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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, fevereiro 16, 2019

CTs e a onda de denuncismo


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Reprodução

Por Benê Lima

Falar e criticar os clubes de futebol e seus CTs passou a ser a bola da vez.
Antes de quaisquer considerações, é importante admitirmos que há no Brasil uma extraordinária falta de critério e consciência da maioria das pessoas, seja no campo pessoal, seja no campo profissional.
E diante mão já quero deixar claro que no caso em questão não dá para firmamos uma posição maniqueísta, determinando quem está certo, quem está errado.
Para mim, a verdadeira questão é atuarmos sobre essa massa crítica que detona a tudo e a todos, e promove sempre que pode uma onda de denuncismo que se renova com uma ênfase espantosa. É uma verdadeira profusão de denúncias e críticas em torno de tudo, e claro que o futebol não poderia ficar de fora de mais essa paranoia, que já se incorporou à cultura do povo brasileiro, embora isso não seja cultura e sim caldo de cultura.
Mas vamos deixar um pouco o aspecto conceitual das denúncias e criticismo e vamos às questões propriamente ditas.
Primeiro quero expressar minha opinião de que o que acontece nos clubes de futebol é em muito reflexo da forma como vivemos, ou seja, do nosso modus vivendi e faciendi de fazer as coisas.
Essa tragédia do Ninho do Urubu é a apenas a ponta de mais iceberg moral e ético com os quais nos deparamos em nosso dia a dia.
Responsabilizar o clube é a mais fácil e comum das tarefas. No entanto, é preciso que, além disso, promovamos justiça distributiva de responsabilidades.
Com todo o respeito pelas instituições públicas e privadas, prefiro me respaldar no princípio da crítica propositiva, e com base nisso deixar a seguinte questão:

“O que podemos fazer para evitar que tragédias como as do CT da base do Flamengo e outras mais possam ocorrer?”

Afinal, quanto de respaldo moral tem entidades do poder público que agem de forma reativa, que não orientam, não cobram no tempo devido, que nem mesmo fiscalizam, que respaldo moral possuem essas entidades para, de pronto, acusarem e punirem os clubes de futebol?
Já vivi in loco a realidade da maioria dos clubes de futebol, que muito já fazem em manter imóveis alugados para seus atletas, e isso já representa uma atitude louvável de transferência de benefícios a estes.
Outra coisa que temos que ter cuidado é de não misturar o que é de exigência legal para o funcionamento regular dos CTs e o que é precariedade das suas instalações.
Mais um aspecto que creio deva ser observado, é papel dos órgãos que legitimam o funcionamento dos CTs, que a meu juízo deve ser num primeiro momento muito mais de vistoriamento, fiscalização e orientação, do que de embargo e punição.
Temos que ajudar os nossos clubes sem sermos com eles complacentes, negligentes como eles e muito menos coniventes com seus erros. Mas sem que com isso lhes causemos ainda mais dificuldades. Pois afinal, neles há um trabalho que não é somente esportivo, mas sócio-desportivo. Eles são geradores de oportunidades, de empregos, e são portadores dos sonhos de muitos atletas, acompanhados de muitas famílias.
E digo mais. Sou a favor de que crie uma legislação específica para o gerenciamento desses CTFs, mas que tal legislação tenha o cunho regulamentar e orientador, e que ela anteceda às certificações de clubes formadores expedidas pela CBF, e que esta dote as federações a quem ela responsabiliza pela fiscalização, do aparato necessário para o exercício de mais responsabilidade.
Por fim, entendo claramente ser essa uma tarefa que deve ser compartilhada pelo poder público e pelas entidades privadas de prática e de administração do futebol.


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Benê Lima