Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, junho 30, 2011

Luis Acosta, treinador da equipe sub-14 do Olimpia, do Paraguai

Técnico explica uma das chaves para o sucesso da maior formação jovem do país: “paraguaios se distinguem pelo seu poder de cabeceio”
Jorrit Smink*

O Olimpia é um dos maiores clubes no Paraguai e possui uma excelente categoria de base. A "cantera" fornece jovens talentos para o time principal regularmente. Os maiores talentos geralmente fazem sua estreia na competição européia um ano após serem descobertos. 

O treinador da equipe sub-14 Luis Acosta explica uma das chaves para o sucesso da maior equipe jovem do Paraguai: “paraguaios se distinguem pelo seu poder de cabeceio.”

“Cabeceio não deve ser uma arma subestimada”


Cabeceio e Paraguai são sinônimos. O atacante Roque Santa Cruz (Manchester City, Blackburn Rovers, Bayern de Munique, e formado no Olimpia) é visto como um dos melhores do mundo usando a cabeça, mas não existe jogador paraguaio que não saiba cabecear. “No Paraguai todas as academias focam muito no cabeceio, especialmente na categoria que eu coordeno, o sub-14. Nesta idade, jogadores já dominam a bola, então você pode começar a lapidar os fundamentos,” diz Luis Acosta.


Planejamento para jovens

Diferentemente da maioria das categorias de base no Paraguai, o Olimpia trabalha com um planejamento estruturado para sua juventude. “Todos os dias do ano, para todas as categorias, isso foi trabalhado. Eu adentro o campo com meu planejamento e sei exatamente o que eu tenho de fazer e falar”.


Vencendo

“Somos diferentes da maioria dos outros clubes paraguaios, mas também dos outros sul-americanos quando se trata de ganhar. Somos focados em educar, não nos resultados. Outros clubes focam na vitória, inclusive no sub-14”.


Bola

A equipe de Acosta treina quatro dias por semana. “Nós fazemos tudo com a bola, até os treinos físicos. Integramos exercício aeróbico com exercícios táticos e técnicos. Isso é feito pelo nosso preparador físico. Para mim, como treinador, a atenção maior fica em desenvolver o jogo tático e a cabeçada. Cabecear pode ser transformado em uma arma, quando você consegue dominar o fundamento. Muitos treinadores e jogadores subestimam isso. Cabecear é muito mais do que tocar a bola com sua cabeça, assim como existe uma técnica refinada para chutar a bola”.


Ataque

“Tome o cabeceio ofensivo por exemplo. Nós treinamos seguidamente. Primeiro sem um marcador, depois com um marcador (veja os exercícios 2 e 3). Geralmente fazemos ambos na mesma sessão.

O motivo pelo qual começamos sem o oponente é para que os atletas foquem e dominem o fundamento primeiro. Quando você coloca um adversário imediatamente, o jogador vai lidar com esse marcador utilizando os recursos técnicos que ele já possui e domina. Mas um jovem jogador deve aprender a fazer coisas que ele ainda não adquiriu ou melhorar as características que ele já possui. Isso funciona melhor quando se começa sem um adversário.


Saltando

“Um importante aspecto do cabeceio é o salto. Jogadores usualmente utilizam sua perna forte para saltar. Paraguaios devem ser capazes de saltar com as duas pernas. Nós iniciamos isso no aquecimento (veja o exercício 1). Deste modo jogadores aprenderam a cabecear melhor quando, por exemplo, estiverem saltando para trás.

A postura das costas é outro aspecto importante. O cabeceio vem das suas costas, se você quer cabecear com potência. Se você está mais interessado em colocação, então a potência, bem pequena, vem de sua cabeça e seu pescoço.

Em nossa faixa etária de trabalho é importante que os jogadores aprendam a engajar a bola de modo diagonal e a olharem para a bola quando a cabeceiam ofensivamente. Muitos jogadores fecham os olhos nesta idade quando estão com a cabeça na bola.

Progredimos gradualmente até chegarmos ao exercício 4. Este inclui um cruzamento de um lateral e os atacantes devem marcar com a cabeça, enquanto são marcados por defensores rivais. Isso simula uma situação real de jogo quando a técnica do cabeceio se faz necessária.


Defensivamente

“Cabeceio defensivo necessita de uma técnica diferente da ofensiva. Com o cabeceio defensivo você salta com as duas pernas ao mesmo tempo parado ou indo para trás. Prestamos também muita atenção a este fator nos nossos treinamentos (exercício 5).

Geralmente fazemos isso em combinação com exercícios táticos defensivos de marcação em zona e trocas de posição. Você pode observar isso claramente na seleção paraguaia. Eles são mortais quando o assunto é cabeceio. A técnica de cabeçadas deles é fenomenal, devido à atenção prestada a este fundamento em suas academias. Além disso, a maioria dos jogadores paraguaios consegue saltar muito alto. Logicamente, seus músculos foram treinados para isso desde muito cedo”.


Exercício 1: melhorar o cabeceio em uma área restrita

Organização:

*6 jogadores (amarelo) têm a bola em suas mãos, os em azul não
*Os jogadores azuis se movem pela área e pedem a bola aos amarelos
*Os amarelos lançam a bola aos azuis, que a cabeceiam de volta
* Os azuis devem prestar atenção ao seu salto. Coordenadamente devem alterar o salto com a esquerda, com a direita, e com ambas



 

Exercício 2: cabeceio ofensivo sem resistência

Organização:

* A bola é passada do lado para o jogador na linha de fundo
* Esse jogador recebe a bola e a cruza para os dois atacantes que estão entrando na área
* Estes atletas cabeceiam a bola ao gol, sem a marcação de um defensor
* Jogadores se mantém nestas posições



 

Exercício 3: cabeceio ofensivo com resistência

Organização:

* A bola é passada do lado para o jogador na linha de fundo
* Esse jogador recebe a bola e a cruza para os dois atacantes que estão entrando na área
* Estes atletas cabeceiam a bola ao gol, com a marcação de um defensor



 

Exercício 4: ataque ao longo dos flancos com cruzamento

Organização:

* Em meio-campo de jogo o segundo atacante recebe a bola, alternando entre o lado esquerdo e o lado direito (jogando como em um 1:4:4:2). O ala ou lateral corre pelo flanco até a linha de fundo e recebe a bola de volta.
* Ele cruza em direção à marca do pênalti
* Dois defensores tentam evitar o gol cabeceando a bola para longe



 

Exercício 5: melhorar o cabeceio defensivo enquanto caminhando para trás

Organização:

* A bola é passada de longe de um dos flancos aos dois atacantes
* Os zagueiros centrais tentam defender cabeceando a bola para longe (caminhando para trás e cabeceando defensivamente)
* Os laterais defensivos providenciam cobertura
* A jogada continua no chão até o ataque ser concluído

Variação:
* Este exercício também pode ser treinado com três atacantes



 

*Contribuição da revista Soccer Coaching International, parceira da Universidade do Futebolwww.soccercoachinginternational.com

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Por desenvolvimento do futebol para cegos, Urece e Tottenham selam parceria

Associação não governamental sem fins lucrativos recebeu a visita de representante do clube inglês

Equipe Universidade do Futebol

Há exatamente uma semana, a Urece Esporte e Cultura viu se estabelecer um marco em seu projeto de desenvolvimento dos esportes para cegos. A associação não governamental sem fins lucrativos recebeu a visita de um representante do Tottenham Hotspur, tradicional clube da Inglaterra, com quem alinhavou uma parceria sócio-comercial.

Em cerimônia ocorrida no Morro dos Prazeres, o projeto recebeu a chancela da Tottenham Foundation, que dará auxílio metodológico e promoverá troca de experiências entre seus profissionais e as pessoas que trabalham na ONG.

Por intermédio da figura de Gabriel Mayr, gerente da Urece, haverá a contrapartida com a expertise no trabalho com formação de atletas que têm deficiência visual.

No evento que marcou também uma parceria da Premier League com a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, a equipe feminina de goalball da Urece se apresentou, assim como houve um jogo de futebol entre duas equipes formada por atletas da associação, uma delas vestindo uniforme do Tottenham.

“É um grande passo para nós, estamos mostrando nossa competência, a excelência do nosso trabalho”, disse Mayr, que embarcou na sequência para a Europa, onde desenvolverá diversas iniciativas no desenvolvimento do futebol para cegos, incluindo um workshop em Londres, como parte do acordo firmado com o Tottenham.

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ABC inaugura loja e "invade" centro de Natal

Para desenvolver o estabelecimento, agência de mkt buscou referências na loja que preparou para o Ceará, em Fortaleza

O ABC de Natal fez novo movimento para ampliar as receitas do clube. No centro da capital do Rio Grande do Norte, a equipe abriu nova loja de produtos licenciados, a primeira fora do estádio Frasqueirão, no intuito de se aproximar da torcida e turbinar a venda de artigos ligados ao futebol. A localização, na verdade, é a principal aposta.

"O clube já tinha loja no estádio, mas o torcedor tinha de se deslocar até lá, e isso não era uma tarefa muito fácil", conta Maurício Dias, sócio da Fã-Clube, agência de marketing esportivo responsável por gerir o departamento de marketing da agremiação. "Por isso, abrimos essa unidade, com novo conceito, na região central".

A nova loja do ABC também servirá como centro de atendimento ao torcedor potiguar. Além da venda de produtos licenciados, haverá venda de pacotes de associação ao programa de sócios-torcedores, venda de ingressos, área para autógrafos com atletas do elenco, entre outras ações de marketing que devem ser organizadas.

Para desenvolver o estabelecimento, a agência buscou referências na loja que preparou para o Ceará, em Fortaleza. A Fã-Clube também presta serviço ao departamento de marketing do clube alvinegro, atualmente na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, e usou esse know-how para gerar negócio também no ABC.

Por enquanto, o clube potiguar irá se restringir a atuação nessa loja própria para mensurar resultados, mas há a possibilidade de multiplicar os pontos-de-venda por meio do sistema de franquias. O ABC, cujo aniversário de 95 anos é comemorado nesta quarta-feira (29), está estudando novas formas de crescer financeiramente.

Fonte: Máquina do Esporte / Equipe Universidade do Futebol

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A estreia da seleção feminina de futebol na Copa do Mundo da Alemanha 2011

Equipe joga, Rosana brilha, e ex-treinador da seleção norte-americana ‘critica’ desempenho brasileiro em transmissão de TV
Márcia Oliveira*

Como esperado para o primeiro jogo na competição internacional, a seleção brasileira venceu por 1 a 0 a Austrália. O Brasil nunca perdeu em estreias em Mundiais e chegou ao saldo de cinco vitórias, nenhuma derrota e nenhum empate nestas condições.

Comentaristas destacaram o esforço de todo o time, um esforço coletivo, mas o diferencial ficou no individual. O Brasil sem dúvida nenhuma foi mais time que o adversário nos seus valores e experiências. A Austrália não tem tamanha expressão em Mundiais e apesar de criar mais oportunidades e ter mais posse de bola (52%), não teve habilidades refinadas como jogadoras do Brasil, em especial neste jogo, Rosana.




Rosana em ação: toque brilhante e chute de esquerda no único gol do Brasil contra a Austrália

 

Nesta primeira rodada, as seleções com expressão e favoritismo, como Alemanha e Estados Unidos, tiveram apresentações “mornas”, mas mostrando uma capacidade de evolução que vai se desenvolver ao longo da competição. O placar em todos os jogos tem sido modesto, não mais de 2 a 0 e com diferencial de apenas um gol.

Para técnicos na Alemanha e nos Estados Unidos, o “resto do mundo” está se igualando às “potências”, referindo-se aos placares baixos. Será? Ou será que o futebol feminino, em geral, das seleções tem se elevado a uma condição mais balanceada de nível técnico e tático com grande evolução, sem deixar a desejar as atuações da Copa do Mundo masculina? Até a Colômbia, a segunda seleção com idade média mais nova e estreante no Mundial, mostrou uma boa condição tática e técnica com o treinador Rozo e o suporte do esporte no país pela sua confederação. O México também está jogando de igual para igual, como no jogo contra a Inglaterra.

As críticas foram constantes contra o técnico do Brasil, Kleiton Lima, em transmissão do jogo pelo comentarista Tony DiCicco, da ESPN (ex-técnico dos EUA, campeão olímpico e mundial, atual comandante do Boston Breakers, da Liga Profissional dos Eua). Ele não poupou observações durante o jogo do Brasil contra a Austrália.

Segundo os dados sobre o treinador atual do Brasil, Lima, declarou ter sido “olheiro” do Parreira para a seleção masculina, mas “parecia não ter aprendido nada, pois a seleção feminina não tinha uma funcionalidade correta e efetiva no sistema 3-4-3 e desapontava profundamente”, disse.

Além disso, DiCicco disse que “o sistema do técnico não explora boas condições para Marta”. DiCicco, sempre “estudioso” do time do Brasil, em uma ocasião foi pego sem autorização assistindo ao treino fechado da seleção nos EUA em 2008.

Ele não poupa avaliações e críticas: comparou o Brasil de hoje ao de 2004, 2007 e 2008. Ele ultimamente tem sido responsável pela renovação dos EUA. Também ganhou o Campeonato Mundial sub-20 com os Estados Unidos no Mundial da Fifa no Chile em 2008.

A seleção norte-americana, dirigida pela técnica Pia Sundhage, teve momentos problemáticos dentro e fora do jogo. A quase veterana Rapinoe foi substituída de última hora por Cheney causando mal estar entre as jogadoras e fãs. Cheney, por sua vez, teve performance marcante, criando mais oportunidades de ataque para os EUA e marcando o primeiro gol da vitoria por 2 a 0 sobre a disciplinada Coréia do Norte (o time mais novo do Mundial, com 11 jogadoras com menos de 20 anos).

O primeiro tempo ainda não mostrava o potencial esperado, mas a performance se consolidou no segundo tempo com uma consistência da filosofia de jogo da treinadora. Mesmo assim, os EUA mostram grandes problemas na cabeça da área, função em que parece não ter muita atenção e esforço da Shannon Boxx.

A Coréia do Norte se aproveitou de diversas oportunidades naquela área. E os EUA acrescentaram as opções de ataque com Cheney – e ainda veteranas como Wambach e Lloyd devem se encaixar melhor à equipe ao longo da competição. Amy Rodriguez é outra força pelas suas condições atlética e técnica apuradas.




Cheney, estreante, marca o primeiro gol dos EUA no Mundial

 

A anfitriã Alemanha teve seus altos e baixos durante a partida inteira na estreia contra o Canada, quando ganhou por 2 a 1. Foi dominante em seu sistema e filosofia aplicados em “pressing system”, limitando o adversário e recuperando a bola com facilidade, explorando o meio da defesa com constante rotações entre a veterana Prinz e uma das revelações do time, Celia Mbabi.

Garefrekes e Mbabi fizeram a diferença e marcaram para a Alemanha. Em bola parada com boa atuação da veterana Sinclair, o Canadá diminuiu. Um dos problemas que a Alemanha possa ter é dentro do próprio time: a atacante substituta Popp contra a Prinz.

Popp tem sido uma revelação para a Alemanha e tem brilhado muito mais que Prinz. Ela só entrou no segundo tempo, mas criou muito mais situações de perigo que a titular Prinz – esta pode estar sentindo o “reinado” dela na seleção da Alemanha terminar.




Celia Mbabi, da Alemanha, marcou o segundo gol do jogo contra o Canadá

 

Em geral, é precipitado afirmar a direção que uma Copa do Mundo pode ter só na primeira rodada e em primeiros jogos das seleções. Há os fatores estreia, nervosismo, adaptação, e o “scouting” que só está começando.

Vamos acompanhar e ver a história que a competição contará. Com certeza, esta Copa vai dar o impulso maior para o futebol feminino no mundo. Times, federações, diretores e agentes estão sendo motivados e cobrados com o exemplo do país sede em levar mais a sério esse esporte mundial. Diga-se de passagem, o público presente no jogo de abertura entre Alemanha e Canadá foi de mais de 75 mil pagantes...

Até a próxima, “Auf wiedersehen”!
 

*Márcia Oliveira é treinadora de futebol nos Estados Unidos. Conheça mais as ideias dela clicando aqui.

Assessoria gera desconforto na cúpula do Fluminense

Grupo político de Peter Siemsen, presidente, criticou terceirizada

A reformulação feita pela gestão de Peter Siemsen no Fluminense, em especial na área de comunicação, tem causado estranhamento entre dirigentes do clube. O Flusocio, grupo político do qual o presidente faz parte, criticou publicamente a atuação da FSB Comunicações, assessoria contratada pela equipe há quase quatro meses.

Em texto publicado na internet, cujo autor não foi mencionado, o Flusocio afirmou que, quatro meses após a contratação da empresa especializada em comunicação, o clube ainda não conseguiu alcançar o número desejado de seguidores nas redes sociais Twitter e Facebook. O site oficial, ainda não reformulado, é outro fator criticado.

"Como se não bastasse o problema com os veículos digitais, entendemos que parte da mídia há muito tempo tem demonstrado uma incrível má vontade com a instituição Fluminense, com pautas negativas se sobrepondo, em muito, às positivas", maldisse o grupo. Internamente, contudo, a visão dos gestores é diferente.

Idel Halfen, vice-presidente de marketing e principal responsável pela reestruturação da área de comunicação do clube, embora pertença ao Flusocio, defende a empresa. "Eles têm uma série de qualidades e algumas coisas a melhorar, como qualquer outra agência, mas estamos satisfeitos com o trabalho", aponta.

A atuação do Fluminense em redes sociais na internet, por exemplo, não pode ser classificada como desastrosa, segundo o dirigente. Como o ambiente eletrônico ainda é relativamente novo, bem como o Facebook, diz o vice-presidente, não há como julgar com propriedade a respeito do número de seguidores da equipe.

"Nós teríamos de fazer um estudo sobre quantos torcedores temos, quantos deles acessam a internet, quantos deles integram essas mídias sociais, quantos deles têm interesse em nos seguir, enfim, precisaríamos de muitos dados para dizer que temos muitos ou poucos seguidores", argumenta Halfen à Máquina do Esporte.

Em relação às notícias veiculadas pela mídia recentemente, o Fluminense acumula críticas do antigo treinador, Muricy Ramalho, à infraestrutura da equipe; e confusão envolvendo atletas, como Fred e Emerson. A FSB Comunicações, procurada pela reportagem, não pôde atender às ligações até o fechamento deste texto.

RODRIGO CAPELO
Da Máquina do Esporte, São Paulo – SP

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terça-feira, junho 28, 2011

Marco Legal] “Lei Geral da Copa”

Lei Geral da Copa
Adequação da legislação pátria para a viabilização da Copa do Mundo de 2014
Carlos Alberto de Camargo*

A chamada “Lei Geral da Copa” situa-se dentro do marco legal necessário para que o governo brasileiro atenda às onze garantias exigidas pela Fifa para que um país sedie a Copa do Mundo de futebol.

Essas onze garantias são:

1. Permissões para entrada e saída
2. Permissões de trabalho
3. Direitos alfandegários e impostos
4. Isenção geral de impostos (para Fifa)
5. Segurança e proteção
6. Bancos e câmbio
7. Procedimentos de imigração, alfândega e check-in
8. Proteção e exploração de direitos comerciais
9. Hinos e bandeiras nacionais
10. Indenização
11. Telecomunicações e tecnologia da informação

Trata-se de matéria multidisciplinar que envolve a competência de diversos ministérios: relações exteriores; justiça; trabalho e emprego; fazenda; defesa; desenvolvimento, indústria e comércio; ciência e tecnologia, e comunicações, além da advocacia geral da união.

Das onze garantias exigidas, algumas já são consideradas atendidas pelo governo federal, em termos de previsão legal, dependendo apenas de operacionalização: segurança e proteção; bancos e câmbio; procedimentos de imigração, alfândega e check-in; hinos e bandeiras nacionais, e telecomunicações e tecnologia da informação.

A questão da segurança e proteção já está devidamente atendida pela Constituição Federal, Estatuto do Torcedor e Código de Defesa do Consumidor.

As garantias referentes a bancos e câmbio estão contempladas pela Resolução CMN 3568/2008, Decreto 42.820/57, que regulam as transferências internacionais de valores e a compra e venda de moedas.

Os procedimentos de imigração e alfândega já são adequadamente disciplinados pelo Estatuto do Estrangeiro – Lei 6.815/80. A celeridade desses procedimentos, na entrada e saída de estrangeiros em geral, e do pessoal da Fifa, dependerá de regulamentação dos órgãos competentes.

O cerimonial específico da Copa quanto a hinos e bandeiras nacionais já é atendido pela Lei Pelé – 9.615/98. Resta a suspensão, para os eventos da Copa, das leis regionais que regulam a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional Brasileiro e dos Estados antes de eventos esportivos.

As garantias relativas a telecomunicações e tecnologia da informação são contempladas pela Lei Geral de Telecomunicações – 9.472/97 e Lei 9069/95. Um moderno sistema de telecomunicações e tecnologia da informação, que atenda às exigências da Fifa para a Copa do Mundo, será providenciado pelo governo federal.

As garantias de ordem fiscal (direitos alfandegários e impostos; e isenção geral de impostos para a Fifa) foram atendidas mais recentemente, com a aprovação da MP 497, estando em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2011 e até 31 de dezembro de 2015, período em que haverá isenção de pagamento de tributos para a Fifa, para o Comitê Organizador Local e para as empresas contratadas. Essa exigência tem como fundamento o fato de que a desoneração das entidades e empresas tem impacto significativamente menor do que os ganhos do país com a Copa do Mundo, decorrentes do aquecimento da economia. Calcula-se que a renúncia fiscal gire em torno de R$ 500 milhões.

É, portanto, nesse contexto que se situa a Lei Geral da Copa, que consolida as alterações legais complementares ainda necessárias para atender às garantias oferecidas à Fifa, e que já deveria ter entrado em vigor, desde 1º de janeiro de 2011, tanto que se discute, na área federal, a edição de medida provisória, caso não se consiga a rápida edição de lei a respeito.

A Lei Geral da Copa deverá regular:

Vistos de entrada e vistos de trabalho: concessão de vistos de entrada e permissões de trabalho deverão ser emitidas incondicionalmente e sem qualquer restrição para as pessoas previstas nas garantias;

Proteção e exploração de direitos comerciais: proteção especial aos direitos de propriedade industrial relacionados aos eventos; áreas de restrição comercial e vias de acesso; espaços exclusivos para patrocinadores da Fifa; captação de imagem ou sons, radiodifusão e acesso aos locais oficiais de competição; com tipificação de crimes e previsão de sanções civis;

Responsabilidade civil: limites da responsabilidade civil da União; e contratação de seguros com vistas à garantia nº 10 (indenizações);

Representação Judicial e Extrajudicial: a AGU poderá promover a defesa administrativa e judicial dos interesses da Fifa, e a União arcará com despesas e emolumentos judiciais;

Outras disposições: preços de ingressos, como prerrogativa da Fifa; criação de juizados especiais para solução de conflitos relacionados à competição.

Além disso, também faz parte do arcabouço regulatório da copa, a Matriz de Responsabilidades, firmada em 13 de Janeiro de 2010 entre União Federal, Estados, Distrito Federal e Municípios sedes da Copa do Mundo Fifa 2014. Visa viabilizar a execução das ações governamentais necessárias à realização da Copa das Confederações Fifa 2013 e Copa do Mundo Fifa 2014, face às garantias prestadas à entidade, definindo a responsabilidade de cada um dos seus signatários para a execução de medidas conjuntas e projetos imprescindíveis para a realização do evento.

Os estudos que embasaram a elaboração dos projetos levaram em consideração a legislação brasileira, os termos da Fifa para países interessados em sediar o Mundial e o estudo comparado das experiências nas Copas da França, Alemanha, Japão e Coréia.


*Coronel da reserva da PM de São Paulo, ex-Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, ex-integrante do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, ex-diretor do International Police Executive Synposium – New York, Conselheiro do Conselho Nacional de Combate a Pirataria – MJ, Conselheiro do Conselho Interdisciplinar de Segurança Pública e ex-presidente do Instituto de Pesquisa em Segurança Pública. Representante do Brasil no Congresso de Ordem, Segurança e Direitos Humanos para o desenvolvimento dos países latino-americanos e do Caribe em San Salvador (El Salvador) e São Paulo (Brasil).

Foi Diretor para o Brasil do Programa de Antipirataria da Motion Picture Association onde realizou também trabalhos de Consultoria, consultoria técnicas na área de segurança de estádios e torcidas organizadas em Londres junto à Scotland Yard, Realizou trabalhos de consultoria no Encontro Regional da Interpol na Argentina (Buenos Aires) para planejamento em operações internacionais e foi Membro da Missão Parlamentar Brasileira ao Congresso Americano (Washington – USA). Realizou trabalhos de Consultoria para implementação de projetos Governamentais (Segurança Pública, Polícia Comunitária e SAMU) nos estados de Amazonas, Alagoas, Bahia, Mato Grosso e São Paulo e nos municípios de Cuiabá (MT), Manaus (AM), Teixeira de Freitas (BA), Holambra (SP), Cabreúva (SP), Osvaldo Cruz (SP) e São Paulo (SP).
Foi palestrante no Simpósio Internacional de Executivos de Polícia em Haia (Holanda) e é professor do Curso Superior de Polícia do Centro de Altos Estudos em Segurança Pública.

Formação Técnica Profissional
Curso de Formação de Oficiais pela Academia do Barro Branco da PM de São Paulo, Curso Superior de Polícia pelo Centro de Altos Estudos de Segurança da PM de São Paulo, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU.

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Desafios para o profissional do futebol: transformar dados em resultado

É preciso capacitar e tornar aptos os profissionais para transformar os dados em conhecimento e intervenção

IVIA estréia no Campeonato de Futebol da Tecnologia da InformaçãoNa última segunda-feira, no portal Terra, uma notícia estava em destaque. Não era relacionada ao futebol, mas seu teor é de suma importância para aqueles que trabalham envolvidos com os centros de inteligência e informação desportiva.

Embora ainda seja um termo relativamente estranho ao futebol, tais centrais, às vezes, chamadas de “datacenter”, têm começado a brotar em alguns clubes brasileiros, conforme já comentamos na coluna do dia 14 de junho (Ao superar barreiras tecnológicas, é necessário definir rumos).

A notícia com o título “Volume de informação e disponibilidade são desafios de TI” trata da dificuldade que o universo tecnológico enfrenta com o excesso de dados que ele mesmo produz. É como se a tecnologia aplicada para gerar dados possa em pouco tempo entrar em colapso, tamanha a sua capacidade de captação de dados sem que seja acompanhada por uma eficaz utilização e conhecimento prático desses. Em síntese, a afirmação de Mark Beyer, vice-presidente da empresa de consultoria que faz o alerta, explica bem esse paradoxo:

“Os lideres de TI devem educar as empresas para ter certeza do grau de controle e de que o montante de dados não se tornem caos”.

Essa preocupação deve estar presente no futebol através dos profissionais que estão inserindo os recursos tecnológicos no seu cotidiano. Não basta coletar dados, não basta armazená-los. É preciso interpretá-los, mas também não podemos encerrar nisso, criando apenas um armazenamento de interpretações de dados. É imprescindível transformá-los em conhecimento.

Nesse aspecto é que um termo da frase dita por Beyer ganha notoriedade: “educar”. É preciso educar, isto é, capacitar e tornar aptos e hábeis os profissionais na arte de transformar dados em conhecimento e intervenção, evitando assim excesso de dados desnecessários e não compreendidos que serão perdidos.

Enquanto na TI a preocupação é o que fazer com os dados, deveríamos no futebol nos focar além do que fazer com os dados naqueles que darão vazão e naqueles que transformarão dados em resultados através de sua metodologia de trabalho e intervenção.

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Belletti para, e Ceará enaltece "conservadorismo" no mkt

Belletti, contratado há pouco, aposentou-se alegando problemas físicos

Após vestir as camisas de São Paulo, Barcelona, Chelsea, seleção brasileira e Fluminense, Belletti não conseguiu jogar com o uniforme do Ceará. Contratado há pouco mais de uma semana, o jogador se diz fisicamente enfraquecido e decidiu se aposentar. O clube, então, destacou o "conservadorismo" que aplica no marketing.

"Nós fomos muito cautelosos ao preparar ações de marketing com a imagem de Belletti, porque constumamos esperar o jogador dar resultado em campo e ter retorno popular para ativá-lo, e isso acabou sendo positivo", conta Mauricio Dias, sócio da Fã-Clube, agência que gere o departamento de marketing da equipe alvinegra.

A mesma postura será adotada com a chegada de Edmilson, pentacampeão mundial com a seleção brasileira em 2002, com passagens por Barcelona, Palmeiras e São Paulo, entre outros clubes. "Às vezes somos criticados por sermos conservadores, mas vamos esperar resultado mais uma vez", acrescenta o executivo.

Essa opção se diferencia do que outros clubes brasileiros têm praticado na área de marketing. O Botafogo, por exemplo, explora à exaustão as imagens de ídolos da torcida, como Sebástian "Loco" Abreu e Maicosuel. O segundo, contudo, tem enfrentado problemas com lesões e pouco tem atuado no clube carioca.

Uma das opções para o Ceará trabalhar nessa área será a "volta" da "Carroça Desembestada". Durante a Copa Kia do Brasil, a torcida apelidou o time com essa alcunha, posteriormente usada pela Fã-Clube em produto licenciado. Na vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, no último domingo (26), torcedores voltaram a usá-la.

RODRIGO CAPELO
Da Máquina do Esporte, São Paulo – SP

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Jogo Ceará e Palmeiras dá 20 pontos de audiência à Globo

Após recorde, audiência volta ao normal na Globo

Foto: LC Moreira

Na última quarta-feira, o Santos entrou em campo para buscar seu terceiro título da Copa Libertadores. Sua conquista em casa foi televisionada pela rede Globo e rendeu a maior audiência esportiva do ano em São Paulo. No último domingo, seu Ibope voltou ao normal de um Campeonato Brasileiro, com praticamente a metade da pontuação.

A Globo abriu mão de transmitir o clássico entre Corinthians e São Paulo, e optou pela partida entre Ceará e Palmeiras. Com isso, teve 20 pontos de média na audiência, o que não faz do evento um ponto fora da curva. Os jogos do Campeonato Brasileiro têm variado entre 18 e 24 pontos. A partida também contou com a audiência de oito pontos da Bandeirantes.

Na última quarta-feira, o cenário foi diferente. Com direito exclusivo de transmissão em canal aberto, a Globo exibiu Santos e Peñarol, pela decisão da Copa Santander Libertadores, no horário nobre da quarta-feira. Com a partida, a emissora conseguiu 38 pontos, melhor Ibope registrado com um evento esportivo em 2011.

No próximo fim de semana, não haverá rodada do Campeonato Brasileiro. A Globo aposta na seleção brasileira na Copa América, transferindo o Nacional para as quartas-feiras. Será a primeira vez que haverá partidas oficiais da equipe desde a Copa do Mundo, quando os números do Ibope superaram os 45 pontos de média.

Fórmula 1

No último domingo, a Fórmula 1 retornou ao horário da manhã, e a audiência voltou a cair. Com o Grande Prêmio da Europa, a Globo conseguiu 12 pontos de média, contra 15 há quinze dias, na prova de Montreal, realizado às 14 horas de Brasília. Às 9 horas, a audiência da categoria variou entre 11 e 13 pontos de média nas quatro corridas.

Cada ponto no Ibope é equivalente a 58.300 domicílios sintonizados. Os dados da medição consideram apenas a audiência de São Paulo, região de referência para o mercado publicitário.

EDUARDO LOPES
Da Máquina do Esporte, São Paulo – SP

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Boca Juniors leva escolas e plano de expansão ao Kwait

Projeto segue a linha do que foi implantado no Brasil; clube fará parcerias com empresas locais para utilizar espaços prontos

Menos de um ano depois de ter inaugurado a primeira escola de futebol com sua chancela no Brasil, o Boca Juniors anunciou uma expansão contundente. A equipe argentina vai inaugurar em setembro deste ano um centro de formação de atletas no Kwait.

O projeto segue a linha do que foi implantado no Brasil: o Boca fará parcerias com empresas locais para utilizar espaços prontos, com oferta de material, estrutura metodológica e profissionais do clube argentino.

No Kwait, as escolas serão destinadas a crianças com idade entre quatro e 14 anos. Todas elas treinarão com uniformes do Boca, e haverá interação com outras filiais e com a matriz da argentina.

A operação do projeto será comandada pela Pro Entertainment, empresa que também tem parceria com o Boca Juniors para o segmento de licenciados. Assim como acontece em outros países, a criação do centro será fundamental para um projeto do time argentino, que pretende aumentar em outros países a presença de produtos com sua marca.

Fonte: Máquina do Esporte / Por: Universidade do Futebol

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segunda-feira, junho 27, 2011

Realizada abertura da V Copa Fortaleza Bela de Futebol Amador

27/06/2011

A competição tem previsão de início para agosto de 2011. 

 
Foto: Divulgação (Professor Sérgio Ricardo, presidente da LCC, 2º da direita ara esquerda
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A grande novidade  é a inclusão da modalidade feminina nas disputas. Essa foi uma demanda apresentada pela Liga cearense de futebol feminino (LCFF) na 1ª Conferência Municipal do Esporte , realizada em abril de 2010
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Na última quarta-feira (22), às 19 horas, foi realizada a festa de abertura da V Copa Fortaleza Bela de Futebol Amador, no Ginásio Paulo Sarasate. Marcaram presença cerca de duas mil pessoas. A mesa de abertura foi composta de todos os Coordenadores de Esporte das seis Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza; além do Titular da Secel, Evaldo Lima. "Democratizar o esporte e o lazer é a nossa missão. A Copa Fortaleza Bela de Futebol Amador nos enche de orgulho por ser um espaço que oportuniza a interação entre atletas dos mais diferentes cantos da cidade, e por seu potencial de revelar novos talentos. Defendo, inclusive, que os campos de várzea sejam tombados, porque eles estão sumindo - em consequencia da especulação imobiliária, privando as comunidades de opções de lazer", disse Evaldo.

A Copa Fortaleza Bela de Futebol Amador é uma das maiores competições de esporte amador do país, sendo realizada pela Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Esporte e Lazer (Secel), em parceria com a Liga Cearense de Árbitros de Futebol (Licaf). Em 2010, a Copa envolveu mais de 8,5 mil atletas da Cidade. No total, 336 equipes disputaram o título e 339 jogos foram realizados. A competição também contou com a participação de 65 mil pessoas, dentre membros de comissões técnicas, ligas desportivas e árbitros. O evento, nesse ano, terá como grande novidade a inclusão da modalidade feminina nas disputas. Essa foi uma demanda apresentada na 1ª Conferência Municipal de Esporte e Lazer, realizada em abril de 2010, e atendida para 2011.
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PNBL, ‘lan houses’, teles, internet e tecnologia da informação

Lan house faz o que o Bernardo não faz

Publicado em 27/06/2011
Conversa Afiada / Paulo Henrique Amorim

Saiu no Tijolaço, do bravo Brizola Neto: 

O que as teles não fazem, é a lan house que faz


A pesquisa divulgada hoje pela Folha de S. Paulo só comprova – se isso ainda precisasse ser provado – a necessidade de implantação imediata do Plano Nacional de Banda Larga.


Não é crível que um país dependa de “lanhouses” para praticamente a metade dos usuários de internet ter acesso à rede em condições razoáveis de qualidade.


De qualidade, porque de preço, a R$ 2 a hora, como indica a pesquisa, certamente não é.


É um retrato, também, da incapacidade e do pequeno interesse das telefônicas em prover acesso razoável a seus usuários, pois se perto de 90% dos dominícílios possuem telefone fixo ou móvel, e o computador já ser um bem disponível em cerca de 40% dos domicílio, o fato de ainda metade dos acessos ser feita de lan-houses demonstra que é a inviabilidade de conexão em preço e qualidade viáveis que nos leva a estes números.


O Tijolaço, não é segredo para ninguém, tem uma posição de princípio sobre setores estratégicos da economia – como petróleo, energia hidroelétrica, determinadas atividades minerais – pertencerem e serem geridos pelo Estado.


Assim é, também, nas telecomunicações.


Há, porém, uma diferença essencial entre esta e os demais.


Aqueles, podem esperar que o Estado brasileiro se reconstrua, após o desmonte que vem sofrendo desde o final dos anos 70, para explorá-los. A riqueza potencial está lá e, mais importante do que explorá-la rápido, é explorá-la bem, em favor da população.


Nas telecomunicações, ocorre o inverso. Dotar o país e a população de acesso à comunicação – e comunicação é, hoje, transmissão de dados – tem de ser para já. E já ainda é tarde.


É compreensível que, em função da necessidade de resultados, o Ministro Paulo Bernardo esteja procurando soluções que utilizem a infraestrutura e, sobretudo, a capilaridade da rede das operadoras de telefonia.


Mas é importante jamais deixar de lembrar que elas são concessionárias de telefonia, não de acesso à internet.


E não parar, por um segundo que seja, os investimentos para dotar o país de uma rede de transmissão de dados poderosa e geograficamente bem distribuída.


Se é para isso que o poder público quer se desonerar dos pesados investimentos de distribuição domiciliar de sinal, muito bem. Desde que haja preço e qualidade e – sobretudo – punição para o descumprimento de metas quantitativas e qualitativas, é claro.


Mas não para deixar o sistema como é, porque foi isso que nos levou a ficar na mão das teles.


E, de outro lado, é preciso agir ao menos no regramento da distribuição domiciliar, para permitir a competição e o barateamento neste serviço.


Há várias providências imediatas a serem tomadas, pela União, pelos estados e municípios.


A primeira, e mais importante, é democratizar o uso das redes físicas de telefonia, que podem, sem prejuízo de seu funcionamento, suportar o tráfego de dados em frequências diferentes. É o famoso e impronunciável unbudling, que jamais é regulamentado de forma eficiente e acessível.


Mas há várias outras, que dependem de que o poder público, em todas as esferas, pare de achar que conexão com a internet é artigo “de luxo” e não uma necessidade de serviço básico comparável a qualquer outra, como água e luz.


Algumas são de extrema simplicidade e baixíssimo custo, como, por exemplo, estabelecer a obrigatoriedade de instalação de antenas para recepção de internet via rádio em todas as novas constuções multifamiliares ou condominiais, com cabeamento a cada domicílio. O custo é, praticamente, zero e há centenas de provedores de pequeno porte ávidos por explorar este serviço, capazes de arcar com os custos de distribuição do sinal.


As concessionárias de água, esgotos, eletricidade e gás também podem ser obrigadas, para obter financiamento, a utilizar tecnologia bitubo – a Paraíba já tem estruturas assim funcionando, com ótimos resultados  – em suas novas redes, criando uma opção de distribuição de acesso que vá reduzindo o “monopólio do poste”.


As próprias lan-houses, aos milhares, são importantes pontos de ação para a democratização do acesso. Uma política de licenciamento, isenção de impostos, garantia de preço baixo nas duas pontas – do provedor e ao usuário -, e de uso sinérgico com outras atividades públicas e privadas é indispensável para que o parco direito à comunicação que estes milhões de pessoas vêm tendo seja potencializado e ampliado. Até porque é um micronegócio, de baixíssima lucratividade, mas que, como mostra a pesquisa, têm um enorme valor social.


Enfim, isso é matéria para técnicos. Para nós, o mais importante é entendermos que o acesso à internet se tornou não apenas uma necessidade, mas um direito básico e inalienável do cidadão. E que, por isso, o Estado não pode abrir mão de ter não apenas o controle, mas os meios próprios para provê-los.


Se é necessário, para a agilidade, usar o potencial instalado dos concessionários, que se o faça, com regras e controle sérios  e bem definidos. E que não fiquem dependendo exclusivamente da Anatel. Mas que não se perca de vista nem por um dia que é preciso dotar o país de uma rede poderosa e ampla de transmissão de dados sob controle do próprio Estado, porque só ele pode fazê-la e só ele pode garantir que todos a ela tenham acesso.


Até porque, com o desenvolvimento tecnológico e o crescente valor econômico e social que as telecomunicações agregam às atividade humana e ao progresso, comunicação é algo que custa cada vez menos, mas vale cada vez mais.

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domingo, junho 26, 2011

Entrevista com o diretor da Havas Sport & Entertainment no Brasil

Eduardo Corch, diretor da agência Havas Sport & Entertainment no Brasil
Especialista em marketing explica planos da companhia, que vão além da Copa-14 e dos Jogos-16 no país
Equipe Universidade do Futebol

Não é simplesmente pelo fato de o Brasil ser o atual foco de ação de novos negócios ligados ao esporte que a Havas, com a subdivisão Sport & Entertainment do grupo focado em mídia, decidiu desembarcar no Brasil. Os projetos da agência global de comunicação e publicidade são diversos e contemplarão o público nacional depois da realização dos Jogos Olímpicos de 2016. Quem garante é Eduardo Corch.

Pós graduado em marketing esportivo e com experiência em diversas empresas, como Compaq, Dupont e Adidas, ele é o responsável pelas operações do novo escritório da companhia no Brasil.

“Apesar de ser um grupo multinacional, presente em mais de 20 países, somente um executivo local conhece as particularidades e as peculiaridades do país, oportunidades, desafios, riscos, forma de negociação, players, etc.”, sinalizou Corch.

Para ele, a combinação do expertise e da experiência internacional com o conhecimento dos executivos locais é uma fórmula de sucesso do grupo Havas em outras localidades. Projeta-se que a Havas Sport & Entertainment responda por 5% do faturamento da companhia em 2011. E o início da atividade do escritório brasileiro compõe essa sustentação profissional.

Um dos principais desafios é que, como o mercado brasileiro de marketing esportivo é incipiente em se comparando com outras realidades, Corch terá de lidar com a falta de habilidade de alguns clubes e entidades. Apesar dos avanços já observados.

“O fato de o país sediar Copa e Olimpíada pesou na decisão, mas nós viemos para ficar. Certamente após 2016 continuaremos no Brasil. A vinda neste momento reflete o excelente momento que o grupo passa no mundo, bem como o amadurecimento das operações de esporte e entretenimento”, garantiu Corch.

O posicionamento do grupo Havas não é focado no futebol: o esporte é tratado como um todo, e a divisão brasileira tem a responsabilidade de desenvolver negócios também na área de entretenimento, em se considerando aspectos artísticos e tecnológicos.

Preparado para atender às demandas de negócios do país, competindo em pé de igualdade com outros importantes players, Corch explicou nesta entrevista concedida à Universidade do Futebol mais detalhadamente suas funções, a importância da qualificação de jovens que pretendem ingressar na esfera do marketing esportivo e por que confia no sucesso dos megaeventos próximos.

Universidade do Futebol – Quais são os benefícios de a Havas ter um executivo brasileiro conduzindo o processo de entrada da empresa no país?

Eduardo Corch - Apesar de ser um grupo multinacional, presente em mais de 20 países, somente um executivo local conhece as particularidades e as peculiaridades do país, oportunidades, desafios, riscos, forma de negociação, players, etc.

A combinação do expertise e da experiência global com o conhecimento dos executivos locais é uma fórmula de sucesso do grupo Havas em outros países.

Um dos principais desafios é que como o mercado brasileiro de marketing esportivo é incipiente em se comparando com outros mercados; temos de lidar com a falta de profissionalismo de algumas entidades, alguns clubes.

Estou sendo muito cuidadoso com o que estou falando, até porque é um cenário em desenvolvimento, que vem melhorando pouco a pouco, mas se comparar com mercados mais maduros, percebemos as grandes diferenças. Esse é o principal ponto.

O grande benefício de ter um profissional brasileiro tocando um grupo estrangeiro é a compreensão e o domínio dessa particularidade. Algo que se representa em outros mercados emergentes da América Latina.

Há um grande caminho a ser traçado e o grupo, de maneira global, é ciente disso. Trata-se de um processo de maturação.

Universidade do Futebol – Que tipo de preparação você fez para chegar a esse cargo?

Eduardo Corch - Primeiro, capacitação. Sou pós graduado em marketing esportivo nos Estados Unidos. Depois, experiência na área. Já são mais de 10 anos neste mercado.

Trabalhei na Adidas, como head de marketing esportivo, além de passagens em agências como TopSports (Esporte Interativo), Off Field e PeléPro.

Universidade do Futebol – Como você avalia o processo de qualificação no Brasil? Ainda encontramos muitos gargalos?

Eduardo Corch - Eu acredito que sim. Quando converso com jovens que querem entrar no mercado do marketing esportivo e eles me pedem conselho, digo que a capacitação é o primeiro passo para ter êxito – não basta ser um fanático por esporte e saber a escalação do Palmeiras de 1951. Não é isso que buscamos em um profissional.

Além disso, digo para que estes jovens comecem a ver os jogos e eventos esportivos com outros olhos. Sem se ater apenas ao duelo técnico em campo, mas a todo o entorno, a questão de logística, administração, ambiente, preparação, conforto, geração de negócios. Um olhar um pouco mais crítico.

Outra recomendação é a questão de benchmarking. Todas as vezes que as pessoas estiverem fora do país, não perderem a oportunidade de ir a uma arena multiuso, a um museu esportivo, a um jogo de basquete ou de tênis, por exemplo. Ter esse contato com o mundo real, em consonância com o mundo dos livros, da academia, é muito importante.

O mercado hoje não está à busca de teóricos, mas de pessoas que queiram apostar, crescer e vencer com inovação nos próximos anos.



 

Universidade do Futebol – E a mídia esportiva ligada ao esporte consegue conferir a este jovem uma informação relevante e um conteúdo integrado a esse pensamento, ou o tipo de discussão levantado em grandes mídias é pormenorizado?

Eduardo Corch - Acho que há dois universos distintos. O do jornalismo tradicional, que trata o esporte como ele é, com suas notícias, fofocas, causos, escândalos e furos, onde se encontra vinculada boa parte da mídia, e alguns poucos veículos que tentam pensar o esporte de uma maneira mais ampla, passando aos profissionais e aos seus leitores uma visão ligada ao marketing, à gestão e aos novos negócios – vocês se inserem nesse contexto, assim como a Máquina do Esporte, do Erich Beting.

Universidade do Futebol – Trabalhar em uma empresa de fora é uma realidade muito diferente do que você vivenciou em agências nacionais?

Eduardo Corch - Sim, o principal benefício é contar com a experiência global do grupo e fazer parte de uma rede. Hoje, já são mais de 400 pessoas no mundo, trocando experiências, melhores práticas e desenvolvendo projetos em conjunto. Temos condição de atender demandas de clientes em todas as regiões no mundo

Universidade do Futebol – A Havas teve ações pontuais na França, com a Federação Francesa de Futebol, e em Portugal, com a seleção de futebol principal. Quais foram os desafios em questão e as respostas fornecidas pelo grupo?

Eduardo Corch - Na verdade, temos cases mais interessantes e recentes. Na última Copa do Mundo, por exemplo, realizamos uma ação com a Louis Vuitton juntamente com a Fia. À ocasião, o Canavarro, capitão da seleção italiana, entrou em campo com uma mala de viagem daquela marca trazendo a taça. É um caso emblemático.

Além disso, trabalhamos com a Coca-Cola há mais de dez anos, principalmente ligado à ativação com futebol. O grupo está envolvido desde a Copa da França, em 1998. Na Alemanha, em 2006, fizemos todo o gerenciamento dos Fan Parks da Hyundai na Espanha, em oito cidades simultaneamente.

O grupo tem esse expertise de consultoria e ativação de grandes eventos, seja de patrocinadores ou não patrocinadores. Além de outras ações com Carrefour e Yahoo.

Houve, também com destaque, um reality show com a Coca-Cola na Argentina, veiculado em horário nobre na Telefe. Uma espécie de Joga Bonito. Foi muito interessante.

 

 
Capitão da seleção italiana, Canavarro apresenta a taça da Copa, dentro de uma mala estilizada; ação pensada pela parceria com o grupo Havas
 

Universidade do Futebol – Qual é o interesse da empresa no mercado brasileiro?

Eduardo Corch - Desde o início das suas operações, há mais de 10 anos atrás, a Havas Sports & Entertainment está sempre atenta a oportunidades de mercado. O Brasil, assim como a China, Índia e Rússia, oferece grandes oportunidades de geração de negócios, tanto no esporte como no entretenimento.

Estamos fazendo o planejamento com alguns de nossos clientes, visando Copa e Olimpíadas, mas ainda não podemos revelar. É importante também deixar claro que acreditamos muito em vida inteligente antes e depois dos eventos em questão. Não viemos para o país apenas por conta disso.

Existe muita coisa a ser feita de 2011 até 2014 e nosso posicionamento não é focado no futebol – tratamos o esporte como um todo, e minha divisão tem a responsabilidade de desenvolver negócios também na área de entretenimento (música, cinema, artes, celebridades, games, etc.).

O fato de o país sediar Copa e Olimpíada pesou na decisão, mas nós viemos para ficar. Certamente após 2016 continuaremos no Brasil. A vinda agora reflete o excelente momento que o grupo passa no mundo, bem como o amadurecimento das operações de esporte e entretenimento.

Agora, sim, estamos preparados para atender às demandas de negócios do país, competindo de igual para igual com outros importantes players.

Universidade do Futebol – Como será feito o processo de entrada no país? Quanto tempo a empresa levará até consolidar a operação aqui?

Eduardo Corch - Iniciamos nossas operações em setembro do ano passado. Apresentamos a divisão a mais de 40 empresas e tivemos excelente receptividade. Já estamos colhendo alguns frutos, alguns formatos foram testados e aprovados, outros reformulados, mas estamos confiantes que a operação brasileira será uma das principais no mundo.

Universidade do Futebol – Quais são as diferenças entre trabalhar no mercado brasileiro e trabalhar no restante do planeta?

Eduardo Corch - O Brasil é um país continental, com diversas particularidades. Além disso, importantes agências de marketing esportivo e entretenimento já estão no país e trabalham com grande competência. Fora os novos players que estão chegando. O mercado é bastante competitivo, mas conquistaremos nosso espaço.

Universidade do Futebol – No caso do futebol, de maneira geral, os clubes têm plena noção de quanto representam as suas marcas próprias? É possível realizar mensuração de resultados nesse contexto?

Eduardo Corch - Acredito que é possível, sim, e um de nossos expertises é a mensuração de resultados, mas o trabalho cultural que deve ser feito é: a mensuração não está ligada apenas à visibilidade.

As empresas devem enxergar o esporte com a possibilidade de outras entregas que não apenas a visibilidade – contato direto com o target, ações de hospitalidade, relacionamento, venda de produtos.

Ainda há uma etapa por trás e, claro, para isso existe outras formas de fazer medição que não apenas a famosa centimetragem, ligada a aspectos qualitativos (pesquisas, geralmente).



 

Universidade do Futebol – Você citou o caso da hospitalidade. A realidade brasileira, em que a construção dos estádios está atrasada, e a Copa do Mundo está cada vez mais perto, permitirá criar uma mudança cultural nesse tratamento do público esportivo até 2014?

Eduardo Corch - Nós temos uma chance de ouro com esses dois grandes eventos. No próximo século, não teremos provavelmente um cenário tão favorável quanto. Se não aproveitarmos essa chance para mudar tal situação, dificilmente teremos outra possibilidade de sucesso.

Se vai acontecer? Eu acho que sim. Historicamente, na preparação para os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, e mesmo na preparação para a Copa na África do Sul, houve processos traumáticos, complicados, com os estádios ficando prontos muito perto da data de realização. Acho que há vontade política, do povo, e pelo momento econômico que o país atravessa, dará certo no fim das contas.



Povo brasileiro comemora vitória na disputa pela sede dos Jogos Olímpicos: para Corch, outra oportunidade como esta não se repetirá no próximo século...

 

Universidade do Futebol – Em que pontos os modelos de negócio usados em outras partes do planeta podem beneficiar o trabalho aqui no Brasil?

Eduardo Corch - Nosso posicionamento será ligado a marcas. Oferecemos alguns serviços como consultoria a empresas que queiram investir em esporte e entretenimento, ativação (criação de eventos, conteúdo, promoção, ações de relações públicas, etc.), e mensuração de resultados.

Universidade do Futebol – Como você avalia o esporte como mote de sociabilização, diferenciado na relação entre negócio e manifestação artística?

Eduardo Corch - É um pouco complicado, pois obviamente o esporte tem suas peculiaridades. Ele desperta algo nas pessoas que outros territórios não conseguem – a catarse, o amor, às vezes até para o mal, especialmente o futebol.

Hoje, cada vez mais, os esportistas estão sendo encarados como celebridades, VIPs, entrando na mesma categoria de modelos, cantores, atores. Vemos mundialmente grandes jogadores na passarela, como Beckham, Kaká, que fazem campanha de marcas não ligadas ao esporte. Essa não é mais uma tendência, é uma realidade.

Hoje o esporte está muito misturado com o entretenimento. Trata-se de um processo irreversível, até pelo fato do culto ao corpo. E o esportista tem um biotipo físico diferenciado. Será normal vermos essa fusão entre esporte e moda. Grandes marcas de artigos esportivos, como Adidas, Puma e Nike, inclusive, fazem isso, já.



Kaká ao lado de esposa e Yan Acioli, estilista encarregado de dar ao jogador um visual mais despojado; moda e esporte andando juntos 

 

Universidade do Futebol – Os profissionais que a sua empresa usará no Brasil têm formação aqui mesmo?

Eduardo Corch - Teremos um modelo misto, com a contratação de profissionais brasileiros, trabalhando diretamente com nossa rede de colaboradores espalhados no mundo. Frequentemente, recebemos a visita dos principais executivos internacionais para o desenvolvimento de projetos, estratégicas e geração de novos negócios.

Universidade do Futebol – Qual é o budget que a agência pretende trabalhar no mercado brasileiro?

Eduardo Corch - Não podemos divulgar.

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