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Por Benê Lima
Falar e criticar os
clubes de futebol e seus CTs passou a ser a bola da vez.
Antes de quaisquer
considerações, é importante admitirmos que há no Brasil uma extraordinária
falta de critério e consciência da maioria das pessoas, seja no campo pessoal,
seja no campo profissional.
E diante mão já quero
deixar claro que no caso em questão não dá para firmamos uma posição
maniqueísta, determinando quem está certo, quem está errado.
Para mim, a verdadeira
questão é atuarmos sobre essa massa crítica que detona a tudo e a todos, e
promove sempre que pode uma onda de denuncismo que se renova com uma ênfase
espantosa. É uma verdadeira profusão de denúncias e críticas em torno de tudo,
e claro que o futebol não poderia ficar de fora de mais essa paranoia, que já
se incorporou à cultura do povo brasileiro, embora isso não seja cultura e sim
caldo de cultura.
Mas vamos deixar um
pouco o aspecto conceitual das denúncias e criticismo e vamos às questões propriamente
ditas.
Primeiro quero
expressar minha opinião de que o que acontece nos clubes de futebol é em muito
reflexo da forma como vivemos, ou seja, do nosso modus vivendi e faciendi de
fazer as coisas.
Essa tragédia do
Ninho do Urubu é a apenas a ponta de mais iceberg moral e ético com os quais
nos deparamos em nosso dia a dia.
Responsabilizar o
clube é a mais fácil e comum das tarefas. No entanto, é preciso que, além
disso, promovamos justiça distributiva de responsabilidades.
Com todo o respeito
pelas instituições públicas e privadas, prefiro me respaldar no princípio da
crítica propositiva, e com base nisso deixar a seguinte questão:
“O que podemos fazer para evitar que tragédias como as do CT da base do Flamengo e outras mais possam ocorrer?”
Afinal, quanto de
respaldo moral tem entidades do poder público que agem de forma reativa, que
não orientam, não cobram no tempo devido, que nem mesmo fiscalizam, que
respaldo moral possuem essas entidades para, de pronto, acusarem e punirem os
clubes de futebol?
Já vivi in loco a
realidade da maioria dos clubes de futebol, que muito já fazem em manter
imóveis alugados para seus atletas, e isso já representa uma atitude louvável de
transferência de benefícios a estes.
Outra coisa que temos
que ter cuidado é de não misturar o que é de exigência legal para o
funcionamento regular dos CTs e o que é precariedade das suas instalações.
Mais um aspecto que
creio deva ser observado, é papel dos órgãos que legitimam o funcionamento dos
CTs, que a meu juízo deve ser num primeiro momento muito mais de vistoriamento,
fiscalização e orientação, do que de embargo e punição.
Temos que ajudar os
nossos clubes sem sermos com eles complacentes, negligentes como eles e muito
menos coniventes com seus erros. Mas sem que com isso lhes causemos ainda mais
dificuldades. Pois afinal, neles há um trabalho que não é somente esportivo,
mas sócio-desportivo. Eles são geradores de oportunidades, de empregos, e são
portadores dos sonhos de muitos atletas, acompanhados de muitas famílias.
E digo mais. Sou a
favor de que crie uma legislação específica para o gerenciamento desses CTFs,
mas que tal legislação tenha o cunho regulamentar e orientador, e que ela
anteceda às certificações de clubes formadores expedidas pela CBF, e que esta
dote as federações a quem ela responsabiliza pela fiscalização, do aparato
necessário para o exercício de mais responsabilidade.
Por fim, entendo
claramente ser essa uma tarefa que deve ser compartilhada pelo poder público e
pelas entidades privadas de prática e de administração do futebol.
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Benê Lima