Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, dezembro 18, 2020

Cearense Série C é uma competição para atender os clubes




A imprensa da qual faço parte, não deve esquecer jamais que as competições são realizadas fundamentalmente para atenderem os interesses das entidades de prática desportiva (os clubes de futebol).

A entidade de administração do futebol cearense, a FCF, é apenas a gestora da competição, cuja fórmula de disputa é por ela apresentada aos clubes para avaliação e aprovação. Portanto, não cabe tão unicamente à FCF o direcionamento de quaisquer críticas neste sentido.  

Na realidade, em meio a uma pandemia como a que vivemos, o mais lógico seria que nem tivéssemos a realização do Cearense Série C. No entanto, por vontade das partes envolvidas, teremos a competição, adaptada para as condições momentâneas. Logo, ela será breve, mas não perderá seu caráter de disputa. Ao contrário, a fórmula enseja que tenhamos uma importante equanimidade na disputa, já que os pontos corridos é a mais notória maneira de apuração do aspecto técnico-desportivo.

No que pese termos de 3 de fevereiro à 21 do mesmo mês, ou seja, apenas 18 dias dos jogos iniciais aos finais, também será preservado o intervalo de 72 horas entre as partidas, a fim de que se dê a recuperação dos atletas. Portanto, teremos uma média de 3 dias entre um e outro jogo.

Há um aspecto um tanto macro que também está em jogo, que é a preparação das equipes para uma modalidade de disputa de curtíssimo prazo. Ao que nos parece, isso exige uma preparação diferenciada, seja no aspecto tático, seja no técnico, seja no físico, seja no aspecto mental. Tanto o nível de preparação quanto o de concentração serão de grande importância para o desempenho individual e coletivo de atletas e equipes.

° ° °

Por: Benê Lima

quarta-feira, dezembro 16, 2020

CALOUROS DO AR PROMOVE REUNIÃO COM NOVA DIRETORIA


A três dias da eleição realizada dia 12 próximo passado, o Presidente da Executiva do Clube, Emmanuel Carvalho, convocou reunião para apresentar a nova composição da Diretoria Executiva, para mais um triênio (2021/22/23).

O encontro aconteceu nesta terça (15) e foi presencial, tendo se dado nas dependências do Colégio Dragão do Mar, em Fortaleza, das 19 às 21 horas.

Além dos membros da Executiva, a presença do Presidente do Conselho Deliberativo, Jorge Amorim, serviu para produzir alguns esclarecimentos acerca do novo Estatuto do Clube, bem como para portar a Ata da Assembleia Geral da Eleição. 

O Presidente da Executiva, Emmanuel, proferiu a fala de abertura com entusiasmo, fazendo a apresentação dos novos membros da direção do clube, tais como o 2º Vice, William Rogatto, que também é o principal investidor do clube, além do Diretor de RP (Relações Públicas), Benê Lima, entre outros.

Presidente do Conselho Deliberativo


O Diretor de Patrimônio recém-eleito, Eudasio Barroso, fez uma breve prestação de contas informal, passando o controle da conta do Clube ao Presidente, e prometendo colaborar com o Diretor Financeiro, Sérgio Ricardo, a fim de que um ajuste primário das contas do Calouros do Ar seja encetado.

A unificação do controle financeiro de um lado, e as ações das diretorias de relações públicas (RP) e comunicação com a de marketing de outro, foram iniciativas objeto de proposições. 

Outra sugestão acatada foi o cumprimento do pré-requisito estatutário que prevê a confecção de três balancetes anuais dentro do exercício vigente, além do balanço no prazo legal do ano seguinte. Além disso, o mais tardar no início do próximo exercício se fará a previsão orçamentária do Clube para 2021, para posterior aprovação dos Conselhos Deliberativo e Fiscal.



 NOVAS PARCERIAS

Novas micro parcerias serão buscadas, especialmente para os esportes amadores, olímpicos e paralímpicos, bem como para o futebol feminino, assim expressou o Diretor de RP, Benê Lima.


