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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, janeiro 10, 2015

Andreu Plaza, coordenador do futsal do Barcelona

Treinador revela que jogadores do futebol de campo do clube catalão não passaram pelo salão

Bruno Camarão / Universidade do Futebol

A seleção brasileira de futsal já conquistou diversos títulos, como a Copa do Mundo, a Copa América, o Grand Prix e o Mundialito. A ideia de protagonismo e referência sempre esteve impregnada no ambiente desta modalidade que tem princípios operacionais muito parecidos com o futebol de campo. Mas é fato que outros países se desenvolveram.

Diante de uma preocupação em não ficar estagnado, André Stern, fundador da Unisport Brasil, empresa especializada em cursos de alto nível na área de esportes, realizou no último mês de dezembro, em São Paulo, o primeiro Encontro Internacional de Futsal com abordagem acadêmica e prática.

O evento chamou a atenção pela presença do treinador e coordenador técnico do time de base do Barcelona, Andreu Plaza. Ele trouxe toda sua expertise de quase 20 anos para mostrar os diferenciais do futsal estrangeiro quando comparado ao brasileiro.

Durante o curso, a metodologia de treinamento integrado e o próprio treinamento prático integrado foram apresentados e discutidos por Plaza, que concedeu uma entrevista exclusiva àUniversidade do Futebol.

“O jogador de futsal daqui tem uma característica própria. Uma qualidade técnica alta, um talento para jogar diversos esportes. E isso talvez falte na Espanha. As equipes espanholas têm uma noção tática talvez mais aprimorada”, comparou o espanhol. “Não à toa o Barcelona tem em seu elenco sete jogadores deste país sul-americano”.

Plaza revelou ainda algo que talvez possa soar estranho aos olhos e ouvidos brasileiros, amantes do jogo aplicado pela equipe de campo do Barcelona: nenhum dos espanhóis formados em “La Masia”, que compõem o elenco principal comandado por Luis Enrique, passou pelo “futebol de sala”.


Universidade do Futebol – 
Gostaria que o senhor fizesse uma avaliação do nível de formação dos atletas do Brasil e da Espanha na modalidade futsal.

Andreu Plaza – Iniciamos um projeto no Barcelona inovador em relação à metodologia de trabalho e quando vim ao Brasil, há alguns anos, para entender o funcionamento do futsal, achamos interessante a realização de um curso. 

Mantivemos contatos com treinadores brasileiros, compartilhamos experiências e o saldo foi muito positivo.

O jogador de futsal daqui tem uma característica própria. Uma qualidade técnica alta, um talento para jogar diversos esportes. E isso talvez falte na Espanha. As equipes espanholas têm uma noção tática talvez mais aprimorada. Jogam coletivamente bem, mas os brasileiros são os melhores, tanto em nível de seleção nacional, quanto em nível de clubes.

A qualidade técnica do brasileiro é muito superior. Não à toa o Barcelona tem em seu elenco sete jogadores deste país sul-americano.

Universidade do Futebol – A seleção brasileira de futsal conquistou diversos títulos nos últimos anos, mas é visível o desenvolvimento de outros países no jogar desta modalidade. Há um equilíbrio cada vez maior?

Andreu Plaza – Creio que em nível de seleções nacionais, países como Colômbia, argentina e Costa Rica cresceram demais. Pelos lados da Europa, Rússia, Portugal, República Tcheca evoluíram demais. Mas bato na mesma tecla anterior. Os jogadores sul-americanos seguem sendo mais técnicos, e os europeus jogam mais para a equipe.

Há sete ou oito seleções que poderiam disputar uma semifinal de Mundial, mas o Brasil está um pouco acima dos demais. E este pais avançou, bastante, no quesito tático do jogo.

Universidade do Futebol – Durante o trabalho nas categorias de base do futebol de campo, há a utilização de alguns aspectos da modalidade futsal no processo de ensino-aprendizagem, ou esta integração não é consolidada?

Andreu Plaza – Não, não há nenhuma conexão entre o futebol de campo do Barcelona com o nosso futsal. Entendemos que haja algumas similitudes, isso é claro, mas não transportamos os aspectos de uma modalidade a outra.

Universidade do Futebol – E há uma integração entre as equipes de base e o departamento de futsal principal no Barcelona?

Andreu Plaza – O “futebol de sala” do Barcelona, até cinco anos atrás, não tinha um departamento pronto. Estamos desenvolvendo este projeto. Há um processo para formar jogadores em nossas equipes de base e fazê-los com que ingressem o elenco principal. Hoje, temos aproximadamente 80 jogadores em todos os níveis, e nosso foco não é exatamente a primeira equipe.

Jogadores que acabam a etapa juvenil, passam a ser emprestados a outras equipes por uma, duas temporadas, para completarem o processo de amadurecimento. Aí, sim, podem voltar, um dia, ao Barcelona.


Universidade do Futebol – Em se pensando o futebol no aspecto humano e social, você acredita que a influência da cultura condiciona um determinado tipo de comportamento? É possível se falar em escolas regionais de futsal?

Andreu Plaza – Estou totalmente de acordo. O comportamento cultural influencia decisivamente na maneira de se relacionar com o esporte e com o jogo, propriamente dito. 

Tentamos, por todos os meios, que nossos jogadores menores estudem, não abandonem de maneira alguma a escola, e protagonizamos uma parte de nosso trabalho valorizando isso. Creio que é fundamental para a estrutura social de um pais. E algo não só no futsal, mas em todos os esportes.

Universidade do Futebol – Algum jogador do elenco principal do futebol de campo do Barcelona, incluindo os que passaram por “La Masia”, teve contato em algum momento do processo de formação com o futsal do clube?

Andreu Plaza – Atualmente, nenhum jogador espanhol da primeira equipe do Barcelona teve influência do futsal. Os únicos jogadores que tiveram contato com esta modalidade na base são Neymar, Daniel Alves, Adriano, assim como os demais brasileiros, e Lionel Messi.

Universidade do Futebol – O que o senhor poderia falar sobre Falcão, um dos maiores jogadores da história do futsal brasileiro, que tentou a sorte no futebol de campo, e recentemente defendendo o Sorocaba faturou a Liga Futsal?

Andreu Plaza – Creio que Falcão é um dos jogadores mais importantes da história desta modalidade. É uma referência para as crianças espanholas, também.

Com as facilidades da internet, elas buscam sempre vídeos de jogadas deste brasileiro. Certamente se trata de um grande. 

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Benê Lima