Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, janeiro 30, 2014

A ciência das grandes ideias: como treinar seu cérebro para ser mais criativo

Cultivar ideias é um processo que podemos praticar para produzir mais

 
Shutterstock
Até agora, a ciência não determinou com exatidão o que acontece com nossos cérebros durante o processo criativo

Belle Cooper

Criatividade é um mistério, certo? Talvez, não. Trago aqui um exemplo do processo que é a ciência da criatividade e de como aproveitar o poder do cérebro para ter ótimas ideias. Ah, ideias! Quem não quer ter mais ideias brilhantes? Eu quero.

Geralmente, penso em ideias como mágicas e difíceis de produzir. Eu espero que elas apenas apareçam sem que eu as cultive, e fico frustrada com frequência quando elas não aparecem no momento em que preciso.

A boa notícia é que cultivar ideias é um processo que podemos praticar para produzir mais (e, com esperança, melhores) ideias. Por outro lado, muitas vezes, grandes ideias podem simplesmente chegar a nós enquanto estamos no chuveiro ou em outro ambiente relaxante.

Primeiramente, vejamos a ciência do processo criativo.

Como nossos cérebros funcionam criativamente?

Até agora, a ciência não determinou com exatidão o que acontece com nossos cérebros durante o processo criativo, uma vez que ele combina vários processos cerebrais diferentes. E, ao contrário da crença popular, esse processo inclui os dois lados do cérebro trabalhando em conjunto, ao invés de só um. 
A verdade é que os hemisférios cerebrais estão intrinsecamente conectados. Os dois lados do cérebro são distinguidos apenas pelos diferentes estilos de processar. A ideia de que pessoas podem “pensar com o lado direito” ou “pensar com o lado esquerdo” é, na realidade, um mito que eu já desmontei.

A origem desse mito vem de uma pesquisa realizada em 1960, com pacientes cujos “corpus callosum” (partes das fibras neurais que conectam os hemisférios) haviam sido cortados como último recurso no tratamento de epilepsia. Isso eliminou o processo natural da comunicação inter-hemisférica e permitiu que cientistas conduzissem experimentos sobre o modo como cada hemisfério trabalha em isolamento. 

A menos que você tenha passado por esse procedimento, ou teve metade do cérebro removido, você não pensa melhor com o lado direito ou com o lado esquerdo.

No entanto, temos uma ideia aproximada de como esses processos podem funcionar.

As três áreas do cérebro que são usadas para o pensamento criativo

Entre todas as redes e centros específicos em nossos cérebros, há três áreas que são conhecidas por serem usadas no pensamento criativo:

- A rede de controle da atenção nos ajuda a focar numa tarefa em particular. É ela que ativamos quando precisamos nos concentrar em problemas complicados ou prestar atenção em uma atividade como ler ou ouvir uma palestra.

- A rede de imaginação, como você pode ter adivinhado, é usada para coisas como imaginar cenários futuros e lembrar coisas que já aconteceram. Essa rede nos auxilia a construir imagens mentais quando estamos engajados nessas atividades.

- A rede de flexibilidade da atenção tem o importante papel de monitorar o que está acontecendo em nossa volta, bem como dentro de nossos cérebros, e alternar a rede de imaginação e a rede de controle da atenção.

Você pode ver a rede de controle de atenção (em verde) e a rede de imaginação (em vermelho) na figura abaixo:

Produzir novas ideias é um processo

A produção de ideias é um processo tão definido como a produção dos Fords – James Webb Young
Em seu livro “Técnica para produzir ideias” (A Technique for Producing Ideas), James Webb aponta que, enquanto o processo para produção de novas ideias é simples o suficiente para ser explicado, “ele, na verdade, requer o tipo mais pesado dos trabalhos intelectuais”.

Ele também explica que trabalhar para encontrar lugares onde as ideias surgem não é a solução para ter mais ideias. Precisamos treinar a mente para produzir novas ideias naturalmente.

Os dois princípios gerais

James descreve dois princípios da produção de ideias que me agradam bastante:

- Uma ideia é nada mais, nada menos do que uma nova combinação de elementos antigos.
- A capacidade de trazer elementos antigos para novas combinações depende amplamente da habilidade de ver/perceber relações.

O segundo é muito importante para produzir ideias novas, mas é algo em que nosso cérebro precisa ser treinado. Para determinadas mentes, cada fato é pouco separado do conhecimento. Para outras, é um elo da cadeia de conhecimento.

Para ajudar nosso cérebro a nos entregar boas ideias, precisamos primeiramente de uma preparação. Vamos dar uma olhada no que é preciso para preparar os cérebros para a criação de ideias.

Prepare-se para ter novas ideias

Como ideias são feitas da percepção de relações entre elementos existentes, precisamos coletar um inventário mental desses elementos antes que comecemos a conectá-los. James também observa em seu livro como, na maioria das vezes, abordamos esse processo incorretamente.

Em vez de trabalharmos sistematicamente para coletarmos matéria-prima, sentamos à espera. Preparar o cérebro para o processo de fazer novas conexões leva tempo e esforço. Precisamos adquirir o hábito de coletar as informações que nos cercam para que nossos cérebros tenham com que trabalhar.

Juntar tudo

O trabalho duro está principalmente na coleta de material que o cérebro precisa para formar novas conexões. Contudo, também há muito que você pode fazer para ajudar seu cérebro a processar toda essa informação.

O neurocientista Mark Beeman explica como chegamos àquele momento final “Aha!” na produção de uma ideia por meio de outras atividades:

“Uma série de estudos tem usado eletroencefalografia (EEG) e ressonância magnética funcional (fMRI) a fim de estudar as correlações neurais dos “momentos Aha!” e seus antecedentes. Embora a experiência de um insight seja repentina e possa parecer desconectada do pensamento imediato anterior, esses estudos comprovam que o insight é o resultado de inúmeros processos e estados cerebrais operando em diferentes escalas de tempo.”

Gosto bastante do modo como John Cleese fala sobre esses aspectos da criatividade e de como nossas mentes trabalham. Ele realizou uma palestra excelente anos atrás sobre como os cérebros desenvolvem ideias e resolvem problemas criativos, onde discutiu a ideia de nossos cérebros serem como tartarugas:

“A criatividade age como uma tartaruga, empurrando a cabeça para fora, nervosa, para ver se o ambiente está seguro antes de emergir completamente. Portanto, você precisa criar uma clausura como uma tartaruga – um oásis na loucura da vida moderna – para ser um porto seguro onde sua criatividade pode emergir.”


Outro assunto que John Cleese aborda é sobre como pode ser benéfico “dormir no problema”. Ele se lembra de observar uma mudança dramática em sua abordagem de um problema criativo após deixá-lo em paz. John não apenas acordou com uma ideia perfeitamente clara de como continuar seu trabalho, como também o problema em si não era mais percebido. O truque aqui é confiar o suficiente para esquecer.

Quando empenhamos nossa mente consciente em outras atividades, como dormir ou tomar banho, nosso subconsciente pode trabalhar em achar relações em todas as informações que colhemos até o momento.

Tradução: Dandara Costa

quarta-feira, janeiro 29, 2014

Castelão, o primeiro estádio verde da Copa

Castelão, o primeiro estádio verde da Copa
© Getty Images

©

(FIFA.com)

O Castelão é o primeiro estádio "verde" entre arenas oficiais da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. Entre as 12 arenas que registraram seus projetos para receberem a certificação internacional LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o estádio de Fortaleza já teve atestado o respeito de práticas de construção exemplares nas áreas de espaço sustentável, uso racional de água, eficiência energética, qualidade ambiental interna, uso de materiais de baixo impacto ambiental e estímulo a inovações.

Para o arquiteto David Douek, diretor da OTEC - consultoria que atuou junto à equipe de projeto e obra para alcançar a certificação ambiental LEED -, o mais importante no conceito de estádios "verdes" é a possibilidade de educar uma camada maior da população sobre o conceito sustentabilidade e suas aplicações práticas:

"Quando você compara estádios com outros edifícios, como fábricas, prédios comerciais, normalmente o acesso à grande massa é restrito porque 99% deles são de origem privada. Quando a gente fala de estádio, temos uma incrível oportunidade de mostrar à população, de educar uma massa mais significativa de pessoas sobre os benefícios de pensar a sua casa ou o seu prédio de uma forma mais sustentável, principalmente quanto à redução da utilização de recursos naturais”, afirmou.

Tendo isso como referência, um evento como a Copa do Mundo da FIFA ganha ainda mais relevância, como um torneio que pode passar muitas mensagens e parâmetros além do fair play e de todas as emoções que grandes jogos proporcionam. “A Copa do Mundo sempre é um evento esportivo de envergadura inquestionável, e poder associar a Copa com a preocupação com a sustentabilidade é uma forma de mostrar que sustentabilidade não é algo inatingível, segmentado. É algo que deve fazer parte do dia a dia de qualquer pessoa", completou Douek.

Para atender os critérios necessários para o recebimento da certificação LEED, a lista de medidas adotadas incluiu, entre outros itens: redução do consumo de água potável em 67,61%, conquistada com a utilização de metais e de tecnologias que reduzem o consumo de água; atenção para o transporte público, com o complexo servido por quatro linhas de ônibus que ultrapassam a frequência mínima de 200 viagens; sistema de condicionamento de ar que não utiliza gases refrigerantes à base de CFC (clorofluorcarbono), responsáveis pela destruição da camada de ozônio.

Além disso, foram avaliadas a política de proibição de fumo em todas as áreas internas do complexo e nas externas, à distância mínima de 8 metros de todas as entradas de ar dos edifícios, e a construção de centrais de resíduos, apropriadamente dimensionadas para armazenamento de resíduos recicláveis incluindo papel/papelão, plástico, vidro e metal, com frequência de coleta adequada.

.

A importância do scout técnico

É de suma importância que o treinador, junto com sua comissão técnica, busque sempre algo a mais para que obtenha sucesso com sua equipe
Rodrigo Rezende

1621743_707934732561539_195544836_n

Introdução

O futebol é o esporte mais conhecido e mais praticado em todo o mundo, está sempre em evolução e aperfeiçoamento com o objetivo de melhor performance da equipe. As partidas de futebol estão cada vez mais disputadas e, por muitas vezes, são decididas em detalhes que, durante uma competição, podem fazer grande diferença.

Com toda essa evolução, é de suma importância que o treinador, junto com sua comissão técnica, busque sempre algo a mais para que obtenha sucesso com sua equipe.

Portanto, justifica-se realizar o scout técnico, analisando os cruzamentos e finalizações, certos, errados e convertidos em gol das duas equipes, durante uma partida, para que o treinador possa corrigir os possíveis erros e acertar o seu time no intervalo e após o jogo, durante a semana de trabalho.

Objetivo

Analisar o número total de cruzamentos e finalizações, certos, errados e convertidos em gol.

Metodologia

O scout técnico de cruzamentos e finalizações é realizado por observação direta durante as partidas. São marcados os cruzamentos da direita e da esquerda, certos e errados. As finalizações são diferenciadas como: certas, erradas e convertidas em gols.

Essas marcações são feitas em um campo dividido por zonas, exatamente onde acontecem os cruzamentos e as finalizações, o destino que a bola toma é tracejado, e cada item é designado com uma cor diferente.

Ao término do primeiro tempo, soma-se cada item e o departamento de scout entrega ao treinador no intervalo da partida, e na volta aos treinos, após a mesma.

Resultados e discussões

As tabelas 01 e 02, abaixo, mostram os resultados gerais do campeonato Paranaense e Brasileiro série B, de 2009, respectivamente.