O departamento de futebol do Clube, através do 2º Vice, William Rogatto, disse estar aberto a parcerias em cidades do interior do Estado Estado, desse modo ampliando a captação de jovens valores. 

“Cada caso será analisado 
(referindo-se às parcerias), e 
poderemos ter casos sem ônus 
para o ‘franqueado”, 
disse o dirigente.

 

Nos próximos dias o clube criará o WhatsApp do setor de comunicação (assessoria de imprensa), cujo credenciamento ficará a cargo do Diretor de RP, Benê Lima. 

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quarta-feira, novembro 18, 2020

Justiça aceita denúncia do MPMG e ex-dirigentes do Cruzeiro viram réus por quatro crimes

 Gabriel Coccetrone / Lei em Campo


O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público mineiro contra integrantes da antiga diretoria do Cruzeiro. O ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice-presidente de futebol Itair Machado e o ex-diretor-geral Sérgio Nonato vão responder pelos seguintes crimes: lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e organização criminosa.

“A denúncia oferecida pelo MPMG contra ex-dirigentes do Cruzeiro e empresários foi recebida pela Justiça no dia 6 de novembro. Eles agora são réus em Ação Penal. A denúncia narra crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. O prejuízo ao Cruzeiro, de acordo com o MPMG, é de cerca de R$ 6,5 milhões”, disse o órgão público em uma publicação no Twitter.

O deputado estadual Léo Portela (PR-MG), ex-superintendente de relações institucionais e governamentais do Cruzeiro também se manifestou nas redes sociais: “Wagner Pires, Itair Machado e cia. acabam de se tornar RÉUS! O Juiz acatou a denúncia do MP e agora o processo começa a tramitar na 7ª Vara Criminal. Não haverá misericórdia para essa quadrilha!”.

Além dos ex-dirigentes, os empresários Wagner Cruz, Carlinhos Sabiá e Cristiano Richard, Christiano Polastri Araújo (ex-presidente do Ipatinga), Fabrício Visacro (ex-assessor de futebol), e Ivo Gonçalves, pai de Estevão William, de 12 anos, apelidado de Messinho, e que teve parte dos direitos envolvidos pelo clube no pagamento de dívidas com o empresário Cristiano Richard também se tornaram réus em ação penal.

Denúncias

Wagner Pires de Sá foi denunciado pelos crimes de falsidade ideológica, apropriação indébita e formação de organização criminosa. Itair Machado por lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Já Sérgio Nonato responderá por integrar organização criminosa e por apropriação indébita.

Os três empresários são acusados de integrar organização criminosa e apropriação indébita, sendo que dois deles ainda responderão por lavagem de dinheiro. O pai do atleta das categorias de base da Raposa responderá pelo crime de falsidade ideológica. Já o ex-presidente do Ipatinga foi denunciado por lavagem de dinheiro. E o ex-assessor de futebol do Cruzeiro por apropriação indébita.

Crédito imagem: Estadão



Presidente da Fifa revela “desconforto” com calendário do futebol brasileiro

 

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, revelou sentir “desconforto” com a falta de sincronia entre o calendário brasileiro e as Datas Fifa, responsável por desfalcar os clubes brasileiros. O Brasil é um dos poucos países que mantém todas as disputas em aberto durante os jogos da seleção. Em entrevista ao GE, o dirigente evitou criticar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas disse o que pensa sobre o assunto:

“Como presidente da Fifa não devo nem posso sobrepor a minha opinião a quem toma decisões no Brasil, mas admito que partilho o desconforto de muitos pela sobreposição de jogos de clubes de elite com os jogos da Seleção Brasileira”, disse o dirigente.

Infantino disse que a responsabilidade para isso deixar de acontecer deve ser dividida entre a CBF e os clubes da elite do futebol brasileiro, buscando uma solução comum para ambos.

“Sei que não é fácil encontrar pontos de equilíbrio entre todas as partes, mas os interesses do futebol devem estar acima dos interesses individuais ou corporativos, e todos os responsáveis têm a obrigação de encontrar saídas para esse tipo de situação”, afirmou.

“Acho que devemos procurar maneiras de ter menos partidas, mas mais significativas. Encontrar uma fórmula perfeita será extremamente desafiador, mas acho que a comunidade do futebol deveria pelo menos discutir aberta e francamente para ver se podemos chegar a soluções novas e melhores. Parece haver um consenso de que há muitas partidas por temporada em muitos países“, completou Infantino.

Os clubes mais prejudicados pelas convocações foram: Palmeiras (cinco), Atlético-MG (quatro) e Flamengo (três).

A seleção brasileira joga nesta terça-feira (17) contra o Uruguai, em Montevidéu, pela 4ª rodada das eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. Esse será a última Data Fifa deste ano. No entanto, o calendário da Conmebol para a competição está reservado até 29 de março de 2022, com mais 14 rodadas a serem disputadas, além da Copa América que será realizada no ano que vem, de 11 de junho a 10 de julho.

Crédito imagem: Fifa/Divulgação

Como Data FIFA contribuiu para aumento de casos de Covid no futebol mundial


Antes o torcedor ficava na expectativa para que os jogadores não voltassem lesionados da Data FIFA. Em tempos de pandemia, a preocupação aumentou. Eles torcem também para que os atletas não retornem com Covid.

E não é à toa. Nesta pausa para os jogos oficiais das seleções nacionais, além de lesões, muitos atletas foram infectados pelo novo coronavírus. Mo Salah do Liverpool, testou positivo com a equipe do Egito. O mesmo aconteceu com o meia croata Brozovic, da Inter de Milão, e o uruguaio Luis Suárez, do Atlético de Madrid, entre outros.

“É um risco expor os atletas, trazê-los de diversos lugares do mundo para ficarem concentrados com maior risco de exposição. Além disso, tem o deslocamento por países. A questão da pandemia é diferente em cada lugar. É uma exposição considerável”, avalia o advogado Luiz Marcondes, presidente do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo.

O Lei em Campo consultou o infectologista Paulo Olzon, que reforçou que o contágio se dá principalmente em ambientes fechados. No futebol, “avião, concentração, vestiário… Dentro do campo dificilmente são contaminados, apenas se houver troca de fluidos”.

Na Seleção do Uruguai, além de Luis Suárez, Rodrigo Muñoz e Matias Viña também testaram positivo para a Covid. E o foco do contágio seria o lateral do Palmeiras, já que o clube vive um surto com 15 atletas infectados. Essa foi a explicação do médico da delegação, José Veloso, a um jornal uruguaio.

“Os exames realizados em Viña no sábado e no domingo, principalmente o último, foram uma confirmação de que o contágio ocorreu no Brasil e não na Colômbia, onde o Uruguai jogou na sexta-feira (13)“, afirmou o médico. Viña havia sido testado na quarta (11) e o exame deu negativo.
Gabriel Menino, outro lateral do Palmeiras foi diagnosticado com Covid enquanto estava com a Seleção Brasileira e acabou desconvocado. Todos os atletas do clube paulista estariam assintomáticos.

Paulo Olzon, que trabalha na linha de frente da Covid em São Paulo, explicou que o período de incubação do vírus, do contágio aos primeiros sintomas, varia de 2 a 14 dias. “Boa parte se contamina em uma semana, mas não dá para garantir. O percentual de erro ou má interpretação é grande e proporcional ao tempo de incubação.”

Além disso, a porcentagem de exames falsos-negativos, quando a pessoa está infectada e não aparece, varia de 20% a 40%. “Se você estiver com a Covid e colher a amostra no primeiro ou segundo dia dá negativo. Mesmo com os sintomas. Só a partir do terceiro dia o resultado aparece com precisão”, revela o doutor Paulo Olzon.

Quando o paciente apresenta quadro clínico de gripe, diarreia, dor de cabeça intensa, perda de olfato e paladar, o contágio se dá mais fácil. Quando não há sintomas, a carga viral é bem inferior e a transmissão do vírus fica muito mais difícil. De qualquer forma, o recomendável é sempre o isolamento.

Por isso, os jogadores uruguaios infectados foram removidos do convívio com os demais atletas e devem permanecer 14 dias em isolamento. Assim como os atletas do Palmeiras e de outros clubes que registram casos do novo coronavírus.

Luis Suárez está fora do jogo entre Atlético de Madrid e Barcelona no próximo dia 21 pelo Campeonato Espanhol. Seria o primeiro encontro do atacante com o ex-clube. Mas fica para uma próxima.

“A FIFA criou o protocolo de partidas oficiais em meio a pandemia. Medidas preventivas para evitar a contaminação. Além disso, a entidade orienta os clubes a contratarem seguros para uma determinada enfermidade ou lesão dos atletas. Está no artigo 2, anexo 1, do Regulamento de Status e Transferências de jogadores. A FIFA tenta se livrar de uma eventual responsabilidade. Não sei se o Atlético de Madrid contratou o seguro. Mas é uma discussão interessante de ser trabalhada face o momento que nós estamos”, propõe Luiz Marcondes.

Até que ponto as competições devem seguir com tantos casos e uma segunda onda da pandemia? A entidade máxima do futebol anunciou o cancelamento dos mundiais femininos Sub-20 e Sub-17 nesta terça-feira (17) por dificuldades com a pandemia, mas no sentido de ausência de datas para concluir as eliminatórias e a preparação das seleções classificadas. Nada tem a ver com o risco de contágio em razão da realização dos torneios.Até porque a FIFA confirmou o Mundial de Clubes masculino, entre 1 e 11 de fevereiro de 2021. Datas que coincidem com a final da Copa do Brasil e rodada 34 do Brasileirão.


sexta-feira, novembro 13, 2020

Pior do mundo no campo, mas gigante nas redes!

 Lei em campo / Gustavo Goes


Que alegria é poder estrear um texto no Lei em Campo! Meu nome é Gustavo Goes, sou recém formado em Direito pela FD-USP, atualmente curso MBA em Gestão de Projetos na USP e atuo nessa área com foco em esports. Acompanho o portal desde seu lançamento há dois anos e foi uma grande felicidade para mim ser convidado para a iniciativa universitária do Lei em Campus (toda quinta-feira no canal do Youtube do Lei em Campo) e agora poder escrever para o portal!

Vou estrear minha coluna hoje comentando sobre o Íbis. Sim, o “pior clube de futebol do mundo”, esse mesmo! Você sabe onde o Íbis não pode ser chamado de pior do mundo, entretanto? No seu poder de engajar o púbico que o acompanha nas redes sociais.

A empresa de marketing Sportsvalue fez um levantamento do poder de engajamento do Íbis em suas redes e apontou que o clube pernambucano é o 4º maior do mundo em eficiência de suas postagens no Twitter. A cada pequeno tweet, o Íbis tem uma média de 11.780 interações, o que o coloca atrás apenas de Arsenal, Chelsea e Manchester United e a frente de gigantes do futebol brasileiro e internacional.

A força do Íbis nas redes sociais se deve, entre outros fatores, ao poder de controle de narrativa que o clube conseguiu obter ao se “assumir” como pior time de futebol do mundo. A alcunha traz uma série de perfis de curiosos que querem acompanhar o próximo alvo das piadas do perfil e também uma exposição exponencialmente maior que o clube conseguiria sendo só mais um dos times a disputar campeonatos de menor expressão, como a Série A2 do Campeonato Pernambucano.

Vivemos um período no esporte que a aproximação com o entretenimento é cada vez mais perceptível e importante para os clubes que querem aumentar seu poder de penetração em mercados antes inacessíveis, principalmente entre o público mais jovem. O esport já nasceu em uma realidade assim e prontamente se colocou em consonância com a linguagem própria para esse tipo de comunicação. No futebol, aqui no Brasil, muitos clubes começam a se movimentar, mas de forma ainda incipiente e sem constância, para assumir o protagonismo de suas próprias narrativas.

O Twitter é um caminho “rápido” para quem busca um engajamento que é facilmente demonstrável no número de curtidas, retweets ou contas alcançadas, mas não é nem de longe o único possível. As “TVs” dos clubes em seus canais de streaming e youtubes, a comunicação institucional, o posicionamento sobre questões sociais, a veiculação de suas próprias partidas num futuro próximo que conte com a evolução da discussão sobre a transferência do mando de transmissão para os mandantes são todas possíveis maneiras de trazer mais visibilidade para sua marca, engajar mais torcedores e por consequência tornar seu clube indiretamente mais forte.

Numa partida pelo tempo de atenção disponível, um dos bens mais escassos de nossa modernidade virtual, o Íbis – o pior time do mundo – já fez o primeiro gol. Quem será que vai ampliar o placar?

……….

Gustavo Goes é formado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e cursa MBA em Gestão de Projetos na USP/ESALQ. Trabalha como Executivo Comercial no grupo W7M Investiments, é Coordenador da IB|A Académie du Sport e fundador e membro do Conselho Consultivo do Grupo de Estudos de Direito Desportivo da FD-USP.


sexta-feira, outubro 09, 2020

Brasileirão 2020: a mais ‘insana’ dentre as disputas

Benê Lima

Para a maioria dos times brasileiros, o Brasileirão 2020, regado à pandemia, é o que mais apresenta aspecto diverso das demais edições.

As implicações vão desde o aspecto financeiro até o aspecto técnico. 

Creio que jamais se viu, desde a primeira edição da versão Brasileirão de pontos corridos, tamanho equilíbrio e disputa, especialmente na parte de baixo da tábua de classificação.

Para que se tenha uma ideia, apenas cinco pontos separam o oitavo colocado para o décimo sexto e primeiro na zona de rebaixamento, sem contar que do décimo segundo ao décimo sétimo todos os times possuem a mesma pontuação: 15 pontos ganhos.

 


Aduza-se a isto o fato do último colocado momentâneo, o Goiás, contabilizar nove pontos ganhos, mas ter três jogos a menos. Portanto, três vitórias colocariam o time goiano com o dobro da atual pontuação. 

Outro fator que parece ter diminuído o desequilíbrio técnico-desportivo entre os times, é a gestão financeira dos clubes. Gestão equilibrada e enxuta tem refletido num menor gap entre o topo e a base da pirâmide. 

Diante destas condições, cabe a nós reconhecermos que analisar tendências neste instante é algo que requer cuidados, a fim de não pretendermos transformar mera e tênue propensão em quase certeza. 

A verdade que salta aos olhos do menos arguto observador, é que esta nos parece a versão do Brasileirão menos sujeita a prognósticos definitivos. Há clubes, mais que os times que os representam, que estão se saindo de forma garbosa na lida com a crise instaurada pela pandemia, como são os casos dos nordestinos Ceará, Fortaleza e Bahia.

Creio ainda que as análises precisam incorporar mais ciência e menos emoção e paixão, sem o quê estaremos distantes das ações reativas que se fazem necessárias.


sexta-feira, setembro 25, 2020

A Pandemia, os clubes de futebol e a nova gestão

*Benê Lima

 Nada é tão novo que não caiba um pouco de inovação para se renovar, nem nada é tão inovador que não comporte um bocado do antigo, mas atual em ideias vigentes, num processo de ‘transgenicidade’ 



É perceptível a uma ideia comum e aceitável por todos, de que este período de pandemia mexeu profundamente com as pessoas, desde as relações intersociais, até as suas relações anímicas, portanto, consigo próprias.

Muitos admitem e propagam que é uma oportunidade única para as muitas gerações buscarem ganhos, a partir de uma convivência mais verdadeiramente social, sociável, cooperativa e algumas vezes até mais gregária.

Admitindo as premissas iniciais como possuidoras de pouca contestabilidade, caminhemos para um vislumbre do que tem sido visto em nossos clubes de futebol. É evidente que há gradações respeitáveis quanto ao que os clubes têm absorvido e praticado. E claro que a adoção das novíssimas práticas tem a ver com o DNA dos clubes e de seus dirigentes. Portanto, alguns clubes transformaram-se mais que outros, o que é naturalmente explicado também pela maior ou menor vontade política com que se determinam.

"A verdade é que o futebol jamais foi tão conceitual." 

É inegável o processo de mudanças pelo qual a gestão do futebol tem passado. E compreender isto é o ponto de partida para o pontapé inicial que os clubes que ainda não deram precisam dar, para se inserirem nestes tempos de uma monumental mudança de hábitos. Ou esta percepção se dá agora, ou os clubes que não o fizerem estarão fadados a se colocarem no final da fila das nossas principais divisões. E a compreensão deste processo, passa, inexoravelmente, pela ciência do relacionamento entre o clube (e não mais o time) e o fã.


O futebol precisa se renovar fora de campo, do contrário ele não conseguirá sustentar o interesse do fã. Duas horas e meia de conteúdos que soem como entretenimento e espetáculo, em regra, agrada o novo fã. Contudo, uma hora e meia somente de futebol, já não o sustenta, qualquer que seja a plataforma. Eis o porquê da necessidade de se criar novos conteúdos, pois eles é que são os responsáveis para manter o fã conectado por mais tempo. Portanto, a digitalização dos clubes e especialmente de seus departamentos de marketing é de onde deve partir a iniciativa de fazer rolar esta bola, a fim de que o novo público jogue junto. Afinal, sem canais e nem conteúdos de conectividade, o jogo fora das quatro linhas não se dará. E este tipo de jogo é o que move o princípio da monetização a qual os clubes tanto aspiram.  

Na verdade, os desafios dos clubes de futebol são bem maiores do que se imagina. Os programas de sócios estão virando também programas de relacionamento. E por que razão? É que os clubes possuem diversos tipos de consumidor e, portanto, não devem se comunicar com todos igualmente. Afinal, está provado que o público jovem prefere outras formas de engajamento, tais como os e-sports e a gamificação. E os clubes devem entender que a geração de novos conteúdos possibilita não só novos cliques, mas também a geração de novas receitas.


 

Sem dúvida, um bom programa de relacionamento poderá propiciar um engajamento tão intenso do torcedor, que ele se sentirá verdadeiramente um sócio do clube e não mais mero associado. E em se tratando de clubes com vocação democrática e garantia estatutária, essa participação será ainda maior, legitimando-se ainda mais por votar e ser votado.

(Fotos: Divulgação)

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Benê Lima é Cronista e Gestor Esportivo, Membro do Conselho do Desporto do Estado do Ceará e Rosacruz dos Graus Superiores

 

sábado, agosto 29, 2020

As implicações das ideias de jogo no cenário das finalizações

Matheus Dupin

Na busca pelo desenvolvimento do futebol e do entendimento de suas tendências, a Universidade do Futebol propõe, há muitos anos, debates que geram reflexões e também inovações. Dando sequência a ideias apresentadas em um texto de 2013 , publicado aqui, na UdoF, pelo treinador Rodrigo Leitão, foi realizado um estudo que será exposto a seguir.

Por meio de excelentes dicas do próprio Rodrigo, além do apoio incondicional do orientador do trabalho José Vítor Vieira Salgado, o estudo teve o objetivo de verificar características nas sequências ofensivas terminadas em finalização de equipes com ideias de jogo distintas, a partir da análise de jogos da Copa do Mundo de 2018.

No estudo, foram analisadas equipes que se diferenciavam no que se refere às ideias de jogo, apresentando diferenças no percentual de posse de bola. Dessa maneira, elas foram separadas em dois grupos: “donos da bola” e “donos do espaço”, como definidos por Rodrigo Leitão, em trabalhos anteriores.

Confira, abaixo, um infográfico contendo os principais resultados do estudo realizado.

 

É importante esclarecer que, embora tenham sido encontradas diferenças na eficiência das finalizações em favor das equipes “donas do espaço” em detrimento às “donas da bola”, o intuito do estudo não é defender uma das ideias de jogo, mas sim apresentar algumas características típicas que, ao serem entendidas, podem contribuir para a melhora do desempenho da equipe, seja qual for a ideia. Para isso, é fundamental entender como essas informações podem ter utilidade prática.

Nesse sentido, a relevância se dá, principalmente, no suporte que essas informações podem fornecer para a elaboração de treinamentos coerentes com o que acontece com maior frequência nos jogos de acordo com a ideia de jogo utilizada. Isso pode ser considerado tanto para o futebol profissional, pensando na otimização do tempo, quanto nas categorias de base, oportunizando estímulos diversos para uma boa formação.

Outra perspectiva de utilização prática das informações consiste na possibilidade de verificação constante de algumas medidas e métricas oriundas de análises quantitativas que, em alguns casos, permitem definir possíveis limiares e metas para o sucesso da ideia de jogo proposta.

Afinal, o conhecimento pode ser um grande diferencial para que o acaso não seja justificativa frequente para a bola que “insiste em não entrar”, basta saber o que fazer com ele.

Sobre o autor

Matheus Dupin é bacharel em educação física pela UEMG, possui a licença B da CBF Academy e tem passagem como analista de desempenho no Club de Regatas Vasco da Gama. Atualmente é auxiliar/analista das categorias de base do Club Athletico Paranaense.

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Referências

DUPIN, M.O. Análises de sequências com finalização no futebol de acordo com a ideia de jogo das equipes. Trabalho de conclusão de curso – Universidade Estadual de Minas Gerais, Divinópolis. 2018. 24p

LEITÃO, R.A.A. Futebol: criar mais oportunidades ou aproveitar melhor as chances criadas? – reflexões a partir da Lógica do Jogo. Coluna Tática. 2013. Disponível em https://universidadedofutebol.com.br/futebol-criar-mais-oportunidades-ou-aproveitar-melhor-as-chances-criadas-reflexoes-a-partir-da-logica-do-jogo/

LEITÃO, R.A.A. Organização Sistêmica de Jogo: Ideias! Modelos? Bola e/ou Espaço!? Universidade do Futebol. Coluna Tática. 2013. Disponível em https://universidadedofutebol.com.br/organizacao-sistemica-de-jogo-ideias-modelos-bola-e-ou-espaco/

LEITÃO, R.A.A. Os aspectos táticos e a construção da Ideia de Jogo no futebol. Universidade Estácio. Material de apoio didático. Curso de pós-graduação em Futebol e Futsal. 2016.

segunda-feira, agosto 24, 2020

CBF lança Escola de Futebol Feminino e vê projeto como marco: "Queremos que daqui para frente seja paritário"

  

 

Por Cíntia Barlem

Jornalista e comentarista de futebol feminino do Grupo Globo

De acordo com gerente da CBF Academy, o Brasil, no futebol, tem que ser o melhor do mundo: "E isso significa profissionalizar quem trabalha com futebol". Pia está entre as professoras do novo curso


Foto: Pia Sundhage, técnica da seleção — Foto: Getty Images

A CBF lançou na última semana a Escola de Futebol Feminino e para marcar essa novidade a entidade irá promover o curso Características do Treinamento no Futebol Feminino do Brasil. Com aulas de forma online, a atividade teve 130 inscritos em sua primeira turma e, entre os alunos, nomes como Tamires e Érika, atletas do Corinthians, e Daniela Alves, ex-jogadora da Seleção Brasileira e atual técnica do Corinthians Sub-17. O gerente da CBF Academy, Marco Dal Pozzo, comentou em entrevista ao blog Dona do Campinho que esse novo movimento tem como objetivo deixar o processo mais acessível e também abrir o leque do feminino também para quem esteja cursando as licenças. Ele ressalta que o futebol é um só, mas é importante que ele seja paritário a partir de agora e inclua a todos e que esse novo produto ajude a desenvolver o esporte também em relação às mulheres.

