Amir Somoggi
É administrador de empresas formado pela ESPM, especializado em gestão esportiva pela FGV e pós-graduado em marketing esportivo pela Universidade de Barcelona. Mais de 19 anos de experiência na área de marketing, sendo os últimos 15 anos totalmente dedicados a projetos de consultoria em marketing, gestão e planejamento estratégico para clubes, patrocinadores e investidores do esporte. Foi responsável na última década em estudar e avaliar o mercado brasileiro de clubes de futebol com a produção de centenas de estudos sobre as finanças e o marketing dos clubes brasileiros e internacionais.
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Na semana passada, a empresa de consultoria Deloitte publicou na Inglaterra seu estudo anual sobre as receitas dos 20 maiores times de futebol do planeta.
Segundo o levantamento os gigantes europeus em faturamento movimentaram € 7,4 bilhões na temporada 2015-16.As receitas de marketing definitivamente se consolidaram como as mais importantes, à frente inclusive dos direitos de TV.
A exploração comercial da marca dos times gerou € 3,2 bilhões, os direitos de TV € 2,9 bilhões e os estádios € 1,3 bilhão.
A área comercial dos times representa 43% das receitas, a TV 39% e os estádios 18%.
O valor gerado em 2016 é recorde e também o maior crescimento em termos absolutos da história. A elite do futebol europeu produziu € 786 milhões em receitas novas. Isso equivale a quase R$ 3 bilhões novos em um ano! O crescimento dos europeus foi de 12%, uma das maiores variações de todos os tempos.
Os 20 maiores clubes em receitas do Brasil movimentaram sem as transferências de atletas R$ 3,1 bilhões em 2015 . O estudo da Deloitte somente considera receitas com a TV, marketing e estádios.Apenas o crescimento dos europeus equivale ao faturamento de todos os grandes clubes do Brasil!
Essa discrepância pode ser explicada por vários motivos, especialmente relacionados à gestão de cada mercado. Mas na prática, o abismo se dá pelas características globais dos gigantes europeus, frente ao apelo apenas doméstico do mercado brasileiro.
Enquanto os times brasileiros não sabem se relacionar com seus cerca de 160 milhões de torcedores no Brasil, os supertimes da Europa estão se comunicando e principalmente se relacionando, com mais de 3,5 bilhões de pessoas no mundo que amam futebol.
Os 10 primeiros times em faturamento do estudo da Deloitte movimentaram € 5,2 bilhões em 2016.Estes são os supertimes que figuram no topo das receitas do futebol mundial, todos globais, lutando para se consolidar em uma guerra de expansão de mercados consumidores e também na busca de novos patrocinadores.
Todos participam de ligas fortes e com penetração e apelo global. Chama a atenção a força da Premier League, já que 8 times ingleses estão entre os 20 maiores.
A liderança voltou ao Manchester United depois de 12 anos, quando perdeu o posto para o Real Madrid e mais recentemente para o Barcelona.Três times já passaram a barreira dos € 600 milhões de faturamento. E outros três já superaram € 500 milhões.
Os menores já faturam € 170 milhões por ano. Os times brasileiros nunca conseguiram passar dos € 120 milhões.
O abismo dos clubes brasileiros com os europeus só aumenta e tende a se aprofundar ainda mais.
Leicester entra na seleta lista
O bom desempenho do Leicester City, fruto do equilíbrio nos direitos de TV na Premier League, colocou o pequeno clube inglês na lista dos 20 times com maiores receitas da Europa, pela primeira vez.
O atual campeão da liga passou de um faturamento de € 37 milhões em 2014 para € 172 milhões em 2016, incremento de 365% em três anos.
A força do contrato da Liga foi fundamental para esse crescimento e mostra o caminho concreto para o fortalecimento de uma competição e não apenas de poucos clubes.
As receitas de TV do Leicester representam 74% do total. Já para o líder do ranking em receitas Manchester United a TV corresponde a apenas 27% do seu faturamento.
A liga forte possibilitou um número grande de times ingleses entre os mais ricos.
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Benê Lima