Luxemburgo se irrita e discute com Cleber Machado e Caio no “Bem, Amigos”
UOL Esporte
Demitido de uma equipe da segunda divisão da China, Vanderlei Luxemburgo foi questionado no programa ''Bem, Amigos'' sobre seu período sem trabalhos vitoriosos no futebol e sobre a imagem de estar ''superado'' – com direito até a cobranças de Galvão Bueno pelo fato do treinador não falar outros idiomas. E o veterano técnico não gostou nada dos comentários, entrando em atritos com Cleber Machado e Caio Ribeiro.
O jornalista Marco Antônio Rodrigues foi o primeiro a tocar no assunto. ''Para a tua imagem foi muito mal a sua passagem pela China. O que chegou aqui foi: 'Luxemburgo demitido de time da 2ª divisão da China'. Você já vinha com problemas, sem resultados, muito diferente do técnico que você foi. Você já saiu para a China porque o mercado aqui já não mais lhe queria aqui. Demitido de um time da 2ª divisão. Pegou mal. As outras críticas recorrentes no meio do futebol é que você não se atualizou, que você é hoje um técnico superado. Como você vê isso? O que aconteceu com você, você não se atualizou, você se considera um técnico superado?'', perguntou o jornalista.
Visivelmente irritado, Luxemburgo respondeu. ''A única profissão que vocês terminam com a carreira da pessoa é a de técnico de futebol. Nós estamos carregando a pecha hoje dos 7 a 1. Como se todos nós tivéssemos jogado aquele jogo de 7 a 1. Quem perdeu de 7 a 1 foi o Felipão'', disse o treinador, reclamando da desvalorização da categoria ao qual pertence e da busca por técnicos estrangeiros para trabalhar no país.
A certa altura, Cleber Machado confrontou Luxemburgo se ele atribuía suas curtas passagens por clubes do exterior a sua pouca familiaridade com outros idiomas. ''Com certeza'', devolveu o técnico com ironia, o que gerou críticas de Galvão.
''O idioma é fundamental. Se pegar o Mourinho, ele fala italiano perfeito, fala inglês perfeito, fala espanhol perfeito. Se pegar o Ancelotti, fala inglês, fala italiano perfeito, porque é italiano, e me disse pessoalmente sobre a dificuldade que estava tendo para dirigir o PSG porque não estava dominando o francês como deveria dominar, mas depois dominou'', disse o apresentador.
''Guardiola surpreendeu todo mundo quando ele passou um ano sabático, que já falava inglês, espanhol e chegou dando entrevista em alemão no Bayern de Munique. Nós não temos nenhum técnico brasileiro que fale fluentemente inglês, francês e italiano. Não tem. Falha dos nossos técnicos que não se preparam pra isso. Aí você me desculpa, Vanderlei'', completou Galvão.
''Não, não, não. É falha do Brasil. Quem do Brasil fala dois idiomas?'', desabafou Luxa.
''Ah, aí [o técnico] vai estudar, Vanderlei'', soltou Cleber Machado, enervando ainda mais o técnico.
''Mas você fala quantos idiomas?'', retrucou. ''Eu não sou técnico'', devolveu Cleber.
''Galvão, você fala quantos idiomas?'', disse Luxemburgo, no que o apresentador do programa respondeu: ''Eu, mal, falo cinco.''
Luxemburgo, então, voltou à carga contra Cleber. ''Você trabalha com comunicação''. E o narrador rebateu: ''[Trabalho, mas é] em português''.
''Você trabalha com comunicação'', insistiu Luxa. Rindo, Cleber ironizou: ''Você tem razão, você tem razão. O Guardiola foi aprender alemão porque ele é espanhol? Foi porque ele quis aprender alemão.''
''Ô, ô, ô'', reagiu Luxa, enquanto Galvão tentava acalmar a situação e possibilitar que os demais integrantes pudessem participar do programa.
Luxemburgo x Caio Ribeiro
Caio Ribeiro pediu a palavra e entrou no debate com Luxemburgo. ''Acho que vocês têm condições financeiras de pagar um professor particular e aprender um novo idioma. Aí você está se recolocando no mercado, agregando ao seu conhecimento técnico uma facilidade de comunicação que talvez esse seja um problema dos nossos treinadores, porque o futebol mudou não só na dinâmica, na questão tática, é na forma como você conversa no vestiário'', argumentou Caio.
''O grande treinador, e já falei pra você e falo aqui publicamente, que fico triste em ver que nesses últimos cinco anos você não conseguiu resultados com o conhecimento que você tem'', finalizou o comentário, que foi mal recebido por Luxemburgo.
''Ô, Caio, deixa eu falar uma coisa: você tá totalmente equivocado, porque só pode falar se você acompanhar de perto. Procura conversar com o Roger [ex-técnico do Grêmio], aí você vai ver como é o Vanderlei trabalhando'', rebateu o treinador.
''É que você imagina que o resultado seja por causa do meu trabalho. É totalmente moderno, alinhado com as coisas que acontecem hoje. Por exemplo, quem trouxe análise de desempenho para o futebol?'', desabafou Luxemburgo.
Com a cara fechada, Caio devolveu. ''Eu posso estar errado, não sou dono da verdade, mas quando eu emito uma opinião eu procuro saber o que o mercado está falando'', disse
Galvão tentou colocar panos quentes. ''Não partiu de ninguém uma acusação que você esteja superado''.
Luxemburgo deu continuidade à discussão. ''O Telê Santana foi campeão brasileiro em 1971, depois teve duas passagens na seleção que não ganhou, 1982 e 1986″, comentou o técnico, sendo interrompido por Cleber, que quis saber do técnico se ele achava aquelas equipes boas, mesmo tendo perdido. ''Excelente'', respondeu, seco.
''Jogava bem o time?'', insistiu Cleber. ''Vanderlei, ninguém está falando quando ganha…''
''Deixa eu concluir o meu raciocínio?!!'', berrou Luxa, irritado.
''Não precisa gritar, Vanderlei. Ninguém está falando que você…'', reagiu Cleber.
''Deixa eu concluir meu raciocínio?'', pediu o técnico.
''Manda ver'', respondeu Cleber.
''Vou mandar ver, sim, presta bem atenção'', devolveu Luxemburgo, que se defendeu do período de seca de conquistas na carreira.
''Quero dizer que o Telê Santana veio a ser o Telê Santana de novo em 1986, no São Paulo, que ele ficou de 1971, depois foi no Grêmio, ganhou um campeonato. O Zagallo quando saiu de 1970 pra 1974 não ganhou, ficou um período sem ganhar e foi ser campeão de novo com o Parreira em 1994. isso é cíclico. Alex Ferguson ficou 30 anos no Manchester United e ganhou dois campeonatos da Champions'', disse Luxa.
''Minhas propostas e preferências foram ruins nos últimos anos e fizeram com que não ganhasse, mas se eu acertar naquilo que eu quero de novo, pode ter certeza que vou voltar a ganhar'', completou o técnico.
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Benê Lima