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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, dezembro 30, 2019

Análise: Estaduais podem ser embrião para nova liga

Para Erich Beting, futebol vai se fortalecer quando focar negócio para no máximo 60 clubes 

Sim, talvez sejam os bons ventos que sempre sopram nesta época do ano, mas a decisão da Globo de dar prioridade ao que realmente importa no Paulistão não deixa de ser uma boa notícia no médio prazo.
A racionalização do calendário dos Estaduais, por força do poder econômico da emissora, pode vir a ser o embrião que falta para finalmente termos a criação de uma liga no país. Não uma entidade que represente interesses comerciais de um grupo de clubes, mas uma liga que possa, de fato, defender a organização de uma competição esportiva.
Hoje, do jeito que está, o Estadual não representa a sobrevida do clube pequeno do interior, ele distancia ainda mais os clubes paulistas do restante do país. Só para se ter uma ideia, a cota que o Água Santa recebe para jogar o Paulistão equivale à soma do que paga o Campeonato Pernambucano. De todo o campeonato!!!
O Paulistão é uma ilha de prosperidade em meio ao caos que reina nos Estaduais pelo país adentro. O Flamengo jogar o Cariocão com o time sub-20 é o melhor exemplo da hora. Sem dinheiro da TV, o apelo que havia para colocar o time em campo no Estadual simplesmente acaba.
Para ter um futebol nacional forte, necessariamente temos de fazer o Brasileirão ser o grande campeonato do continente. E, para isso acontecer, precisamos reduzir o tamanho dos Estaduais para privilegiar 40 a 60 clubes que disputam as três principais divisões nacionais. Isso é garantir futebol de alto nível para 1,5 mil atletas. Hoje, temos no máximo cinco clubes em situação estável e confortável para pagar os jogadores em dia no futebol nacional. Essa situação só vai mudar quando um torneio gerar receita suficiente para o bom funcionamento do clube ao longo de toda uma temporada, e não por três meses.
A partir do instante em que a Globo obriga os Estaduais a se reduzirem, ela vai abrindo o caminho para o Brasileirão se fortalecer. Agora, é preciso que alguém assuma o controle para criar uma competição de fato atrativa comercialmente. Hoje, o Brasileirão é o campeonato que temos, mas está longe de ser aquele que queremos.
Principal liga esportiva do mundo, a NFL mostra que o caminho é reduzir o número de jogos para dar mais qualidade ao evento e, assim, aumentar a receita. Temos a mania de nos atermos à memória afetiva para justificar opiniões que parecem embasadas tecnicamente. É isso, mais o componente político, que ainda seguram a relevância dos Estaduais dentro do calendário. O embrião da liga cresce a cada dia...

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Benê Lima