Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, junho 21, 2014

Um grande Luís Suárez, escoltado pelo trabalho tático de Cavani, deixa a Inglaterra quase eliminada

Autor: Kieran Smith

Treinador de Futebol UEFA “A”

 

Ambas as equipes perderam nos seus primeiros jogos no Grupo D e isso fez que fosse vital para as duas alcançar a vitória nesse encontro.

Todo mundo na Inglaterra falava sobre a posição de Rooney e se deveria estar jogando como segundo atacante, depois do mal papel que realizou jogando pela esquerda.

A única mudança que Inglaterra fez mudar a Rooney e uma posição central e por a Raheem Sterling, apesar de ter feito um bom jogo contra a Itália, no lado direito.

Uruguai realizou uma série de mudanças, mas o mais importante foi a de Luis Suarez. Ele não estava 100%, isso significava que teríamos que fazer algumas mudanças táticas pra assegura-se de que poderiam permanecer nas zonas perigosas do campo.

DESDE O PONTO DE VISTA TÁTICO

  • Inglaterra ficou com um sistema 1-4-2-3-1 de jogo neste jogo e não houve mais movimento dos quatro atacantes. Rooney, Welbeck, Sturridge Sterling e trocaram posições durante o encontro, mas não fizeram o suficiente bem para criar problemas para o Uruguai.
  • Uruguai utilizou um sistema de jogo 1-4-4-2. Os quatro meio-campo em forma de rombo, o que lhes permite aproveitar a Ríos, para proteger a defesa e Lodeiro para dar mais apoio aos dois dianteiros. Cavani teve um papel muito importante com seu movimento, se moveria no meio-campo para vincular o jogo entre as linhas, para que Luis Suarez pudesse dar profundidade ao time e não ter que fazer muitas coisas na defesa.
  • Esse jogo foi diferente ao que todos esperavam, com uma Inglaterra jogando com a posse da bola e Uruguai jogando ao contra ataque. Inglaterra tentando de construir ataques desde seu goleiro, mas novamente, o espaço entre o meio-campo e os atacantes era muito grande, provando a jogar em excesso mediante passes longos, ação que se repetiria muitas vezes.

Essa imagem mostra o sistema de jogo da Inglaterra com só os dois defensores centrais que faltam na imagem. Podemos ver que as defesas laterais estão muito involucradas no jogo de ataque.

Esse é o sistema de jogo do Uruguai e se pode ver claramente a forma do rombo no centro do campo. Também se pode ver aqui como Cavani retrocede ao centro do campo na ajuda defensiva e Suárez fica como jogador mais avançado e ultrapassa da defesa.

INGLATERRA NO ATAQUE

Inglaterra tem feito um esforço consciente para se tornar uma equipe que através da posse da bola tratava construir os ataques desde seu goleiro.

O problema é que o espaço entre as linhas dificultou a jogar através do meio-campo, o que gerou o abuso do jogo direto. Pelo contrario Uruguai se limitou a ser paciência e esperar a possibilidade de contra-atacar quando recuperava a posss e da bola.

Quando a Inglaterra fez chegar a bola para a linha de atacantes seus movimentos eram melhores.

Esta é uma maneira em que a Inglaterra tratou de construir seus ataques. Pode ser visto que há ação passe pelo centro, e incluso quando Sterling tenta passar para receber a bola, Ríos lhe está marcando. Os outros jogadores ingleses se encontram no último terço do terreno de jogo esperando a bola. Gerrard e Henderson foram sempre na linha reta para o posicionamento defensivo do Uruguai.

Este é o tipo de movimento que gerava Inglaterra. O passe longo que vai a Sturridge e a bola se desloca, pelo que se inicia uma grande quantidade de movimentos nos jogadores Ingleses de ataque. Sterling se move entre as linhas, Johnson ataca no espaço na direita e Rooney e Welbeck correm em direção a área.

MOVIMENTOS DE CAVANI

Edison Cavani foi muito importante para o Uruguai neste jogo, especialmente tendo em conta que Suarez não estava em perfeitas condições o que significava que Cavani teria que fornecer a maior parte dos movimentos defensivos dos dianteiros.

Cavani devia tomar posições sobre a esquerda para tratar de aproveitar não só o espaço que o lateral direito Inglês deixou com suas incorporações no ataque, senão porque  Tabárez havia identificado que Johnson era o elo mais fraco defensivo da equipe Inglês e devia atacá-lo.

O primeiro objetivo Uruguai era atacar por essa área e no início da segunda metade a seleção uruguaia criou duas ou três chances nos primeiros dez minutos.

Aqui está um exemplo do movimento de Cavani causando problemas para a Inglaterra. Recebe a bola no lado esquerdo e ataca na área. Cavani é um jogador muito perigoso e arrasta todos os jogadores da Inglaterra para ele, esquecendo de Suarez. Luis Suarez faz   uma grande jogada de ataque e marca.

Uruguai recupera a bola nas proximidades da área da Inglaterra e ao instante Cavani ataca por dentro do espaço Johnson. Quando Cavani supera a johnson diante ao passe de Lodeiro, deixa livre na área para receber o passe do seu companheiro.

 

Embora de que Roy Hodgson é conhecido pela boa organização defensiva de seu time, Inglaterra se mostrou muito desorganizado durante muitas fases desse jogo. Aqui a bola antes o passe Ríos joga sobre o desmarque de jogadores de diferentes linhas mediante o passe interior a Cavani, que define o ataque do Uruguai. Os jogadores ingleses estão todos fora de posição.

Esse é um bom movimento da Inglaterra para criar o espaço no ataque. Sturridge move-se para receber a bola diante a marcação de Pereira, isso cria espaço para Johnson que recebe em seu desmarque. É o gol da Inglaterra. Na parte superior Rooney prepara para iniciar o ataque. A má orientação defensiva e vigilância do zagueiro uruguaio lhe ajudaria a isso.

Microempreendedor Individual, conheça suas obrigações

Microempreendedor Individual (MEI) é a pessoa que trabalha por conta própria e que se formaliza como pequeno empresário

por Portal Brasil

É considerado Microempreendedor Individual (MEI) a pessoa que trabalha por conta própria e que se formaliza como pequeno empresário.

Ao se tornar MEI, o empreendedor será registrado no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e terá direito a abertura de conta bancária, pedir empréstimos e emitir notas fiscais.

Para ser um microempreendedor individual é necessário se enquadrar em alguns fatores como:

  • Obter faturamento máximo de até R$ 60.000,00 por ano;
  • Não ter participação em outra empresa como sócio ou titular; e
  • Ter no máximo um funcionário contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria.

Tributos

O MEI é enquadrado no Simples Nacional e está isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). O Microempreendedor Individual deve pagar apenas o valor fixo mensal de R$ 37,20 (comércio ou indústria), R$ 41,20 (prestação de serviços) ou R$ 42,20 (comércio e serviços).

O imposto específico de ser pago mesmo se não houver faturamento durante o mês. Os valores recolhidos são atualizados anualmente, de acordo com o salário mínimo, e são destinados à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Por meio dessas contribuições, o MEI tem direito a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença e aposentadoria.

Nos valores atuais, o pagamento mensal realizado pelo MEI é composto por R$ 36,20 (INSS) e R$ 5,00 (Prestadores de Serviço) ou R$ 1,00 (Comércio e Indústria). Dependendo do estado, ou cidade, onde o MEI reside, podem ser cobradas taxas específicas. 

A guia de recolhimento mensal do MEI (DAS-MEI) é enviada por correspondência, mas há a possibilidade de realizar a emissão pela internet,pelo aplicativo PGMEI, no Portal do Simples Nacional.

Caso o DAS não tenha sido pago até a data de vencimento, o MEI deve emitir e pagar a nova guia. O novo boleto já será emito com o cálculo atualizado, contabilizando juros e multas. O pagamento das guias pode ser realizado em todos os bancos e casas lotéricas do país. 

Além do pagamento mensal dos tributos específicos, o MEI também possuioutras obrigações. Confira abaixo: 

Obtenção de alvará 

A concessão do Alvará de Localização depende da observância das normas dos Códigos de Zoneamento Urbano e de Posturas Municipais. A maioria dos municípios mantém o serviço de consulta prévia para o empreendedor saber se o local escolhido para estabelecer a sua empresa está de acordo com essas normas. 

Antes de qualquer procedimento, o empreendedor deve consultar as normas municipais para saber se existe ou não restrição para exercer a sua atividade no local escolhido, além de outras obrigações básicas a serem cumpridas. 

Relatório Mensal das Receitas Brutas 

Até o dia 20 de cada mês, o Microempreendedor Individual deve preencher o Relatório Mensal das receitas obtidas no mês anterior. Também é necessário anexar ao relatório as notas fiscais de compras de produtos e de serviços e as notas fiscais emitidas. Baixe o Modelo do Relatório Mensal de Receitas Brutas. 

Declaração Anual Simplificada 

Todo ano, o Microempreendedor Individual deve fazer sua Declaração Anual do Simples Nacional - DASN-SIMEI. Neste processo é declarado o valor do faturamento do ano anterior. 

Custo para contratação de um empregado 

Caso o Microempreendedor Individual (MEI) tenha um funcionário, ele deve preencher a Guia do FGTS e Informação à Previdência Social (GFIP). O documento deve ser entregue até o dia 7 de cada mês, por meio de um sistema chamado Conectividade Social da Caixa Econômica Federal.

O Microempreendedor Individual deve depositar o FGTS – total de 8% sobre o salário do empregado – e recolher 3% desse salário para a Previdência Social.

Fonte: Portal Brasil com informações do Portal do Empreendedor

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quinta-feira, junho 19, 2014

Copa do Mundo 2014: uma nova (?!) tendência de Organização Defensiva

O jogo em grande amplitude das equipes vem tendo como consequência uma preocupação sistemática de formas de responder com eficácia a esse conceito de ataque
Leandro Calixto Zago

 

“A ciência lida com problemas e, ao procurar respostas para eles,
não raramente faz emergir novas, ou renovadas,
questões sobre esse problema ou mesmo novos problemas.” 

Antônio Damásio (1994)

 

Bloco alto, pressão alta e pressing no campo todo. Nesses primeiros jogos da Copa do Mundo do Brasil algumas seleções tem buscado outro caminho para o êxito. E têm conseguido boas vitórias. Será fruto da nova tendência do futebol? Uma “handebolização” do jogo? E por “handebolização” entenda-se defender com todos os jogadores (ou todos menos 1 ou 2) em organização defensiva a partir da Linha 4 (intermediária do campo de defesa). 

Após a recuperação da bola, contra-atacar rapidamente o gol adversário e se isso não for possível, ocupar o campo de ataque com muitos jogadores para manutenção e seleção da melhor jogada, afinal, provavelmente, seu adversário terá colocado todos (ou quase todos) os seus jogadores atrás da linha da bola. Na figura abaixo estão as linhas de marcação, sendo a Linha 1 a mais adiantada e a Linha 5 a mais recuada.





Figura 1 – Linhas de Marcação

 

Dentro dessa tendência coletiva, novas / antigas formas de estruturar o espaço de jogo passam a ser utilizadas, de maneira ressignificada, com novas possibilidades. Através do Posicionamento Médio das equipes (informação oficial da FIFA que define um ponto médio que representa todos os espaços ocupados pelo atleta dentro da partida), pode-se realmente avaliar a ocupação espacial com e sem bola, coletiva e individual das equipes.



Figura 2 – Informações do Jogo entre Holanda 5 vs 1 Espanha

 

Como pode-se observar na figura 2, o posicionamento médio da Seleção da Holanda, confirma o esquema tático dado pelos sites especializados em análise (1-5-2-1-2) e pelo site oficial a FIFA. O jogo por zona proporciona esse tipo de organização, pois tem a ocupação racional do espaço como referência.
 



Figura 3 – Informações do Jogo entre Costa Rica 3 vs 1 Uruguai

 

A Costa Rica também investiu numa Linha de Defesa com 5 jogadores, sendo que no caso dessa Seleção, os alas jogaram a maior parte do tempo na linha de defesa (figura 3). O trabalho ofensivo dos seus alas no campo de ataque foi menor em relação à Holanda, porém as duas seleções apresentaram alguns conceitos bem similares.
 


Figura 4 – Informações do Jogo entre México 1 vs 0 Camarões

 

A Seleção do México também se estruturou com uma Linha de Defesa mais larga, usando como esquema tático o 1-5-3-2 (figura 4). Diferentemente das duas seleções anteriores, o México teve maior tempo de posse de bola o que seu adversário, implicando em uma ocupação do espaço resultante do seu bloco mais adiantada. Após a apresentação do Posicionamento Médio e do Tempo de Posse de Bola dessas três seleções, pode-se constatar:

1. Algumas seleções tem optado por linhas estruturalmente mais largas (com 5 jogadores) ao invés de linhas menos largas (Linha de 4 jogadores, por exemplo) com sistemas de compensação para melhora no equilíbrio horizontal;

2. A “Linha de 5” vem como resposta ao aumento do número de equipes que trabalham em grande amplitude na fase de finalização;

3. O menor número de jogadores na linha de meio de campo aponta um menor investimento de energia de se recuperar a bola em espaços mais adiantados, como a zona central. A equipe assume a linha recuada como referência para recuperar a bola quando entra em organização defensiva.

4. As equipes começam a ter mais definição entre àqueles jogadores responsáveis pelo equilíbrio (balanço) defensivo na transição defensiva e pelo balanço ofensivo na transição ofensiva. Esses 2 grupos alternam a força de sua relação-interação nos momentos de transição e de organização;

5. A menor preocupação em recuperar a bola rapidamente nos casos da Holanda e da Costa Rica se expressa no menor tempo de posse de bola em relação aos seus adversários. Essas equipe tiveram como referência operacional de ataque a progressão rápida ao gol adversário e como princípio operacional de defesa impedir a progressão com pressão intensa na bola a partir da linha 4;

6. O México, com estruturação das linhas similar ao anteriormente citado, utilizou-se de referências operacionais diferentes. Manutenção com progressão apoiada na fase de ataque e recuperação rápida da bola na fase defensiva;

7. A qualidade e característica dos adversários tem interferência nessas variáveis, portanto assumir essas referências como padrão das equipes só se faz possível ao longo dos jogos.


Referências Bibliográficas

FIFA. Disponível em: http://pt.fifa.com/worldcup/matches/index.html. Acesso em: 15/06/2014.

Tags: organização do jogo , Sistema defensivo , sistema ofensivo , copa do mundo , brasil 2014 ,Linhas defensivas , leandro zago

quinta-feira, junho 12, 2014

Coletiva de Imprensa: Jogo Uruguai x Costa Rica

Credenciamento para o Centro Aberto de Mídia de Fortaleza
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Coletiva de Imprensa:
Jogo Uruguai x Costa Rica

Fortaleza, cidade-sede da alegria!

A coletiva será às 11 horas, no Centro Aberto de Mídia – Centro de Eventos do Ceará, Pavilhão Leste, entrada D, mezanino 1, salas 7 e 8.

Os secretários da Copa do Governo do Estado, Ferruccio Feitosa, e da Prefeitura de Fortaleza, Patrícia Macedo, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Servilho Paiva, e dirigentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), Vitor Ciasca, e da Etufor, Antonio Ferreira, recebem a imprensa nesta sexta-feira (13), às 11 horas, no Centro Aberto de Mídia (CAM – Centro de Eventos do Ceará, Pavilhão Leste, entrada D, mezanino 1, salas 7 e 8), para uma coletiva sobre os preparativos para o jogo Uruguai e Costa Rica, que acontece no sábado (14), às 16 horas, na Arena Castelão.

O jogo de sábado (14), será o primeiro de uma série de seis jogos que a Arena Castelão vai sediar durante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.

Confira:

  • 14/06 – Uruguai x Costa Rica – 16 horas
  • 17/06 – Brasil x México – 16 horas
  • 21/06 – Alemanha x Gana – 16 horas
  • 24/06 – Grécia x Costa do Marfim – 17 horas
  • 29/06 – oitavas de final – 13 horas
  • 04/07 – quartas de final – 17 horas



English

Press Conference: Uruguay X Costa Rica match

The press conference is going to take place at 11:00 am, at the Open Media Centre (Centro Aberto de Mídia – CAM), entrance D, mezzanine 1, rooms 7 & 8.

The State and Municipal World Cup Secretaries, Ferruccio Feitosa and Patrícia Macedo, Public Security and Social Defence Secretary Servilho Paiva, and officials from the Municipal Traffic Authority (AMC) Vitor Ciasco, and from Etufor, Antonio Ferreira, respectively, will receive the press this Friday (13), at 11:00 am, at the Open Media Centre (Centro Aberto de Mídia – CAM, West pavilion, entrance D, mezzanine 1, rooms 7 & 8), for a press conference on the preparations for the match between Uruguay and Costa Rica, which is going to take place Saturday (14), at 4 pm, at the Arena Castelão Stadium.

Saturday’s match is going to be the first in a series of six matches to take place at the Arena Castelão Stadium during the 2014 FIFA World Cup in Brazil.

Check it out:

  • 14 Jun – Uruguay X Costa Rica
  • 4 pm - 17 Jun – Brazil X Mexico
  • 4pm - 21 Jun – Germany X Ghana
  • 4 pm - 24 Jun – Greece X Ivory Coast
  • 5 pm - 29 Jun – Round of sixteen
  • 1 pm - 4 July – Quarter finals – 5 pm


Español

Colectiva de Prensa: Juego Uruguay x Costa Rica

La colectiva se realizara alas 11 horas, en el Centro Abierto de Media – Centro De Eventos do Ceará, Pabellón Leste, entrada D, mezanino 1, salas 7 y 8.

Los secretarios de la Copa del Gobierno del Estado, Ferruccio Feitosa, y de la  Alcaldía de Fortaleza, Patricia Macedo, reciben a la prensa este viernes (13), a las 11 horas en el Centro Abierto de Media (CAM – Centro de Eventos de Ceará, Pabellón Leste, entrada D, mezanino 1, salas 7 y 8), para una colectiva sobre las preparaciones para el juego Uruguay y Costa Rica, que sucede el día sábado (14), a las 16 horas, en la Arena Castelão. El secretario de Seguridad Publica y Defensa Social, Servilho Paiva, y dirigentes de la Autarquía Municipal de Transito (AMC), Vitor Ciasca, y de la Etufor, Antonio Ferreira.

El juego de sábado (14), será el primero de una serie de seis juegos que la Arena Castelão sedeara durante la Copa del Mundo de la FIFA Brasil 2014.

Observe:

  • 14/06 – Uruguay x Costa Rica – 16 horas
  • 17/06 – Brasil x México – 16 horas
  • 21/06 – Alemania x Gana – 16 horas
  • 24/06 – Grecia x Costa de Marfil – 17 horas
  • 29/06 – octavas de final – 13 horas
  • 04/07 – cuartas de final – 17 horas
 

* Pedimos ainda que, se possível, você divulgue entre os profissionais do seu mailing, ou nos seus veículos.

terça-feira, junho 10, 2014

Planilha de tempo de jogo e aproveitamento individual

Universidade do Futebol disponibiliza mais uma ferramenta para o controle de competição e gestão

Eduardo Barros

Há cerca de dois anos, foi discutida neste espaço a importância do controle de tempo de jogo em competição para estabelecer a relação custo x benefício para cada atleta integrante do elenco. Seja num elenco de categorias de base, ou então numa equipe profissional, sugeriu-se que o dado fosse cruzado com a expectativa de desempenho individual

Desta forma, existem bons elementos para definir se o investimento que está sendo realizado com cada um dos atletas é (ou não) coerente.
Na ocasião, foi apresentada a seguinte classificação referente ao percentual jogado numa determinada competição:

• De 0% a 25% - Participação pequena;
• De 25% a 50% - Participação média;
• De 50% a 75% - Participação alta;
• Acima de 75% - Participação muito alta.

Considerando a expectativa de desempenho, é aceitável encontrar um jovem atleta em potencial na categoria sub-17, não maturado, com participação inferior a 50%. É importante salientar, porém, que para potencializar a boa formação, o referido atleta participe de competições secundárias e de um bom número de amistosos adquirindo minutos significativos de experiências específicas.

Num outro exemplo, desta vez ilustrando uma relação custo x benefício não vantajosa, um valor inferior a 50% não pode ser considerado aceitável para um atleta que, durante a formação do elenco, sua expectativa inicial era de compor a “espinha dorsal” da equipe e ser uma das referências de liderança.

Para auxiliar a obtenção destes dados de forma prática e eficaz, nesta semana será disponibilizada aos leitores interessados a planilha de tempo de jogo e aproveitamento individual.

Com a inserção do tempo total do jogo, do resultado da partida e dos minutos jogados por cada atleta, é possível obter ao longo da competição algumas informações importantes tanto para gestão do grupo por parte do treinador, como para a análise de desempenho individual por parte da coordenação técnica-administrativa.

Veja, abaixo, a planilha:



Após o preenchimento prévio de cada um dos adversários, a planilha está pronta para ser abastecida depois do término de cada rodada. Além dos minutos jogados, as células aceitam as seguintes siglas para quem não participou do jogo:

• DS – Departamento Médico/Saúde
• NR – Não relacionado
• B – Banco de Suplentes
• S – Suspenso

Com o acúmulo de jogos, diversas relações interessantes podem ser estabelecidas. Entre elas:

• Os jogadores que têm melhor aproveitamento individual;
• Os jogadores que têm maior participação na competição;
• Os jogadores que mais vezes são substituídos;
• Os jogadores que mais vezes entram no decorrer do jogo;
• Os jogadores que nunca são relacionados.

Ao final da temporada, o clube tem mais uma ferramenta para analisar o trabalho com dados objetivos para além do resultado de campo.
No clube que trabalho atualmente, passados dois meses da competição estadual sub-17, os dados atuais do elenco (que tem 26 atletas) quanto ao tempo de participação nos jogos são os seguintes:

• Participação pequena – 8 atletas (30,7%)
• Participação média – 7 atletas (26,9%)
• Participação alta – 7 atletas (26,9%)
• Participação muito alta – 4 atletas (15,3%)

Com o término da primeira parte da temporada estes dados serão cruzados com outras ferramentas (vídeos de jogos, aproveitamento em treinos, relatórios individuais) para definir a relação custo x benefício de cada atleta do elenco.

No mercado do futebol atual, minimizar o erro é procedimento indispensável para a sustentabilidade de um projeto. A renovação de contratos e a realização de promoções ou dispensas podem ser mais precisas se dispusermos de informações de qualidade. O tempo de jogo e o aproveitamento individual, sem dúvida, fazem parte destas informações.

Aguardo o seu contato. Abraços e que venha a Copa do Mundo!

PS: Agradeço novamente ao Lucas Leonardo, pela cessão da planilha em 2009 e desde então utilizada por mim em todas as temporadas e competições. 

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segunda-feira, junho 02, 2014

Este é o futebol brasileiro

Weimer Carvalho/Valor / Weimer Carvalho/Valor
Gênesis, atacante do Formosa, no Campeonato Brasiliense, em março: "A Copa diminuiu o tempo de duração dos estaduais. A maioria dos jogadores vai ficar desempregada no meio do ano", diz ele, que já mudou de time
Por Patrick Cruz | Para o Valor, de Brasília

Tibério Barreto era professor de biologia do Lyceu Paraibano, tinha 41 anos e era torcedor do Auto Esporte. No dia 9 de março, ele não estava em uma das arenas que estão sendo erguidas para a Copa do Mundo, mas no Estádio Almeidão, em João Pessoa. Foi lá que Barreto fez o penúltimo ato de sua vida: comemorar o gol do Auto Esporte que garantiu o empate do Macaco Autista - apelido do clube fundado por taxistas em 1936 - contra o Sousa pelo Campeonato Paraibano. Três semanas antes dessa partida, o Almeidão, em obras, estava interditado. Segundo os argumentos apresentados na ocasião pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o estádio não oferecia condições de segurança aos torcedores. Novos laudos foram obtidos, acordos entre as autoridades, selados, e o estádio foi liberado.

O penúltimo ato do professor Tibério Barreto na vida foi comemorar um gol do Auto Esporte. O último foi cair no fosso que separa a arquibancada do Almeidão e o gramado do estádio. Com a queda, Barreto - vivendo o futebol, perto do clube que amava, mas longe de qualquer pompa ou holofote associados à Copa do Mundo - morreu, vítima de traumatismo craniano.

Existem no Brasil 30 mil jogadores de futebol e 684 clubes profissionais. Embora a Copa do Mundo dê um pouco a impressão de que o esporte mais popular do país será cada vez mais feito de gramados impecáveis e craques estelares, os números e outras evidências atestam: o futebol brasileiro é muito mais Almeidão que Maracanã, muito mais Auto Esporte que Flamengo, muito mais Tibério Barreto que pay-per-view em alta definição. O frenesi com a aproximação da Copa do Mundo põe em cores mais vivas o rococó arquitetônico das novas "arenas" - termo tornado obrigatório para qualquer praça esportiva que pretenda soar moderna, ainda que não passe de um estádio de futebol -, mas o verdadeiro futebol brasileiro sobrevive em estádios chamados Zerão (Macapá), Joia da Princesa (Feira de Santana, BA), Moça Bonita (Rio), Baixada Melancólica (Santa Maria, RS).

"Com exceção dos novos estádios e dos novos centros de treinamento, feitos por exigência da Fifa, a Copa do Mundo não trouxe outras mudanças ao nosso futebol", diz Alex, ex-jogador da seleção brasileira, meia do Coritiba e um dos líderes do Bom Senso FC, grupo de atletas de elite que se uniu por mudanças no futebol brasileiro. "Quem jogar nas séries A e B após a Copa do Mundo terá estádios lindos para praticar futebol. Esse é o maior benefício."

Silvia Costanti/Valor / Silvia Costanti/Valor
Esquerdinha, treinador do Náutico, que atuou no Palmeiras nos anos 80: "O enfraquecimento dos clubes pequenos compromete a formação de novos jogadores"

Como são 20 clubes na série A e 20 na B, serão poucos (menos de 6%) os que desfrutarão do benefício citado por Alex. A modernização (ou construção) de estádios nas principais capitais do país é, sim, um avanço para o futebol brasileiro, mas talvez seja pouco retorno para tanta expectativa criada - ao menos segundo a visão de muitos atletas, treinadores e dirigentes de pequenos clubes do interior do país ouvidos pelo Valor.

Algumas declarações têm um quê de ressentimento com os efeitos colaterais trazidos pelo mundial. "A Copa diminuiu o tempo de duração dos estaduais. A maioria dos jogadores vai ficar desempregada no meio do ano", diz Gênesis Fernandes, atacante que defendeu o Formosa no Campeonato Brasiliense entre fevereiro e março. Mazelas do calendário à parte, Gênesis, com seu nome bíblico, renovou a fé em um futuro melhor e acertou transferência para o Tocantinópolis, de Tocantins, no início do mês.

(Uma explicação sobre a dinâmica do futebol que não aparece no horário nobre: em Estados sem clubes nas principais divisões do futebol brasileiro, os estaduais e copas regionais costumam ser mais extensos. Assim, as federações preenchem o calendário dos clubes que não estão em nenhuma das quatro divisões do Brasileiro.) Para torcedores dos grandes centros, habituados a estádios colossais e competições transmitidas pela TV, o rebaixamento para a segunda ou terceira divisões do Brasileiro é a antessala do fim do mundo. Mas, para todos os mais de 600 clubes que não estão entre os 60 que disputam as séries A, B ou C do Brasileiro, a Série D, patamar mais baixo do nacional, é um luxo. É impensável para torcedores do andar de cima do futebol, mas, para 90% de quem vive o mundo do futebol brasileiro, a verdade é esta: Série D não é demérito, mas sonho de consumo.

Meu ano por um jogo

Às vezes, uma só partida vale por toda a temporada. O Náutico Futebol Clube, homônimo do Náutico pernambucano, foi campeão estadual de Roraima em 2013. O título deu à equipe o direito de representar o Estado na Copa do Brasil neste ano. A competição, com 87 participantes na edição 2014, é, segundo o chavão da crônica esportiva, o "campeonato mais democrático do país". Com representantes de todos os Estados, ela põe na mesma tabela os clubes da elite - os gigantes Grêmio, de Porto Alegre, e Cruzeiro, de Belo Horizonte, são os maiores campeões do torneio, com quatro títulos cada um - e times periféricos. Tira a sorte grande o clube pequeno que consegue avançar no torneio, disputado em partidas eliminatórias.

Foi o caso do Linhares (ES) e do 15 de Novembro de Campo Bom (RS), que chegaram às semifinais em 1994 e 2004, respectivamente. O 15 de Campo Bom ainda pôs uma cereja sobre o bolo: naquela campanha, o clube apresentou ao país o treinador Mano Menezes, que depois faria sucesso no Grêmio e no Corinthians e chegaria à seleção brasileira, comandada por ele entre 2010 e 2012. Mas Linhares e 15 de Campo Bom são anomalias estatísticas. Para os pequenos, como o Náutico de Roraima, chegar à Copa do Brasil é um fim em si. Na primeira rodada, em Boa Vista, o clube enfrentou a Ponte Preta, clube de Campinas (SP) que está na Série B do Brasileiro. Se vencesse, empatasse ou perdesse por menos de dois gols de diferença, o Náutico teria a primazia de viajar a Campinas para enfrentar a Ponte no segundo jogo da série eliminatória. Não deu. O Náutico perdeu por 4 a 1 para a Ponte Preta, que viajou a Boa Vista com um grupo inteiro de reservas, incluindo o técnico.

Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/Valor
O jogador-professor Fabiano: depois de faculdade de educação física e pós-graduação em administração e marketing esportivo, ele voltou ao campo em 2013 em clube da terceira divisão

"Como o público no estádio é pouco, a renda não cobre nem a despesa para a realização dos jogos", diz Adroir Bassorici, presidente do Náutico. "Só no jogo contra a Ponte Preta tivemos R$ 8 mil de prejuízo." Ainda assim, a goleada foi o que de melhor aconteceu ao clube nessa temporada. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) paga prêmios a todos os participantes da Copa do Brasil. A premiação engorda cada vez que a equipe avança no torneio. Para o Náutico, eliminado na primeira partida, foram destinados R$ 160 mil. O dinheiro cobriu parte do buraco nas contas do clube, que fechou 2013 sem pagar dois meses de salário. "Mais do que triste, fico envergonhado de ficar devendo. Acabam duvidando da índole da gente."

A Copa do Brasil é um dos poucos momentos em que os clubes periféricos conseguem alguma projeção para o grande público. A cobertura da imprensa costuma apelar à imagem clichê do confronto entre Davi e Golias nas rodadas iniciais da competição, quando clubes grandes e pequenos se enfrentam. O tom não raro condescendente da cobertura pouco deixa entrever que a convalescença de clubes como o Náutico de Roraima é também um sintoma dos males do futebol brasileiro: calendário sobrecarregado para grandes clubes e raquítico para os pequenos, campeonatos desorganizados e pouco atrativos, amadorismo.

Décio de Abreu, o Esquerdinha, é o treinador do Náutico. Ele foi revelado pelo Palmeiras no início da década de 80, pelo qual disputou os melhores campeonatos, nos melhores estádios. Hoje, Esquerdinha vive o antiglamour do futebol brasileiro por excelência. Ele chegou ao Náutico na manhã de 12 de março - e o jogo contra a Ponte Preta foi poucas horas depois, à noite. Por falta de dinheiro para as inscrições, os últimos jogadores haviam sido inscritos pelo clube na véspera. Esquerdinha foi ponta-esquerda, posição que exigia virtuoses da bola - e tão escassa era a oferta de solistas para a função que ela acabou praticamente extinta. O ex-atleta - operário de uma posição tão rara que é hoje quase artigo de museu - vê mais do que apenas fatalismo no combalido futebol do interior do país. "O enfraquecimento dos clubes pequenos compromete a formação de novos jogadores", diz.

Sem pequeno não há grande

Romantizar o futebol à moda antiga - o do amor à camisa e do culto ao drible em detrimento da objetividade desalmada e insossa do gol - é quase um esporte nacional por si só. Mas, idealizações à parte, é fato que, sem os clubes pequenos, o futebol brasileiro não seria a potência que é. É disso que trata a preocupação de Esquerdinha. O maior jogador de todos os tempos, Pelé, eternizou-se como atleta do Santos, mas foi nas divisões de base do Bauru Atlético Clube que ele apareceu para o mundo. Se não fosse o BAC, será que o Santos o teria descoberto? Foi o pequeno Jabaquara, de Santos (SP), que revelou Gylmar, goleiro titular da seleção brasileira nos títulos mundiais de 1958 e 1962. Do Novorizontino, clube de Novo Horizonte (SP), saiu Márcio Santos, zagueiro titular na conquista da Copa de 1994. Antes de ganhar fama no Cruzeiro, de Belo Horizonte, Ronaldo, campeão em 1994 (como reserva) e em 2002 (como titular e artilheiro), destacou-se nas categorias de base do São Cristóvão, clube carioca que hoje disputa a terceira divisão do estadual do Rio.

Se a formação de jogadores é um problema crescente por causa do enfraquecimento dos pequenos clubes, como diz Esquerdinha, ainda assim os novos talentos continuam a surgir. Talvez por teimosia. A trajetória errática da carreira do goleiro Adeilson Batista é a regra, e não a exceção, no universo dos jogadores de futebol. Ele está hoje em seu oitavo clube como profissional, o União Cacoalense, que disputa o estadual de Rondônia. "Se chegarmos às finais, vamos jogar até maio", diz Adeilson. "Depois disso, futebol só no segundo semestre. Até lá, a maioria vai ficar sem clube, sem emprego, sem salário."

Adeilson tem 23 anos, idade com que muitos jovens egressos das faculdades e admitidos por grandes empresas estão começando em programas de trainee. Mas ele já tem milhagem que muito trainee vai demorar anos para acumular. O goleiro rodou por clubes do interior do Paraná, seu Estado de origem, Santa Catarina, Mato Grosso e, agora, Rondônia. Já chegou a ficar nove meses sem clube. Nesse intervalo, deu aulas de futebol em uma escolinha e trabalhou "com o que aparecia": segurança, entregador de panfletos, servente de pedreiro. "Só permanece no futebol quem tem um objetivo e acredita nesse sonho", afirma.

O discurso é um lugar-comum. Todo atleta, do início ao fim da carreira, quer completar a trinca ser descoberto-chegar a um grande clube-jogar no exterior. E o sonho de tantos aparece nas contas nacionais. Segundo o Banco Central, as transferências de atletas para outros países movimentou US$ 2,75 bilhões desde 1992, quando o levantamento começou a ser feito. Esse montante é quase US$ 1 bilhão a mais do que o faturamento do McDonald's no Brasil no ano passado. De 2009 para cá, as transferências somaram US$ 1,1 bilhão.

