Na elaboração de projeto de uma arena, há necessidade de uma equipe multidisciplinar e de uma compatibilização de projetos, para evitar problemas futuros
Artur Melo*
Muita plasticidade e pouca praticidade: essa tem sido a lógica dos arquitetos mundo afora, ao projetarem estádios de futebol.
Por diversas vezes, tenho debatido sobre o tema, dos problemas de sombreamento causados pela moderna arquitetura de estádios, tanto na Europa, como no novo mundo.
Caso clássico é o valorado Arq. Tomás Taveira, autor, entre outros, do estádio José de Alvalade, para a Euro 2004, que visitei este ano.
Estádio nota 10, em termos de plasticidade, uso de estacionamentos, solução de uso comercial (como shopping), cadeiras coloridas dando a impressão de ter sempre bom público, entre outras soluções interessantes.
Porém, o gramado, ou relvado, foi deixado de lado, pois a cobertura não permite a entrada de luz necessária para o bom desenvolvimento do gramado. O renomado arquiteto, que também é autor do projeto da Nova Arena do Palmeiras, aliás, bem parecida com o estádio José de Alvalade, tem sido muito questionado quanto a esse tema, tendo sido entrevistado pelo jornal Correio da Manhã, de Lisboa.
Segue a transcrição da matéria:
“Tomás Taveira, responsável pela concepção do Estádio José Alvalade, rejeita qualquer responsabilidade sobre o actual mau estado da relva do recinto leonino. “Não percebo nada de relvados“, respondeu de forma irónica ao CM o arquitecto.”
Além disso, continua a reportagem: “Sobre eventuais erros na concepção da infra-estrutura que inibem o normal crescimento da relva, nem uma palavra. Outros especialistas em arquitectura garantem ao CM que esta situação era perfeitamente previsível, quer pela pouca exposição ao sol, quer aos ventos, essenciais para o crescimento dos relvados.
Os estádios modernos têm estes constrangimentos. A tendência de cobrir cada vez mais o estádio de futebol está a trazer para a agenda do futebol internacional os tapetes artificiais – cada vez mais usuais nos países de Leste.
Os responsáveis leoninos estão cientes desse problema, embora tudo façam para evitar a substituição do relvado. Após as críticas de Paulo Bento sobre o tapete de Alvalade uma fonte do Sporting disse à Lusa que o problema se devia “à má concepção do Estádio“.
Ou seja, na elaboração de projeto de um estádio, há a necessidade de uma equipe multidisciplinar e de uma compatibilização de projetos, para evitar problemas futuros, com que o espaço conviverá, onerando custos de manutenção.
*Arthur Melo é Engenheiro Agrônomo, especialista em gramados esportivos.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima