Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

O preço da Libertadores

Juca Kfouri


Em números arredondados, veja como foram as presenças de público e as rendas nas estréias dos times brasileiros na Libertadores em seus estádios:

No Morumbi, 35 mil pagantes, com renda de 1 milhão de reais, ingresso médio a R$ 28;

No Beira-Rio, 39 mil pagantes, com renda de 820 mil reais, ingresso médio a R$ 21;

No Mineirão, 33 mil pagantes, com renda de 800 mil reais, ingresso médio a R$ 24;

No Pacaembu, 31 mil pagantes, com renda de 2 milhões e 180 mil reais, ingresso médio a R$ 70;

No Maracanã, 24 mil pagantes, com renda de 700 mil reais, ingresso médio a R$ 29.

De fato, parece mesmo que ninguém dá tanto valor à Libertadores como os corintianos...


quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Gualber Calado, autêntico "multimídia", cria a mais completa e criativa "web page" sobre os números do Campeonato Cearense 2010

Curiosos, torcedores, historiadores e profissionais de imprensa, estão todos muito bem servidos, graças ao excepcional trabalho de Gualber Calado, que de maneira cooperativa e por que não dizer generosa, brinda a todos com o melhor e mais completo trabalho sobre os dados estatísticos do Cearense/2010.

É sem dúvida uma obra que requer certo fôlego, não só para sua criação, mas, acima de tudo para mantê-la atualizada. E o que mais impressiona é que Gualber tem incontáveis atividades, mas o fato de ser uma pessoa com muitas ocupações não o impede de desdobrar-se em favor dos que o procuram. E não faltam candidatos, todos com suas petições.

Portanto, você que ainda não conhece, clique no link abaixo e visite a "web page" do Gualber Calado, desse modo conferindo o que temos dito e exercitando suas análises a partir dos dados ali registrados.


Projeto de lei prevê verbas para reestruturação dos clubes de futebol
Não haverá recursos para o pagamento de despesas correntes e nenhuma agremiação poderá receber mais do que 5% do orçamento anual do Fundo
Equipe Universidade do Futebol

Na última quarta-feira, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou um projeto de lei que autoriza o Poder Executivo a instituir o Fundo de Apoio à Reestruturação Financeira dos Clubes de Futebol. De acordo com o documento, para ter direito aos recursos, o clube terá que se transformar em uma empresa.

“Os clubes devem ser regulados pelas leis que regem as empresas no país. O futebol é uma atividade econômica geradora de renda e receita e deve ser dessa forma administrado”, afirmou Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do projeto. Para ele, a proposta será o instrumental básico para a recuperação do futebol nacional.

Segundo a proposta (PLS 57/07), o Fundo será constituído por 10% dos recursos obtidos pelos clubes nas transações internacionais de atletas; 10% de toda a arrecadação de bilheteria de eventos de futebol; 10% do valor arrecadado pelas empresas que explorem a publicidade estática nos estádios de futebol; 15% das receitas obtidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) arrecadadas em função dos eventos dos quais participem as seleções brasileiras; 10% das verbas publicitárias conseguidas pela CBF com a utilização de símbolos nacionais; doações de empresas, que terão direito a abatimento no Imposto de Renda Pessoa Jurídica; recursos orçamentários do Ministério do Esporte e outras receitas.

A repartição dos valores aos clubes será determinada pela apresentação de projetos à Comissão de Gestão do Fundo. Os projetos terão que ser, obrigatoriamente, de investimento.

De acordo com o projeto, não haverá recursos para o pagamento de despesas correntes e nenhuma agremiação poderá receber mais do que 5% do orçamento anual do Fundo.

O documento que acrescenta dispositivo à lei que contém as normas gerais sobre o desporto (Lei nº 9.615/98, alterada pela Lei nº 9.981/00), será ainda examinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Alvaro Dias explicou que a proposta visa organizar melhor a aplicação de recursos já existentes, que ingressam no caixa dos clubes. O autor enfatizou que não está sendo criada nenhuma fonte nova de recursos: "Não há nenhum encargo novo sobre os ombros do povo", disse.

A especialidade de uma atmosfera: diferenças entre se assistir a um jogo no estádio e pela TV
Na praça esportiva, público é parte atuante do evento, enquanto noção virtual, apesar dos benefícios, não traduz plenamente os sentimentos do torcedor
Bruno Camarão
“Se as pessoas acharem que o futebol é aquele da TV, ele irá acabar”. Apesar da incerteza do aparato midiático em que foi proferida tal frase, bem como a identidade da construção gramatical, o sentido e o contexto expostos por Sócrates nessa afirmação são um só: o modo como o público que se afasta dos estádios a cada dia, por uma série de motivos, compreende o jogo do esporte mais popular do mundo está abalado.

O principal representante do movimento social conhecido como Democracia Corinthiana e um dos maiores jogadores da história do clube do Parque São Jorge, sempre crítico à atual administração do futebol brasileiro – leia-se CBF –, analisa o afastamento do público que se encantava pelas suas próprias jogadas, em décadas remotas, ciente das diferenças de mundo daquela e da época atual. Diferentemente dos anos 1980, quando, por exemplo, o Flamengo colocava em média aproximadamente 60 mil pessoas por jogo*, no Campeonato Brasileiro do ano passado, quando realizou uma campanha positiva e terminou na quinta colocação, a presença de quase 40 mil torcedores em cada duelo no Maracanã, na maioria das vezes, surpreendeu.

A queda acentuada em relação a pouco mais de 20 anos, mesmo em se considerando o valor da massa rubronegra in loco em 2008, é mais um traço para corroborar com o perfil do espectador caseiro. E da exposição das diferenças no olhar.

“Futebol é no campo. Na TV, você não tem a dimensão do que é uma partida, de fato. Vê-se a geometria, todo o movimento de todos os atletas em campo. Isso é algo inconcebível, mesmo com 36 câmeras espalhadas”, avalia Plínio Labriola Negreiros, que é historiador, além de professor de História da Escola Nossa Senhora das Graças.

A tentativa de se criar um espetáculo que não existe, com o fechamento das lentes em um bloco mais cheio de torcedores, além da disposição intencional de microfones direcionais que captam o áudio em meio às torcidas organizadas, por exemplo, condiciona quem está do outro lado da tela a se impressionar com o estádio cheio. O que geralmente não procede.

Corre-se o risco de, com um tempo, as próximas gerações perceberem o futebol apenas como aquilo que se passa na TV? Uma resposta foi dada por Ary Rocco, professor de jornalismo da FECAP, que desenvolveu uma tese de doutorado no departamento de comunicação e semiótica da PUC-SP sobre a relação entre torcedores de futebol no espaço virtual.

“Eu acredito que não. A ida do torcedor ao estádio não vai acabar nunca. O que particularmente acredito é que mais cedo ou mais tarde teremos de nos render ao modelo inglês, onde, na Inglaterra, em 1992, com a Premier League, decidiu-se que o futebol era um espetáculo sócio-econômico e, como tal, o torcedor teria de pagar mais caro, mas com algumas condições de conforto, que fizesse ele abdicar de um teatro, de um cinema, por exemplo, em detrimento do futebol”, prevê.

“Vejo a solução parecida por aqui, guardadas as devidas proporções, relativas a PIB, poder aquisitivo do brasileiro, mas teremos de ajustar a fórmula, profissionalizar o futebol a tal nível que o torcedor sinta aquele evento como uma atividade de lazer, com segurança, para desfrutar disso. Se continuar com esse modelo, não tenho dúvidas de que perderemos muitos torcedores para a televisão, para outras formas de lazer, e até para clubes de fora”, completa Rocco, apontando para uma situação muito comum: garotos brasileiros trajando uniformes de equipes estrangeiras.

