Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, outubro 10, 2013

Dossiê do Futebol Brasileiro

Confira a íntegra do documento entregue pelo Bom Senso F.C. à Confederação Brasileira de Futebol
Equipe Universidade do Futebol
INTRODUÇÃO

Este documento foi criado não só com o propósito de embasar os cinco pontos levantados e propostos pelo Bom Senso F.C à Confederação Brasileira de Futebol mas também debatê-los com outros setores de nossa sociedade que admiram este esporte e o consideram um dos nossos maiores patrimônios culturais.

Sabendo que é de responsabilidade da CBF a organização e a elaboração do calendário nacional, do regulamento das competições e das definições do futuro do futebol brasileiro, este dossiê tem como objetivo levantar e constatar questões vitais que precisam ser debatidas e repensadas em caráter de urgência para que se viabilize um futebol de melhor qualidade, mais rentável e saudável a todos os interessados. 

Para tanto, o Bom Senso F.C reúne mais de 800 atletas das séries A e B do Campeonato Brasileiro e cujos conhecimentos práticos e técnicos são altamente específicos e devem ser considerados como forma de contribuição para a construção de novos alicerces que permitirão o pleno desenvolvimento e o aperfeiçoamento do futebol brasileiro.

O que se busca, portanto, é não só alertar os dirigentes responsáveis pelas instituições que representam os interesses do futebol brasileiro, cobrando deles medidas firmes, justas e urgentes de mudanças, mas também fornecer dados e fundamentações que possam elucidar a CBF, ajudando a entidade a encontrar soluções a curto, médio e longo prazos dentro e fora de campo, seja na produção e na qualidade do espetáculo, na capacitação de profissionais, na formação de novos atletas ou, ainda, na profissionalização da gestão das entidades (e suas afiliadas) que regem o esporte no Brasil.


OS CINCO PONTOS PRIMORDIAIS

1) 30 DIAS DE FÉRIAS

De acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas, todo empregado possui direito a 30 de férias após período de 12 meses de trabalho. Entretanto, como a atividade de atleta de futebol possui algumas particularidades, é importante citar que a Lei Pelé (Lei nº 9.615/98) com as modificações impostas pela Lei nº 12.395/11, é clara ao afirmar que:

"Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, no qual deverá constar, obrigatoriamente: (...) § 4º Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação trabalhista e da Seguridade Social,
ressalvadas as peculiaridades constantes desta Lei, especialmente as seguintes: V - férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas do abono de férias, coincidentes com o recesso das atividades desportivas” (sem destaque no original).

Entende-se por recesso das atividades desportivas o período compreendido entre o término de uma temporada e o início da temporada seguinte. No Brasil, esse período se dá, normalmente, entre os meses de dezembro e janeiro.

Este período de descanso é essencial para que o atleta se recupere, tanto física quanto emocionalmente, e possa desenvolver plenamente suas atividades na temporada seguinte. Em um calendário equilibrado, que potencialize a performance das equipes, conta muito a preservação do período de 30 dias ininterruptos de férias, assim como a preparação inicial destas equipes.

Além da garantia legal, há ainda, a garantia constitucional da integridade física e respeito a saúde de todo trabalhador, nesse caso, o atleta profissional. E por fim, deve ser observado o bom senso em prol de um futebol melhor, não havendo justificativa para que o atleta não goze dos 30 dias ininterruptos de férias a que tem direito.

2) PERÍODO DE PRÉ TEMPORADA ADEQUADO
 
Para destacar a importância de uma pré-temporada bem feita, foram utilizadas pesquisas realizadas na área de medicina do esporte e, mais especificamente, da fisiologia.

Estes estudos indicam que quando o período (estimado entre 4 e 6 semanas) de preparação básica da equipe não é respeitado, compromete-se a construção de uma base fisiológica sólida e aquisição das reservas energéticas que permitirão aos atletas sustentar, em alto nível, todas as exigências de uma temporada longa e intensa.

O curto período de preparação não possibilita, entre outros quesitos, corrigir determinados desequilíbrios funcionais e neuromusculares dos jogadores, acumulados em temporadas anteriores ou advindos do próprio período de férias. Dependendo das características individuais dos atletas, estes desequilíbrios poderão ser maiores ou menores, mas muito provavelmente em boa parte, eles se arrastarão para toda a carreira do futebolista, trazendo malefícios e sequelas, pouco ou nada consideradas quando se organiza os calendários.

