"Caminho pela estrada seletiva da interdisciplinaridade, mas busco a senda transcendente da transdisciplinaridade." (Benê Lima)
(Trecho da Coluna “Com Pé e Cabeça” de 2009, mas que se mantém atual, sendo republicada por Edilson Aguiar)
Do ano de 2003 até aqui, entendo que já é tempo suficiente, para quem tem boa percepção das coisas, perceber o quanto é embaraçoso fazer rádio em nosso Estado.
Primeiro, não são muitas as pessoas dispostas a fazer rádio esportivo com seriedade, com dignidade e com qualidade. Antes disto, o que se pretende é apenas privilegiar o aspecto comercial, em detrimento dos demais componentes.
Também sei que a coragem de declarar meu repúdio pelo tipo de rádio que produzimos como regra, me fará angariar a antipatia de muitos. Isso, para ficar no mínimo. No entanto, estou disposto a pagar o preço, até porque não tenho mais idade para ilusões.
Porém, o preço que não aceito pagar é o do silêncio, da subjugação. Contudo, isso não significa dizer que eu não possua espírito gregário, que não saiba trabalhar em equipe, nem que eu seja inteiramente refratário às ideias dominantes e completamente inapto para lidar com as concessões.
Fico a me perguntar, que tipo de contribuição podemos dar ao nosso futebol, rezando por uma cartilha que só enxerga a vantagem e o utilitarismo oportunista? Ou, onde nos levará essa filosofia falsamente pragmática, de conteúdo anacrônico e anticientífico? Sinceramente, não dá para ser otimista, diante de um quadro tão desolador.
Sem o devido preparo, sem que reconheçamos e introjetemos a necessidade de realizarmos em nós as mudanças e os reparos indispensáveis, não há como ingressarmos na nova era do futebol. Uma era que requer descoberta exterior e interior, interação entre as disciplinas, ações centrípetas e não centrífugas, e, sobretudo, uma era que requer o rompimento com o preconceito e ideias preconcebidas, além de uma visão holística e transcendente.
Quem se habilita?
(...)
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Benê Lima