Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Cuidado com a 'entourage'!

A galinha dos ovos de ouro

Consultores, supervisores, gerentes de futebol, coordenadores, auxiliares técnicos, preparadores físicos, fisiologistas, treinadores de goleiros... Como tal estrutura reflete na preparação da equipe

Ronald de Carvalho

O futebol brasileiro há muito tempo está à deriva. Em nome da modernidade, todos querem dele se usufruir. Não pensam em trabalhar em benefício do futebol, mas sim tirar do futebol alguma vantagem pessoal. Isso tem ocorrido em níveis assustadores. Não vejo tal gana por outros desportos. Fica notório, desta forma, o ponto de vista colocado: o futebol se tornou uma alienada fonte de cobiça.

Evidentemente, os clubes de futebol precisaram se modernizar, principalmente fora do campo. No entanto, não consigo compreender a razão de comissões técnicas gigantescas. Hoje em dia, basta ver uma foto no jornal de uma preleção, para se notar o disparate: há mais gente em pé do que sentada (jogadores). E muitos clubes, ao final do mês, não conseguem pagar o salário. De maneira geral é a mesma situação em quase todos os clubes.

A questão não é conservadorismo, ou modernidade. A questão é que isso reflete na preparação da equipe. No convívio diário de uma equipe. É mais gente para o técnico se preocupar. É impossível para ele trabalhar com tanta gente.

A falta de privacidade necessária para o dia a dia de treinamentos é muito grande. Até porque a relação entre jogadores e ele deve ser da mais absoluta confiança. Foi assim, é assim e será sempre assim. Perguntem a qualquer jogador profissional.

Quando se tem tempo para um treino coletivo, lá está todo entourage assistindo. De repente, alguém sussurra no ouvido de alguém: “o fulano tem que jogar, ele é muito melhor do que o sicrano”. E aí, a vaca começa a ir para o brejo.

A relação é extensa: vice-presidentes de futebol, diretores de futebol, consultores, supervisores, gerentes de futebol, coordenadores, auxiliares técnicos, preparadores físicos, fisiologistas, treinadores de goleiros, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, massagistas, roupeiros – já vi até psicofisiologista que se dirigiu a um conhecido técnico se apresentando como tal e o técnico perguntou: - o que você faz? Ora, eu cuido da cabeça dos jogadores... Pois bem, então vá cortar o cabelo deles bem longe daqui!

Infelizmente, a grande maioria dos técnicos de hoje, mesmo sabendo de tudo isso, acaba aceitando a situação. A consequência de tudo é tão conhecida como rotineira. Se a equipe consegue resultados, o crédito é de todos. Caso contrário, apenas o técnico assina o débito. Do jeito que as coisas vão, a galinha dos ovos de ouro vai ficar choca!
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Benê Lima