O futebol brasileiro vive uma profunda crise, tanto financeira como mercadológica e não é de hoje. Os motivos não são novos, mas vem se intensificando de forma rápida.
Basta uma comparação com a realidade da Europa para perceber que estamos cavando um abismo, resultado de décadas de ostracismo e falta de inovação na gestão dos clubes.
Enquanto os times europeus aproveitaram as mudanças no ambiente político e legal na década de 1990, com efeitos extremamente positivos para seus negócios, nosso mercado parou no tempo.
Os clubes brasileiros, deitados em berço esplêndido, como diz a letra do nosso hino, simplesmente não fizeram nada para mudar esse cenário. A gestão dos clubes permanece similar ao que faziam na década de 1970.
Dirigentes amadores, modelo de negócio antiquado, administrações arcaicas, marketing de terceira categoria e falta de modernização de suas estruturas administrativas são alguns fatores.
No Brasil, gestão de futebol é sinônimo de investimento em salários, contratações e em centros de treinamento.
Traçando um paralelo com o mundo das empresas, é como se as indústrias se preocupassem apenas em investimento em plantas industriais, sem uma visão moderna de gestão de marcas, plataformas eficientes de comercialização de produtos e dedicação constante na busca da lealdade do consumidor.O mundo empresarial evoluiu, pois sabia que sem investimentos maciços na gestão do seu negócio, de nada adiantaria produzir produtos.
Essa mudança foi vital para crescerem.
No futebol brasileiro quanto mais os clubes investem na área técnica, menos desenvolvem seu negócio. É um paradoxo, mas é nossa realidade.
Os maiores clubes brasileiros em 2007, por exemplo, gastaram R$ 934 milhões com seus departamentos de futebol. Em 2015, os valores atingiram R$ 2,7 bilhões. E quanto mais gastaram, menos qualidade apresentaram.
Os investimentos no futebol, bem diferente da Europa não impulsionaram novas receitas. Não há uma visão de retorno sobre investimento.
Isso gerou em aumento substancial dos déficits e crescimento das dívidas, muitas delas resultado dessa irresponsabilidade no aumento dos gastos. Para financiar suas atividades, sem grandes receitas, sempre contraem empréstimos, sonegam impostos e empurram com a barriga suas dívidas para futuras gestões.
Temos vários exemplos de clubes que gastam mais em juros bancários do que em investimento na categoria de base, por exemplo. E essas despesas financeiras estrangularam sua gestão, criando um ciclo vicioso sem fim.
Que resulta no baixo desenvolvimento de toda a cadeia produtiva do futebol nacional.
Os clubes não investem fora do âmbito das quatro linhas, pois consideram ser esse seu principal foco. E esse é o maior erro. Enquanto acharem que isso está correto, não sairemos desse buraco que nos encontramos.
Somado a isso, temos uma deterioração do produto futebol no Brasil, mesmo depois de uma Copa do Mundo e quase R$ 9 bilhões de investimentos em novas arenas.
Isso demonstra que embora tenhamos um mercado gigantesco, somente mudanças radicais nesses conceitos desgastados e antiquados é que sairemos dessa crise, que parece sem fim.
Gestão corporativa, a saída para a crise
Se o mercado brasileiro de futebol quiser evoluir terá que mudar muita coisa e o mais rápido possível.
Atualmente, o modelo político empregado por praticamente 100% dos clubes é o maior obstáculo ao nosso crescimento.
A gestão dos clubes precisa estar alinhada com modernas práticas de governança e gestão corporativa.
E para que as receitas cresçam, teremos que mudar muita coisa no departamento de marketing dos clubes, com a implantação de um marketing esportivo muito mais eficiente, criativo e comercialmente atrativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima