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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, agosto 15, 2014

Paulo Ricardo, treinador do Cruzeiro sub-20

"A Educação é o ponto principal para a mudança cultural no futebol brasileiro", aponta
Guilherme Yoshida 
Paulo Ricardo

Em tempos de debates sobre a evolução do futebol brasileiro após o vexame da seleção brasileira na última Copa do Mundo, o trabalho nas categorias de base passa a ser um dos pontos fundamentais neste processo para a melhora do nosso jogo em todos os sentidos.
Mas uma boa realidade ainda está distante dos profissionais que atuam de forma direta ou indiretamente com a formação e o desenvolvimento de novos talentos pelo país.
As situações econômicas, estruturais, e administrativas de muitos clubes brasileiros, somadas à aproximação de empresários e grupos de investimentos, dificultam ainda mais o trabalho de quem está à beira do campo preocupado com o futuro do garoto promissor na carreira.
“A Educação é o ponto principal para a mudança cultural no futebol brasileiro. O jovem em potencial é bombardeado por diversos fatores que interferem diretamente em seu foco e na sua evolução. Esses fatores estão diretamente ligados à questão econômica e à exposição na mídia. Com uma formação melhor, esses fatores podem interferir menos no processo de formação dos atletas brasileiros”, aponta Paulo Ricardo, técnico da categoria sub-20 do Cruzeiro.
Independentemente do clube em que trabalha atualmente, Paulo Ricardo tem muita experiência no trabalho de base pelo Brasil. Por isso, sabe que, para o futebol brasileiro formar melhor os futuros jogadores, é preciso elaborar um programa de formação que tenha conteúdos adequados para cada categoria, métodos apropriados que favoreçam o desenvolvimento da criatividade e a inteligência de jogo, além de indicadores eficientes que possam contribuir para balizar ou ajustar durante todo o processo de formação.
“Temos que ter clareza do futebol que queremos jogar no futuro, para depois montarmos um planejamento adequado para atingirmos esse objetivo. A primeira medida é a criação de um fórum sobre o nosso futebol”, completa o profissional.
Nesta entrevista exclusiva à Universidade do Futebol, Paulo Ricardo ainda falou como vê o processo de seleção de talentos no Brasil hoje em dia e sobre quais medidas poderiam ser tomadas para que o futebol brasileiro consiga aproveitar mais jogadores. Confira a íntegra:

Universidade do Futebol – Qual a sua formação acadêmica e como ocorreu seu ingresso no ambiente do futebol?
Paulo Ricardo – Sou formado em Educação física pela UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais]. Comecei no futebol atuando como preparador físico na categoria júnior em 1994, depois fui trabalhar em escolas de futebol passando pelas funções de professor, treinador e coordenador. Depois, em 1999, comecei a atuar como treinador na categoria infantil.
A falta de planejamento do futebol brasileiro, junto com a falta de capacitação dos gestores e treinadores são alguns dos nossos problemas sérios. Outro problema presente é o sucateamento da Educação Física nas escolas brasileiras, afirma Paulo Ricardo

Universidade do Futebol – No Brasil, vemos muitos jogadores em potencial que, por problemas pessoais e de gestão de carreira, não conseguem atingir o que deles se esperava. Para você, qual a importância da educação para que um jovem atleta consiga chegar ao alto nível?
Paulo Ricardo – A Educação é o ponto principal para a mudança cultural no futebol brasileiro. O jovem em potencial é bombardeado por diversos fatores que interferem diretamente em seu foco e na sua evolução.
Esses fatores estão diretamente ligados à questão econômica e à exposição na mídia. Com uma formação melhor, esses fatores podem interferir menos no processo de formação dos atletas brasileiros.
Para formarmos melhor, temos que elaborar um programa de formação que tenha conteúdos adequados para cada categoria, métodos apropriados que favoreçam o desenvolvimento da criatividade e a inteligência de jogo, aponta o treinador do sub-20 do Cruzeiro

Universidade do Futebol – E quais iniciativas você acredita que poderiam ser melhor trabalhadas no futebol brasileiro?
Paulo Ricardo – Temos que ter clareza do futebol que queremos jogar no futuro, para depois montarmos um planejamento adequado para atingirmos esse objetivo. A primeira medida é a criação de um fórum sobre o nosso futebol.

Universidade do Futebol – Como você vê o processo de seleção de talentos no Brasil hoje em dia?
Paulo Ricardo – Acho que a seleção de talento no futebol brasileiro ainda é o nosso ponto forte em relação a outros países. Além da qualidade temos quantidade. As crianças brasileiras começam a ter estímulo com a bola de futebol dentro do ambiente familiar, e este fator cultural é fundamental na nossa formação.
A Educação é o ponto principal para a mudança cultural no futebol brasileiro. O jovem em potencial é bombardeado por diversos fatores que interferem diretamente em seu foco e na sua evolução, analisa Paulo Ricardo

Universidade do Futebol – Mas, o que poderíamos fazer para qualificar este processo?
Paulo Ricardo – Acho que nossa iniciação é muito boa, apesar de que nos grandes centros essa cultura de brincar de bola tenha diminuído. Acho importante investirmos em estruturas e incentivarmos o jogo solto e livre para as crianças.