Não é apenas o lugar-comum que move esse exército de sonhadores. "Existe também um fator racional na decisão desses jogadores de perseguir uma carreira que todos sabem ser uma aposta de alto risco", comenta Antônio Jorge Gonçalves Soares, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "É uma carreira em que poucos fazem sucesso, mas de grande prestígio social e que paga altos salários - e o garoto não precisa fazer faculdade para isso."

No Laboratório de Pesquisas em Educação do Corpo, o professor tem participado de pesquisas sobre o universo educacional dos atletas. Por ser um acadêmico, a pergunta e conclusão do professor - ao menos para o senso comum - não deixa de ser surpreendente. "Que benefício esse menino teria se, em vez de se dedicar à tentativa de construir uma carreira no futebol, se dedicasse com afinco aos estudos no ensino médio?" Como as escolas técnicas são poucas, raciocina o professor, o ensino médio não é um fim em si.

Geraldo Bubniak/Fotoarena/Folhapress / Geraldo Bubniak/Fotoarena/Folhapress
Alex, ex-jogador da seleção, meia do Coritiba e um dos líderes do Bom Senso FC: "Com exceção dos novos estádios e dos novos centros de treinamento (...), a Copa não trouxe outras mudanças ao nosso futebol"

Em um de seus levantamentos, Leonardo Melo, também integrante do laboratório, deu mais base científica ao raciocínio. Atletas das categorias de base de 13 a 20 anos pesquisados por ele em 2010 cumpriram média de 25 horas semanais de treinos e preparativos. Em sala de aula, os estudantes que não perseguiam a carreira esportiva cumpriram as mesmas 25 horas. Isso significa que o mesmo menino que chega aos 18 anos sem treinamento formal para nenhuma profissão - caso se concentre mais na escola e menos na bola - pode, no futebol, ao menos dar a sorte de conseguir um bom contrato. "Mas, mesmo que o sonho não dê certo, só o fato de ele ser um atleta é um fator de prestígio em sua comunidade. Sem contar que muitos desses garotos chegam a viajar para o exterior ainda muito cedo. Como o ensino médio, que não prepara para nenhuma profissão, pode competir com isso?" O ensino médio precisa ter "terminalidade" para preparar os garotos para algo além do vestibular, teoriza Soares.

Vim, fui, parei e voltei

Isso não significa que os garotos estudiosos deixam de sonhar. O atacante Fabiano Bandeira começou no futebol nas divisões de base do Madureira, clube da zona norte carioca, e depois passou por América e ABC, os dois principais clubes do Rio Grande do Norte. O jovem atleta desistiu de jogar profissionalmente com apenas 20 anos, mas seguiu no mundo da bola: como aluno da faculdade de educação física e jogador do time da universidade, o que garantiu a ele a bolsa de estudos que assegurou a conclusão do curso - e a permanência nos campos. Fabiano é professor concursado da rede pública estadual de ensino do Rio e está concluindo uma pós-graduação em administração e marketing esportivo. E a bola? Em 2013, o atacante decidiu voltar a jogar profissionalmente. Ele acabou como capitão do União de Marechal, clube da terceira divisão do estadual do Rio.

Fabiano (ainda) não conseguiu realizar o sonho de criança de defender o Botafogo, seu clube do coração. Mas sem dramas. Aos 30 anos, ele diz que sua meta atual é conseguir um clube médio para atuar no Brasil ou então uma transferência internacional. Não precisa ser uma potência no esporte, como Inglaterra ou Espanha, diz o atacante, mas um país onde ele ao menos seja remunerado dignamente.

"Com o tempo, as metas mudam", observa o professor-jogador, que hoje concilia as duas atividades. "Mas de repente posso ir para um clube pequeno ou então me surpreender com uma proposta melhor do que o que imagino no momento. O futebol é imprevisível." Tão imprevisível que, em 2013, durante um treino, Fabiano foi convidado para um teste como ator. Foi assim, em um clube pequeno, que ele teve a oportunidade de se transformar no intérprete de Djalma Santos, melhor lateral-direito da Copa de 1958, no filme "Pelé", produção americana escrita e dirigida pelos irmãos Michael e Jeff Zimbalist que contará o início da carreira do rei do futebol. Vincent D'Onofrio no papel do técnico Vicente Feola e Seu Jorge no de Dondinho, pai de Pelé, são os nomes mais conhecidos da produção. O filme será lançado em maio.

Cerne das demandas do Bom Senso FC é a racionalização do calendário, a melhora das condições dos estádios e o "fair play" financeiro

Com o filme, Fabiano certamente há de ter mais gente para aplaudi-lo do que teve o atacante Acerola em 27 de fevereiro. Naquele dia, o time de Acerola, o Legião, enfrentou o Atlético Ceilandense pelo Candangão, o campeonato brasiliense de futebol. No improvável horário das 10 horas (de uma quinta-feira, e não era feriado), o Ceilandense derrotou o Legião por 2 a 1 - e a contenda teve como testemunhas nove pagantes nas arquibancadas do Estádio Bezerrão. A renda do jogo foi de, redondos, R$ 90, dinheiro que daria para comprar quatro entradas inteiras para os cinemas de Brasília. "Melhor seria se tivesse torcida", diz Acerola. "Mesmo que fosse torcendo contra."

Até o momento, o campeonato brasiliense de 2014 tem média de 1.025 pagantes por jogo. No ano passado, o Candangão teve média de 1.176 pagantes, segundo levantamento da Pluri Consultoria, o que o colocou na posição de 14º estadual no ranking da média de público. Teria sido bem pior se na final entre Brasiliense e Brasília, vencida pelo Brasiliense, os ingressos não tivessem sido vendidos ao preço simbólico de R$ 1 (ou, em muitos casos, distribuídos gratuitamente pelo governo do Distrito Federal). Dos 88 mil espectadores do Candangão do ano passado, 22 mil (ou 25% do total) estavam nesse único jogo, o primeiro do novo Estádio Mané Garrincha. O estádio, construído para a Copa de 2014, tem capacidade para 71 mil espectadores.

