Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, abril 28, 2010

Quarto árbitro: o guardião do apito
Para se tornar um árbitro de sucesso, basta que injete uma dose de sacrifício, dinamismo, iniciativa, personalidade, especialização e treinos
Cleber Vaz da Silva

O uso do apito expressa a legítima autoridade do árbitro dentro do solo sagrado, haja vista que será através dele que a partida será iniciada, paralisada, reiniciada e finalizada, conforme dispõe a regra 5 da bíblia da arbitragem: “Livro de Regras 2009/2010”, elaborado pela Fifa.

O árbitro (erroneamente “apelidado” de juiz) é o indivíduo responsável por fazer cumprir as regras, o regulamento e o espírito do jogo ou esporte ao qual estão submetidos e intervir sempre que necessário, no caso quando uma regra é violada ou algo incomum ocorre.

Contudo, ele não trabalha sozinho. Para uma partida ser bem sucedida, é necessário o companheirismo de seus dois assistentes e de seu anjo da guarda, o quarto árbitro, ou comumente chamado de árbitro reserva. Esse imprescindível guardião invisível que jamais é anunciado na escala de arbitragem no meio midiático televisivo ou escrito, com incumbências reguladas na regra 5 do livro das leis do jogo, é de uma necessidade ímpar para o sucesso do trabalho.

Tendo em vista que os acontecimentos durante uma partida oscilam rapidamente, dentre eles as emoções dos jogadores, treinadores e dos torcedores, que se dilatam e agigantam conforme as marcações da autoridade da partida, é basilar uma ação conjunta, adequada ao raciocínio e à razão, na avaliação de situações para a correta tomada de decisões, as quais envolvem o árbitro, seus assistentes e o quarto árbitro. Deverá ser sempre com equilíbrio e profissionalismo, mantendo atitudes firmes e convincentes.

Dentre os vários infortúnios que passam o time de arbitragem destacam-se as agressões e ofensas antes, durante e após o jogo pelos jogadores, comissão técnica, dirigentes e torcedores. Além de atuar em locais sem segurança e condições inadequadas. Por isso é necessária uma equipe de arbitragem de atitudes e alto grau de profissionalismo, visando coibir essas atitudes irracionais, sendo mais um veículo dignificador do meio futebolístico.

É forçoso frisar os inúmeros deveres administrativos do “anjo da guarda” que é designado conforme o regulamento das competições, dentre outros:

1. Assistir o árbitro em todo o momento, ou seja, está encarregado de auxiliá-lo em todos os trabalhos administrativos antes, durante e após o jogo;

2. É o substituto imediato de qualquer um dos componentes do trio de arbitragem que não reunir condições para atuar na partida, a menos que um árbitro assistente reserva tenha sido designado;

3. Coordenar o processo de substituições durante o jogo;

4. Concomitantemente ao trio de arbitragem, cronometrar o tempo da partida;

5. Se necessário, controlar a substituição de bolas, a pedido do árbitro, tendo em conta que a perda de tempo deve ser reduzida ao mínimo;

6. Identificar os ocupantes da área técnica antes do início da partida,
reforçando que é proibida a presença de dirigentes no banco de suplentes;

7. Atentar para os eventuais incidentes que ocorram fora do campo de visão do árbitro e dos árbitros assistentes, ou seja, deverá manter constantemente um contato visual com o trio arbitral para todo problema que possa surgir;

8. Tem a prerrogativa de intervir discretamente junto ao árbitro-assistente n° 1 em caso de erro manifesto do árbitro, como por exemplo jogador já advertido com cartão amarelo, erro no número de jogadores etc. Porém, o árbitro mantém a autoridade para decidir sobre todos os fatos em relação ao jogo;

9. Proibir a presença de monitores de televisão junto ao seu campo de atuação, para evitar novas controvérsias como a ocorrida na partida entre Brasil e Egito pela na Taça das Confederações (decisão da Fifa);

10. Acompanhar o atendimento médico dos atletas lesionados que forem removidos para fora do campo de jogo (observar sangramentos e se as medidas paliativas estão adequadas – faixas, suturas, etc.);

11. Indicar ao final do último minuto de cada tempo às equipes, aos bancos de reservas, aos torcedores e a todos os presentes através de uma placa, por determinação do árbitro, a quantidade de minutos que serão acrescidos ao tempo do jogo;

12. Informar ao árbitro quanto aos atos de indisciplina de jogadores, membros da comissão técnica, dirigentes e torcedores, não tolerando condutas que desafiem sua autoridade, tomando as medidas razoáveis conforme as regras do jogo. Esta denúncia será feita primeiramente ao assistente nº 1, que, por sua vez, notificará o árbitro;

13. Não conceder entrevistas inoportunas ou dar declarações sobre lances de interpretação técnica e disciplinar do jogo;

14. Comparecer ao local da partida com antecedência mínima de 02 horas para, juntamente com o time de arbitragem, verificar as condições necessárias à sua realização e adotar as medidas necessárias no sentido de serem supridas as deficiências encontradas, mencionando-as no relatório de jogo;

15. Usar traje compatível com seu ofício, bem como equipamento e uniformes oficialmente estabelecidos pelo Comitê Técnico de Arbitragem (evitar chuteiras de cores aberrantes; uniformes sujos e rasgados; barba por fazer e cabelos excessivamente grandes, etc.)

16. Primar pelo seu trabalho, observando as pessoas nos arredores de seu campo de atuação, principalmente a imprensa, policiamento, equipe médica, maqueiros, gandulas, etc.;

17. Manter contato de cooperação com o Delegado/Representante do jogo;

18. Certificar que o atleta expulso ou membro da comissão técnica excluído deixou os arredores do campo de jogo;

19. Prestar atenção que durante as partidas, somente os atletas e os árbitros poderão permanecer dentro do campo de jogo, sendo proibida a entrada de dirigentes, repórteres ou qualquer outra pessoa;

20. Apoiar o árbitro quanto às comemorações dos gols, objetivando vetar festejos e gestos provocativos que ridicularizam ou menosprezam jogadores e torcedores adversários, evitando revides, agressões e até brigas generalizadas;

21. Se informar perante as autoridades locais e comunicar ao árbitro se o Hino Nacional Brasileiro, prevista em Lei Municipal, é de execução obrigatória nos eventos esportivos (observar se tocado por banda de música, militares, sonorização etc.), bem como se haverá alguma entrega de premiação ou pontapé inicial de autoridades;

22. Auxiliar diretamente o trio de arbitragem, para se dar início e reinício da partida, na retirada do campo de jogo de pessoas estranhas, a exemplo da imprensa, preparador de goleiros etc.;

23. Inspecionar os equipamentos dos atletas (regra 4) antes do início da partida e dos substituídos antes de adentrarem ao terreno de jogo, certificando que nenhum jogador está usando qualquer objeto ou ornamento que possa oferecer perigo aos outros atletas e a si próprio como piercing, brincos, pulseiras, cordões, colares, braceletes, anéis, alianças etc., sendo proibido cobri-los com esparadrapo ou similar. (observar o tópico atinente aos equipamentos modernos de proteção dos jogadores – regra 04);

24. Observar que o uso de short térmico é permitido, desde que sua coloração seja a predominante dos calções;

25. É proibido lançar bolsas de água ou qualquer outro tipo de recipiente com água no campo de jogo;

26. Supervisionar a área técnica de forma preventiva (ser precavido), evitando confrontação;

27. Auxiliar e atentar para elaboração dos relatórios, conferindo e relatando todas as ocorrências com clareza e exatidão. Deve-se evitar a pressa. Afinal, os relatórios do jogo é o registro oficial.

28. Evitar o uso de aparelho celular, televisores e rádios nos vestiários, sobretudo antes e durante o intervalo do jogo;

29. Combater eficazmente os protestos gestuais, especialmente se repetitivos ou com algazarras, praticados pelos membros da comissão técnica, devendo ser coibidas com rigor;

30. Dar o máximo de atenção às áreas de invisibilidade do árbitro, auxiliando-o nos acontecimentos acaso ocorram;

31. Ter sempre em foco seu dever de urbanidade, conduta ilibada, elevada postura moral, devendo ser ativo e firme;

32. Fazer a leitura do jogo, isto é, ter a percepção de como o jogo flui, pois isso influi diretamente no comportamento dos atletas, dirigentes, torcedores e comissão técnica;

33. Buscar o grau máximo de concentração durante toda a partida, haja vista que poderá assessorar o árbitro nas informações precisas sobre casos de agressões, embates coletivos ou outras perturbações da ordem, principalmente identificando os envolvidos;

34. Conferir conjuntamente e cuidadosamente com o representante da partida a documentação dos atletas, observando atentamente se o número estampado nas camisas está conforme ao descrito na relação dos jogadores;

35. Comunicar com exatidão ao árbitro sobre as cores dos uniformes de ambas as equipes, inclusive dos goleiros; deliberando, se possível ainda no vestiário, prováveis controvérsias;

36. Fazer obrigatoriamente as anotações de todas as ocorrências durante a partida;

37. Observar atentamente às áreas técnicas e o trabalho dos gandulas, pois sua função é dar dinâmica ao jogo;

38. Calibrar as bolas oficiais que irão para o jogo;

39. Atuar de forma dinâmica e prestar apoio logístico aos demais integrantes da arbitragem;

40. Estar sempre em alerta (prontidão) para eventual intervenção rápida. Não deve se comportar como um espectador da partida;

41. É terminantemente proibida a permanência no vestiário, antes, durante e depois da partida, de pessoas que não estejam designadas para funcionar na partida, como por exemplo, árbitros de folga, ex-árbitros, observadores, visitantes, imprensa em geral, dirigentes etc., por mais privilegiada que seja, devendo relatar as ocorrências caso ocorram;

42. Avisar ao Comitê Técnico de Arbitragem, pela via de comunicação mais rápida, da impossibilidade do comparecimento, por motivo de força maior, nos jogos em que for designado, apresentando, posteriormente, a justificativa de sua ausência.

Enquanto o time de arbitragem não estiver disposto a este esforço e atender a essas exigências da profissão, será apenas um simples homem vestido de preto com um apito na boca ou uma prancheta debaixo do braço.

Lembremo-nos que o corpo e a mente são uma ferramenta vital para chegar ao topo da carreira. Logo, na arbitragem só sobrevivem os que possuem realmente qualidades excepcionais.

Para se tornar um árbitro de sucesso, basta que injete uma dose de sacrifício, dinamismo, iniciativa, personalidade, especialização e treinos.

De igual forma, é necessário também que se aprimorem seus conhecimentos técnicos, profissionais e até de assuntos gerais, pois num mundo globalizado como hoje não há espaço para profissionais desatualizados.

É importante salientar que administrar crises ao derredor do solo sagrado é buscar promover a conciliação de várias pessoas diferentes para a consecução de uma determinada missão, empregando toda energia para chegar à meta traçada (partida magistral), com maior produtividade e melhores resultados.

O objetivo primordial é a integração harmoniosa entre todos, canalizando para um relacionamento ético e benévolo, mesmo sabendo da enorme gama de dificuldades a se enfrentar, que logicamente superará.

É importante lembrar que o sucesso da partida depende de inúmeros fatores, que dentre eles estão às ações enérgicas e infalíveis do guardião do apito. Por isso é necessário que tenha sempre hábitos de sucesso e atitude.

Por fim, também de grande importância, deve o “anjo da guarda” cultuar e promover durante todo o tempo necessário para o sucesso da equipe de arbitragem, estímulos para impulsionar a si próprio, objetivando anular condutas nefastas e insolentes que potencialmente poderiam levar ao desequilíbrio psicológico (controle de temperamento).


*Cleber Vaz da Silva é Bacharel em Direito, Pós-Graduando em Direito Público pela Universidade Anhanguera – UNIDERP, Militar e árbitro profissional da Federação Goiana de Futebol.

Erich Beting

A pergunta é, a cada dia, mais recorrente nas redações esportivas do país. Afinal, quando se fala sobre esporte tratamos de jornalismo na essência ou de um entretenimento? Qual é a função do jornalista que hoje trabalha com o esporte?

Ao longo dos anos, o futebol foi tratado tão a sério nas mesas-redondas e redações que, ao que tudo indica, a fórmula se esgotou. Ninguém mais aguenta o excesso de informações que permeiam o meio futebolístico. Sabemos, pelos mais diferentes meios, absolutamente tudo o que acontece dentro de um clube, uma competição, na casa de um jogador...

Nesse contexto, o comentarista “sério”, que tenta informar e comentar a informação, tem caído cada vez mais em descrédito, especialmente entre os jovens. De que adianta ele fazer essa pose toda séria se já sabemos o que vai falar? Se a opinião dele não deixa de ser uma mera opinião, sem embasamento teórico, sem conhecimento técnico, sem nada além do que aquilo que o torcedor já sabe, ou pelo menos está acostumado a saber...

Dentro dessa realidade, o ano de 2010 pode significar uma pequena quebra de paradigma em relação à importância do jornalista de esporte enquanto jornalista de informação, de apuração de notícias. O espaço para uma “bomba” é cada vez menor. Mais do que isso, o que o torcedor quer é ver o atleta como centro do espetáculo, seja dentro de campo, seja depois, na hora do programa de TV.

Acabou essa história de que a informação do jornalista é preciosa. O que se quer consumir é uma maneira diferente de jornalismo, muito mais voltado para o espetáculo do que para a seriedade.

Para ajudar aqueles que já começam a despontar com esse tipo de jornalismo (o Globo Esporte, com Thiago Leifert no comando, evidenciou essa nova alternativa para se falar de esportes no Brasil), está aí um time como o do Santos, em que a prioridade é o gracejo em vez do futebol de resultados.

O ano de 2010 poderá ser emblemático em relação à transformação do jornalismo de esporte, na sua essência, num espetáculo de entretenimento, muito mais do que na sisuda mesa-redonda. E o time do Santos é a válvula de escape para que essa fórmula funcione.

III Conferência Estadual do Esporte será realizada nesta sexta-feira (30)

No evento serão escolhidos 50 delegados que representarão o Ceará na Conferência Nacional, em Brasília

A Secretaria do Esporte do Estado (Sesporte) promove nesta sexta-feira (30), a partir das 8 horas, a etapa final da III Conferência Estadual do Esporte, que tem por objetivo elaborar as políticas públicas que serão consolidadas no Plano Decenal do Esporte e Lazer, estabelecendo linhas estratégicas, ações, metas e prazos para o esporte e lazer no país nos próximos 10 anos. Na ocasião, serão aprovadas as propostas elaboradas durante as conferências regionais. Haverá também a eleição dos 50 delegados que representarão o Estado na III Conferência Nacional do Esporte, que acontecerá de 3 a 6 de junho, em Brasília.

A conferência estadual reunirá cerca de 560 delegados das diversas regiões, entre representantes de associações e federações esportivas cearenses, gestores municipais, atletas, professores e coordenadores de instituições de ensino superior ligadas ao esporte.

Durante o mês de abril, a etapa estadual contou com conferências locais divididas em seis macrorregiões - Litoral Oeste/ Maciço de Baturité; Região Norte/Ibiapaba; Cariri/Centro Sul; Região Central; Litoral Leste/Região Metropolitana e Sertão dos Inhamuns. Para o secretário do Esporte do Estado, Ferruccio Feitosa as conferências regionais “multiplicaram as possibilidades de articulação entre as esferas de governo e os diversos segmentos sociais e, ao mesmo tempo, possibilitaram o engajamento e a participação da população na construção de uma política estadual e nacional do esporte”, afirmou.

Etapa Nacional

Com o tema “Plano Decenal do Esporte – 10 pontos em 10 anos para projetar o Brasil entre os 10 mais”, a Conferência Nacional do Esporte tem se constituído num espaço de mobilização de diversos segmentos do esporte, proporcionando o diálogo da sociedade civil com o Estado para a proposição e controle de políticas sociais no esporte. A conferência aponta para a concretização do esporte e lazer nas agendas das políticas públicas estruturadoras. O evento ainda aprovará os subsídios para construção do Plano Decenal do Esporte e dará consistência à Política Nacional do Esporte, reafirmando princípios e diretrizes já aprovadas nas conferências anteriores. Serão estabelecidas linhas estratégicas, suas ações, metas e prazos para consolidar o Esporte como política de Estado nos próximos 10 anos.

Linhas Estratégicas

1. Sistema Nacional de Esporte e Lazer
2. Formação e Valorização Profissional
3. Esporte, Lazer e Educação
4. Esporte, Saúde e Qualidade de vida
5. Ciência, Tecnologia e Inovação
6. Esporte de Alto Rendimento
7. Futebol
8. Financiamento do Esporte
9. Infraestrutura esportiva
10. Esporte e Economia

Programação

8h – Credenciamento e entrega de material
8h30 – Cerimônia de Abertura
9h10 – Palestra de abertura
10 às 14h30 – Trabalhos Temáticos em Grupo
14h30 – Plenária final nos grupos: Socialização das propostas dos grupos, apresentação das emendas, aprovação das propostas que irão para o plano de metas e eleição dos delegados
17h – Solenidade de Encerramento

Serviço:

III Conferência Estadual do Esporte
Data: 30 de abril (sexta-feira)
Local: Faculdade 7 de Setembro (Rua Almirante Maximiniano da Fonseca, 1395 – Luciano Cavalcante)
Início: 8 horas

Informações à imprensa:

Lisiane Linhares e Edna Santos
Assessoria de Comunicação da Secretaria do Esporte do Estado do Ceará
(85) 3101.4415


terça-feira, abril 27, 2010

Barcelona minimiza ‘novos Messis’ e aposta em reprodução de modelo com escolinha em Buenos Aires
Clube catalão inaugura projeto na Argentina, seguindo a mesma metodologia da matriz; cerca de 200 crianças estão inscritas
Equipe Universidade do Futebol

A condição excepcional de Lionel Messi é exaltada a cada partida do Barcelona na atual temporada européia. Cria das categorias de base do Barcelona, o talento argentino foi captado de Rosário, onde nasceu, quando tinha apenas 13 anos e acabou moldado dentro da estrutura catalã. Hoje, o alvo da agremiação é oferecer uma situação semelhante a outros jovens talentos.

Há pouco tempo, o Barça lançou em Buenos Aires o projeto “La Candela”, plano estratégico que segue os mesmos moldes de gerenciamento e organização do departamento de formação blaugranana Espanha.

Aproximadamente 200 meninos treinam todos os dias na capital do país sul-americano. A intenção é aliara a técnica e a habilidade própria do perfil argentino, com a filosofia e disciplina da gestão barcelonista.

“Todos pensam que daqui sairão novos Messis. Se surgir um talento como ele, ótimo, mas a nossa intenção é reproduzir aqui o mesmo modelo organizacional, social e desportivo do Barcelona”, revelou Daniel Vitali, representante legal do Barcelona na Argentina, em entrevista ao jornal El País.

A Lei de Incentivo ao Esporte e o Sistema de Gestão de Projetos
Na aplicação dos conceitos de gestão e planejamento estratégico, cinco fases devem ser respeitadas, nesta ordem: concepção, formatação, execução, controle e prestação de contas
Ricardo Paolucci

Pouco mais de três anos após sua aprovação, a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE – 11.438/06) começa a entrar numa nova fase. A preocupação inicial com a formatação dos projetos e suas respectivas aprovações junto ao Ministério do Esporte vão dando lugar a outro aspecto: como executar, controlar e prestar contas do que foi captado?

O momento da aprovação, repleto de alegria e comemoração, pode transformar-se numa bomba-relógio prestes a explodir no instante da prestação de contas e consequente análise pelo Tribunal de Contas da União.

Nunca é demais lembrar que o projeto surge da necessidade de resolver algum problema identificado ou incrementar ações que já são praticadas, mas que precisam de melhorias para atingir os objetivos desejados. Por isso, o orçamento previsto deve ser compatível com a realidade financeira do proponente. Uma instituição cujo orçamento anual seja próximo de R$ 1.000.000, poderá ter problemas para comprovar, por exemplo, um projeto da ordem de R$ 10.000.000.

É fato que determinadas áreas administrativas, de alguma forma, farão parte da realidade do projeto, entre as principais: finanças, contabilidade, suprimentos, recursos humanos, jurídico, comunicação e marketing. Por isso, a recomendação aos dirigentes das instituições proponentes é que, antes de optarem pela LIE, realizem um diagnóstico de viabilidade, levando em conta que o projeto deve adequar-se à estrutura existente, e não o contrário.

Mais do que o preenchimento dos formulários, a LIE exigirá dos responsáveis a aplicação dos conceitos de gestão e planejamento estratégico. Visando contribuir com a discussão, o quadro abaixo apresenta um resumo de todas as etapas que farão parte do processo.



Quadro 1: Sistema de Gestão de Projetos – LIE
Fonte:
www.incentiveprojetos.com.br

O modelo proposto combina as funções da Teoria Clássica da Administração (planejamento, organização, direção e controle) com o conceito do Ciclo de Vida do Produto utilizado pelo marketing. Para o nosso caso, dividimos o ciclo em cinco fases: concepção, formatação, execução, controle e prestação de contas, assim detalhados:

1. Concepção – arte de pensar (planejamento)

Processo de criação e idealização do que se pretende realizar; diz respeito ao momento inicial, o brainstorming do projeto, devendo apresentar respostas para quatro questões:

* O que desejamos (o que será desenvolvido);
* Para quem (qual o público beneficiado, quantidade e faixa etária);
* Como (de que forma será executado – estratégias de ação);
* Quanto (qual o valor previsto para captação).

Uma sugestão é pensar no projeto do fim para o começo, ou seja, da prestação de contas para a concepção. Desta forma, quando surgir uma dúvida de como comprovar uma ação ou despesa, ficará mais fácil respondê-la.

2. Formatação – momento de estruturar (organização)

Definir a disposição e o aspecto de texto e imagens; depois de discutidas todas as possibilidades e necessidades, as ideias deverão ser redigidas conforme formulários disponibilizados pelo Ministério do Esporte, observando atentamente as instruções contidas em seus enunciados. Não se esquecer de anexar declarações e/ou informações que comprovem e justifiquem sua solicitação.

3. Execução – hora de realizar (direção)

Essa fase requer muita atenção e cuidado, pois deverá seguir exatamente os cronogramas – físico e financeiro – aprovados. Vale ressaltar que nenhum item poderá se modificado (incluído ou retirado) após sua aprovação. Portanto, antes de protocolar o projeto, tenha certeza de que todas as demandas foram atendidas.

4. Controle – atenção para acompanhar (controle)

Caberá ao proponente ter o domínio completo de todas as informações e documentos, incluindo extratos bancários, cadastro dos beneficiários diretos, clipagem (fotos e reportagens), notas fiscais, relação de pagamentos, relatório de receitas e despesas, processo de compras e contratação de bens e serviços.

5. Prestação de contas – transparência para comprovar (responsabilidade)

Ao final do prazo estipulado no termo de compromisso, o proponente deverá comprovar que todas as ações previstas foram cumpridas de acordo com a legislação. Por isso, a fase de controle é tão importante, pois, quando realizada de forma correta e organizada, não acarretará atrasos na entrega da documentação.

Convém citar que, obrigatoriamente, todos os projetos deverão passar por esse ciclo e para que isso ocorra da melhor maneira possível, faz-se mais do que necessária a presença de um profissional capacitado: o gestor de projetos. Além de zelar por todas as fases descritas, terá como outras atribuições o contato com técnicos do Ministério do Esporte (quando for o caso) e atualização constante com relação à legislação vigente.

Como pré-requisitos, além de uma formação específica e complementar (graduação, especialização), destacam-se a capacidade de planejamento (curto, médio e longo prazo), disciplina e organização, responsabilidade e transparência – sem contar que a paixão pelo esporte pode ser um grande diferencial.

Um aspecto que deve ser destacado é que esse profissional pode ser pago pelos recursos captados pelo próprio projeto, dentro do limite dos 15% estipulados para as despesas administrativas. Portanto, não há mais desculpas e nem motivos para reclamações. As regras são claras, porém, poucas instituições estão sabendo utilizá-las corretamente.

Durante muitos anos aguardamos por uma legislação que contemplasse o esporte não-profissional – e ela chegou. O momento é mais do que favorável, e o esporte, literalmente, é a “bola da vez” pelo menos até 2016. Por isso, cabe a todos nós, profissionais e apaixonados pelo esporte, zelarmos pelo bom uso dos recursos.

Os beneficiados? Crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, portadores de necessidades especiais, estudantes, atletas, brancos, pardos, afro-descendentes, índios, ONGs, escolas, prefeituras, clubes, federações, confederações, enfim, quem ganha somos todos nós. Amantes do esporte. Amantes do Brasil.


*Ricardo Paolucci é consultor da Incentive Projetos. Graduado em Administração de Empresas e Negócios, profissional de Educação Física, pós-graduado em Administração e Marketing Esportivo, mestre em Administração, Consultor e Gestor de Esportes e Entretenimento, foi também supervisor dos Projetos Incentivados do E. C. Pinheiros e premiado como “Gestor Esportivo de 2009” pela Confederação Brasileira de Clubes

sábado, abril 24, 2010

Redução de cidades-sede é vista como alternativa pelo governo brasileiro para Copa-14
Ministro do Esporte admite ‘plano B’ e garante que projetos atrasados sairão da pauta
Equipe Universidade do Futebol

O projeto primário da Copa do Mundo de 2014 está em xeque. Das atuais 12 sedes oficiais para realização das partidas da competição que será realizada no Brasil, o número pode ser baixado para oito – o mesmo número de grupos que englobam as seleções participantes. O motivo seria o atraso no planejamento de diversas cidades.

Na última sexta-feira, Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, admitiu durante o Fórum Empresarial de Comandatuba, na Bahia, que o governo pensa em uma outra opção.

“Caso não se cumpra o prazo de início das obras, o plano B para a Copa será a exclusão de cidades”, afirmou Silva Jr. “Posso assegurar que, se uma cidade não cumprir com o prazo de início das obras, em 3 de maio, corre o risco de ser excluída da Copa”.

O recado foi geral. Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Manaus, Recife, Fortaleza, Natal e Cuiabá ainda engatinham na execução das obras. De acordo com o ministro, a decisão de realizar o evento em 12 cidades foi do presidente Lula, vislumbrando o atendimento de todas as regiões do Brasil.

Entretanto, a Fifa precisa apenas de oito cidades, pois são oito as chaves com quatro equipes casa. “Nosso plano de contingências é eliminar quem não cumprir esta data”, continuou Silva Jr.

A entidade que rege o futebol no planeta já havia apontado problemas nos estádios do Morumbi e Maracanã. Em relação ao palco paulistano, diversas críticas referentes ao plano das obras foram explicitados pelo secretário-geral, Jérôme Valcke. Além disso, problemas de visibilidade e de infraestrutura no entorno da arena também foram citados.

Tais advertências forçaram uma mudança no projeto, mas a polêmica continua - e seguem as discussões sobre se o Morumbi tem condições ou não de receber o jogo da abertura e uma das semifinais da Copa-2014.

Até a possibilidade de se construir um novo estádio na região de Pirituba, na zona Norte da capital paulista, foi cogitada. O Comitê Paulista, entretanto, rechaça a hipótese e já entregou um novo projeto da casa do São Paulo para a Fifa.

Já a praça esportiva carioca apresentou um novo adiamento da licitação de suas obras. Visibilidade, acesso dos torcedores e impermeabilização do gramado e dos vestiários, muito por conta do caos visto há pouco mais de um mês na capital, compuseram a pauta de discussão.

Uma reunião entre representantes do COL (Comitê Organizador Local) e do governo do Estado está marcada para o próximo dia 30. Os custos das reformas no estádio, inicialmente previstos em R$ 430 milhões, já estão estimados em R$ 600 milhões e devem aumentar ainda mais.

Helio D’Anna, treinador de futebol
Profissional brasileiro fala sobre sua trajetória e a realidade do ambiente universitário nos EUA
Bruno Camarão

Há aproximadamente um mês, pesquisa encomendada pela Fifa indicou o impacto do futebol sobre torcedores de diversos países. Um dos pontos relatados era que o mercado norte-americano ainda não tinha sido completamente conquistado pela modalidade, mas está em intenso progresso. A venda de bilhetes para a Copa do Mundo de 2010 explicita essa linha ascendente.

Os fãs norte-americanos ficam atrás apenas dos próprios anfitriões dentre aqueles que mais compraram ingressos para os jogos do Mundial na África do Sul – por volta de 120.000 ingressos comprados até abril. Já os donos da casa compraram 925.437 entradas. Também se destacam os britânicos (67.654), alemães (32.269), australianos (29.657) e canadenses (16.001).

Outro levantamento científico com 500 cidadãos representativos cuja idade variava entre 16 e 55 anos mostrou que 28% das pessoas estadunidense adotam o hábito de assistir a duelos futebolísticos pela televisão - levantamento idêntico datado de 2008 estabeleceu que somente 15% dos entrevistados tinham essa cultura.

Dentro dessa realidade construída, um profissional brasileiro acompanha in loco o avanço dos tradicionais amantes de beisebol, basquete e futebol americano. Helio D’Anna, ou simplesmente “Coach L”, por conta de uma dificuldade de pronúncia dos habitantes locais, atua há quase duas décadas à frente de escolas americanas.

Formado em Educação Física pela Unicamp, Helio já dava os primeiros passos em sua carreira como técnico antes mesmo de completar o ensino superior. Treinou algumas equipes do Brasil, além da própria Escola Americana de Campinas, responsável por sua ida aos Estados Unidos. Hoje comanda as equipes masculina e feminina da Lincoln Memorial University.

“São atletas fortíssimos e muito rápidos, de alta estatura e grande mobilidade. Talvez devido à interação do sistema educacional e desportivo, o jogador americano tende a ser um estudante do futebol, muito inteligente e que busca jogar o jogo como se estivesse em uma partida de xadrez”, comentou o brasileiro, em entrevista concedida via e-mail à Universidade do Futebol.

“Coach L”, cujo currículo também apresenta instrução em clínicas e estágios, tais como São Paulo Club, Clemson University Soccer Camp, Post-to-Post Soccer, Brazilian Soccer Academy, BRUSA, Brazilian Soccer Training Center e Cincinnati-Brazil Soccer, faz parte do programa de desenvolvimento olímpico no Estado de Kentucky, onde reside.

Dentre outras abordagens, Helio fala sobre a qualidade do nível universitário e profissional na América do Norte, a relevância da convenção anual de técnicos, que ocorre naquele país, a razão pela qual a modalidade é tão forte entre as mulheres e as chances da seleção dos EUA na Copa-10.

Universidade do Futebol - Helio, fale um pouco sobre sua formação acadêmica e o início de sua trajetória no futebol.

Helio D’Anna - Tenho diploma de Educação Física pela Universidade de Campinas (Unicamp) e mestrado pelo Union College, nos Estados Unidos. Comecei a trabalhar com futebol já antes de me formar na faculdade, por intermédio da Escola Americana de Campinas.

Foi lá que tive oportunidade de interagir com o modelo americano de competição, vinculado ao sistema educacional. Daí, fui contratado pelo Union College e agora estou no Lincoln Memorial University.

Ao todo, minha trajetória desde a escola americana soma 22 anos.

Universidade do Futebol - Como é a formação do treinador de futebol nos Estados Unidos e de onde surgiu o convite para atuar no país?

Helio D’Anna - Tenho a licença nacional da NSCAA (National Soccer Coaches Association of America). Como eu trabalhava dentro do sistema americano na escola americana de Campinas, fui recomendado ao Union College por um dos administradores dessa instituição de ensino, que tinha raízes junto ao Union College.



À esquerda, de azul, Helio posa ao lado das equipes masculina e feminina da Lincoln Memorial University

Universidade do Futebol - De que maneira você avalia a evolução da modalidade nos Estados Unidos e que importância têm os treinadores estrangeiros nesse processo de profissionalização?

Em primeiro lugar, há um número muito grande de garotos e garotas jogando futebol aqui nos Estados Unidos. Pouca gente sabe, mas há mais participação no futebol do que nos outros esportes quando se trata de jovens. Portanto, a base está bem representada.

O nível universitário é muito bom, e o nível profissional tem boa qualidade – eu o comparo a países como o Japão e a Austrália, nos quais o profissional cresce a cada ano.

A influência estrangeira tem sido muito importante, tanto em relação a jogadores, quanto a técnicos. Apesar de a maioria ser de origem européia, há bons profissionais sul-americanos, incluindo brasileiros, principalmente no nível universitário.

Universidade do Futebol - É possível se dizer que já há uma “escola estadunidense de futebol”, assim como há um modelo de jogo tipicamente inglês, italiano, brasileiro e argentino, por exemplo? Ou acredita que a globalização estabeleceu parâmetros e aproximou esses estilos?

Helio D’Anna - Há, sim, uma escola própria dos Estados Unidos, apesar de ser uma mistura das tradições latina e européia. Mas a “marca” americana envolve qualidade atlética altíssima, força, defesa, e objetividade.

Contamos com uma geração nova de jogadores muito técnicos também, mas a cara do futebol americano está representada por um jogo de transição e toques rápidos, e de movimentação constante.

Universidade do Futebol - Em sua opinião, qual é o perfil atual do jogador de futebol nos Estados Unidos?

Helio D’Anna - São atletas fortíssimos e muito rápidos, de alta estatura e grande mobilidade. Talvez devido à interação do sistema educacional e desportivo, o jogador americano tende a ser um estudante do futebol, muito inteligente e que busca jogar o jogo como se estivesse em uma partida de xadrez.


O futebol "estilo americano"

Universidade do Futebol - Anualmente ocorre a convenção de técnicos de futebol nos Estados Unidos, da qual você sempre participa. Qual a relevância de um evento desse porte ser realizado em território norte-americano?

Helio D’Anna - A convenção é a culminação do calendário anual. O evento possui uma importância muito grande, pois a partir dela e dos esforços da NSCAA há um padrão de trabalho em todas as categorias e uma divulgação de ideias e produtos que ajudam o crescimento do futebol de uma maneira homogênea em um país tão grande.

Além disso, a convenção cria uma atmosfera de classe (ou até família), o que favorece a valorização da profissão de técnico e do “produto” futebol como marketing.

Universidade do Futebol - O início da caminhada do futebol feminino nos EUA se deu mais devido a fatores culturais, econômicos ou políticos? Comente sobre a explosão de oportunidades para as mulheres, desde a iniciação até a prática de alto nível.

Helio D’Anna - O grande “empurrão” veio de uma lei federal chamada de Title IX nos anos 1970. Essa lei obrigou a todas as instituições a oferecerem as mesmas oportunidades a mulheres que fossem oferecidas aos homens. Quem não seguisse essa norma, corria o risco de sanções e perda de verbas federais. Com isso, muito dinheiro foi injetado no futebol feminino.

Outro fator importante foi cultural: o movimento de emancipação feminina foi bem incorporado e, com isso, as meninas não sofrem abusos ou preconceitos por participarem do futebol. Muito pelo contrário: o futebol feminino é muito charmoso e atrai apoio por ser um mercado especifico.

São várias as companhias que têm chuteiras, uniformes e materiais específicos para mulheres, por exemplo.



O Brasil possui uma das maiores jogadoras de todos os tempos, Marta, mas caiu para os EUA nas Olimpíadas de 2004

Universidade do Futebol - Os Estados Unidos têm uma tradição secular de organização desportiva e tratamento profissional de suas ligas. De maneira geral, como é estruturado o futebol nos Estados Unidos? Há uma diferenciação muito grande entre a categoria profissional masculina e feminina?

Helio D’Anna - A cultura do desporto profissional americano é bastante consistente e segue uma filosofia de marketing: empresa privada voltada ao lucro, e ligas independentes, com gestação central e direitos iguais aos clubes.

Há também uma característica de estabilidade, já que não há acesso ou descenso, e há limites de salários para as agremiações. Isso é verdadeiro não só ao futebol, mas a todos os esportes.

A diferença entre masculino e feminino está basicamente relacionada à “receita”. Por gerar menos lucro e ter menor assédio público, o desporto feminino profissional tem uma dependência de manutenção que vem das leis federais e da ajuda do lado masculino. Apesar de estar crescendo, o desporto profissional feminino em geral continua a ter uma conotação de segunda classe quando comparado ao masculino.

Universidade do Futebol - As crianças e adolescentes praticantes do futebol nos EUA pretendem, de forma geral, se tornar jogadores ou jogadoras profissionais?

Helio D’Anna - Pela liga profissional de futebol ser bem menor que a de outros esportes, o adolescente não sonha tanto em ser profissional quanto se vê no Brasil. No entanto, sem dúvida alguma, esses jovens incorporam o futebol para o resto da vida.

Como há milhares de jovens jogando no momento, a tendência é de essa pirâmide aumentar e desenvolver uma cultura maior de “sonhadores”, aproximando-se mais da realidade brasileira.

Mas como o futebol de formação é vinculado ao sistema educacional, mesmo esses aspirantes sabem que precisam de um diploma para terem uma carreira em alguma área após a vida de jogador profissional.

Universidade do Futebol - Qual é o papel dos pais na prática esportiva e, particularmente, do futebol nos EUA? Que diferenças existem em relação ao Brasil?

Helio D’Anna - Uma diferença que vejo é em relação à importância da prática desportiva na formação do indivíduo. Por conta disso, o pai americano larga tudo para acompanhar o filho ou a filha nas competições. Aliás, o pai é o segundo técnico dos filhos e muitos buscam obter licenças e estudam o futebol para poderem dar mais apoio.

Francamente, a grande distinção está no fato de que a prática do futebol pelas crianças é cara. Todos os clubes e escolas cobram taxas e há uniformes a serem comprados, viagens, etc. Como o poderio econômico na média é alto, o pai é um investidor na jornada do adolescente para que um dia ele ganhe uma bolsa para estudar e jogar em uma universidade.

Como as universidades são caras, o pai vê essa jornada como um investimento a ser recuperado lá à frente.

Universidade do Futebol - Como você vê o “espírito de competição” dos jovens norte-americanos? Eles praticam esporte para ganhar ou apenas praticam como um meio de educação, lazer e/ou saúde?

Helio D’Anna - A cultura americana em geral é muito competitiva e até agressiva. Esporte lazer está restrito a atividades não competitivas. Uma vez vestindo uma camisa de futebol, tanto pai, quanto técnico, além dos atletas, todos querem competir e ganhar.

Muitas vezes, aliás, chegando a um patamar nem um pouco saudável.



Donovan comemora seu gol diante do Brasil, e faz a torcida abrir um sorriso na final da Copa das Confederações: expectativa é boa para o Mundial-10

Universidade do Futebol - E o mercado de trabalho para profissionais do futebol brasileiro que queiram trabalhar nos EUA? Quais são os principais desafios e dificuldades a serem superados?

Helio D’Anna - Um desafio está na barreira da língua. Eu tenho certeza de que à medida que o domínio do inglês aumente na formação de profissionais de futebol no Brasil, nós veremos mais e mais brasileiros trabalhando aqui.

Outra barreira é a da imigração trabalhista. O visto de trabalho é complicado, principalmente para quem não tem formação acadêmica dentro dos Estados Unidos. Mas essas são as únicas barreiras importantes, já que o respeito ao futebol é muito grande, e o desejo de se ter profissionais brasileiros aqui é maior ainda.

Universidade do Futebol - Qual o perfil do torcedor de futebol nos EUA e como o habitante local vê as chances da seleção norte-americana na Copa do Mundo de 2010?

Helio D’Anna - Quem se apaixonou pelo futebol é tão apaixonado quanto um fã do Brasil. O problema é que há ainda um “gap” entre esses milhares de jovens crescendo e jogando a modalidade e a geração que cresceu jogando beisebol, basquete e futebol americano. Mas isso está mudando e a tendência é crescer mesmo.

A expectativa é reservada, apesar do sucesso na Copa das Confederações. O torcedor está desconfiado no momento, pois os amistosos e até a jornada de classificação não têm sido muito gloriosos.

