Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, junho 30, 2013

Blatter: 'Não entendo porquê de 2007 até agora não foi feito mais em infraestrutura'

Presidente da Fifa dá entrevista exclusiva ao LANCE!Net em que fala dos estádios, protestos e casos de corrupção na entidade

 

Walter de Mattos Junior - 30/06/2013 - 07:40 Rio de Janeiro (RJ)

Joseph Blatter - Presidente FIFA (Foto: Pablo Porciuncula/AFP)
 

O presidente da Fifa foi fiel à mudança de estratégia recente e não se furtou em dar sua opinião sobre a onda de protestos que varreu o país nas últimas semanas, seja em dia de jogo da Copa das Confederações ou não. Para ele, o evento da Fifa acabou tendo o mérito de fazer a população se manifestar. Na análise da preparação do Brasil para a Copa de 2014, Blatter cutucou o governo brasileiro, admitiu que a escolha de doze sedes foi política e questionou o pouco que foi feito de infraestrutura desde 2007.

Mas Blatter também fez reflexões internas sobre a Fifa, de como a entidade tenta se livrar dos casos de corrupção. Defendeu-se sobre a participação em qualquer esquema de desvio e desabafou sobre a responsabilidade de lidar com todos esses problemas. Confira abaixo o que pensa o chefe do futebol mundial.

A Fifa recebe críticas de que só quer saber dos estádios e não se importa com a infraestrutura. Isso é real? 

Nós estamos preocupados com o legado da Copa do Mundo, é claro. Quando a Copa foi dada ao Brasil, em 2007, houve festa, apoio em todo o país. Diziam: “Nós temos a Copa do Mundo, nós temos a Copa do Mundo!". Primeiramente houve a candidatura e a mesma lista de requerimentos e o mesmo contrato dados a outros organizadores da Copa. A demanda básica da Fifa é ter estádios à disposição, mas não pedimos estádios acima de 80 mil pessoas. Pedimos para a semifinal e a final. Começamos do ponto de vista de que a infraestrutura, toda a logística urbana para ir aos estádios, deve ser feita pelas cidades-sede e pelos governos. E por quê? Porque isso é parte do legado. O país se candidata para a Copa, e nós pedimos os estádios. Penso que, em um país que ainda é identificado como a sexta economia do mundo, eu posso entender agora toda essa reação em torno dos protestos. Mas não posso entender o porquê, entre 2007 e 2013, nada mais foi feito na área de infraestrutura, de acordo com o que foi estabelecido, de que os estádios seriam construídos por fundos privados, e a infraestrutura, que será usada pela população do país, entregue.

A imagem da Fifa não é afetada de alguma forma quando o legado é prometido, mas não é entregue? 

Sei que há esse descontentamento da população. Mas talvez porque a Fifa está aqui, a população escolheu este momento para fazer seus protestos e dizer o que quer. Queremos o futebol, mas não queremos o dinheiro indo para estádios tão caros. Nunca pedimos para criar estádios como se fossem obras de arte. Futebol é uma religião aqui. Os estádios são como catedrais, e nas 
catedrais você põe tudo o que as cidades escolhem. Houve 17 cidades candidatas. Podemos jogar em oito estádios. Na África do Sul foram 10. 

A escolha de 12 cidades na época do governo Lula teve muita relação com a política?

Definitivamente, pois todas as regiões queriam ser consideradas. Se soubesse quantas cartas recebemos de pessoas de Manaus, de governador, prefeito, todos pedindo para que a Fifa considerasse Manaus, dizendo que queriam ser uma sede. “Aqui é a floresta amazônica, nós queremos ser uma das cidades”, diziam. Nós recebemos esses pedidos e enviamos pessoas a Manaus. Não é somente uma questão de um estádio que não será tão usado porque não há muito futebol, mas no mínimo tínhamos que considerar Manaus para a Copa. Mas isso não foi uma decisão nossa.

A Copa hoje é um evento só para os mais ricos?

Começou com 16 seleções, o que é relativamente fácil para organizar. Depois, para 24 times, o que elevou a capacidade de organização para atender todos os que jogavam. E agora compete-se com 32. Minha ideia quando assumi a presidência era fazer um rodízio entre os continentes para a disputa da Copa. Antes, ou era disputada na Europa ou nas Américas. Então começamos com Ásia, com a Copa da Coréia do Sul e do Japão, depois tinha que ter uma na Europa e ficaram com uma, depois fomos para a África e agora América do Sul. Depois nós vamos voltar à Europa, mas uma nova parte da Europa, que é a Rússia. O Leste Europeu não recebe um grande evento desde a Olimpíada de Moscou, em 1980. E, finalmente, vamos para o mundo árabe. O mundo árabe, estendido para o mundo islâmico, compreende mais de um bilhão de pessoas. Eles também devem ter uma Copa, no Qatar. Eles são ricos. Uruguai não pode organizar uma Copa do Mundo, pelo menos não sozinho. Por isso eles apresentaram a candidatura conjunta com a Argentina. O Uruguai organizou a Copa de 1930, e eles querem fazer isso de novo junto com a Argentina. Juntos podem dividir os custos. E também organizar uma Copa do Mundo não é só uma questão de dinheiro. É uma questão também de investimento do próprio país. Nós nunca dissemos para ninguém: “Vocês têm que organizar a Copa”. Todos os países quiseram ter uma Copa, e há uma lista de requerimentos, demandas e condições básicas que esses países têm que atender. É sempre uma disputa para organizá-la. Temos diversos pequenos países com outras competições, futsal, sub-20, que a Colômbia organizou recentemente. Existem diferentes passos e requisitos que tem que cumprir, dependendo da competição.

Para muitas pessoas é difícil acreditar que o senhor esteve na Fifa por 33 anos e tantos casos de corrupção foram cometidos enquanto o senhor estava no gabinete. O que dizer a esses críticos?

Nunca estive envolvido com nenhuma transação monetária, se não estaria envergonhado e certamente não estaria aqui. Tenho de dizer que os membros do Comitê Executivo não são eleitos pelo Congresso, são eleitos pelas diferentes confederações continentais. Não tenho influência para eleger ou dizer quem estará no meu governo. Então, eu tenho que aceitar quem foi eleito para o meu governo. Quando me tornei presidente, começamos uma “aproximação econômica”. Naturalmente, com mais dinheiro disponível, há mais apetite para algumas atividades. O trabalho primário do presidente da Fifa é assegurar que a Fifa ande bem. Percebemos, em 2001, que nosso marketing, e depois nosso parceiro de televisão, estava em processo de insolvência (ISL). A situação ficou pior por causa dos ataques terroristas de 11 de setembro, em Nova York (EUA). Então percebemos que havia algo errado em tudo isso e, pela minha iniciativa, levamos isso à Justiça suíça. Eles tomaram uma decisão. Naquela época, não havia membro da Fifa envolvido em nenhum desvio. Porque o dinheiro que foi pago a alguns membros foi a título de comissões, de acordo com a lei suíça. Agora eles proibiram esse tipo de prática. Do momento em que o Comitê de Ética começou a trabalhar, em 2006, até agora perdemos metade dos membros do Comitê Executivo. Como presidente, não poderia tirá-los porque, enquanto você não é condenado, você é supostamente inocente. Alguns saíram por vontade própria, outros foram banidos.

O processo de reforma na entidade está concluído?

Faltam alguns pontos. Temos uma auditoria e um Comitê de Observadores eleitos pelo Congresso, o Comitê de Ética eleito pelo Congresso, Comitê Disciplinar e Comitê de Apelação. Estamos realmente em uma organização democrática. Temos que ir mais fundo, e há dificuldades, porque temos grandes associações que nem sequer têm um Comitê de Ética próprio. O Código de Ética e Conduta serve para todos.

.

Del Bosque: um senhor adorável!

Rodrigo Cerqueira - 30/06/2013 - 08:13 Rio de Janeiro (RJ)

Vicente Del Bosque - Treino da Espanha (Foto: Cleber Mendes/LANCE!Press)

 

Espanha preparada para treinar, jogadores no vestiário e comissão técnica em campo. Um senhor com poucos cabelos, um andar mais cauteloso e com um bigode daqueles chama a atenção. Um homem que é referência em seu país. Não só pelas conquistas esportivas, mas pela educação, comprometimento e respeito. Esse é Vicente del Bosque, técnico da Fúria, de 62 anos.

 

Del Bosque tem fama de sortudo na Espanha. Pelas conquistas profissionais e pessoais. É um homem de família, que é sua verdadeira e grande paixão. Casado com Trini, a quem chama de mulher da sua vida, tem três filhos: Vicente Junior, de 26 anos, Álvaro, de 23, e Gema, de 20. E foi justamente um dos filhos que mudou a vida do treinador por completo.

