AMIR SOMOGGI
O futebol brasileiro precisa de forma definitiva mudar seu modelo de administração. O sistema político atual e suas danosas consequências para a gestão dos clubes precisar estar adaptado à realidade das empresas.
As entidades podem mudar sua estrutura jurídica para empresas ou se manter como clubes, mas precisam de forma urgente modificar com são administrados.
Não é possível que clubes que faturam mais de R$ 300 milhões por ano ainda sejam geridos de forma tão precária.
Um dos pontos centrais dessa mudança passa pelo departamento de marketing e comunicação dos clubes. Analisando pelo marketing, somos um fiasco como Indústria do Futebol.
Segundo meu último estudo os clubes brasileiros faturam R$ 593 milhões com patrocínios, um mercado global de mais de R$ 150 bilhões, representamos apenas 0,4% do total.
Em termos de licenciamento a diferença é ainda pior, já que os clubes brasileiros faturam irrisórios R$ 90 milhões por ano, de um mercado global de mais de R$ 65 bilhões, representamos 0,1% do total.
Essa baixa representatividade, para um país como o Brasil, gigante de mídia e entretenimento, somete tem uma explicação, má gestão das marcas dos times.
Os clubes são gigantes adormecidos que precisam mudar seu marketing, orientando esse canhão para a nova era que vivemos. As marcas dos times precisam estar alinhadas com as modernas técnicas de marketing esportivo da atualidade.
Nesse cenário, os patrocinadores se tornam parte do show, ajudam os clubes a propagar suas marcas e os torcedores têm novos mecanismos para expressar sua paixão.
No atual modelo arcaico de buscar marcas para estampá-las nos uniformes, os nossos clubes movimentam com marketing R$ 683 milhões, frente aos R$ 6 bilhões de ingleses, R$ 5 bilhões dos alemães e R$ 3 bilhões dos espanhóis.
O marketing para muitos clubes europeus já é a principal fonte de receita, à frente dos contratos televisivos. Clubes como Bayern, Barcelona, Manchester United e Real Madrid dominam este mercado.
Cada clube tem dezenas de marcas parcerias e suas receitas comerciais superam R$ 1,3 bilhão cada um por ano.
Aqui nossos clubes vivem de poucos patrocinadores, sempre com foco na visibilidade de marca e por isso o faturamento é tão baixo. Os que mais faturam são Palmeiras com R$ 90,7 milhões, Corinthians R$ 71,5 milhões e Flamengo R$ 66,4 milhões.
Os demais muito menos. Grêmio R$ 35,5 milhões, São Paulo R$ 35,3 milhões em patrocínios, Internacional R$ 34,2 milhões e Atlético-MG R$ 31,6 milhões.
O que nenhum clube ainda percebeu, inclusive os que mais faturam, é que simplesmente expor marcas não é mais o suficiente. Os clubes precisam se transformar em uma concreta plataforma de negócios.
Para isso não adianta depois de lotar os uniformes colocar os produtos expostos nas coletivas, que mais parecem balcões de mercadinhos de bairro.
Toda essa mudança somente vai ocorrer junto com uma gestão que gere credibilidade para o mercado. Os clubes administrados como estão, não atraem as marcas mais valiosas para serem seus patrocinadores.
O retorno de mídia não é mais suficiente para atrair marcas parceiras.
Chegou a hora do marketing dos clubes ser reinventado. Modelos bem-sucedidos pelo mundo não faltam, a questão é sairmos da caixa que nos enfiamos.
Branding é o caminho
O marketing atual dos clubes parou no tempo. A saída é modernizá-los com um amplo projeto de longo prazo de branding.
Cada clube tem um DNA único.
Isso precisa ser entendido e convertido em reais oportunidades de negócios.
Os gigantes europeus fizeram isso e abocanharam os bilhões de dólares movimentados com marketing esportivo no mundo.
Todos colocaram de pé um sólido projeto de branding
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima