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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Em busca de evolução

Brasil evoluiu bastante quando o assunto é sócio-torcedor, mas ainda precisa crescer mais

» Amir Somoggi

Os clubes brasileiros estão mudando, junto com o futebol em si. Um dos setores que mais crescem é o de sócio-torcedor. O que vem ajudando nesse processo é, principalmente, a conotação de varejo, como atesta Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva. "O projeto visava a fidelização exclusiva do torcedor mais fanático, aquele que está sempre no estádio", relembra Somoggi. Com a ajuda do Movimento por um Futebol Melhor, liderado pela Ambev, o conceito de rentabilidade também entrou em campo. Agora, o torcedor ganha mais do que apenas camisetas ou ingressos. "Ele ajuda o clube, tem desconto nos ingressos, inclusive em entradas para jogos decisivos, e também descontos em produtos importantes para sua casa", comenta.
Apesar disso, o faturamento dos clubes com os programas ainda é pequeno. O sócio-torcedor rendeu um montante de cerca de R$ 180 milhões ano passado. Para efeito de comparação, patrocínio gerou mais de R$ 500 milhões. Mas como efetivamente criar um case de sucesso? Alguns clubes aproveitaram o momento e conseguiram crescer, como o Cruzeiro, campeão Brasileiro em 2013. Outros têm um potencial grande de torcida, como o Corinthians, mas ainda não se estabilizaram efetivamente no cenário. Em entrevista exclusiva ao portal ClienteSA, Somoggi deu sua opinião sobre o tema e falou o quanto o Brasil ainda "engatinha" em relação ao assunto.
ClienteSA - O programa de sócio-torcedor, hoje, se preocupa mais em fidelizar do que antes?
Somoggi: Vários clubes já têm esse programa há muito tempo, mas não tinha a conotação do varejo, era único e exclusivamente o torcedor ter o direito de comprar o ingresso. Com essa história do Movimento por um Futebol Melhor, muda o conceito de fidelidade e de rentabilidade. O projeto sócio-torcedor era a fidelização exclusivo do torcedor mais fanático, aquele que ia para todos os jogos. Hoje, não. Houve uma grande evolução nos benéficos. Agora, um sócio, que paga 30 reais por mês, ajuda o clube, tem desconto nos ingressos, inclusive nos jogos decisivos, e ainda têm uma série de descontos em produtos do varejo. Apesar disso, os clubes ainda faturam muito pouco com o sócio-torcedor.
E o que fazer para subir a renda do programa?
Com quarenta ou cinquenta reais de mensalidade, o faturamento já aumenta. Os clubes também precisam aumentar as suas vendas de produto no varejo, não só no varejo esportivo (que são seus varejos em lojas de esportes), mas em outros segmentos de varejo que faturam bilhões Brasil e tem poucos produtos esportivos.
Qual a importância do resultado em campo?
O desempenho do clube é muito importante, até pelo fato de empolgar o torcedor. Mas não é tudo, tem de saber trabalhar com isso. O Internacional, por exemplo, deu um grande salto quando ele chegou a final da Libertadores, em 2006. A venda de ingressos teve prioridade para sócio. Então, ficou muito claro pra o torcedor que talvez, se você não é sócio, poderia deixar de assistir no estádio o maior jogo da história do clube. O torcedor ficou com medo e isso fez um barulho entre sócio e não sócios. Com o Flamengo, a mesma coisa. Na final da Copa do Brasil do ano passado, falaram que as entradas só seriam vendidas para sócios. Então, muita gente correu para se filiar e conseguir ver a final no Maracanã. Então, o desempenho tem dois trabalhos: o de motivação e o de medo que gera no torcedor de ficar de fora.
Em relação à Europa, como estamos?
Nesse caso, temos de dividir o país em dois: um Brasil que já está parecido com a Europa como o Internacional, o Grêmio, o Cruzeiro, que não ganha só pela mensalidade, ele vende a carteira para torcedor, é um ticket, como é lá na Europa. E outro Brasil que não segue isso. O Barcelona, por exemplo, fatura mais de 100 milhões de euros no estádio. Desse valor, o clube fatura cerca de 55 milhões de euros só com as cadeiras destinadas aos sócios, é mais da metade do faturamento da bilheteria do clube. Hoje, 20 mil torcedores por jogo no Barcelona praticamente são nessas cadeiras. Então, nós estamos engatinhando, temos muito pela frente para tornar o projeto mais rentável.
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Benê Lima