- Sim, mas as licenças serão de licenças de treinador em futebol e continuará dessa forma. E dentro do programa das próprias licenças, nós colocaremos um foco no futebol feminino. Essa é a ideia da escola do futebol feminino. Além de programas específicos para a preparação física das atletas do feminino, nós teremos uma presença maior em todas as atividades da CBF Academy voltada ao futebol feminino. Então, um treinador de licença C ou B terá o número de hora de conteúdos ligado ao específico do futebol feminino maior do que ele tem agora. Para ser um treinador de licença C, você será um treinador seja para o futebol masculino ou para o futebol feminino. O foco no futebol feminino será maior. Nós queremos que futebol seja futebol e que futebol seja para todos inclusive para as mulheres. Precisa fazer mais formação sobre como funciona, o sistema e a forma de jogar. Esta é uma atividade que até pouco tempo atrás era muito mais masculina do que feminina. O que nós queremos daqui para frente que seja paritário - afirmou o gerente da CBF Academy, Marco Dal Pozzo.

A introdução ao universo da gestão e também do treinamento estão entre os objetivos da Escola de Futebol Feminino, e a CBF entende que o local servirá ainda como caminho para executar projetos para a modalidade dentro da CBF Academy, com cursos, debates, workshops e centros de estudo exclusivos. A entidade quer também o desenvolvimento de profissionais que buscam ingressar no futebol feminino e com isso, segundo a Confederação, promover uma mudança de realidade. O novo processo é mais acessível para quem, como algumas atletas, não tem valores suficientes para o começo no novo caminho. O curso de lançamento tem o valor de R$ 430,00. Para se ter uma ideia, as licenças têm valores mais elevados: Licença A R$ 8.840, Licença B R$ 6.170, Licença C 4.480 e Licença PRO 19.130.

- A carreira de um jogador termina. Tendo a possibilidade de continuar no local pelo qual você tem paixão é uma oportunidade dos dois lados. Oportunidade para o atleta fazer sua transição e ter alguém que fornece a oportunidade de se formar ou na área técnica ou na de gestão criando uma carreira de mais longo prazo que não seja só a carreira de jogador todo mundo ganha com isso. Sentar na cadeira é parte fundamental de ser um bom formador, treinador. Então, uma ex-jogadora que depois de ser jogadora está disposta e interessada para se formar, estudar, aí você tem o melhor dos mundos. A experiência prática e a formação conceitual e teórica. Inclusive a gente facilita a vida dela para vir para os cursos.

Entre os professores desse primeiro curso, estão a técnica da seleção brasileira, Pia Sundhage, as auxiliares Lillie Person e Bia Vaz, Katherine Ferro, fisioterapeuta do Chanchung Dazhong (China) e Tathiana Parmigiano, Ginecologista do Time Brasil e das Seleções Femininas de Futebol. Dal Pozzo ressalta a importância que a treinadora sueca dá ao novo processo instituído pela CBF Academy.

- A Pia acredita profundamente nessa profissionalização e com isso qualidade em campo. Ela se dedica muito e é nossa grande parceira. Ela e as outras auxiliares que trabalham conosco são extremamente motivadas e nos dão conteúdo para desenvolver as aulas e toda parte pedagógica. Temos os melhores professores e especialistas voltados para a área do feminino. Temos o privilégio de colocar junto a nata disponível para construirmos nossos programas.

O dirigente ainda não projeta um número de crescimento de profissionais envolvidos com o futebol feminino, mas vê a nova atividade como um passo a mais para o Brasil ser o melhor do mundo tanto no masculino quanto no feminino. E, para ele, isso significa profissionalizar quem trabalha com o esporte.

- Por enquanto, estamos fazendo a primeira etapa. Abrimos o primeiro programa específico de treinamento técnico, físico específico para mulheres. E tivemos a grata experiência de ter mais pessoas se inscrevendo do que o previsto. Nós vimos que tem uma vontade, um mercado querendo isso e absolutamente alinhado com a nossa vontade de desenvolver o futebol feminino e sermos os melhores do mundo seja no futebol masculino quanto no feminino. O Brasil, no futebol, tem que ser o melhor do mundo. E isso significa profissionalizar quem trabalha com futebol.

sábado, junho 27, 2020

Flamengo vai transmitir jogo contra o Boavista via streaming

FlaTV vai abrir sinal na internet para toda a torcida

Por