 

Álvaro, o filho do meio, tem Síndrome de Down. Nasceu em 6 de agosto de 1989. Poucos dias depois do parto, veio a confirmação do Down. Na época, Del Bosque era treinador do time de base do Real Madrid. E, quando soube, confessou que chorou muito com a esposa. Depois, até mesmo reconheceu um comportamento que não cabia diante do caso.

 

Para a família e os amigos, Álvaro foi um presente que a vida deu para Del Bosque. Uma das cenas mais emocionantes da vida do treinador foi na comemoração pelo título mundial de 2010. Ao chegar para os festejos na Espanha, o comandante foi recebido com um forte e emocionado abraço de Álvaro. O menino também foi uma das estrelas na comemoração com os jogadores. E até subiu no ônibus que fazia carreata por Madri.

 

Del Bosque com Felipão em premiação da Fifa (Foto: Oiver Morin)

COISAS DO DESTINO:
Quando Del Bosque jogava pelo Real, um menino com Síndrome de Down sempre visitava o CT. Certa vez, em entrevista, ele lembrou que “era muito divertido, que o tratava com muito carinho e que sempre tocava em seu bigode.”

 

Condecorações na Espanha
Cruz da Real Ordem do Mérito Esportivo
É a mais alta distinção que se entrega no esporte da Espanha. É anualmente concedido pelo governo do país, sempre a espanhóis de destaque em práticas esportivas e no fomento aos ensinamentos no esporte.

 

Cruz da Ordem dos Dois de Maio
É a máxima distinção que se concede pela Comunidade de Madri. Tem três categorias: Grande Cruz, Encomenda de Número e Cruz. Em caso de pessoa jurídica, o título se dá em forma de placa de honra.

 

Marquesado de Del Bosque
Título criado pelo rei da Espanha, Juan Carlos, para Vicente del Bosque. Foi concedido ao treinador da Espanha por conta da grande dedicação ao esporte espanhol e do fomento aos valores esportivos.

 

Conquistas
2 Títulos pelo Real
Da Liga dos Campeões tem Del Bosque no comando do Real Madrid: nas temporadas 1999/00 e 2001/02 

2 Títulos pela Fúria
Del Bosque conquistou com a seleção espanhola: um Mundial (2010) e uma Eurocopa (2012).

.

sexta-feira, junho 28, 2013

A conta da Copa

Pouco mais de R$ 23 bilhões que se está associando única e exclusivamente ao evento não está simplesmente relacionada aos estádios

Geraldo Campestrini / Universidade do Futebol

Dando continuidade ao tema iniciado na semana passada, a coluna desta semana se propõe a ampliar o debate no sentido de esclarecer qual a real conta imputada à Copa do Mundo 2014. Muito se falou sobre o excessivo dispêndio público sobre um evento de “apenas” 30 dias e o real valor que será deixado para a população.

Quanto aos estádios, é indiscutível, na minha percepção, que poderíamos ter investido o mesmo montante de maneira mais inteligente, a ponto de deixar um legado relevante para o país. Acho que isto está muito claro para todo mundo.

Contudo, importa esclarecer que a conta de pouco mais de R$ 23 bilhões que se está associando única e exclusivamente ao evento não está simplesmente relacionada aos estádios. Existem inúmeras obras, que já estavam planejadas nas cidades-sede, e que estão sendo aceleradas por conta do megaevento. É o tal efeito catalisador da Copa.

Na realidade, 72,1% do orçamento relacionado à Copa 2014 está imputado em obras e projetos para Aeroportos, Portos, Turismo, Mobilidade Urbana, Segurança e Telecomunicações. Os 27,9%, que equivalem a R$ 6,4 bilhões, são para a construção ou reforma de estádios. 

Até aqui, tudo ótimo. 

Temos a garantia, pelo planejado, de um legado relevante para o país, somado à construção e reforma das novas arenas para o futebol.

O grande problema é perceber a aplicação destes recursos. Olhando para a relação daquilo que foi orçado ante o que foi efetivamente contratado, vemos que os estádios captaram (contrataram) 95,2% daquilo que foi planejado (ou R$ 6,1 bilhões). 

Na outra parte do orçamento, as obras e projetos contrataram somente 43,7% do que planejaram (ou R$ 7,2 bilhões). No somatório, contratamos 58,1% do orçado.

O quadro abaixo demonstra o cenário encontrado em 26-jun-2013, baseado no Portal da Transparência do Governo Federal.



Levando-se em conta que os investimentos totais planejados para a Copa 2014 terão a seguinte divisão entre os poderes:



(...) o cenário não é dos mais calamitosos como tentam pintar alguns críticos. A perspicácia de um protesto se faz com informação e inteligência. Portanto, nossa reivindicação deve partir não por negar ou boicotar a Copa que, como evento e acontecimento tem uma relevância histórica significativa para os países que a sedia. Devemos, sim (e aí incluindo a comunidade esportiva), pedir algo simples como: “CONCLUIR TUDO AQUILO QUE FOI PLANEJADO”.

Essa é, a meu ver, a bandeira justa e na medida correta. Simplesmente fazer, sem desvios ou superfaturamentos, o que prometemos e planejamos.

Tags: planejamento estratégico , investimentos , gasto público , copa do mundo , brasil 2014 ,negócios , Política , governo federal

quinta-feira, junho 27, 2013

Fortaleza transformará alojamento em hotel para diminuir despesas

Os oito apartamentos existentes no Hotel Otoni Diniz serão transformados em dez suítes

Universidade do Futebol / Máquina do Esporte

FEC - hotel

O Fortaleza começará a colocar em prática o projeto de reforma do Hotel Otoni Diniz. Curiosamente, o objetivo do clube com a obra é diminuir as despesas do clube com a concentração dos atletas antes das partidas.

Segundo o Fortaleza, a previsão orçamentária para a reforma gira em torno de R$ 120 mil. As despesas do clube com hotéis que abrigam as concentrações dos jogadores atingem R$ 15 mil mensais. Sendo assim, hospedando-se no Hotel Otoni Diniz a conta estaria paga em oito meses.

O novo Hotel Otoni Diniz, que homenageia um ex-dirigente do clube no nome, será construído no local onde hoje estão os antigos alojamentos do Fortaleza. Os oito apartamentos existentes serão transformados em dez suítes.

“É uma reforma de grande vulto, mas com o aproveitamento do prédio que há no local, que possui uma estrutura muito boa, portanto será uma modernização”, Hélio Castelo, diretor de patrimônio do Fortaleza.

Para arrecadar recursos para a reforma do hotel, o Fortaleza realizará um jantar para seus torcedores nesta quarta-feira, às 20h, na churrascaria Sal e Brasa. O convite custa R$ 900 para sócios e R$ 1.000 para não sócios e dará direito a levar um acompanhante.

Situação atual dos alojamentos. (Fotos: Nodge Nogueira)

IMG_4700

IMG_4690

.

quarta-feira, junho 26, 2013

Para 'ouvir as ruas', Câmara rejeita PEC 37, que retira poderes do Ministério Público

FERNANDO MELLO
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

País em protestoPressionada pelas manifestações que tomam as ruas contrárias ao projeto que retirava poderes de investigação do Ministério Público, a Câmara dos Deputados derrubou nesta terça-feira (25) a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37.

A votação faz parte de uma agenda positiva criada pela Câmara para responder aos protestos. Nos últimos dias, a proposta passou a ser uma das principais reivindicações dos grupos populares. Foram 430 votos contrários à medida contra 9 favoráveis e 2 abstenções.

O projeto previa que a condução de inquéritos criminais seria exclusiva das polícias, enquanto caberia aos Ministérios Públicos federal e estaduais apenas apresentar ações na Justiça ou arquivar as investigações.

Os delegados de polícia e os deputados favoráveis à PEC 37 argumentavam que é preciso dividir as funções para coibir abusos, enquanto os membros do Ministério Público e a maioria dos parlamentares considerou que o órgão pode fazer suas próprias investigações.

O impasse gerou uma disputa entre as categorias e chegou a ameaçar o andamento de investigações. Com isso, em abril, a Câmara criou um grupo de trabalho com representantes de policiais, do Ministério Público, do governo e da Casa para trabalhar um texto alternativo. Não houve consenso. O Ministério Público não aceitou apurar de forma extraordinária, só quando tivesse risco para as investigações das policiais.

Sem entendimento, o comando da Casa chegou a anunciar que a votação seria adiada, mas com a mobilização social decidiu engavetar o texto.

Aos gritos de "rejeita, rejeita", centenas de procuradores e promotores acompanharam a votação nas galerias do plenário. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um apelo pela rejeição da proposta porque "o povo brasileiro quer cada vez mais combate à corrupção" e na defesa da ética. "É um ato de unanimidade derrotar essa proposta", afirmou.

O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), fez um dos discursos mais inflamados e lembrou a pressão popular. "Foi o clamor das ruas que trouxe a PEC e isso que vai derrubar. É isso que tem que ser valorizado. Não é a vontade dos deputados. A pauta do Congresso não tem que ser pautada pelas empreiteiras, pelos bancos, pelos interesses".

O PT recomendou a derrubada do texto, mas disse que vai discutir regras para a investigação.

Autor da PEC, o deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA) afirmou que o debate em torno do texto foi deturpado e que foi rotulada "indevidamente de PEC da Impunidade". "Não tem nada de impunidade. Tem garantia do Estados democrático de direito".

Ao final da votação, deputados e ocupantes da galeria do plenário cantaram o hino nacional.

REGRAS

Atualmente, promotores e procuradores de Justiça também fazem investigações próprias, principalmente por meio dos chamados PICs (Procedimentos de Investigação Criminal). Ocorre que esse tipo de investigação não é regulamentada por lei, apenas por regras próprias nos Estados ou regulamentação do Conselho Nacional do Ministério Público.

Para tratar dessa questão, a Câmara deve colocar em votação um projeto que estabeleça normas para as investigações criminais, mas preservando a atuação do Ministério Público.

Como o projeto foi escrito com o apoio da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), PT e PSDB apresentaram textos semelhantes e começaram a disputar a iniciativa. O PT, no entanto, disse que vai propor essa discussão no segundo semestre. A ideia é distencionar o debate e evitar a pressão popular.

O projeto prevê ação conjunta entre polícia e Ministério Público e estabelece ainda que caberá à polícia fazer buscas e apreensões, por exemplo.

Para o presidente da ANPR, Alexandre Camanho, um dos responsáveis pelo projeto, a proposta responde a uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que cobrava uma regra para os PICs, e aos anseios de deputados e da população.

"O projeto simultaneamente regula nossa atuação e contribui para a segurança jurídica em defesa da cidadania", disse Camanho.

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress

Fonte: Folha de S. Paulo

terça-feira, junho 25, 2013

São Paulo lidera ranking de receita com aproveitamento do estádio

Ainda sem um local próprio, Corinthians fica na quarta posição, atrás de Grêmio e Inter. Flu, campeão brasileiro, sequer aparece entre 15 primeiros

Por Diego Rodrigues / Rio de Janeiro

Jogo no Morumbi marca recorde de público no Brasileirão-2011 (Foto: Marcos Ribolli / globoesporte.com)Torcida do São Paulo teve a segunda média de
público (Foto: Marcos Ribolli / globoesporte.com)

A arrecadação foi de cerca de R$ 500 milhões. Entre bilheteria, programa de sócio-torcedor e exploração de camarotes, lojas e estacionamento, este foi o valor que os clubes brasileiros conseguiram chegar em 2012 com o aproveitamento dos estádios. Os números foram divulgados por Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva, com base nos balanços financeiros das agremiações no ano passado. O líder é o São Paulo, que alcançou R$ 65,2 milhões em receitas com estádios. Como comparação, o Barcelona faturou 148,2 milhões de euros (R$ 433 milhões) em 2012.

- Os números no Brasil estão crescendo, mas isso representa meio por cento do que se movimenta no mundo (com estádios). Vamos ter que evoluir muito para explorar as arenas. Será um grande desafio. Nem todas as receitas das arenas vão ficar com esses clubes - analisou Amir Somoggi sobre a arrecadação total dos clubes de R$ 500 milhões, somados.

Segundo Amir Somoggi, um dos trunfos do Tricolor é a utilização, por exemplo, dos camarotes no Morumbi, além da venda de produtos nas dependências do estádio. O crescimento aumentou consistentemente na temporada de 2009, um ano depois da sequência de três títulos no Campeonato Brasileiro.

Na ocasião, o valor passou de R$ 39,9 milhões para R$ 58 milhões e não parou de crescer até atingir os números atuais. Soma-se a isso o aluguel do estádio para shows, como os de Lady Gaga, Madonna e Roger Waters, no ano passado. Em 2012, a segunda maior média de público do Brasileirão foi são-paulina, com 24.298 pagantes, fora a boa participação na Copa Sul-Americana, que terminou com o título e a consequente lotação do Morumbi.

