Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, maio 20, 2015

Opinião: "Paixão e rancor" (por Walter Feldman)

"Não vou entrar no mérito da questão pessoal, pois isso não iria acrescentar nada à polêmica. Mas devo afirmar que sou a favor do bom jornalismo de opinião também, mas não sectário de jornalistas. Prefiro ficar com o que me é dado enxergar, e é inegável as mudanças que a gestão do futebol tem experimentado no Brasil." 
BENÊ LIMA, cronista esportivo  
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Juca Kfouri e Walter Feldman
O jornalista Juca Kfouri, como de praxe, publicou mais uma coluna rancorosa na Folha. Dessa vez, em relação a mim e à CBF. Quero, de início, dar meu testemunho sobre os diretores, funcionários e colaboradores da confederação, que são profissionais bem formados, dedicados, comprometidos, enfim, homens e mulheres de bem que não merecem ter sua honra atingida. 
Aqueles que me conhecem sabem que o ódio não é meu forte, que tenho aversão à intolerância. Ao longo dos últimos 40 anos na vida pública, dediquei-me à construção de pontes, levando o diálogo à exaustão em momentos em que as barreiras pareciam insuperáveis. Não compactuo com a ideia de destruir por destruir e acredito que visões radicais são caminho para o atraso. 
Vou deixar de lado as ofensas pessoais que Juca Kfouri pratica. Vamos ao que ele diz, como um colunista que teria, supostamente, a função de informar seus leitores. 
Juca afirma "que a nova direção [da CBF] de nova só tem a maquiagem". Não é verdade. Juca é contra o "fair play", como é contra tudo o que acontece no futebol. Dentro e fora de campo, desmerece vitórias e comemora insucessos com mais vigor do que qualquer adversário. 
Mas na esfera administrativa, nos regulamentos de competição, clubes e CBF dão passos decisivos de avanço. Não se importam com as críticas e realizam "fair play", o trabalhista, por exemplo, por unanimidade de votos das séries A, B e C. Se atrasar salário, perde pontos. 
O presidente Marco Polo Del Nero assumiu em 16 de abril pronto para dar uma arrancada modernizadora para o futebol brasileiro. O primeiro Congresso do Futebol Brasileiro vem aí, aberto a todos. A todos. 
A nova direção da entidade tem mais do que projetos, tem determinação. A pleno vapor está o planejamento para os próximos 20 anos do futebol nacional. A CBF não trabalha só. Ouve os clubes, as federações, edita regulamentos a várias mãos, convida a participar. 
Só nesses poucos dias de gestão reunimos em seminários treinadores, médicos e gestores de clubes. 
Foi criada a área de planejamento estratégico com a missão de coordenar as novas práticas: cursos de capacitação e reciclagem, certificação pelo ISO 9001 das áreas-fim, sustentabilidade, novo modelo organizacional, nova identidade de marca, pesquisas de opinião, regras de governança, "compliance", orçamento base zero, só para começar. 
Caminham em paralelo a comissão de clubes e o grupo de trabalho para discussão da relação entre clubes e atletas, com larga participação dos artistas da bola. Terão ênfase temas como calendário e previdência. 
Com tantas inovações, pode-se prever muita irritação nas colunas de Juca Kfouri, que já tem a verdade definitiva assentada em sua cabeça, que parte do pressuposto de que tudo no futebol brasileiro é ruim, que nossos jogadores são barnabés e que tudo que o futebol faz é desprezível. 
Gostamos do desafio de elevar nosso popular esporte a um patamar cada vez mais formador, competitivo, justo e social. 
Felizmente, Juca e eu estamos em campos opostos. Ele gosta de medida arbitrária. Eu, do debate democrático. Ele coloca a certeza empedernida adiante dos fatos. Eu, não. Eu vejo magia nos campos. Ele vê bruxarias. Eu acho que futebol é paixão. Ele acha que é rancor. 
Eu amo futebol. Ele, talvez, simplesmente, não ame.

WALTER FELDMAN, 61, médico, é secretário-geral da CBF - Confederação Brasileira de Futebol. Foi deputado federal pelo PSB-SP
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Benê Lima