, com o espírito de Coubertin, o que Coubertin não podia, não sabia fazer...


*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

.

quinta-feira, julho 26, 2012

O que seria do futebol sem a televisão?

Logo Observatório da Imprensa

Por Valério Cruz Brittos e Anderson David Gomes dos Santos

Em meio a discussões sobre o quanto o futebol pode ter perdido os elementos de paixão característicos, ou seja, “desprezando” os torcedores através do aumento da característica mercantil no jogo, com uma espécie de “elitização” nas arquibancadas, a pergunta que fica sempre é: por que os clubes não abandonam isso e tomam conta das suas ações, tornando-se independentes das ordens da televisão, que paga os direitos de imagem das partidas, por exemplo?

Primeiro, é necessário reparar que não é tão simples assim. Até mesmo porque não se trata de algo momentâneo, mas constitui todo um processo histórico que fez com que o esporte estivesse incluso numa espécie de “complexo econômico-cultural-esportivo-midiático”.

A mercantilização adentrou outros campos sociais com mais força a partir da década de 1970, refletindo um momento de liberalização econômica que vai atingir também o setor comunicacional em todo o mundo – por mais que no Brasil a comunicação, de forma geral, já fosse liberal desde o berço. Além disso, é o período de estabilização da indústria cultural, com a televisão como principal meio de comunicação, como elemento fundamental para publicizar mercadorias e propagar ideias, passando a infocomunicação a fazer parte da estrutura que conforma a sociedade capitalista, como o comprova o capital financeiro.

Fim de barreiras de mercado

Também é nesta década que, no âmbito das transmissões esportivas, há a primeira transmissão a cores de uma Copa do Mundo de futebol para países das Américas e da Europa: em 1970, no México. João Havelange é eleito presidente da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) em 1974 e se propõe a expandir o futebol, enquanto símbolo do nacionalismo, para outros continentes, casos de África, Ásia e Oceania, e como gerador de outras mercadorias, com parcerias de patrocínios que chegam a ponto de ser, atualmente, do setor econômico (material esportivo, refrigerante, cartão de crédito etc.).

No caso do Brasil, no final da década o Conselho Nacional de Desportos, hoje extinto, passa a permitir a publicidade nos uniformes dos clubes brasileiros, que passam a incluir alguma marca neles apenas a partir de 1984, com a ducha Corona na camisa do Sport Club Corinthians Paulista – estratégia para ter recursos para manter o meio-campo Sócrates no Brasil.

A partir da década de 1990 há um boom, reflexo da confirmação das políticas neoliberais como guias de boa parte do mundo pós-União Soviética e queda do Muro de Berlim. O fim de barreiras de mercado fez com que a produção de mercadorias fosse descentralizada, inclusive no que tange aos bens culturais produzidos pela indústria cultural, em busca de menores custos de produção, além da multiplicação de ofertas por parte de empresas dos mais diferentes setores econômicos e locais do globo.

O boom dos anos 2000

Neste contexto, a transmissão televisiva foi fundamental para propagar a marca futebol, ligada à Fifa, para os mais diferentes locais do mundo e na década de 1990 alcança altos patamares financeiros. A Copa do Mundo ocorrerá em regiões que jamais haviam recebido este torneio antes, muito pela falta de “tradição” nesta prática esportiva: Estados Unidos (1994), Japão/Coreia do Sul (2002) e África do Sul (2010). Tal realidade é ainda exacerbada pelos super-astros globais que se tornaram os jogadores do futebol, com grande destaque para o inglês David Beckam, muito mais conhecido fora de campo que dentro dele.

O futebol brasileiro viu a formação de parcerias com grandes grupos empresariais estrangeiros extraesporte, casos de Palmeiras-Parmalat e Corinthians-Excel Econômico. Só que, com o fim das parcerias, os clubes ficaram endividados e sem ter assimilado a prática gerencial que marcou o período de sucesso dentro de campo, quando podiam contar com os principais jogadores do país.

O final dos anos 2000 é marcado por um novo boom no futebol brasileiro e isso graças à mudança nos parâmetros de marketing, com a chegada de Ronaldo “Fenômeno” ao Corinthians. Ronaldo ajuda o time a conseguir patrocinadores para várias partes do uniforme (ombro, omoplata, lateral, calção etc.), sendo parte desses patrocínios responsável pelo pagamento do seu alto salário.

A cessão dos direitos

A receita dos times ganha um aumento acentuado, de tal forma que o caminho de ida de nossos jogadores para o exterior ficou mais curto; ampliando a volta de atletas de outros países e a contratação de jogadores sul-americanos, cuja economia é pior que a brasileira – este também é um processo que, inserido na sociedade capitalista, reflete o contexto sócio-histórico brasileiro.

Mas se os clubes estão com mais recursos, ainda não foi o tanto necessário para equalizar os seus gastos por temporada. Além disso, por mais que o valor da publicidade nos uniformes dos clubes brasileiros esteja num patamar não tão distante quanto antes dos clubes europeus, o consequente aumento nos valores para a cessão dos direitos de transmissão dos seus jogos mantém o broadcasting como a principal receita de todos, mesmo os que têm uma grande quantidade de sócios-torcedores, caso do Sport Club Internacional, com mais de 100 mil.

Sem a transferência de atletas, segundo dados do balanço financeiro do clube, o Corinthians, time com maior receita do Brasil desde 2009, teve um faturamento em 2011 de 184 milhões e 39 mil reais, dos quais cerca de 62%, pouco mais de 112 milhões de reais, vieram da cessão dos direitos de transmissão. O clube com maior faturamento em marketing do ano passado, a Sociedade Esportiva Palmeiras, é, dentre os treze principais clubes do país, o que mais o valor se aproxima do recebido pelos direitos de transmissão: R$ 46.771 X R$ 44.649. Lembrando que o cálculo sobre a cessão dos direitos de imagem leva em conta a importância da competição em disputa, o quanto o organizador do evento distribui, o tamanho da torcida – potencial de recepção – e a venda anual de pacotes de pay-per-view.

O marketing cresceu

Com tom de infelicidade, a pergunta que se retorna ao torcedor de futebol é: você estaria preparado para ver o seu time passar por apertos financeiros e, consequentemente, dentro de campo, para conseguir a “independência” dos ganhos com a televisão?

Acaba formatando um encadeamento em torno da transmissão, já que se a TV não mostra os jogos do time, ele terá ainda mais dificuldades para conseguir fechar patrocínios – por mais que os valores tenham chegado a tal nível que grandes clubes nacionais, como Flamengo, Corinthians e São Paulo iniciam o Brasileirão sem o patrocínio master.

Desta forma, o que há é uma relação em que a maior emissora do país, a Rede Globo de Televisão, sabe da sua importância para a manutenção dos clubes, tanto no pagamento ou adiantamento de cotas, quanto para utilizar das suas barreiras no mercado publicitário, por conta da audiência, para “forçar” os clubes, via patrocinadores, a fecharem contrato com ela. O problema é que estes ainda não desenvolveram fórmula suficientemente lucrativa para explorar por si só as suas marcas, como fez a Fifa a partir de Havelange. O marketing esportivo no país cresceu, mas ainda tem muita coisa a explorar no enfrentamento cotidiano com o amadorismo da maioria dos dirigentes de futebol.

Expansão via TV

O torcedor, é claro, é o principal atrativo destas relações. Afinal, é ele quem paga ingresso para ir ao estádio, compra o pay-per-view e vai adquirir os produtos oficiais lançados pelos times e seus patrocinadores. Mesmo com a aprovação do Estatuto do Torcedor (2003), o cuidado com ele, enquanto consumidor em grande potencial, é muito pouco desenvolvido pelos times no Brasil – o que vai muito além de aumentar o valor dos ingressos de forma a “elitizar” o público nos estádios.

Nesta relação, talvez falte também uma pressão maior por parte dos aficionados, de forma a deixarem de ser apenas espectadores e passem a fazer parte da vida do clube, podendo decidir por algo que no final da cadeia interessa muito mais a si do que a dirigentes, empresários e setores de esporte de grandes grupos midiáticos.

Sem a televisão, o futebol não teria chegado a tal nível de expansão tanto no que tange a público receptor quanto a valores trafegados em torno dele. Na atual conjuntura, é impossível imaginar os clubes e seleções vivendo de forma não profissional e, consequentemente, sem a participação dos valores envolvidos com os direitos de imagem.

***

[Valério Cruz Brittos e Anderson David Gomes dos Santos são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e mestrando no mesmo programa]

.

Aspectos subliminares da informação e da desinformação estratégica

A Copa Fares Lopes, hoje TAÇA Fares Lopes, foi uma reivindicação dos clubes e exigência do Ministério Público/CE. (Benê Lima)

A contrainformação é desejável pelos inimigos da democracia, que se utilizam de uma pseudo desinformação como estratagema instauradora da dúvida e da descrença

Taça Fares LopesTornou-se difícil para eu abordar assuntos que se originem de críticas à Federação Cearense de Futebol, não porque dela eu seja o Ouvidor Geral, mas pela descrença generalizada das pessoas, sobretudo quando o pano de fundo é política e futebol. Entende a grande maioria que o partidarismo é uma mácula e daquelas que ninguém consegue livrar-se. E o pior, as pessoas tomam isso como verdade absoluta. Embora pisando em terreno sempre minado, não me furtarei de tecer alguns comentários sobre a atual Taça Fares Lopes, que já foi Copa Unimed Fortaleza, para desprazer de muitos cronistas esportivos.

Nossa imprensa não é muito chegada a esclarecer, tendo até mesmo aqueles que, cinicamente, admitem que prefiram confundir. E o fazem a pretexto de que esclarecer não lhes dá tanta audiência quanto confundir e polemizar. Portanto, dessa turma não podemos esperar que discutam com seriedade os temas relevantes do futebol cearense, preocupados que estão com a espetacularização do que é e do que não é notícia. Para estes, comunicação social é o resultado das pesquisas do Ibope.

fcf1Independente de qualquer questão judicial que possa ter ajudado a viabilizar mais uma competição para alguns dos clubes (talvez times fosse a designação mais adequada) de futebol profissional do estado do Ceará no segundo semestre de cada temporada, o fato é que as precondições reivindicatórias já existiam. Portanto, todo um processo de sensibilização no meio futebolístico era uma condição preexistente. Logo, dizer-se que a criação de mais essa competição por parte da FCF foi uma imposição de quem quer que seja, constitui, quando muito, uma meia verdade. Essa, pois, é uma conquista que deve ser dividida com todas as entidades, pressuposto que não exclui a Federação.

Enquanto a imprensa mantiver a atitude pretensamente política de transferir a responsabilidade pela má gestão dos clubes cearenses para a Federação que os representa, mais tempo levará para que os dirigentes desses arremedos de clubes tomem consciência do mal que fazem para os clubes ou times que dirigem.

Há que se ter cuidado, pois percebemos claramente que hoje subsiste ao lado da comunicação um espectro de contrainformação e desinformação, que contradiz e tenta desacreditar o que é verdadeiramente informação.

.

terça-feira, julho 24, 2012

Janela brasileira x europeia: oportunidades desperdiçadas e risco

Durante o período em que a janela esteve aberta, houve 103 transferências envolvendo os principais clubes das Séries A e B do Brasileirão
Equipe Universidade do Futebol

Com o fechamento da janela de transferências brasileira, que durou de 20 de junho a 20 de julho, encerra-se a possibilidade de transferências de jogadores que atuam no exterior para os clubes brasileiros. Porém, continua aberta a janela para transferência de jogadores que atuam no Brasil para a Europa, Japão e Oriente Médio, cujo encerramento ocorrerá em 31 de agosto. 

Desta forma, encerrou-se a oportunidade dos clubes brasileiros de reforçar suas equipes com jogadores que jogam no exterior, mas permanece o risco de perda de jogadores para o mercado externo. 

A seguir um resumo do que ocorreu neste período em que a janela brasileira ficou aberta e a relação das transferências ocorridas neste período (entre 20 de junho e 20 de julho), lembrando que este estudo foi preparado com informações disponíveis até o último sábado (21/07):

- Durante o período em que a janela esteve aberta, houve 103 transferências envolvendo os principais clubes das Séries A e B do Brasileirão. Deste total, a menor quantidade se refere justamente aos jogadores vindo do exterior para o Brasil (num total de 31), enquanto que 32 jogadores foram para o exterior no mesmo período (e a janela européia ainda fica mais um mês aberta) e outros 40 foram transferências entre clubes brasileiros;

- O valor de mercado total dos 31 jogadores que chegaram é de €41,1 milhões (média de € 1,3 milhão), contra € 69,1 milhões dos que saíram (média de € 2,2 milhões). Já os 40 transferidos internamente valem € 28,5 milhões, média de € 0,7 milhão por jogador;
















*Economista, Especialista em Gestão e Marketing do Esporte e Pesquisa de Mercado
.

.