Um jovem de classe média alta, vestindo a camisa do Milan, da Inter de Milão ou do Real Madrid, e não dos clubes brasileiros, seria sinal da preferências dele, como consumidor do esporte, de assistir pela televisão a um espetáculo melhor, com uma qualidade melhor, do que efetivamente ir ao estádio por conta do receio próprio ou da família.

Os jogos organizados tornaram-se institucionalizados a partir de meados do século XIX, especificamente na Europa e nos Estados Unidos. Até o início do século XX, os esportes fortemente marcados por organizações, equipes e campeonatos nos quais a presença do nacional era muito forte.

O ressurgimento dos Jogos Olímpicos, da Copa do Mundo, e dos campeonatos nacionais, entre outros eventos, conviveu com uma dinâmica em que outras identidades se construíram – cidades e regiões têm muito a dizer nesse processo.

Nem mesmo o advento da televisão e dos patrocínios milionários das multinacionais destruiu essa multiplicidade de identidades construídas nas diferentes modalidades esportivas por diferentes populações. Na mesma medida que os esportes e as equipes podem representar identidades locais, regionais, nacionais e étnicas, também apresentam funcionalidade político-ideológica. Uma análise caso a caso é mais interessante.

Roberto Da Matta (1982) considera que uma mesma atividade pode ser apropriada de formas diferentes por diferentes sociedades, como é o caso do futebol no Brasil, diferente do futebol praticado nos países europeus, por exemplo. Ele ressalta que, no Brasil, o futebol é sempre chamado jogo, o mesmo termo que classifica os chamados “jogos de azar”, como o tambémbrasileiro “jogo do bicho”.

Normalmente, o interesse dos brasileiros pelo futebol encontra-se dividido em torno da regionalidade decorrente da torcida a diferentes clubes. Os clubes de futebol simbolizam um pertencimento social com características específicas, demandando dos torcedores uma lealdade por toda a vida (“Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer...”). Muitas vezes, os locutores esportivos se referem à torcida de um clube como “nação” (“nação colorada”, “nação rubronegra”, etc., de acordo com as cores do clube), ressaltando esse sentido de comunidade reunidaao redor do pertencimento afetivo a um grupo, a um sentimento coletivo compartilhado, no caso, mediado pelo time do coração.

“O nascimento da mídia esportiva estaria relacionado à formatação do torcedor. Somos todos robôs e estamos submetidos a ela. O futebol e a mídia quase que se retro-alimentam. Zaldo Barbosa acreditava que o rádio acabaria com a sociabilização do futebol. Mas ocorreu o contrário”, avalia Luiz Henrique de Toledo, do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
“A mídia tem sua posição ideológica e ela joga com essa questão da violência. Há uma consequente apropriação de parte da elite pelo espaço urbano, que começa a se desagregar. Torcer hoje passa por esse esvaziamento. É necessária uma modulação, por questões econômicas, do que é ser torcedor hoje. O fato de estar em casa não significa que você está mais afastado da violência”, completa Luiz Henrique.

Após fraturar o terceiro e quarto metacarpos da mão esquerda, o atacante Ronaldo ficará afastado por aproximadamente um mês do Corinthians. Isso corresponderá a cerca de oito jogos do Nacional. A projeção de Mano Menezes, treinador da equipe, é de que os corintianos diminuam a frequência nesse período por conta da falta desse “fator motivador”.

“Provavelmente vamos perder público porque o Ronaldo é uma atração especial, mas precisaremos resolver os problemas do ataque sem ele. [O Brasileiro] perde muito sem ele, pois quanto mais jogadores do seu nível ou próximo disso, melhor para a competição”, acredita o comandante-técnico gaúcho.

* Segundo estatísticas da revista Placar, dentre as dez maiores médias de público da história da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, o Flamengo aparece em cinco delas – todas na década de 1980.
1. Flamengo (1980) - 66.507
2. Flamengo (1982) - 62.436
3. Flamengo (1983) - 59.332
4. Atlético Mineiro (1977) - 55.664
5. Internacional (1975) - 51.692
6. Corinthians (1976) - 47.729
7. Flamengo (1987) - 47.610
8. Internacional (1979) - 46.491
9. Bahia (1986) - 46.291
10. Flamengo (1981) - 43.614

Bibliografia
GEBARA, A. (Org.) ; PILATTI, Luiz Alberto (Org.) Ensaios sobre História e Sociologia nos Esportes. 1. ed. Jundiaí: Fontoura, 2006. v. 2000. 196 p.

Em estreia da Libertadores, Mano Menezes busca correlacionar intensidade de jogo e comportamento da torcida
Treinador corintiano vislumbra que sua equipe acelere as ações ofensivas e sufoque o adversário uruguaio, ‘vacinado’ contra esse tipo atuação
Equipe Universidade do Futebol

Mano Menezes já discursou algumas vezes sobre a “afobação” da torcida do Corinthians, de forma geral, quando a equipe atua no estádio do Pacaembu. Para o treinador alvinegro, algumas partidas específicas demandam um tipo de comportamento mais ponderado, racional, para se detectar as fragilidades do adversário. Nesta noite, quando os paulistas estreiam em casa pela Copa Libertadores da América, porém, a ordem é acompanhar o embalo da massa e sufocar o Racing, do Uruguai, desde os primeiros minutos.

“É preciso ter intensidade mais forte de jogo mesmo. Se você não consegue imprimir um ritmo mais forte, os adversários não erram e conseguem se posicionar, eles têm uma cultura muito desenvolvida nesse ponto. Então precisamos criar situações para sair da normalidade. Trabalho para a equipe ter essa consciência”, explicou o comandante, em entrevista coletiva.

Com o empate entre Independiente Medellín, da Colômbia, e Cerro Porteño, do Paraguai, no primeiro jogo dos outros rivais da chave A, um triunfo já alçaria o Corinthians à liderança. Mais do que isso, iria conferir uma tranquilidade para os compromissos sequenciais. O mesmo sentimento que Mano não quer oferecer à formação uruguaia.

As equipes brasileiras vs o 1-4-4-2 com duas linhas de quatro

“Se você deixar as coisas andarem normalmente e não acelerar o jogo, o adversário fica tocando a bola e isso vai irritando o torcedor, quebrando o ritmo da partida. E o time da casa não pode deixar isso acontecer. Se acontecer, não consegue a vitória”, argumentou o gaúcho.

Durante a campanha da Copa do Brasil do ano passado, especialmente, torneio cujo formato é semelhante à Libertadores, o Corinthians sempre fez valer sua condição de anfitrião. Triunfos consistentes sobre Atlético-PR, Fluminense e, em especial, diante do Internacional, na grande decisão, sustentaram o sucesso do time.

Em todas as ocasiões apontadas, a torcida lotou o Pacaembu e demonstrou uma “interação” positiva com quem estava em campo. Nesta quarta, mais de 30 mil ingressos foram comercializados de modo antecipado.

“O torcedor vai junto com a equipe de acordo com o que está vendo dentro de campo. Mesmo que o gol demore, se o time estiver mostrando que está comprometido em busca do resultado, o torcedor estará ao lado com certeza”, finalizou Mano.

Editorial. Os que vendem o rádio e não sabem

Nonato Albuquerque / Blog Gente de Mídia


Não sei se os departamentos de marketing das emissoras de rádio (se é que existem!) tem noção da importância de certos horários na grade programacional delas. Falo do esporte. Ele é elo para alavancar audiências em outros horários. Mas pelo que tenho visto, não há grandes investimentos em termos de propaganda para os programas esportivos. Eles vivem do esforço de suas equipes.

Estou falando disso, pelo que tenho notado mais recentemente a partir de quando o programa esportivo do Sérgio Ponte foi lincado ao Grande Jornal Povo-CBN. A participação do torcedor é enorme. E não é preciso estimulá=lo; ela se faz, naturalmente.

