Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, novembro 05, 2007

O Brasil em 2014: como será?

País terá de se preparar muito para passar imagem positiva ao mundo

Autor: Antonio Afif
Arte e Intertexto: Benê Lima

A Fifa confirmou ontem o que já era esperado por todos: a Copa de 2014 será no Brasil. O anúncio contou com vários políticos e o próprio presidente Lula, o que podemos concluir que o governo federal deverá dar uma ajudazinha financeira aos organizadores. Estima-se que os gastos chegarão aos 5 bilhões de dólares, cabendo ao estado a remodelação de estradas, sistema de telecomunicações, aeroportos e até na construção de estádios.

A expectativa é de que a realização do megaevento que é um Mundial de Seleções possa alavancar obras que de outra maneira não seriam contempladas tão cedo.

Além das melhorias na infra-estrutura do país, outras exigências terão de ser atendidas. Para o presidente da Fifa, Joseph Blatter, uma Copa do Mundo deixa um legado social para a nação que a promove. Assim espero, mas resta saber a que custo. Lembro que os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro tiveram um orçamento inicial de R$ 400 milhões, mas que no final foram consumidos R$ 4 bilhões.

O número acima (R$4bi) corresponde ao dobro do que se estima será gasto pelos países africanos a título de investimento para a realização da Copa de 2010 em seu continente.

Não podemos nos esquecer de que o mundo inteiro terá os olhos voltados para o Brasil, muito tempo antes do início da competição. Será uma prova de fogo para os nossos governantes, pois a imprensa internacional acompanhará a vida nacional de perto. Isso, sem falar nos 500 mil turistas que passearão nas cidades-sedes onde acontecerão os jogos e também serão verdadeiros agentes de divulgação de tudo aquilo que presenciarem em solo tupiniquim.

O que se espera é que a ampla divulgação que o evento dará a nosso País possa representar um marco para o desenvolvimento de políticas públicas e privadas voltadas para o turismo. Potencializar os efeitos dessa divulgação certamente terá menor custo que desenvolver campanhas em separado.

Ficou muito claro que a Copa do Mundo servirá para atender alguns interesses políticos, já que teremos algumas eleições até 2014. Por isso tanta gente de peso do cenário político nacional compareceu à sede da Fifa em Zurique na oficialização do Brasil como país-sede do Mundial. Foi uma forma de mostrar ao povo que eles contribuíram para trazer o evento ao país.

Na vida real, ou melhor, fora do futebol, o Brasil ainda precisa resolver antigas questões. Como brasileiro, gostaria imensamente que os jornalistas estrangeiros tivessem uma impressão positiva desta maravilhosa nação. Temos um PIB que nos coloca entre as 10 principais nações do planeta. Porém, ainda precisamos combater as desigualdades sociais, provocada em parte pela elevada concentração de renda. Neste quesito, apesar de termos avançados no IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, criado pela ONU, ainda continuamos atrás de países vizinhos, como Argentina, Chile e Uruguai.

Outros problemas assolam a nação nas áreas de saúde, educação, segurança, transporte, emprego, tráfico de drogas, corrupção, falta de moradias. Enfim, há necessidade de uma política pública voltada para a melhoria da infra-estrutura básica, como energia, conservação e ampliação de estradas, ferrovias e saneamento básico, entre outras necessidades. Por isso, a festa será ainda mais bonita e completa se até lá o país tiver avançado nessas questões sociais e a seleção canarinho trouxer mais um título para nós. Vamos, Brasil!

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Benê Lima