Para estudar o comportamento dos dados foi utilizada uma análise descritiva (mínimo, máximo, média e desvio padrão).

Tabela 01: resultados gerais  do Campeonato Paranaense de 2009

Cruzamentos Finalização Gols
  Direita Esquerda Certa Errada  
Mínimo 3 2 1 7 0
Média 8,58 8,33 4,25 13,33 1,67
Máximo 16 15 9 17 4
Desvio padrão 4,08 3,8 2,49 3,26 1,23


Conforme a tabela 01, verifica-se que os cruzamentos da direita apresentaram uma média de 8,58, com um desvio padrão de 4,08. Os cruzamentos da esquerda apresentaram uma média de 8,33, com um desvio padrão de 3,80. Finalização certa apresenta uma média de 4,25, com um desvio padrão de 2,49. Já na finalização errada, podemos verificar que a média foi de 13,33, com um desvio padrão de 3,26. O último e mais importante, os gols apresentam uma média de 1,67, com um desvio padrão de 1,23.

Tabela 02: resultados gerais do Campeonato Brasileiro de 2009 - Série B (primeiro turno)

Cruzamentos Finalização Gols
  Direita Esquerda Certa Errada  
Mínimo 4 5 3 5 0
Média 8,5 8,13 5,38 9,25 1,75
Máximo 20 13 8 12 4
Desvio padrão 5,1 2,53 2,13 3,01 1,49

Conforme a tabela 02, verifica-se que os cruzamentos da direita apresentaram uma média de 8,50, com um desvio padrão de 5,10. Os cruzamentos da esquerda apresentaram uma média de 8,13, com um desvio padrão de 2,53. Finalização certa apresenta uma média de 5,38, com um desvio padrão de 2,13. Já na finalização errada, podemos verificar que a média foi de 9,25, com um desvio padrão de 3,01. O último e mais importante, os gols apresentam uma média de 1,75, com um desvio padrão de 1,49.

Conclusão

Baseado nos resultados podemos concluir que não houve uma diferença significativa do Campeonato Paranaense para o Campeonato Brasileiro, principalmente no scout técnico dos gols onde os resultados foram muito semelhantes, e que, para o futebol, é o item mais importante.
Tags: Scout , Setor Técnico

segunda-feira, janeiro 27, 2014

Uma "nova" visão para o jogo

Para o futebol brasileiro, que tem no poder das suas individualidades o grande marketing da qualidade, é preciso “reencontrar” sua antiga visão tática do jogo


Ricardo Drubscky / Universidade do Futebol

 

UnivFut 001

O jogo em relação ao jogador ou o jogador em relação ao jogo? Este é um dilema que o futebol brasileiro não consegue resolver. Aliás, acho até que não sabemos se existe. A forma de ver o jogo de futebol é tão dependente do sistema tático e do jogador que não conseguimos perceber a existência de algo além disso. Estamos particularizando tanto as questões táticas de campo que mal conseguimos ver a aura de um jogo. No Brasil, é comum ouvir:

• O time não joga pela direita porque o lateral do lado não ataca;
• Hoje, a defesa não está bem devido às falhas dos zagueiros;
• O time não chuta a gol porque os atacantes são fracos;
• Vamos começar arrumar o time pela “cozinha”;
• Dentre outras.

Todas as análises acima estariam corretas se contextualizássemos o que significam a uma ideia tática de jogo, algo maior que as respostas individuais ou setorizadas no campo. Desde que abandonamos o “toque de bola” em favor do jogo ansioso e ou de correria, não sabemos mais o que é jogo. Um dia, um dirigente de um clube onde trabalhei me indagou: - Você fala muito em jogo da sua equipe, não é?! Como se isso fosse uma coisa estranha ao ambiente do futebol brasileiro. Nos acostumamos a seccionar o entendimento do jogo como forma de justificar todos os fenômenos táticos do campo.

Para inaugurar o meu momento de crônicas táticas no Universidade do Futebol é importante não abandonar a visão que concebo do jogo, pois tudo e ou todas as abordagens serão feitas a partir deste ponto de vista. Não consigo ver um lance descontextualizado do todo, de um jogo. Não consigo criar um treino sem inseri-lo na dinâmica das onze peças. Jogar pelos flancos, por exemplo, não se traduz em simplesmente treinar os lances de cruzamentos das beiradas. Todo mundo sabe disso, mas fazemos leitura equivocada do processo que desenvolve estas jogadas. Estamos culturalmente envolvidos com esta maneira de ver e ou conceber o jogo.

Como treinar o jogo pelos flancos, ou o hábito de se jogar por aquele setor do campo? Só jogando ou treinando um jogo com estas características dará condições ao meu time de fazer isso. Portanto, a montagem e o perfil dos treinos estão diretamente relacionados à forma de construir o jogo da minha equipe. Não me adiantará, ou adiantará muito pouco, pedir aos jogadores que façam isso ou aquilo. É importante induzi-los a fazer. O treinamento tem poderes para isso.

Permanecendo no exemplo anterior, sabemos ler que uma equipe não joga pelos flancos, mas não somos capazes de detectar as causas. Não nos resta outra saída senão responsabilizar os protagonistas das ações de campo: - “Não há cruzamentos vindos dos flancos porque os laterais não o fazem”. Até os jogadores, maiores alvos das críticas, acreditam nisso e reproduzem discursos confirmando suas falhas. Não consigo ver o fenômeno senão pela consequência da grande e prejudicial “miopia tática” da visão brasileira do jogo.

No início da nossa resenha há uma pergunta: - O jogo em relação ao jogador ou o jogador em relação ao jogo? Na questão, me refiro à avaliação das qualidades de um jogador para fazermos uma determinada opção. Para respondermos corretamente esta pergunta precisaríamos saber como vemos o jogo. Existe um jogo além do jogador? Todos nós sabemos que não há orquestra sem as individualidades musicais. Mas é verdade também que uma orquestra não existe somente com parte do som das individualidades.

No esporte coletivo e ou no futebol é da mesma forma. O jogador está em campo como grande protagonista das ações. Mas que tipo de ação? Ações que traduzem um jogo. Uma forma de jogar. Esta é a saída para uma “nova” visão do jogo brasileiro. Só devemos entender a importância do jogador no contexto de um jogo, ainda que suas habilidades lhe permita desempenhar papéis táticos com a plástica de um craque. Por isso, serão reconhecidos e valorizados com destaque em relação aos companheiros de profissão. Ter craques no time não trará nenhum prejuízo ao jogo se estes jogarem em função de uma ideia de jogo. 

Quando falamos de jogo e ações táticas para o jogo queremos aclarar a mente dos leitores para a existência de princípios e ou conceitos táticos que são responsáveis pela construção do jogo. Assim como o bolo tem seus ingredientes e sua forma de fazer, o jogo tem os seus jogadores e forma de fazê-los jogar. Por isso, e nesta visão, é preciso pensar na importância do jogador relacionada a uma forma de jogar. A sutileza na diferença dessas visões táticas de jogo altera muito o processo da construção do próprio jogo.

Às vezes, o casual encaixe das características individuais faz brotar um jogo de qualidade mesmo que não tenhamos nos preocupado em treinar os conceitos táticos que dali brotaram. Às vezes também, alguns bolos saem gostosos mesmo não aplicando os segredos da receita proposta. Mas eu disse “às vezes”! Regra geral, as receitas consagradas costumam render dividendos interessantes aos seus detentores. O jogo pode e deve ser construído sob a orientação dos conceitos táticos que fazem um jogo eficiente e eficaz. Assim, tanto o jogo quanto o “bolo” terão padrões de qualidade consagrados.

Para o futebol brasileiro, que tem no poder das suas individualidades o grande marketing da qualidade, é preciso “reencontrar” sua antiga visão tática do jogo. Aquilo que faça o jogo ser visto como um todo que tem vida. O jogo do toque de bola, por exemplo, como era conhecido e ficou famoso em todo o mundo. Um time que joga compacto, ofensivamente, com posse de bola, atuando pelos flancos, dentre outros predicados táticos coletivos é facilmente percebido quando apresentado. Vide grandes equipes europeias e alguns poucos e efêmeros modelos sul-americanos.

Nós, treinadores brasileiros, só saberemos e ou teremos interesse em construir um jogo com estas características quando formos cobrados sobre estes parâmetros. Hoje, só sabemos jogar por vitórias e das formas mais diversas. Geralmente produzimos o “jogo” com muita correria, ações individualizadas e desespero mental, fruto da pressão do ambiente em que jogamos. 

Há “receitas de bolos” excelentes para a construção do jogo inteligente. Não é preciso jogar ao acaso ou ao sabor do encaixe das individualidades. Tudo começa com o desenvolvimento de uma nova visão tática para o jogo!

.

sábado, janeiro 25, 2014

As mentiras que eles contam [sobre gastos com a Copa]

POR RAFAEL DUARTE*

A cobertura da Copa pela imprensa é vergonhosa. O jornalismo sério e crítico – uma trincheira importante da democracia – foi jogado na caçamba do lixo pela maioria dos jornais, TVs e rádios daqui e de fora. Gosto muito da frase que diz que a imprensa que torce, distorce. Mas o que vemos em alguns casos é a mentira pura e simples, indiscreta e abjeta, contada com o objetivo claro de transformar um pesadelo num conto de fadas.

Muita gente não vê surpresa no comportamento da imprensa, sempre mais atenta a seus interesses particulares do que ao interesse coletivo. O jogo sempre foi jogado assim, dizem os amigos do senso comum. E que assim seja, repetem os conformados e conformistas de plantão.

Agora nesse debate todo, o que também chama a atenção é a divulgação dessas mentiras por uma gente esclarecida, outrora crítica, mas que confunde o apoio ao evento com a defesa do governo. Para os governistas, se a crítica é sobre os gastos públicos em estádios privatizados (ah, são concessões de 20 anos, perdoe a nossa falha) é como se o endereço fosse a principal inquilina do Palácio do Planalto. E quanto mais se aproximam as eleições, a neurose chega a níveis de faniquitos.

O governismo é uma doença. Não ataca a todos, é verdade. Mas seu principal sintoma é a falta de memória, a cegueira política e ideológica. Dilma Rousseff veio a Natal, foi bajulada, ficou ‘en-can-ta-da’ e ratificou todas as mentiras que o governo vem contando e compartilhando desde que a Fifa definiu o Brasil como sede. Até Nelson Rodrigues, defensor categórico da construção do Maracanã no final dos anos 40, deve ter levado uma cutucada do Sobrenatural de Almeida quando foi citado como exemplo diante de tanta informação falsa.

Dilma comemorou com orgulho o fato da Arena das Dunas ter custado 3% a menos do que o valor estimado inicialmente. Talvez seja por isso que Guido Mantega, o ministro da Fazenda, esteja a perigo no cargo. O preço inicial do estádio – uma olhada nos jornais de quatro anos atrás é suficiente – era de R$ 320 milhões. Se o empréstimo junto ao BNDES a juros baixíssimos fosse pago à vista, o que também não vai acontecer, a Arena sairia hoje por R$ 423 milhões. Só nessa brincadeira são R$ 123 milhões a mais de diferença. Porém, ao longo dos 20 anos de privatização (digo, concessão) a conta será de R$ 1,3 bilhão.

É inacreditável, faltando cinco meses para o início do torneio, que ainda há quem sustente que não existe dinheiro público investido nos estádios da Copa.

Ouço de colegas e amigos que as críticas à Copa não me levarão a lugar nenhum. É murro em ponta de faca, jogo perdido. Afinal, a Arena das Dunas está concluída (a nossa imprensa en-can-ta-da, por sinal, a concluiu três vezes de dezembro para cá). Faz mal não, gente. Não vou mentir para vocês: é um prazer estar ao lado dos que perderam essa batalha.

*Artigo publicado na edição de hoje (24/01) do NOVO JORNAL.

.

sexta-feira, janeiro 24, 2014

Estádios da Copa arrecadaram R$ 176,5 mi em 2013

 

Dos 12 estádios que serão palco dos jogos, seis já estão prontos

 

Os R$ 8 bilhões gastos com a construção e a reforma dos estádios que sediarão os jogos da Copa do Mundo apresentaram, em 2013, os primeiros retornos financeiros. Dos 12 estádios que serão palco dos jogos, seis já estão prontos. Neles, foram arrecadados R$ 176,5 milhões apenas com a venda de ingressos para o Campeonato Brasileiro de 2013 – recorde histórico, após um aumento de 49% na comparação com a receita obtida no ano anterior. Nos 380 jogos do torneio, quase 6 milhões de torcedores pagaram ingresso, número 15% superior ao registrado em 2012.

 

Com a ajuda da Copa das Confederações, foram batidos também recordes no setor de turismo. Segundo o Ministério do Esporte, o País ultrapassou pela primeira vez a marca de 6 milhões de turistas no decorrer de 2013. A receita obtida a partir dos gastos dos turistas estrangeiros foi US$ 6,13 bilhões, entre janeiro e novembro, recorde histórico para o período.

 

Só com a venda de artesanato, foram movimentados R$ 2,7 milhões durante o período de jogos. Além disso, R$ 100 milhões em novos negócios foram gerados por micro e pequenas empresas brasileiras devido as obras e aos serviços gerados. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) fechou negócios da ordem de R$ 1,8 bilhão no Projeto Copa, durante o torneio de 2013. A ação reuniu 1,4 mil empresários.

 

O Brasil contabilizou, durante o evento, ganhos que provavelmente serão batidos durante a Copa do Mundo. Tendo por base levantamento da empresa Ernst & Young, o ministério estima que a preparação da Copa do Mundo movimentará, entre 2010 e 2014, R$ 142,39 bilhões adicionais na economia nacional, gerando 3,63 milhões de empregos e R$ 63,48 bilhões de renda para a população.

 

Segundo o ministério, foram gerados 24,5 mil empregos diretos com a construção das seis arenas utilizadas na Copa das Confederações. As novas arenas têm o conceito multiuso, com espaços para shows, restaurantes, centros de convenções, feiras, exposições e permitirão várias outras fontes de recursos e possibilidades de uso.

 

Estudo do Sinaenco mostra que de todas as obras previstas na Matriz da Copa, os estádios foram os que apresentaram maior aumento de custo. Ao longo de quatro anos, a previsão de gastos com os estádios passou de R$ 5,66 bilhões para os atuais R$ 8 bilhões.

 

Em termos absolutos, a obra mais cara foi a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha (R$1,4 bilhão), em Brasília. Há quatro anos, a previsão era que o estádio custaria R$ 745,3 milhões, um sobrepreço de 88,3%. Em segundo lugar, está a reforma do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (R$ 1,05 bilhão). Antes, a expectativa era que a obra fosse feita por R$ 600 milhões – sobrepreço de 75%.

 

Cinco estádios estão entre as dez obras previstas na Matriz da Copa que apresentaram, em termos proporcionais, maior sobrepreço. O Beira Rio ocupa a terceira colocação nesse ranking, com um aumento de 153,8% em relação ao preço inicial, passando de R$ 130 milhões para R$ 330 milhões. Em sexto lugar está o estádio de Brasília; em sétimo o Arena da Baixada, em Curitiba, com um aumento de 77,1% (passando de R$ 184,5 milhões para R$ 326,7 milhões); em oitavo o Maracanã; e em décimo o Mineirão (63,1%), que passou de R$ 426,1 milhões para R$ 695 milhões.

 

Apesar de altos, esses gastos representaram mudança radical em um cenário que, em 2007, era de estádios construídos entre as décadas de 1960 e 1970. “Estavam aos pedaços. Agora temos 15 estádios de primeira linha: os 12 destinados aos jogos e, ainda, o do Palmeiras e o do Grêmio, além do [Estádio] Independência, em Minas Gerais”, avalia o integrante do Sinaenco. Ele não vê grandes riscos de atrasos nas obras, “até porque, como são essenciais para o evento, eles foram a grande preocupação do governo federal”.

 

De acordo com o Ministério do Esporte, as obras nos seis estádios remanescentes serão entregues a tempo. A previsão é concluir, ainda em janeiro, as obras dos estádios Arena das Dunas, em Natal, e do Beira Rio, em Porto Alegre. A Arena Pantanal, em Cuiabá, será concluída até o fim de fevereiro, e a Arena da Baixada, em Curitiba, será finalizada entre fevereiro e março. O último estádio a ser concluído será o Itaquerão, em São Paulo, na primeira quinzena de abril."

 

Fonte: Agência Brasil

.

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Os 500 clubes mais populares no facebook

O  ranking dos 500 clubes com mais fans no facebook. Surpreendente, muito mais do que os mais de 50 milhões de fans que o FC Barcelona alcançou recentemente o dado mais curioso é a quantidade de fans dos clubes europeus no Brasil. Muitos desses clubes já dispõem de web, facebook e twitter em português e já estão atuando consistentemente no mercado brasileiro.

O Barcelona possui mais da metade de fans no Brasil que o Corinthians, o mais popular no país. Também no top5 no Brasil aparece o Real Madrid, superando clubes com enorme torcida como Palmeiras, Vasco, Santos, Cruzeiro, Atlético Mineiro etc. Não se pode afirmar que Barcelona e Real Madrid tem mais torcedores no Brasil que esses clubes, mas sim, é sintomática a diferença do trabalho digital que, não somente Real e Barça fazem, mas também Manchester United, Milan, Chelsea etc.

Basta ver o caso do Shakhtar, que está logo atrás do Bahia em fans brasileiros. Isso se deve objetivamente a preseça de jogadores brasileiros nesse clube. Simples. Mas a contrapartida não acontece. Quando se olha a lista de clubes brasileiros com mais fans no exterior um susto. Números mínimos. O Santos aparece na frente do campeão mundial de 2012, o Corinthians. Por quê? Simples a resposta: Neymar.

A marca de um clube se internacionaliza muito mais pelos jogadores que dispõe do que pelos títulos. O melhor exemplo foi o Real Madrid com Los Galácticos que não conquistaram nenhuma Champions League durante o período “Beckham, Zidane, Figo, Ronaldo”, mas conseguiram se projetar em mercados como o asiático contundentemente.

O que se percebe, que apesar de algumas tentativas como Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano e Alexandre Pato pelo Corinthians, e também com a obtenção de títulos por parte do clube, o alvinegro ainda tem um longo caminho a percorrer no âmbito de branding internacional, mesmo sendo o 15.º clube mais popular no facebook, o Corinthians ainda está distante de clube não tão globais assim como Fenerbahçe e Galatasaray, que seriam os rivais a serem batidos.

A base de fans brasileiros (ou no Brasil) do Corinthians é de 92,7%, o que o constitui como um clube doméstico. Diferentemente, por exemplo do Boca Juniors, que tem 65% de sua base de fans na Argentina, sendo o mais internacional dos sulamericanos. O Santos, que é o mais internacional dos brasileiros dispõe de 71% de seus fans em âmbito doméstico.

Cabe a reflexão sobre o trabalho que se faz no Brasil de internacionalização das marcas dos clubes de futebol além do discurso já batido.

.