Depois que foi acrescido o 'Toque Esportivo' na grade da manhã da Povo, eu tenho testemunhado a variedade de público que se identifica com o rádio AM. Na rua, nos locais onde dou palestras ou por telefone e e-mails, pessoas que nunca foram ouvintes da programação comum de uma rádio, chegam e me param para dizer que passaram a ouvir o meu programa antes mesmo da 'página esportiva'.

E fico aqui matutando: por que não trabalhar esse público para arregimentá-lo ao AM. A renovação da audiência se faz nessas ocasiões. E o que vejo as equipes esportivas reclamarem é que falta até incentivos para o trabalho de cobertura deles.

É lamentável que, certos departamentos técnico-administrativos, existam bastante descartados do conteúdo maior que é o rádio. E o estúdio, é o centro de difusão de tudo de uma emissora. Custa crer que em algumas emissoras - falo de exemplos do passado -, vendedores de horários não sabiam nem o que é que Nonato Albuquerque fazia numa estação de rádio. E eram eles que vendiam o horário.


Com bons resultados em campo, nova safra se consolidou no país


Dominantes, técnicos novatos 'reciclam' os medalhões e revolucionam o mercado

Luiza Oliveira
Em São Paulo*

No início da década a constatação era sempre a mesma. Um grupo restrito de técnicos se revezava entre os grandes clubes de um futebol brasileiro carente de renovação. Em 2010, o cenário é outro. A nova safra de treinadores derrubou a desconfiança inicial com resultados concretos, obrigou os ‘anciões’ a se atualizarem e hoje é soberana.

A TURMA DOS DESEMPREGADOS

Se alguns se seguram como podem, muitos técnicos consagrados acabaram perdendo espaço de vez. Figurinhas carimbadas nos grandes, Tite, Celso Roth e Paulo César Carpeggiani estão desempregados. Geninho hoje está à frente do modesto Atlético-GO, depois de sagrar-se campeão brasileiro em 2001 pelo Atlético-PR.

Emerson Leão vive momento ainda mais difícil, apesar de ter comandado a seleção brasileira e ser considerado um dos mais importantes do país. Com temperamento difícil, alto salário e raros resultados expressivos, foi taxado de desatualizado, perdeu espaço e os convites ficaram escassos. Em seu último trabalho, foi mandado embora do Sport pela má campanha em 2009.

O caso recente é o de Muricy Ramalho, há pouco tempo incontestável com o status de tricampeão brasileiro pelo São Paulo e cotado para substituir Dunga no comando na seleção. Mas a maré mudou. Em oito meses tempo, foi demitido de dois clubes (São Paulo e Palmeiras), o último com aproveitamento pífio de 49%.

Se antes poucos clubes de tradição se arriscavam nas mãos de um inexperiente, hoje a aposta nos medalhões virou um verdadeiro risco, pois muitas vezes é mais caro e com métodos ultrapassados. A chegada de Antônio Carlos ao Palmeiras, com apenas nove meses de carreira, em substituição ao tarimbado tricampeão brasileiro Muricy Ramalho expressa bem a ‘nova cabeça’ dos dirigentes.

De um total de 19 clubes, considerando os mais tradicionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Bahia e Goiás, apenas quatro ainda são adeptos da chamada velha guarda.

O Atlético-PR tenta reviver os tempos áureos de Antônio Lopes com os títulos brasileiros de 1997 (Vasco) e 2005 (Corinthians) e a Libertadores pelo Vasco em 1998. O xará mineiro ainda acredita no que a marca Vanderlei Luxemburgo pode render, enquanto o Sport resgatou Givanildo Oliveira, que teve a primeira passagem por Pernambuco em 1983. Dos quatro clubes, só o Botafogo está em ‘lua de mel’ com Joel Santana após a conquista da Taça Guanabara.

As explicações inicialmente simplistas para a opção pelos novatos, baseadas nos custos mais baixos em uma época de vacas magras e a maior disposição, ganharam argumentos fortes com os resultados em campo e uma relação mais próxima com os jogadores.