Universidade do Futebol – Quantos jogadores devem compor o plantel de um elenco da categoria sub-20 de um clube de futebol? Como permitir que todos tenham a oportunidade de jogar para se desenvolver?
Paulo Ricardo – O plantel da categoria júnior é formado de atletas sub-18, sub-19 e sub-20, e acho adequado para atender o processo de formação, um número próximo de 33 atletas.
Agora, os treinos devem ser dados para todos os atletas da mesma forma e com o mesmo volume diariamente. Isto facilita muito o rodízio de atletas que fazemos durante toda a temporada.
Temos planilhas que nos informam sobre o tempo treinado e jogado de cada atleta que nos auxiliam durante todo o processo. O objetivo é dar oportunidade a todos sem perder a ambição de vencer jogos e campeonatos.
Acho que a seleção de talento no futebol brasileiro ainda é o nosso ponto forte em relação a outros países. Além da qualidade temos quantidade. As crianças brasileiras começam a ter estímulo com a bola de futebol dentro do ambiente familiar, e este fator cultural é fundamental na nossa formação, explica

Universidade do Futebol – O modelo de jogo das categorias devem ser o mesmo para o sub-15, sub-17 e sub-20? Existe alguma preocupação neste sentido, ou cada treinador determina o modelo que pretende jogar?
Paulo Ricardo – Acho muito importante o clube ter um modelo de jogo próprio, isto facilita muito as transições de uma categoria para outra e o aprendizado durante todo o processo de formação.
Então, existe uma preocupação enorme em padronizar o modelo de jogo de todas as categorias. Normalmente, o modelo de jogo adotado pelo time profissional tem sido seguido pelas outras categorias do clube.
Universidade do Futebol – Durante a copa do mundo o goleiro Neuer da Alemanha se destacou pela sua capacidade de fazer coberturas e jogar com os pés. No Cruzeiro, o goleiro é considerado parte do modelo de jogo da equipe? De que maneira?
Paulo Ricardo – Sim, o goleiro é considerado parte do jogo coletivo da equipe. O modelo de jogo está sempre presente nos treinos das categorias de base e o goleiro participa de grande parte das atividades, exercendo suas funções táticas durante os treinos e os jogos.

Universidade do Futebol – Um dos maiores problemas alegados pelos profissionais das categorias de base é o “gap” entre a equipe sub-20 e a equipe profissional. Como superar este problema?
Paulo Ricardo – Para facilitar está transição, a equipe sub-20 tem que trabalhar o mais perto possível da equipe profissional, convivendo e treinando com a equipe profissional pelo menos uma vez a cada quinze dias durante toda a temporada.
Acho muito importante o clube ter um modelo de jogo próprio, isto facilita muito as transições de uma categoria para outra e o aprendizado durante todo o processo de formação, diz o profissional das categorias de base

Universidade do Futebol – Mas, quais medidas poderiam ser tomadas para que o futebol brasileiro conseguisse aproveitar mais jogadores?
Paulo Ricardo – A melhor medida é o futebol brasileiro investir na criação da categoria sub-23, montando um calendário adequado para toda a temporada e mantendo um elenco enxuto, vinculado à equipe profissional.

Universidade do Futebol – Para você, quais aspectos deveriam compor um plano de desenvolvimento de talentos visando formar jogadores de futebol de alto nível?
Paulo Ricardo – Para formarmos melhor, temos que elaborar um programa de formação que tenha conteúdos adequados para cada categoria, métodos apropriados que favoreçam o desenvolvimento da criatividade e a inteligência de jogo, além de indicadores eficientes que possam contribuir para balizar ou ajustar durante todo o processo de formação.
O nosso dia a dia nos mostra muito sobre os atletas com quem trabalhamos. Os treinos, jogos, decisões, reuniões e, principalmente quando os atletas se fecham para começar uma partida, as lideranças se apresentam perante o plantel. Temos a ajuda de um psicólogo que avalia o perfil do elenco todo o ano, revela o treinador Paulo Ricardo

Universidade do Futebol – Como detectar aspectos de liderança em jovens?
Paulo Ricardo – O nosso dia a dia nos mostra muito sobre os atletas com quem trabalhamos. Os treinos, jogos, decisões, reuniões e, principalmente quando os atletas se fecham para começar uma partida, as lideranças se apresentam perante o plantel. Temos a ajuda de um psicólogo que avalia o perfil do elenco todo o ano.

Universidade do Futebol – Você procura executar exercícios específicos para potencializar essa capacidade em determinados atletas? Como você trabalha essa questão?
Paulo Ricardo – Sim, procuro executar exercícios específicos para potencializar a liderança. Principalmente do goleiro e dos defensores que estão vendo o jogo de frente.
No meu trabalho, passo tarefas para todo o elenco com o objetivo de desenvolver a comunicação, iniciativa e a liderança.
A maior virtude do futebol brasileiro ainda é o estimulo precoce da criança brasileira com a bola. Mas, este estímulo nas grandes cidades já vem reduzindo, uma pela falta de espaço e outra pelas diversas concorrências que se tornaram mais atrativas no mundo moderno, avalia o profissional

Universidade do Futebol – Em sua opinião, qual o maior problema e a maior virtude do futebol brasileiro hoje em dia?
Paulo Ricardo – A falta de planejamento do futebol brasileiro, junto com a falta de capacitação dos gestores e treinadores são alguns dos problemas sérios. Outro problema presente é o sucateamento da Educação Física nas escolas brasileiras.
Já nossa maior virtude ainda é o estimulo precoce da criança brasileira com a bola. Este estímulo nas grandes cidades já vem reduzindo, uma pela falta de espaço e outra pelas diversas concorrências que se tornaram mais atrativas no mundo moderno.
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