Porém, o que mais chamou a atenção de Amir Somoggi foi a capacidade de arrecadação dos clubes gaúchos com receitas relacionadas aos estádios. Grêmio, com R$ 63,5 milhões, e Inter, com R$ 51,5, estão logo abaixo na lista. É importante destacar que Olímpico (estádio utilizado até o ano passado pelo Grêmio) e Beira-Rio pertencem aos clubes. E o programa de sócios é um ponto forte dos gaúchos, os líderes no ranking.

receitas ranking lista  (Foto: Reprodução)

Na quarta colocação, aparece o Corinthians. Mesmo se inserisse as receitas com sócios aos dados da bilheteria - entraram como premiações, loterias e outras receitas -, o Timão não mudaria de posição. O crescimento não ultrapassaria a casa dos R$ 10 milhões, o que o manteria em quarto. A expectativa é que este número aumente quando o Itaquerão for inaugurado, abrindo a possibilidade de explorar outras áreas, como estacionamento e camarote. Como o Pacaembu pertence à Prefeitura de São Paulo, o clube paga um aluguel, além de não ter a possibilidade de explorar mais as dependências do local.

Campeão brasileiro decepciona

Na parte inferior do ranking, estão os cariocas. Dono de São Januário, o Vasco é o 13º colocado. O Botafogo é o melhor entre os times do Rio de Janeiro, ocupando apenas uma posição acima. O Flamengo, apesar de ter a maior torcida do país, é o 15º. O Fluminense é o caso mais curioso: sequer aparece na lista. A soma do valor arrecadado foi de R$ 5,8 milhões, apesar dos títulos do Campeonato Carioca e Brasileiro. 

O Flu esbarrou em dois obstáculos. O primeiro foi a falta de um estádio próprio - o Engenhão foi a sua casa durante todo o ano passado. E nesse caso vive problema semelhante ao do Timão, tendo de pagar o aluguel (em média R$ 20 mil por jogo, de acordo com o clube) e encontrando dificuldade para explorar itens como estacionamento, camarotes e lanchonetes - o que é feito pelo Botafogo, locatário desde 2007. Além disso, a média de público não foi muito favorável: os 12.644 pagantes representam a oitava maior no Brasileiro, logo atrás de Sport e Náutico.

- O torcedor geralmente não vai ao estádio, principalmente ao Engenhão. Se pegar a história do Fluminense, o torcedor só vai em grandes momentos, sejam os mais perigosos, como 2009 (na luta para não ser rebaixado), ou em decisão de campeonato. No restante dos jogos ele não vai ao estádio quando tem dificuldade de acesso e atendimento; é o perfil do torcedor - analisou o superintendente executivo do Fluminense, Jackson Vasconcelos.

O dirigente aproveitou para apontar uma possível solução para o clube:

- Uma coisa fundamental, que quem estuda isso deve estar concluindo, é que o clube precisa ter um estádio, ter a motivação de ser a casa dele. É como ter religião e não ter um templo. Tem que ter uma casa. E o Fluminense não tem essa casa. Isso prejudica muito.

Especial Copa: Nem contra nem a favor

Diretos reservados à revista América Economia

segunda-feira, junho 24, 2013

Ainda sem Itaquerão, Corinthians é o 4º clube brasileiro que mais arrecada com estádio

TIAGO RIBAS
COLABORAÇÃO PARA A 
FOLHA

SPFW 2012O Corinthians ainda não terminou de erguer seu estádio. Mas já é o quarto clube brasileiro que mais arrecada com arenas. Segundo levantamento do consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, o clube está atrás apenas de São Paulo, Grêmio e Internacional.

Como ainda não tem um estádio próprio, o Corinthians conta apenas com as receitas de bilheteria. Mesmo assim, o clube arrecadou R$ 35,1 milhões em 2012. Aproximadamente o mesmo valor de arrecadação de Santos e Palmeiras somados.

No entanto, a quantia ainda é pequena se comparada à arrecadação do São Paulo com o Morumbi. O clube tricolor arrecadou R$ 65,2 milhões no ano passado.

Entre as receitas do São Paulo estão, além de bilheteria, os ganhos no programa de sócio-torcedor e ainda o valor recebido pelo aluguel de camarotes e do estádio para shows e outros eventos.

Editoria de Arte/Folhapress

Receitas que o Corinthians espera receber depois de concluir sua arena em Itaquera.

"Vamos arrecadar três vezes mais que o segundo colocado", afirma Andres Sanchez, ex-presidente do Corinthians e atual administrador do estádio em construção.

"Não vamos mais pagar aluguel, teremos os camarotes, a publicidade, restaurantes. [No estacionamento] serão 3 mil carros. A R$ 20 cada... Acho que vamos arrecadar R$ 200 milhões", diz.

As estimativas de Anibal Coutinho, do escritório Coutinho, Diegues, Cordeiro Arquitetos, responsável pelas obras, é mais modesta, mas ainda assim bem otimista.

"É um estádio mais novo, foi pensado para maximizar as receitas e minimizar as despesas operacionais. O estádio foi feito para um faturamento médio anual de R$ 150 milhões", afirma.

SÓCIO-TORCEDOR

No entanto, para Amir Somoggi, os valores previstos pelo Corinthians são muito difíceis de serem alcançados.

"Para chegar a R$ 200 milhões eles teriam que aumentar em seis vezes o faturamento atual. Se eles chegassem a R$ 120 milhões já seria ótimo", afirma, lembrando que o clube ainda terá outros gastos além da manutenção do seu novo estádio.

"O Corinthians tem uma dívida com a Odebrecht [construtora do estádio] e a empresa vai querer o retorno do seu investimento. Ele pode faturar, R$ 100, R$ 150, até R$ 200 milhões, mas tem que ver se esse dinheiro vai para ele."

Para Somoggi, a melhor saída para um clube aumentar a receita do estádio é seguir o exemplo europeu e investir em programas de sócio--torcedor mais rentáveis.

"O exemplo do Barcelona é emblemático. A receita com o sócio-torcedor é pequena, mas o que ele gera de venda antecipadas de ingressos e de bilheterias mostra que o programa é muito importante para os clubes europeus", diz.

No Brasil, os clubes que têm programas mais semelhantes ao dos europeus são Grêmio e Internacional, que, mesmo com torcidas menores, arrecadam mais do que o Corinthians com suas arenas. (EDUARDO OHATA)

.

Qual é o Valor do Conhecimento?

Qual é o Valor do Conhecimento?

Escolher o Curso de Jornalismo pode não ser a melhor opção para um futuro jornalista.

 

 

 

 

 

 

 Stephen Kanitz

O ESTADO DE SÃO PAULO publica anúncio de página inteira, com os seguintes dizeres:

Qual É O Valor Do Conhecimento?

A Informação Está Em Todo Lugar.

Se Hoje Em Dia A Informação É De Graça:

Qual É O Valor Do Conhecimento?”

É uma excelente discussão para se pensar, especialmente para quem pretende escolher a profissão de jornalista no próximo vestibular.

De fato, a informação está em todo lugar.

Tal fato reduziu, e muito, o poder da imprensa sobre os políticos americanos.

Ainda existe uma saída para o jornalista, e que já foi testado e funciona e que implantei com sucesso na Revista Exame, e  acredito seja a solução.

Criei na revista Exame o banco de dados das 1000 maiores empresas brasileiras.

Criamos conhecimento, publicávamos as melhores empresas, os benchmarks, as fórmulas de sucesso.

Criávamos nós mesmos o conhecimento que estávamos publicando.

A Exame pagou pelo conhecimento gerado, em vez de obtê-lo de graça dos entrevistados.

A Folha criou depois o Datafolha, com o mesmo objetivo: criar conhecimento.

A saída, como insinua o Estadão, é você pagar pelo conhecimento.

E, provavelmente, terá de pagar caro.

Terá de criar no jornal um conhecimento que ninguém mais tem, como fiz por 25 anos na Revista Exame, criando análises exclusivas sobre a economia brasileira, sob o ângulo do administrador.

Tais análises eram aguardadas todo ano: sucesso de banca por 25 anos.

Assim sendo, talvez a escola de jornalismo não seja a melhor opção, mas sim uma escola que ensine conteúdo: seja de sociologia, política, economia ou administração – uma das várias ciências ou assuntos que seu futuro jornal cobrirá.

E criar um núcleo de pesquisas, como fizeram a Folha e a Revista Exame.

É algo para se pensar.

.