Essa é a visão de Antônio Carlos. “Temos algumas vantagens. A maior delas é que parei de jogar há dois anos, tenho mentalidade e consciência de jogador, sei o que posso falar para ele. Os atletas não são iguais e tento passar minha experiência a eles”, avaliou.

No ano passado, o então auxiliar Andrade pegou o Flamengo desacreditado, envolto em problemas financeiros e com divergências no elenco para chegar ao título do Campeonato Brasileiro. "É uma mudança natural, mas chama a atenção porque os clubes estão procurando um novo perfil. Essa nova geração é muito boa", analisou.

Há mais de dois anos em seus clubes, Mano Menezes e Adilson Batista são casos expressivos de longevidade. Mano conquistou a Série B, o Paulista e a Copa do Brasil pelo Corinthians, enquanto Adilson chegou à decisão da Libertadores depois de vencer dois estaduais. Dorival Júnior segue a linha dos contemporâneos com bons trabalhos em Cruzeiro e Vasco. Agora comanda o ‘time da moda’ Santos. Paulo Silas traça o mesmo caminho no Grêmio após uma boa campanha no Avaí.

Por tudo isso os novatos ganharam confiança. "Já conquistamos o espaço. Nos fixamos nos clubes mais rapidamente do que os antigos. Os técnicos mais jovens têm mais capacidade de diálogo com os jogadores. Somos mais amigos e sabemos o que cada um pensa", disse Vagner Mancini, outro integrante da nova geração, agora no Vasco.

DUNGA: DIRETO PARA A SELEÇÃO

Dunga é o caso mais emblemático entre os novatos que vêm dando certo. Conhecido pela garra como jogador, foi o escolhido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para resgatar a honra de uma seleção desmoralizada pela eliminação na Copa do Mundo de 2006.

Sem experiência como treinador, cometeu erros no início, encarou muitas críticas e chegou a se desentender com parte da imprensa, principalmente por um começo oscilante nas Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial da África do Sul.

Mas conseguiu impor seu estilo disciplinador, quebrou um recorde na década com 19 jogos de invencibilidade e diante de uma campanha inquestionável no classificatório (nove vitórias, sete empates e duas derrotas) comandará a seleção na Copa do Mundo 2010 com aprovação nacional.

Velha guarda em alerta

Antes em situação bem confortável, os anciões se sentem cada vez mais ameaçados e fazem o que podem para se segurarem. Os casos mais emblemáticos são de Joel Santana e Vanderlei Luxemburgo.

Pentacampeão brasileiro, o técnico do Atlético-MG passou de unanimidade a 'rejeitado', e se escora na fama para tentar manter o status anterior. Os resultados recentes deixam a desejar para quem custa quase R$ 800 mil mensais: seu último título foi o Paulista de 2008 pelo Palmeiras, mas em nível nacional Luxemburgo levou apenas o Brasileiro de 2004 com o Santos.

Joel Santana também não é soberano. Em sua passagem conturbada pela África do Sul, sentiu o gostinho do ‘quase’ de disputar a Copa do Mundo de 2010, acabou demitido e foi criticado até pelo seu inglês um tanto quanto inusitado. Mas o caso de amor com o Rio de Janeiro perdura.

O chamado 'papai Joel' (por fazer do grupo uma família) saiu do Flamengo ovacionado – mesmo com uma despedida amarga na eliminação histórica na Libertadores para o América do México em 2008 – voltou nos braços da torcida do Botafogo e se consagrou no último fim de semana com a conquista da Taça Guanabara. A receita do sucesso: se atualizar.

"Não tem outra maneira senão me atualizar. Não tem como não mudar com o tempo, pois as cabeças mudam. Tenho de saber lidar com os jovens do meu time. Contudo, sou um treinador das antigas. Passo para eles como é a vida e tenho a experiência ao meu lado. A nova geração é muito boa, mas sempre tem meu espacinho aí”.