O gigantismo e o raquitismo

No contraste entre o gigantismo do Mané Garrincha e o raquitismo do campeonato brasiliense ficam explícitas algumas das penúrias dos pequenos clubes do futebol brasileiro - coisa que Copa do Mundo alguma parece capaz de corrigir. O estádio é novíssimo, mas o campeonato que mais deveria usufruir dele programa jogos em horário comercial, atrai espectadores que podem ser contados nos dedos de uma mão, realiza partidas esquecíveis. A mudança de calendário resolveria problemas do gênero?

Ana Paula Paiva/Valor
Elias, dono de empresa de assessoria esportiva: ex-goleiro tem 25 anos, mas decidiu encerrar a carreira, contente de já ter integrado vários times pequenos brasileiros e até jogado na Suécia, onde foi campeão na sexta divisão local

"Nas discussões sobre alternativas para melhorar o futebol brasileiro, fala-se muito em calendário, mas essa não é a única prioridade", diz Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo e da Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol. "Estamos discutindo calendário há anos. Sobram propostas." Falta mais ação política da categoria de atletas, paciência para discutir e rediscutir ideias e propostas com clubes, federações e as TVs que transmitem os diferentes campeonatos, avalia. Mas, em uma carreira tão efêmera, é difícil manter a coesão entre pessoas que querem vencer na vida o mais rapidamente possível, seja qual for a fórmula das competições ou as condições de trabalho nos clubes.

O Bom Senso FC atraiu holofotes ao reunir nomes de peso, entre eles os goleiros Dida (Internacional) e Rogério Ceni (São Paulo), o meia Zé Roberto (Grêmio) e o volante Gilberto Silva, campeão do mundo com a seleção em 2002. O cerne das demandas do grupo é a racionalização do calendário (mais jogos para os times pequenos e menos jogos para os grandes), a melhora das condições de segurança e conforto dos estádios e o que chamam de "fair play financeiro", um sistema de controle das finanças dos clubes para evitar que os dirigentes gastem mais do que arrecadam.

As ideias soam sensatas, mas ainda não estão na ordem do dia dos artistas do espetáculo. "Às vezes parece que as ideias deles [jogadores de elite] beneficiam só quem está em grandes clubes, com bons contratos", comenta o atacante Acerola - embora admita não estar totalmente familiarizado com as ideias em pauta. O próprio Alex, meia do Coritiba e um dos líderes do movimento, reconhece que o diálogo ainda não é fluido. "A união entre os jogadores ainda é, com certeza, um grande impasse. Acredito que os jogadores de elite têm que começar a tentar as mudanças porque têm exposição na mídia nacional e podem usar isso a favor. É nossa tentativa."

O que vai e o que chega

A Copa do Mundo pode ter renovado as esperanças de mudança no futebol brasileiro entre os otimistas, mas não demoveu Elias Guerreiro da ideia de encerrar a carreira. O agora ex-goleiro tem apenas 25 anos. Elias considera que teve uma carreira vitoriosa, dadas as perspectivas que se apresentavam para ele, filho de pai pedreiro e mãe faxineira, ambos analfabetos. "Viajei pelo Brasil de cima a baixo, conheci a Europa, me hospedei em ótimos hotéis, ganhei títulos, tive reconhecimento", conta ele, que defendeu equipes como Mesquita (RJ), Guarani de Pouso Alegre (MG) e Rio Negro (AM).

Na Europa, Elias jogou uma temporada na Suécia, onde foi campeão da sexta divisão local. Mas já não havia mais estômago para aguentar a gangorra de uma carreira tão incerta. "No primeiro semestre você joga a primeira divisão nos estaduais, com cobertura da imprensa. Mas, no segundo, quem não consegue um clube no Brasileiro, na Série C, acaba tendo que jogar em times sem expressão alguma - e a gordura financeira acumulada no primeiro semestre é queimada." Elias montou uma empresa de assessoria esportiva e está no primeiro semestre da faculdade de educação física em São Paulo, onde mora.

Elias e Christian não se conhecem, mas, mesmo que fossem íntimos, depoimento algum demoveria Christian Silva, o Chris, do ofício de fé das jovens promessas do futebol: perseguir o sonho. O zagueiro é o capitão dos juniores do Internacional de Lages, clube da segunda divisão de Santa Catarina. Aos 18 anos, é pai de Ryan, de 9 meses. Ele mora com o filho, a mulher, a sogra e mais cinco pessoas em uma pequena casa no Passo Fundo, um dos bairros mais carentes da cidade. Em 2013, ainda na equipe de juvenis, o zagueiro foi campeão estadual da categoria na terceira divisão do campeonato e recebeu elogios do técnico da equipe principal, Nasareno Silva. O treinador vê no garoto potencial para seguir carreira como jogador. Até lá, Chris divide-se entre os treinos, os cuidados com Ryan e a venda de maçã do amor e resmas de alho de porta em porta. É com essa atividade que o zagueiro ajuda a custear as despesas da casa. "E o alho vende bem", conta. Um bom dia de vendas rende R$ 70.

Se dominasse o jargão econômico, Chris diria que alho tem grande liquidez. Ele não é fluente em economês, mas entende o desdobramento na prática. Ele relata que no início deste ano acabaram as fraldas de Ryan. Sem dinheiro para comprá-las, Chris pegou o alho que tinha em casa, foi para a rua, lançou-se às vendas e conseguiu o dinheiro de que precisava para comprá-las. Nada de lamento: se era preciso levantar dinheiro, ele foi atrás e conseguiu.

Entre junho e julho, Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar serão o centro das atenções do mundo. Chris passará longe da Copa do Mundo. No interior de Santa Catarina, treinando e vendendo alho, continuará a perseguir seu sonho e a criar uma das tantas trajetórias - ora anônimas, ora infrutíferas, ora vitoriosas e quase sempre periféricas - que fazem o futebol brasileiro ser o que é.



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