Por: Benê Lima
É importante para mim e para os poucos que acessarem esse texto, que algumas premissas para um maior entendimento do mesmo sejam alinhadas.
Primeiro, dizer que convivo sem problemas com a crítica, seja para recebê-la, seja para enunciá-la. Contudo, também quero dizer que não é dela que me alimento, razão pela qual vivo sem ela e também não a trato como uma de minhas necessidades essenciais. E mais, quando exercito a crítica, a ela empresto um caráter de maior autenticidade, dela tentando abstrair ao máximo o viés político.
"SOU RADICALMENTE CONTRÁRIO À CRÍTICA FÁCIL, À DENÚNCIA VAZIA, À MESMICE OPINATIVA..."
E se assim o faço, é pelo desejo de ver algo diferente no jornalismo esportivo de opinião (e não só). Sou radicalmente contrário à critica fácil, à denúncia vazia, à mesmice opinativa, e mais contrário ainda e até insubmisso ao que chamarei de ‘fodismo’ de autopromoção.
"O 'FODISMO' COMO MECANISMO DE AUTOPROMOÇÃO É CONDENÁVEL; É MERO EXIBICIONISMO.
Aliás, o ambiente da comunicação esportiva é um extraordinário berçário desse tipo de atitude e comportamento. E sobretudo com o advento da crescente busca por audiência, agora inflado pelas visualizações, engajamentos e likes, enveredamos num clima de permissividade absurda, mesclado por um cinismo constrangedor, onde ter vergonha virou contra valor e não mais valor socialmente obrigatório. E o pior: tudo que é feito nesse descaminho, utiliza-se o pressuposto democrático como justificativa e/ou álibi, como se isso fosse legítimo.
Já não bastasse o ambiente do entorno das quatro linhas ser, em regra, putrefeito, face a aceitação de uma falsa premissa de que nos estádios e arenas tudo é permitido, como se dignidade humana pudesse ser comprada com a aquisição de um simples ingresso, ainda prosperam contra a melhoria do ambiente, a difusão de uma visão anarquista, no sentido de bagunça, baderna, avacalhação, desrespeito. Já me perguntei que autoridade na área da psicologia ou da política endossou tão ridícula falsa assertiva.
Sabe, creio que seria interessante um estudo minucioso sobre a influência de início benfazeja da comunicação global em nossa vidas, alterando sobremaneira o comportamento da grande maioria das pessoas. Pois vejo que há uma interação para além da conta entre os mundos virtual e secular e o universo tradicional não virtual.
Apesar de todas as mudanças em nosso modus vivendi, temos a visão alentadora de que não há nada perdido, pois há algo que se mantém, que é a nossa capacidade de interagirmos com quaisquer realidades, sobrevivendo incólumes a elas. Mas para tanto, precisamos utilizar nossas defesas orgânicas, mentais, pessoais e transpessoais.
A verdade é que todo noticiarista, todo comentarista, todo analista de qualquer área, tem sempre a solução fácil, pronta e imediata para todos os males. Eles parecem ter sempre em mãos uma espécie mágica de panaceia, através da qual comunicam a seu público, sem compromisso algum com a demonstração e com a verossimilhança, menos ainda com a verdade.
Na verdade, a fofoca que eticamente é condenável, além de biblicamente pecaminosa, constitui uma espécie de substrato da baixa cultura brasileira.
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