* Com ajuda de Rodrigo Farah e do escritório do Rio de Janeiro

Bronca pertinente - do Blog Gente de Mídia

Direito Autoral. O que custa citar uma fonte?









"Na verdade, a fonte da notícia é da POVO-CBN", diz Nonato Albuquerque

Creio que Nonato quis dizer O Povo-CBN.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Treinador da Holanda trabalha por constância de performance e ruptura de bloqueio mental
Para van Marwijk, equipe não tem o mesmo potencial que rivais da Europa e Brasil, e é precisa que os atletas estejam em forma
Equipe Universidade do Futebol

Na edição de 2008 da Euro, a Holanda encantou a torcedores e crítica, especialmente por conta do desempenho diante de forças tradicionais, como Itália e França. Entretanto, quando teve pela frente uma equipe que não era taxada como favorita por muitos, acabou fraquejando.

“Na última Eurocopa, vencemos a Itália e a França. Todos na Holanda já estavam comemorando e depois perdemos e fomos para casa”, relatou Bert van Marwijk, atual treinador do selecionado laranja, em referência ao duelo contra a Rússia nas quartas de final.

Segundo o comandante, a Holanda vem apresentando resultados irregulares nos últimos anos em grandes competições por um fator específico: psicológico. E para que não se repita a história na Copa do Mundo na África do Sul, um trabalho nessa esfera deverá ser desenvolvido.

“Temos que melhorar essa inconsistência, que parece ser um bloqueio mental. É muito difícil de explicar. Tentei durante o último ano e meio colocar na cabeça dos jogadores que eles têm que acreditar mais neles. Mas é um processo lento”, justificou Marwijk.

“Nós não temos tanto potencial quanto Alemanha, Brasil, Inglaterra ou Itália. Portanto, é essencial que nossos melhores jogadores estejam em form. Quando é este o caso, podemos vencer qualquer equipe. Agora, temos de aprender a fazer isso durante um período consistente”, finalizou o treinador, cuja equipe ocupa o Grupo E no Mundial-10, ao lado de Camarões, Japão e Dinamarca.

fut_espanha
Diante de crise econômica, clubes da Espanha almejam redução de impostos
Ingressos de futebol pagam taxas dobradas em relação a outros eventos, como teatros e cinemas
Equipe Universidade do Futebol

Uma equiparação com outros eventos culturais, como teatros, cinemas e parques de diversão, no que se refere ao pagamento de taxas. Esse é o pedido da Liga Profissional de Futebol da Espanha (LFP), que atua à frente dos clubes locais.

Uma reunião foi convocada pela entidade representativa com o governo para pedir diminuição dos impostos sobre os ingressos de jogos do campeonato nacional. A medida traria benefícios à modalidade em um momento de crise econômica.

O pedido é para que o tributo seja de 7%, o mesmo cobrado de bilhetes daquelas outras atividades de lazer – atualmente, as entradas de futebol são taxados em 16%.

“Não queremos tirar dinheiro do governo, mas o que temos que pensar aqui é que o futuro do futebol espanhol está em risco”, afirmou o presidente da LFP, Jose Luis Astiazaran.

“A redução na taxa seria uma medida bem-vinda que iria contribuir para promover o esporte, assim como satisfazer a exigência de igualdade e neutralidade fiscal”, completou.

Astiazaran almeja ainda alterar o sistema de distribuição da renda de direitos de televisão. Hoje, Real Madrid e Barcelona detêm quase metade da cota total. Na avaliação do mandatário, deveria haver uma negociação de modo centralizado mais bem distribuído.

Joan Laporta, presidente do Barcelona, garante que o clube catalão não pretende aceitar mudanças, porque isso enfraqueceria sua agremiação em relação às rivais europeias.

Tal debate ocorre em um momento complicado. O governo espanhol viu a taxa de desemprego subir para 20%, além do déficit do produto interno bruto (PIB) chegar aos 11,4%.