Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, setembro 26, 2007

A irrecorrível realidade momentânea

Benê Lima
blogdobenelima.blogspot.com

Até a bem pouco, a interferência externa das contratações era a saída para que Ceará e Fortaleza pudessem mudar para melhor as suas realidades. Agora, já não mais existe esta alternativa, em razão do prazo legal para realizá-la haver inspirado.

Daqui por diante o repertório de soluções só deve expectar pelo que, de fato, possa ser considerado exeqüível. Logo, nada do que não encontre correspondência na realidade deve ser admitido.

Desse modo, o trabalho da comissão técnica e o suporte a ela dispensado pelo departamento de futebol profissional de Ceará e de Fortaleza, assumem o lugar de elementos essenciais que poderão possibilitar o crescimento destas duas equipes.

O time do Ceará já está bem próximo de atingir o seu máximo. É só fazermos um apanhado da produção da equipe nos 10 jogos mais recentes para chegarmos a esta conclusão. Outro fator que se presta a avaliação são as variações inerentes ao planejamento tático do técnico Heriberto da Cunha, variantes estas que se têm mostrado em bom número.

Pelo lado do Fortaleza, o estágio de preparação em que a equipe se encontra nos faz projetarmos um futuro nada animador dentro da atual competição. A única saída é o crescimento do time nesta reta final do Brasileirão. Esta crescença, contudo, depende da manifestação de um somatório de fatores, sem o quê a equipe não evoluirá tanto quanto se faz necessário. Na verdade, o time tricolor neste instante expõe limitações técnicas que preocupam, além da falta de um padrão tático.

De um lado o técnico alvinegro se ressente da falta de melhores opções em seu elenco; de outro, o técnico tricolor tem excesso de atletas medianos em determinadas posições. Assim, fica o Alvinegro (o time) estrangulado em seu desenvolvimento, enquanto o Tricolor (também o time) demonstra certa imobilização quanto à melhoria de sua performance.

O fato é que esse drama rocambolesco – exagero a parte – pode virar ópera tragicômica – menos cômica e mais trágica. Afinal a 3ª divisão ou Série-C há tempos namora o Ceará, e agora flerta com o Fortaleza, mas mantendo o olhar intermitente sobre ambos.

Série-C? 3ª divisão?

- Vade retro, Satana!

segunda-feira, setembro 24, 2007

O grande capital do futebol

Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br

Pensar o futebol cearense é tarefa a todos permitida. Entretanto, pensá-lo de modo a tirá-lo do fundo do poço em que se encontra, é empreitada para uns poucos.

Certamente alguns menos avisados perguntariam: E qual a razão para isso?

É que na verdade o futebol vive um momento incomum em um mundo igualmente novo. A irreversibilidade do processo de globalização não nos dá a alternativa de alterá-lo, menos ainda obstá-lo. Logo, duas são as opções para nos posicionarmos, embora a saída criativa seja apenas uma. Ou nos alheamos ao intercurso globalizante, ficando para trás, ou com ele interagimos para podermos alcançar a era do conhecimento – e não mais a da informação.

Uma vez conectados com as fontes do conhecimento, o processo que se seguirá é o da produção do capital intelectual, este como o verdadeiro cadinho, processador da ‘alquimia’ que transformará conhecimento em auto-sustentabilidade.

E por que a auto-sustentabilidade é elemento tão decisivo para os clubes cearenses, notadamente Ceará e Fortaleza?

Em primeiro lugar pela escassez de recursos da imensa maioria de seus torcedores. Em seguida, para que os clubes possam ser geridos em consonância com um projeto e um planejamento estratégico, a fim de que não mais se tornem reféns dos auto-intitulados conhecedores do futebol. Esses falsos doutos e/ou pseudo-abnegados, ao tempo em que produzem benefícios imediatos aos clubes, acabam provocando não só a dependência e a mendicância deles, bem como suas instabilidades, tanto no campo financeiro como no político.

Paradoxalmente, no país do futebol é onde encontramos os piores cartolas do mundo. E esse é um fenômeno que se explica pela presunção deles. Por serem em sua maioria pessoas bem sucedidas em suas atividades fora do futebol, imaginam-se, natural e potencialmente, como bons gestores na área desportiva. E, neste ponto, a conclusão é equivocada, em virtude de uma das premissas deste tipo de raciocínio estar contaminada por erro em sua enunciação.

O futebol, além de estar se servindo de diversas disciplinas, ainda incorpora muito dos conceitos da administração de empresas. Apesar disto, afora os aspectos de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, é imprescindível que o dirigente busque sua profissionalização(1), sem o quê não haverá possibilidade de real crescimento dos nossos clubes.

(1) Oportunamente falaremos acerca do conceito de profissionalização no futebol.

sábado, setembro 22, 2007

Nem tudo que não parece não é...

Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br

Uma andança pela história recente do Ceará Sporting Club nos fará deparar, inevitavelmente, com um retrospecto nem um pouco animador acerca de seus dirigentes. Aqui, contudo, não vai nenhuma conotação desonrosa nem a esses dirigentes muito menos ao clube.

É rigorosamente pelo mau desempenho dos dirigentes alvinegros - no que pese reconhecermos as diferentes gradações neste particular - que acaba prosperando a expectativa por ‘salvadores da pátria’, esperança essa que nunca se confirma. Nem poderia!

Precisamente por não haver correspondência e, menos ainda equanimidade, entre o exercício do poder e as ações construtivas desses dirigentes, é que são criadas as precondições para que outras pessoas terminem ocupando o espaço deixado pela vacuidade produzida pela ‘inanição administrativa’ de nossa cartolagem.

Na ambiência do quadro descrito aparecem, ora como passantes, ora como ‘ficantes’, personagens como Dimas Filgueiras, Lula e Jair – ambos de sobrenome Pereira -, Jurandi Júnior, e o atual técnico, Heriberto da Cunha. Todos estes, em diferentes interregnos de tempo, constituíram-se em ocupantes do estado de vazio reinante em Porangabuçu.

A vez é de Heriberto, e isso tem desgostado algumas figuras. Já é perceptível, tanto no sublinear quanto no subliminar, uma ‘onda anti-heriberto’ se encrespando, sendo controlada – e isto é possível sim – para sobre ele ser lançada, ao cabo da primeira derrota do time de Porangabuçu. Os indícios aí estão, sobre-saturando a atmosfera que permeia as cabeças de uns poucos cronistas, acostumados a ser instrumentos de causas inconfessáveis, nenhuma delas de apoio ao clube.

Hora e vez também do torcedor alvinegro assumir o papel de guardador do seu clube, protegendo àqueles que verdadeiramente querem o bem da entidade. E Heriberto da Cunha, através de um trabalho competente, sério e digno, tem-se portado como um autêntico ‘Amigo do Ceará’, mesmo que tradicionalmente não o seja. O que mais vale, pois, não é dizer-se nem mesmo ser alvinegro: é – isto sim – ‘estar’ alvinegro de verdade. E Heriberto, sem dúvida, em curtíssimo espaço de tempo, é quem mais tem feito para que o Ceará não caia para a 3ª divisão brasileira, a terrível e temível Série-C.

Mas, os inimigos do Ceará, figuras da própria linhagem alvinegra, pouco ou nada se importam com o que podem fazer pelo clube, e sim com o que o clube pode fazer por eles. Em outros termos, esses ‘alvinegros malquerentes’ se servem do clube para, em algum grau, dele se locupletarem. Por conseguinte, imersos no que há de pior do maquiavelismo – onde os fins justificam os meios -, essa corja certamente engendra, planeja, articula e age contrariamente aos interesses alvinegros, simplesmente – como se pudera assim ser dito simples – pelas necessidades idiossincrásicas de uns, e pelo caráter de salteador de outros tantos.

Conseqüentemente, se Heriberto for derrubado e o Ceará rebaixado, o torcedor alvinegro já sabe de quem cobrar. E se ainda não souber, eu direi claramente!

Prefiro, entretanto, que o plano ‘anti-heriberto’ seja abortado, para que não tenhamos que novamente falar em ‘vermes’.

quinta-feira, setembro 20, 2007

O que é a coluna "Com Pé e Cabeça"

Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br

A coluna (*)Com Pé e Cabeça é um produto apenas semi-acabado. Seu processo de elaboração será contínuo, expressando, através de uma relação de imanência entre ela e seu autor, um dos aspectos de sua filosofia de vida deste. Nela você encontra atributos como:

- Informação;
- Opinião;
- Profundidade em seus textos;
- Imparcialidade em suas abordagens.

Permita ‘antenar-se’ com os temas explícitos e expressamente ligados ao futebol, bem como com aqueles a ele subjacentes. Experimente se iniciar em temas permeados pela multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, ‘conditio sine qua non’ para compreender as complexidades do advento do profissionalismo desse macronegócio que é o futebol. Por isso, Com Pé e Cabeça é uma nova forma de ver e se relacionar com o futebol.

A coluna oferece a opção três em uma. Explico. Ela traz uma seção de Opinião, que é seu local de maior destaque, em que aos temas de relevância do futebol é dado um tratamento de maior didatismo. As abordagens são dotadas de conteúdo crítico e didático, em consonância com as disciplinas de que se vale o futebol, além de considerar a inter-relação entre elas (disciplinas) e o meio futebolístico. Isso exige alguma vivência e, acima de tudo, o investimento que fizemos em nossa formação.

A seção Efemérides é o espaço da coluna reservado para as atualidades que nem sempre se mantêm como realidades intemporais. O efêmero, o instantâneo, como o jogo de ontem, a partida de hoje, a análise de situações momentâneas e de atuações, têm lugar neste ponto da coluna.

Breves e Semibreves é o setor da coluna causador de maior polêmica, composto por um conteúdo que se caracteriza pela diversidade dos temas, pelo pluralismo das idéias, pela mescla de informação e opinião, todas temperadas pelo elogio sóbrio e pela crítica honesta. É evidente que não poderiam ficar de fora 'condimentos' como a ironia e o sarcasmo, nem, quando necessária, a benfazeja indignação.

Pode parecer uma atitude presunçosa de nossa parte, mas queremos que Com Pé e Cabeça simbolize para a maioria dos leitores uma viagem ao conhecimento; para os companheiros da crônica esportiva, o embrião de um novo paradigma conceitual da comunicação social, em que uma mais autêntica ética nos permita 'perseguir' a verdade, sem por isso sofrermos reprovação.


(*) A coluna Com Pé e Cabeça está disponível (as 16 mais recentes) no seguinte endereço:
http://www.artilheiro.com.br/

A inteligência que a todos nivela

Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br


O capital intelectual como fator reabilitar das diferenças sociais e do preconceito, é o mais democrático dos instrumentos da democracia.

O futebol é um ambiente propício para aplacar as diferenças da estratificação social, congregando pessoas de diferentes classes sociais, cor, raça, credo religioso, filosofia e demais preferências, razão suficiente para não se distinguir ricos de pobres.

É nesse tipo de ambiência em que as pessoas são vistas sob a ótica de uma mais justa escala de valores, passando a valer também pelo que pensam e expressam, e não só pelo que possuem e seu conseqüente status.

A democratização dos meios de informação tem se constituído na maior contribuição já dada para diminuir o fosso entre o topo e a base da pirâmide social.

Historicamente, sabe-se que o mundo tem sido pensado, exponencialmente, pelas classes menos abastadas. Ou não eram os filósofos os ideólogos da burguesia? Poder-se-ia dizer, desse ponto de vista, que os pobres pensam o mundo, enquanto os ricos o usufruem.

Ao considerarmos as mudanças que vem ocorrendo no futebol, podemos considerá-lo um domínio novíssimo, onde as diferentes disciplinas a ele se incorporam. Esse estado de prospecção do saber nos coloca a todos numa condição de certo nivelamento, ponto de partida de uma corrida pelo conhecimento.

Os exemplos estão aí para quem deles quiser tirar lições, dando conta de que o capital financeiro é tão somente o agente possibilita dor das transformações oriundas do capital intelectual, este sim o verdadeiro agente transformador de múltipla ação. Ademais, é o capital intelectual a única fonte perene de auto-sustentabilidade dos nossos clubes. Sem contar que seus recursos são renováveis e, por isso, inesgotáveis.

Creio estar justificado que, segregar as pessoas desprovidas de patrimônio material constitui um gigantesco equívoco, além de representar uma atitude de inspiração fascista, e como tal reprovável sob todos os aspectos.

Demos graças pelos pobres inteligentes – que não são poucos!