O quadro comparativo entre os calendários europeu e brasileiro apresentado abaixo é também esclarecedor, quando observadas as diferenças de dias entre o último jogo da temporada anterior e o primeiro jogo da próxima temporada. (*)

Esta realidade deixa evidente que, em um ambiente onde as exigências de performance são enormes, é praticamente impossível manter-se altos níveis de rendimento (dos atletas e das equipes brasileiras) durante toda a temporada.

A longo prazo os prejuízos acumulados são igualmente nefastos, afetando também o nível dos jogos, tornando-os menos atraentes, com jogadores mais cansados, e claro, carreiras atléticas de alto nível competitivo encurtadas.

Confira abaixo a média de jogos, nos últimos cinco anos, entre algumas das principais equipes brasileiras comparada com a média de algumas das principais equipes europeias:



 
Portanto, não é difícil concluir que o calendário atual do futebol brasileiro não possibilita um período básico de pré-temporada e, consequentemente, inibe os processos que poderiam levar o futebol ao seu melhor desenvolvimento técnico, tático, mercadológico e econômico.

3) MÁXIMO DE 7 JOGOS A CADA PERÍODO DE 30 DIAS

Quando se planeja um calendário é preciso considerar que, além da adequação aos intervalos entre um jogo e outro, é necessário levar em conta as longas viagens associadas à sequência cumulativa de jogos que dificultam a recuperação completa dos jogadores, tanto nos aspectos fisiológicos quanto nos psicológicos e emocionais.

Em se tratando do Brasil, os responsáveis e organizadores do futebol e seus calendários devem considerar que, por questões geográficas, associadas a variáveis logísticas de viagens, clima e qualidade dos gramados, o desgaste sofrido por um jogador éainda maior do que aquele normalmente considerado como “padrão”. 

É preciso preservar a integridade física e, de forma mais ampla, a saúde dos atletas. Por isso, é necessário pensar em todos os problemas e dificuldades que enfrenta o futebol brasileiro hoje em diae, de forma sustentável, buscar as soluções em conjunto, com todos aqueles que possuem real interesse em preservar e desenvolver o futebol.

Utilizando um exemplo atual: o São Paulo F.C. deverá terminar a temporada de 2013 com 79 jogos oficiais disputados. Caso realizasse uma temporada onde conseguisse todas as classificações, chegaria à absurda marca de 87 jogos.



A título de ilustração, o quadro abaixo demonstra algumas das consequências que o atual calendário brasileiro impõe aos atletas, com prejuízos para as suas equipes e ao futebol de forma geral.



Todas estas consequências que impactam nos atletas estão interligadas, provocando uma diminuição geral do rendimento esportivo. 

Por isso, é preciso ficar claro que a desgastante sequência de partidas às quartas e aos domingos gera, inevitavelmente, uma queda drástica na qualidade do jogo e do espetáculo como um todo. Os quadros abaixo demonstram a quantidade do número de semanas com dois jogos dos clubes brasileiros e europeus, e deixa evidente a desgastante sequência de semanas seguidas (13) em que jogam às quartas e aos domingos, os clubes brasileiros.



*Número de semanas (até 05/10/2013) – Corinthians e São Paulo podem chegar a 37Semanas com dois jogos oficiais na mesma semana.

**Número máximo de semanas seguidas com dois jogos (até 05/10/2013) – Corinthians e São Paulo podem chegar a 17 semanas consecutivas com dois jogos oficiais na mesma semana.



Utilizando-se das 13 semanas consecutivas com jogos aos meios de semana e aos domingos (demonstrado acima) e considerando uma programação padrão (quadro abaixo) de um grande clube brasileiro exposto a dois jogos por semana, nota-se que, atualmente, sequer a Lei é respeitada. O artigo 28, parágrafo 4º, inciso IV, da Lei 9.615/98, com as alterações introduzidas pela Lei 12.395/11 é taxativo ao afirmar que o atleta tem direito a:

"repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas ininterruptas, preferentemente em dia subsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana". Nota-se que, após a realização de uma partida, é garantido ao atleta o direito de 24 horas ininterruptas de repouso, o que não ocorre no Brasil.



A média dos últimos três anos do número de folgas completas (24 horas ininterruptas) obtidas por atletas de uma grande equipe brasileira de alta performance no país chega a ser assustadora quando comparada ao trabalhador brasileiro. Conforme o quadro abaixo, a quantidade média de folgas dos brasileiros é de 100 dias por ano, enquanto a dos atletas é de 21 dias, conforme o quadro abaixo:



É claro que a profissão de jogador profissional de futebol é cheia de particularidades e especificidades e o objetivo do Bom Senso F.C. não é exigir as mesmas 100 folgas anuais de um trabalhador comum, mas é indiscutível que um atleta profissional, de qualquer modalidade, não conseguirá se manter no alto rendimento durante toda a temporada se obtiver o descanso de somente 21 dias ao ano.

PRESSUPOSTOS PARA UM NOVO CALENDÁRIO

a) Necessidade de equilíbrio na quantidade de jogos que preserve, ao mais alto grau possível, a integridade física dos atletas e permita que, com pré-temporadas racionais, treinamentos adequados, período de férias suficiente, entre outros cuidados, os atletas possam jogar na plenitude de suas potencialidades ou possibilidades.

b) Necessidade de se buscar condições efetivas para que a grande maioria dos clubes, principalmente os de médio e pequeno portes, possa jogar durante toda a temporada, permitindo que os jogadores consigam exercer a sua profissão de forma digna e, ao mesmo tempo atraente ao público, sustentando estrategicamente a base que fornece jogadores para o mais alto escalão de rendimento.

c) Necessidade de se respeitar as datas FIFA para que não haja jogos de competições estaduais ou nacionais durante esses períodos.

UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O CALENDÁRIO ATUAL

Conforme demonstrado no quadro abaixo, dos 641 clubes brasileiros que disputam as primeiras, segundas, terceiras e quartas divisões estaduais, apenas 15,8% possuem um calendário que os mantenham em atividade durante o ano inteiro.





*88 clubes brasileiros disputam copas estaduais, sendo que: em São Paulo a Copa vai de julho a novembro e conta com 27 clubes; no Rio de Janeiro a Copa vai de setembro a novembro e conta com 25 clubes; no Rio Grande do Sul a Copa vai de agosto a outubro e conta com 32 clubes; em Santa Catarina a Copa vai de outubro a dezembro e conta com 12 clubes e na Bahia a Copa vai de setembro a novembro e conta com 8 clubes. Se considerarmos as Copas Estaduais como complemento de calendário, ainda teremos 452 times, ou 70% dos clubes profissionais, sem um calendário que os mantenha em atividade o ano todo.

Guardadas as devidas proporções destes dois distintos níveis de prática do futebol profissional, em ambos os casos há um incontestável comprometimento no equilíbrio de participação de todos os clubes (uns com muitos e excessivos jogos e outros com poucos e desinteressantes jogos). Para que se abrace todos os níveis de atuação e participação do futebol brasileiro, se democratize sua prática, se fomente sua importância com o patrimônio sócio-educacional e cultural, deve-se entender que apenas alguns clubes no país buscarão e desenvolverão o alto rendimento, fundamental para que o Brasil, país pentacampeão do mundo, volte a ter um lugar de destaque no cenário mundial.

Porém, deve-se construir alicerces sólidos e estratégias inteligentes que não impeçam ou excluam centenas de clubes do país do direito de disputar e participar de competições que ofereçam condições de se conduzir o futebol profissional, de forma digna e sustentável, aos quatro cantos do Brasil.

TODOS PERDEM COM O ATUAL CALENDÁRIO

• Os clubes das principais divisões do Campeonato Brasileiro não possuem tempo suficiente para a realização de uma pré-temporada adequada, necessária a uma melhor preparação de suas equipes na busca do alto rendimento. Por acumularem sequências de jogos às quartas e aos domingos, de janeiro a dezembro, alguns clubes iniciam as competições estaduais com times mistos, priorizam as competições sul-americanas e nacionais e acabam por se desinteressar dos torneios regionais.

• Os atletas dos grandes clubes sofrem com o calendário atual, em primeiro lugar pelo desgaste físico devido a quantidade elevada de jogos. Além disso, a maratona de partidas seguidas causa um desgaste psicológico e emocional pois não há uma pausa adequada onde os atletas consigam se desligar, descansar e dedicar tempo à família e ao lazer. Esse fator, prioritariamente, compromete a qualidade do espetáculo durante toda a temporada, prejudica a saúde física e compromete a longevidade do atleta.

• Esses fatores citados acima acabam por influenciar, de forma significativa, não só na queda do rendimento individual e coletivo da equipe, mas também, no trabalho efetuado pelas comissões técnicas que, ao invés de servir para o aprimoramento e o desenvolvimento do jogo em si, serve apenas para recuperar e descansar seus atletas.

• Como se não bastasse, essas equipes são frequentemente desfalcadas e penalizadas por um número elevado de jogadores contundidos ou lesionados, prejudicando o espetáculo e o nível técnico dos jogos. Além disso, esse alto risco de lesões ocasionado pelo calendário atual faz com que os clubes tenham que contar com um elenco numeroso, entre 30 e 40 atletas, para aguentar a quantidade desgastante de jogos. Desta forma eleva-se também o custo fixo da folha salarial e aumenta-se o risco de inadimplência, prejudicando o futebol de forma generalizada.

• Os clubes menores também são prejudicados pelo atual calendário, que tem se mostrado ineficaz na tentativa de atingir seu objetivo de levar os clubes do interior à sua autossuficiência financeira e esportiva. 

Enfrentar os clubes grandes quatro vezes por ano, como acontece, por exemplo, no estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, não é suficiente para que os times do interior sobrevivam de forma efetiva e benéfica para o esporte do país. Pelo contrário, ao jogarem um futebol de forma sazonal, esses clubes não conseguirão apresentar um futebol de alto nível, muito menos desenvolver um trabalho importante para a sustentação da base da pirâmide que deveria fornecer atletas para o topo. 

Somente um novo formato de trabalho que implique em um calendário que contenha jogos durante todo o ano possibilitará o desenvolvimento do futebol nessas cidades e regiões.

• Os atletas dos times do interior ficam, no formato atual, expostos a contratos de trabalho de três meses e, corriqueiramente, ao final dos campeonatos estaduais,sofrem com a falta, ou o atraso, de pagamento (problema recorrente). Pior ainda, esses jogadores sofrem com o desemprego que pode durar todo o restante da temporada.

• A TV, os patrocinadores e os torcedores também são lesados pelo sistema vigente, já que algumas equipes jogam as primeiras rodadas dos estaduais com times mistos para minimizar o curto período de preparação oferecido pelo calendário, tornando o campeonato estadual ainda menos vistoso aos olhos do público. Alguns times também iniciam a competição nacional com seus times mistos privilegiando as competições sul-americanas e enfraquecendo o Campeonato Brasileiro.

Historicamente a equipe que vence a Copa Libertadores não briga pelo título brasileiro, assim como quem está nas fases finais da Copa Sul Americana também privilegia tal competição e torna o Brasileirão menos competitivo.

UM PANORAMA SOBRE A PRESENÇA DO PÚBLICO DOS ESTÁDIOS BRASILEIROS

Em relação ao interesse do público pelo espetáculo, representado pelo número de torcedores presentes nos estádios, é inadmissível que fiquemos abaixo de muitos países em média de público. Outra preocupação é com a perda de atratividade do futebol como produto, afinal é isso que garantirá a sustentabilidade financeira dos clubes, pré-condição para manter os salários em dia. Atualmente perdemos para países como os Estados Unidos e até as segundas divisões de Inglaterra e Alemanha:




A média de público do Campeonato Brasileiro caiu de 13º para 18º do mundo, agora atrás até da Austrália, país sem tanta tradição no futebol. Já no ranking de ocupação dos estádios, o Brasil caiu de 18º para 31º do mundo. E novas arenas vão elevar a capacidade média em 21% neste Brasileirão 2013.

Outro dado interessante que demonstra a qualidade do produto futebol oferecido em forma de espetáculo ao público brasileiro é a média de 3.800 pessoas por partida, considerando campeonatos nacionais e estaduais juntos, o que representa uma ocupação em torno de apenas 21% dos estádios brasileiros.

É preciso pensar o futebol de forma sistêmica. Não se pode acreditar que se resolverá todos os problemas do futebol brasileiro à partir apenas das mudanças de calendário. Mas este, talvez, seja o ponto de partida que pode desencadear reflexões e melhorias essenciais. Não se resolve os problemas do futebol de alto rendimento sem pensar estrategicamente no futebol de base e em sua massificação. 

Os clubes, base de sustentação do futebol, precisam encontrar caminhos para se tornarem mais saudáveis, autônomos e independentes e para isso, iniciativas urgentes devem ser tomadas para se começar a resgatar a saúde financeira da grande maioria desses clubes. 

Não é mais possível se desenvolver o futebol, neste século 21, sem substanciais investimentos em formação e capacitação de seus profissionais (recursos humanos). 

O Brasil é um dos poucos países que não reconhece e regulamenta as diferentes profissões no futebol. Deve haver um debate maduro entre os principais atores do futebol brasileiro (clubes, atletas, treinadores, TV, CBF e federações), buscando uma convergência, porém cujo o foco maior deve ser a qualidade do futebol brasileiro.

4) IMPLANTAÇÃO DO FAIR PLAY FINANCEIRO EM 2015

Criado em 2009 pela União das Federações Europeias de Futebol (UEFA), o fair play financeiro no futebol é um plano que tem como principal objetivo introduzir mais disciplina nas finanças dos clubes de futebol e encorajá-los a competir apenas com valores das suas receitas, garantindo a viabilidade do futebol europeu a longo prazo. A proposta do Bom Senso F.C. é a criação de um fair play financeiro para os clubes do Brasil.

No modelo europeu, os clubes não podem apresentar despesas superiores às suas receitas e são obrigados a fornecer informações referentes às suas transações, empréstimos e balancetes. Para o Brasil, o plano representa uma alternativa real para garantir a saúde financeira dos clubes e, principalmente, impor um equilíbrio financeiro que impeça o atraso de salários - prática que tem sido comum em, inclusive, grandes times brasileiros. 

Além dessas vantagens a curto prazo, a implantação deste modelo vai garantir a sustentabilidade do futebol brasileiro a longo prazo e estimular investimentos nas categorias de base.

Em agosto de 2013, a UEFA apresentou um relatório sobre o impacto da aplicação dos regulamentos de "fair play" financeiro. No último exercício, os prejuízos acumulados dos clubes diminuíram em 600 milhões de euros (-36%), após seis anos de aumento. Além disso, pela primeira vez desde que começaram a ser feitos registros em 2006, o crescimento das receitas (6,9%) ultrapassou o dos salários (6,5%).

Os objetivos principais no Brasil seriam muito semelhantes aos utilizados na Europa e poderiam ser aplicados em nosso país em regime de carência, alinhados com a lei de responsabilidade fiscal, em vias de ser aprovada:

• garantir mecanismos para que os salários sejam pagos em dia;

• encorajar os clubes a competir apenas com valores das suas receitas;

• proteger a viabilidade a longo prazo do futebol;

• assegurar que os clubes resolvam os seus problemas financeiros;

• introduzir mais disciplina e racionalidade nas finanças dos clubes de futebol;

• diminuir a pressão sobre salários e verbas de transferências e limitar o efeito inflacionário;

• encorajar investimentos a longo prazo nas categorias de base e em infraestruturas;

(Fonte: Site UEFA)

5) ATLETAS, TREINADORES E EXECUTIVOS DEVEM FAZER PARTE DO CONSELHO TÉCNICODAS COMPETIÇÕES E ENTIDADES

O Bom Senso F.C. solicita à Confederação Brasileira de Futebol que os atletas, treinadores e executivos façam parte do Conselho Técnico das competições e entidades.

Da mesma forma que o Estatuto do Torcedor foi criado para proteger os direitos do público consumidor dos jogos, a própria existência do conselho garante que os clubes possam opinar sobre os campeonatos, calendários, regulamentos, distribuição da renda líquida dos jogos, preços de ingressos, etc.

Como profissionais que atuam no ramo, é necessário que o Conselho Técnico tenha uma atuação democrática e transparente, contando com representantes que dominem aspectos políticos, técnicos e práticos cujo objetivo seja orientar e executar de forma sustentável o desenvolvimento do futebol no país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Bom Senso F.C., que surgiu prioritariamente com o objetivo de reunir atletas e demais profissionais do futebol que compartilham a preocupação com o atual cenário futebolístico brasileiro e seu futuro, decidiu ser uma voz única para propor, sugerir e promover melhorias que potencializem a qualidade do espetáculo, a gestão profissional, a saúde física dos atletas e a estabilidade financeira de centenas de clubes e milhares de jogadores. 

Os cinco pontos citados neste documento visam auxiliar, de forma propositiva, as entidades que regem o futebol no Brasil, fornecendo ideias, dados e experiência prática de quem está no “front de batalha”.

Encontrar um equilíbrio na quantidade de jogos que preserve a integridade física dos atletas e permita que, com pré-temporadas racionais e período de férias suficiente, os atletas possam jogar na plenitude de suas potencialidades ou possibilidades é tarefa de todos os envolvidos e interessados em promover o futebol brasileiro, especialmente da CBF.

Buscar condições efetivas para que os clubes, principalmente os de médio e pequeno portes, possam jogar durante toda a temporada, permitindo que os jogadores consigam exercer a sua profissão de forma digna e, ao mesmo tempo, atraente ao público, é tarefa de todos os envolvidos e interessados em promover o futebol brasileiro, especialmente a CBF.

A criação do fair play financeiro é uma forma de proteger o futebol como patrimônio nacional e garantir sua sustentabilidade a longo prazo, assim como implantar a participação de atletas, treinadores e executivos no Conselho Técnico da CBF também é tarefa de todos os envolvidos e interessados em promover o futebol brasileiro, especialmente da CBF.

Respeitar e buscar estes aspectos é ter bom senso e, sem dúvida, ajudará os campeonatos a encontrem um equilíbrio saudável para os profissionais, para os clubes, para os patrocinadores e para os torcedores.
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Benê Lima