Tudo vai depender do jogo contra a Inglaterra: se os Estados Unidos conseguirem um bom resultado e embalarem, vão dar trabalho. Há bons valores jogando na Europa com condições de fazerem um bom Mundial na África do Sul.

quinta-feira, abril 22, 2010

Oficializado, amistoso internacional atinge 150 países e será utilizado pelo Ceará para novos negócios
Clube nordestino quer aproveitar mídia e transmissão do duelo com o PSV e possível presença de ídolos brasileiros
Equipe Universidade do Futebol

Está confirmado: no próximo dia 6 de maio, Ceará e PSV Eindhoven se enfrentarão em amistoso internacional realizado no estádio do Castelão, em Fortaleza. A ação faz parte de um planejamento estratégico de pré-temporada do clube holandês, que visitará também o Vitória, em Salvador.

Para dois dos representantes nordestinos do futebol brasileiro na Série A, uma oportunidade também para se alinhar os últimos detalhes para a principal competição do país e estabelecer relações comerciais.

“A oportunidade é única e nós estamos abrindo as portas do clube para o mercado europeu”, vibrou Evandro Leitão, presidente do Ceará, durante a apresentação oficial do evento.

O jogo na capital cearense será televisionado pela Record Internacional, que tem alcance de transmissão em mais de 150 países, e também pela Rede Brasil de Televisão (RBTV), com atuação no Sudeste e Centro-Oeste do País.

Além disso, há a expectativa de confirmação de presenças ilustres. Ídolos do PSV, Romário e Ronaldo foram convidados para participar da festa. Enquanto o primeiro, já aposentado, atuaria em parte da disputa, o atacante corintiano daria o pontapé inicial.

“O Romário está 99% certo e o Ronaldo ficou animado com a ideia do amistoso e deve confirmar sua presença ainda esta semana”, indicou o ex-jogador Paulo Sérgio, campeão mundial com a seleção brasileira em 1994 e um dos responsáveis pela vinda do clube europeu ao Ceará.

Nas arquibancadas, a esperança é que haja lotação máxima. Por conta disso, Márcio Granada, empresário e organizador do amistoso, confirmou que o preço dos ingressos para a partida deverá ser semelhante ao que é praticado nos jogos do Estadual.

A responsabilidade dos dirigentes de clubes profissionais de futebol
Sociedade em comum é uma sociedade de fato, ou seja, aquela que existe, mas ainda não teve os seus atos constitutivos devidamente registrados nos órgãos competentes
João Bosco Luz de Morais

No Brasil é comum ouvirmos que há leis que pegam e leis que não pegam. E olha que esta frase foi proferida pelo Presidente da Repúbllica. Mas não deveria ser assim. O correto seria dizer que no Brasil todas as leis são aplicáveis ao caso concreto.

A Lei 9.615, de 24 de março de 1998, é um exemplo claro desta máxima. Parte desta lei pegou e parte ainda não pegou. Mas é bom que os dirigentes das entidades de prática desportiva, especialmente dos clubes de futebol, fiquem atentos. Pois, a qualquer momento parte desta lei que atinge diretamente a figura dos dirigentes pode pegar.

Cito, por exemplo os parágrafos 9º, 11º e 13º, do artigo 27, da referida lei. O parágrafo 9º, afirma que “é facultado às entidades desportivas profissionais constituírem-se regularmente em sociedade empresária, segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil”.

Num primeiro momento nos parece desnecessária a presença deste dispositivo legal na lei, vez que, se facultativa a constituição de sociedades empresárias, cabe aos sócios de cada clube de futebol decidirem sobre a sua forma de constituição na forma definida pelo Código Civil.

Mas, fazendo uma leitura mais acurada do referido dispositivo combinado com o parágrafo 11, do mesmo artigo 27, chegamos a conclusão de que aquilo que nos parece ser facultativo, torna-se obrigatório.

Diz o parágrafo 11, do artigo 27, que “apenas as entidades desportivas profissionais que se constituírem regularmente em sociedade empresária na forma do § 9o não ficam sujeitas ao regime da sociedade em comum e, em especial, ao disposto no art. 990 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil”.

Diante do que determina o dispositivo legal citado, todos clubes de futebol que não se constituirem em sociedade empresária “ficam sujeitas ao regime da sociedade em comum”. A sociedade em comum é uma sociedade de fato, ou seja, é aquela sociedade que existe de fato, mas ainda não teve os seus atos constitutivos devidamente registrados nos órgãos competentes.

Assim, na hipótese do clube não se submeter à faculdade de constituir-se em sociedade empresária, conforme definido pelo Código Civil, ele será considerado como uma sociedade em comum, o que, ao final, torna-se ainda mais pernicioso. Isto porque, se sociedade empresária, em primeiro lugar a responsabilidade pelas obrigações sociais é da própria sociedade. Mas, se sociedade em comum, a responsabilidade pelas obrigaçoes sociais tornam-se solidária entre a sociedade e seus sócios.

Neste caso, conforme dispõe o artigo 990, do Código Civil, “todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade”.

Mas esta situação tende a mudar, pois, o Projeto de Lei no 5.186/2005, já aprovado pela Câmara dos Deputados e em tramitação pelo Senado, introduz importante alteração no parágrafo 11, do artigo 27, da Lei 9.615/98. De acordo com a nova redação do dispositivo legal citado, a constituição dos clubes de futebol em sociedades empresárias torna-se definitivamente facultativa, pondo fim à uma flagrante inconstitucionalidade do referido dispositivo legal.

Por outro lado, aqueles clubes de futebol que optarem pela sua manutenção como associações sem fins lucrativos, os seus administradores e sócios podem responder pelas obrigações sociais contraídas em nome da associação.

Ademais, tanto pela legislação vigente quanto pelo Projeto de Lei 5.186/2005, para efeitos de fiscalização, todos os clubes de futebol são equiparados às sociedades empresariais, o que será objeto de análise futura por esta coluna.


*João Bosco Luz de Morais é membro do IBDD, advogado especialista em direito civil e processual civil, doutorando pela Universidad de Buenos Aires, procurador do STJD do Futebol, auditor do STJD do Basketball, professor do Uni-Anhanguera (Goiânia – Go) e Membro da Comissão de Direito Desportivo da OAB-GO.

Contato: joaoboscoluz@joaoboscoluz.com.br