Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, novembro 13, 2007

Com Pé e Cabeça - 101

”O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado.” (Benê Lima)

Opinião
O SONHO VIROU ASSOMBRO

Nossos representantes no Brasileirão-B, tiveram seu sonho comum transformado em estupefação, ante a realidade de seu adiamento


Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar! Poucas vezes uma analogia representou tão propriamente a correlação entre as campanhas de Ceará e de Fortaleza quanto agora.

Como que de mãos dadas, orbitando em círculos concêntricos a partir do ponto focal do G-4, nossos times se mantiveram quase que em ‘homovozes’ e em ‘homo-ritmos’ (vozes e ritmos comuns). As alternâncias foram poucas ao longo do percurso da Série-B, mas até no folguedo final a coreografia de ambos manteve certa harmonia. Na mesma rodada, sob a mesma condição de derrotados, eles conseguem a ‘proeza’ de fazer vergarem-se os sonhos de seus torcedores, que pelo visto não terão direito sequer a levarem até a derradeira rodada a chama acesa da esperança.

Mas, não creio que seja justo proclamar-se que tudo vai mal e que tudo foi feito de forma errada e que todos são incompetentes. Não é bem assim.

Direi que, em se tratando do Alvinegro de Porangabuçu, houve sim algum progresso, tanto dentro das quatro linhas quanto fora delas. O Ceará pôde contar com um melhor quadro de suporte, do qual destacamos Evandro Leitão e Jurandi Júnior. Em sua Comissão Técnica, diferençamos a figura maiúscula de Heriberto da Cunha. Claro que revisar alguns conceitos, aprimorar procedimentos, delegar funções, planejar mais adequadamente, tudo isto deve fazer parte de um processo de ajuste para a próxima temporada.

Do lado do Tricolor do Pici, progresso em sua gestão não houve; retrogradação e estagnação são com o que nos deparamos. No entanto, por uma questão de justiça, vale anunciar que somos mais exigentes com o Fortaleza por ele possuir quadros diretivos que melhor o tem representado. Por isso, embora discordemos de alguns critérios e métodos, externamos nosso reconhecimento pela monta do trabalho e pela expectativa vitoriosa com que ele foi realizado. Inequívoca a complexidade do que precisa ser feito no Leão, já que diferentemente de seu maior rival, a mais significativa mudança a ser realizada é a incorporação de conceitos e práticas do verdadeiro profissionalismo.

O contraponto do nosso reconhecimento, pelas doses homeopáticas de meritocracia administradas em nossos clubes (Ceará e Fortaleza), representa tão-só nossa solidariedade para com a leva dos esforçados dirigentes, o que não significa nossa adesão a práticas viciadas pelo antiprofissionalismo.

Também não estou convencido de que nossas torcidas estão a salvo de quaisquer co-responsabilidades. Para os ‘lambe-escudos’, por certo o discurso é o mesmo: O torcedor, seja qual for sua relação com o clube, não passa de vítima. Nós, contudo, já não somos animados e tampouco alentamos essa versão farsesca, ilusória. Não podemos concordar que o torcedor não se inclua – mesmo que parcialmente - no processo de decisões e influências que movem a administração do seu clube do coração.

Ampliar o nível de sua participação no clube pelo qual torce, deveria ser um dos ideais de todo torcedor. O envolvimento do torcedor com o seu clube representa, potencialmente, mais idéias, menor quociente de divisão de responsabilidades, maior legitimidade para as decisões tomadas, crescimento das receitas de arrecadação dos jogos, dos programas de sócio-torcedores e das diversas campanhas de marketing e promoções geradas pelo clube.

Os torcedores do Ceará e os do Fortaleza também devem sentir-se –como diz certa música – ‘ligeiramente grávidos’, pela necessidade que seus clubes têm, de gerarem um embrião que atenda pelo prenome de Projeto, pelo nome de Planejamento, e cujo sobrenome seja Execução.

* - * - *

EFEMÉRIDES

Tragédia ou fracasso?

Fiasco, apenas! Seria exagero transformar as derrotas do Ceará e do Fortaleza em tragédias. A participação destes dois times na Segundona brasileira deve ser analisada dentro do contexto da competição. Desse ponto de vista, os resultados negativos do passado fim-de-semana representaram tão-somente um componente a mais na formação da média de suas participações. É melhor enxergarmos as coisas desse modo, a fim de que evitemos a radicalização das opiniões. Tenho defendido a tese de que a ocasião para crítica e revisão é o ‘durante’; a oportunidade para planejar é o ‘antes’; a hora para aliviar, repensar e reconstruir é o ‘depois’. Concedo aos que fazem nosso futebol um momento para reflexão, profunda e conseqüente reflexão. Por isso, suavizo.

Remo, remou em remanso?
Nem tanto, mas sobraram remadas. O time azulino fez um pouco mais que o suficiente para superar a equipe do Pici. Resumindo: ganhou com sobra. Paradoxalmente, isso não nos impediu de admitirmos a possibilidade de vitória do time cearense. Explico. Se aquela pressão remista, acentuada a partir da exclusão do meia Rogerinho, não tivesse sido convertida em gols, teríamos um outro vencedor que não o Clube do Remo. E aí, haveria justiça nisso? Haveria, sim! Bastaria procurarmos as explicações para o reverso. Aliás, quando o comentarista não encontra justificativa para um dado resultado na produção das equipes, ele se socorre do nível de aproveitamento delas.

Causas e efeitos
Encontrar a razão principal da derrota do Fortaleza frente ao Remo não é tarefa fácil. Também não seria justo atribuir a um único setor da equipe a causa singular para o fracasso. Se lá na frente a coisa não andou tão bem, atrás o negócio correu pior. A dupla de zaga formada por Rômulo e Juninho não se entendeu. A assistência defensiva de Rogério, Léo e Cristian foi insuficiente. Se o setor ofensivo tivesse compensado a desarrumação defensiva, as chances de vitória teriam sido bem maiores. Outro fator que dificultou extraordinariamente a criação de jogadas pelo Tricolor de Aço, foi o alto índice de erros de passe. O posicionamento de Rogerinho, jogando mais aberto e mais distante da área do adversário, também contribuiu para diminuir o poderio ofensivo da equipe. A pouca disposição ofensiva dos laterais foi mais um fator restritivo.

Comparativo
É difícil conceber como um time que não treina devidamente, que não tem as mesmas condições de suporte (alimentação, suplementação, etc.) enfrente com tamanha desenvoltura física um adversário como o Fortaleza. Pior ainda são as constantes mudanças em sua escalação, o que nos faz depreender que o desentrosamento da equipe possa também atrapalhá-la. Todavia, não foi isso o que vimos diante do Leão cearense. Se houve um time que buscou a vitória incessantemente, essa equipe foi a do Clube do Remo. Em razão da pressão sofrida, o goleiro tricolor Thiago Cardoso acabou sendo o destaque da equipe cearense.

Madureza em foco
O Brasiliense parecia o time dos alunos do antigo Curso de Madureza, jogando contra o time do velho Curso Primário. Entre os ‘cobras criados’ das duas equipes, o teor do veneno do time do Distrito Federal mostrou-se indutor do estado de letargia, bem como letal pelo acúmulo das doses. Quando vejo um time jogar cooperativamente, assumindo uma personalidade coletiva, fazendo o fácil e não inventando, começo a temer pelo adversário que não faz o mesmo, em idêntica medida. Enquanto o Ceará fazia um esforço tremendo para chegar à porta do gol do Brasiliense, este andou chegando além da porteira alvinegra em algumas oportunidades, com consciência e objetividade admiráveis.

* - * - *

BREVES E SEMIBREVES ®

Desinformação.
A TV por assinatura, através dos profissionais responsáveis pela cobertura de Remo e Fortaleza, forneceu a escalação do Tricolor cearense com o zagueiro Preto, quando a figura mostrada era a do zagueiro Rômulo. Correção? Nem pensar!

Em alta. Falta aos nossos repórteres esportivos um pouco mais de independência. No entanto, dentro do restringente modelo em voga, Rodrigues Andrade ainda consegue ser criativo. Parabéns! Isso serve de acréscimo ao trabalho do analista.

Em baixa. O técnico Zetti está sempre transferindo para fatores externos à sua equipe a responsabilidade pelos maus resultados.

Inadmissível. Zetti também admitiu que faltou pernas à sua equipe. Sabe-se que com um jogador a menos dá pra manter um posicionamento defensivo com oito homens atrás da linha da bola. Perde-se – aí sim! – ofensivamente.

Cuidado. A intertextualidade pode ser considerada a porta de entrada para o oposto da ‘copyright’: a ‘copyleft’. Cautela, porém. Vamos criar intertextos e não copiar tudo que se vê pela frente. Afinal, plágio é crime.

Vidas secas. Está próximo o período de escassez nos noticiários. A informação míngua, o lero-lero abunda, a opinião substanciosa escasseia, as falsas perspectivas floreiam, e a mesmice prepondera.

’Remember’. Saibam os que fazem o programa Rádio Ferrão, que também marcamos presença no jogo Ferroviário 0 x 0 Santos, no PV, em 1968(?), quando foram entregues as faixas de Campeão (invicto) ao time Coral. Um belo jogo.

Papellim. Torço para que este profissional obtenha sucesso, seja no Remo/PA, ou onde quer que ele vá. Quem foi injustamente rifado por ‘aspones’, merece um lugar ao sol.

’Feedback’. Dois programas dominicais estão revelando certa falta de autonomia. Um deles motivado por interesses políticos e comerciais; o outro por mero corporativismo. Os prefixos? São AM930 e AM810. Advertência: competência sem credibilidade é nada vezes nada.

* - * - *


(*)”Para o homem inteligente, o fracasso é fonte inesgotável de aprendizado.”
(*) Benê Lima, FRC


Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br

85 8898-5106, o telefone da comunicação

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima