Autor: Ronald Simões de Carvalho*
Revisão e intertexto: Benê Lima
Muito se propala a respeito do “novo” futebol como sendo mais competitivo do que há alguns anos atrás. Afirma-se até que alguns craques do passado não conseguiriam ter sucesso nos dias de hoje. E que a força anula com facilidade o talento.
Evidentemente, há que se refletir sob vários ângulos. A evolução da preparação física é um fato incontestável. No entanto, é necessário contextualizar primeiro o que é competitividade. Seria, por acaso, briga pela posse da bola? Ou seria uma participação ativa da coletividade de uma equipe? Ou ambas? Ou até outras mais que possa haver?
Futebol é um jogo! Para se jogar bem é preciso primeiro ter aptidão. Uma boa técnica de execução do passe, do controle, do chute, da condução, da finta e do cabeceio.
Hoje, por exemplo, existem jogadores de meio campo que não são bons passadores, não possuem um bom controle de bola e nem conseguem fintar um adversário, qualidades inerentes para se jogar um bom futebol. Utilizam-se tão somente da força física para tentar sobrepujar seu oponente. São até chamados de “guerreiros” pelo espírito de luta demonstrado. Mas, ao controlar uma bola esta lhe escapa uns dois metros de seu raio de ação, só restando a eles, tenazmente, outra vez disputar a sua posse com o adversário. Estes, ao passar uma bola o fazem com imperfeição, ao tentar fintar um adversário não conseguem êxito, o que os faz viverem das tentativas de recuperar a possa da bola.
Será que isso é competitividade? Será que o jogador técnico que faz tudo isso naturalmente, sem esforço, não é competitivo? Equipes como o Santos de Pelé, Coutinho e cia., o Botafogo de Nilton Santos, Didi, Garrincha e cia., o Honved da Hungria de Puskas e cia., não eram competitivas? O Internacional de Figueiroa, Carpegiani, Falcão e cia., não era competitivo? O Cruzeiro de Zé Carlos, Dirceu Lopes, Tostão e cia., não era competitivo? O Flamengo de Leandro, Andrade, Zico e cia., não era competitivo?
Evidentemente, há que se refletir sob vários ângulos. A evolução da preparação física é um fato incontestável. No entanto, é necessário contextualizar primeiro o que é competitividade. Seria, por acaso, briga pela posse da bola? Ou seria uma participação ativa da coletividade de uma equipe? Ou ambas? Ou até outras mais que possa haver?
Futebol é um jogo! Para se jogar bem é preciso primeiro ter aptidão. Uma boa técnica de execução do passe, do controle, do chute, da condução, da finta e do cabeceio.
Hoje, por exemplo, existem jogadores de meio campo que não são bons passadores, não possuem um bom controle de bola e nem conseguem fintar um adversário, qualidades inerentes para se jogar um bom futebol. Utilizam-se tão somente da força física para tentar sobrepujar seu oponente. São até chamados de “guerreiros” pelo espírito de luta demonstrado. Mas, ao controlar uma bola esta lhe escapa uns dois metros de seu raio de ação, só restando a eles, tenazmente, outra vez disputar a sua posse com o adversário. Estes, ao passar uma bola o fazem com imperfeição, ao tentar fintar um adversário não conseguem êxito, o que os faz viverem das tentativas de recuperar a possa da bola.
Será que isso é competitividade? Será que o jogador técnico que faz tudo isso naturalmente, sem esforço, não é competitivo? Equipes como o Santos de Pelé, Coutinho e cia., o Botafogo de Nilton Santos, Didi, Garrincha e cia., o Honved da Hungria de Puskas e cia., não eram competitivas? O Internacional de Figueiroa, Carpegiani, Falcão e cia., não era competitivo? O Cruzeiro de Zé Carlos, Dirceu Lopes, Tostão e cia., não era competitivo? O Flamengo de Leandro, Andrade, Zico e cia., não era competitivo?
Pois é, atualmente, o número médio de passes errados numa partida de futebol já está na faixa dos 40. Isso é em razão da competitividade? Da força? Ou da técnica individual do jogador?
O futebol brasileiro tem uma gloriosa identidade de talento. Não deixem jamais que algumas falácias a maculem. Não deixem se sugestionar antes de refletir. O futebol verdadeiro só mudou a dinâmica; os princípios são os mesmos. E continuarão sendo, pois ele é apenas um jogo. Precisa muito mais do talento do que da força.
Entendemos que o futebol é competitivo desde quando foram instituídas as competições, nos moldes em que as conhecemos.
Historicamente, outro passo decisivo para o aumento desta competitividade surgiu com o advento do profissionalismo. Dentro desta linha histórica, o fim da Lei do Passe definitivamente instituiu um novo tipo de relação entre clubes e atletas profissionais, situação que deu uma conotação diferenciada ao profissionalismo até ali existente.
Logo em seguida veio a necessidade de adequação dos técnicos de futebol às novas exigências para o exercício de suas atividades, o que determinou a mudança do perfil destes profissionais, que passaram a ser muito mais exigidos. Como conseqüência disto, tivemos o extraordinário crescimento da importância do aspecto tático, que se deu quase que em concomitância com a valorização do aspecto do condicionamento físico.
Estavam criadas, pois, as condições para a mudança de feição do futebol, que, embora jamais tenha tido a sua técnica excluída, teve que lidar com o apogeu da ‘era da supervalorização do condicionamento físico’, enfrentar - como enfrenta - o auge da preparação tática, com a supervalorização dos treinadores e de suas comissões técnicas.
Na verdade, nossa compreensão é a de que o futebol-arte persiste e persistirá como essência do futebol-força que aí temos. Para enxergá-lo, entretanto, é necessário que reformemos o olhar que lançamos sobre o futebol, vendo-o muito mais como arte-coletivizada, que como arte-individualizada.
O talento do esporte coletivo que é o futebol tem-se adequado à natureza deste esporte. Ou seja, onde antes se destacava o talento individual, hoje se percebe a ‘democratização’ do mérito, que deixou de pontuar o indivíduo para espargir-se pela equipe.
*Ronald Simões de Carvalho é professor da Disciplina Futebol da Universidade Gama Filho/RJ
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Benê Lima