Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, outubro 29, 2007

Com Pé e Cabeça - 99

"O futebol cearense existe, e precisa ser reinventado.” (Benê Lima)

Opinião
O FUTURO DO FUTEBOL CEARENSE EM JOGO

A necessidade de repensarmos nosso futebol a partir de sua entidade de administração é tarefa que se impõe As
torcidas de Ceará e Fortaleza juntas, fazem de nossa federação uma campeã tanto em arrecadação quanto em público pagante. Os oito clubes paulistas juntos não ameaçam, nem de longe, a hegemonia da FCF. Pergunta-se: Isso, por si só, já não era para ter suscitado dos dirigentes da entidade o desejo e o estímulo pela busca em corresponder ao poderio que vem das arquibancadas, das nossas duas maiores torcidas?

O que se vê, contudo, é um quadro de total e direta dependência da entidade em relação a Ceará e Fortaleza. E essa situação cômoda da ‘mentora’ lhe é assegurada, no caso do campeonato cearense, pelo próprio regulamento da competição, que prevê um percentual de dedução de 28% (em 2007) sobre a renda bruta dos jogos de clubes da capital. Daí se estabelece a cota da FCF, que consiste no saldo entre o limite de dedução (28%) e as despesas previstas. Para que se tenha uma idéia do que isso representa, numa situação típica de jogos em que Ceará e Fortaleza atuam como mandantes, cabe à FCF uma cota ao redor de 8 a 12 mil reais. Entretanto, numa situação atípica como a que envolveu o 1º clássico entre Ceará e Fortaleza no início da temporada (11/02/07), a cota da FCF foi de R$69.024, 57.

Percebe-se que a acomodação tem tomado conta das gerações de gestores da FCF, quando ações simples como a busca da expansão do público pagante já trariam aumento proporcional da receita do órgão. Secundada pelas ações de marketing e promoções, tais iniciativas fariam com que nossa federação criasse as precondições para dar um salto qualitativo em sua gestão. Ademais, as receitas suplementares que adviriam, dariam o sustentáculo requerido para novos investimentos, bem como financiariam o desenvolvimento tanto do futebol profissional (1ª, 2ª e 3ª divisões) quanto das demais categorias (amadoras). Desse modo, a FCF passaria a, de fato, ser um dos indutores do progresso do futebol cearense, assim cumprindo sua principal finalidade acessória.

Muito se fala e se cobra dos nossos clubes, no sentido de vê-los dotados de estrutura capaz de torná-los auto-sustentáveis. Porém, antes precisamos estimular a que se faça o mesmo em relação à entidade de administração do futebol cearense, a FCF, já que ela precisa oferecer garantias, através de seu bom funcionamento, de que aos clubes serão dadas as condições básicas para seu crescimento. E à FCF cabe promover e organizar as competições de base referentes a todas as categorias – o que não vem sendo feito.

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EFEMÉRIDES

O ridículo revisitado
O Ituano atraiu seu dessemelhante - o Fortaleza - para a prática de seu medíocre futebol (dele, Ituano), fazendo do Tricolor do Pici seu semelhante em mediocridade. Resumo da opereta: Ô futebolzinho ruim! E pensar que na rodada tudo conspirou a favor do time leonino e ele (...) pisou e quebrou a bola. Revimos o Fortaleza da dupla Marco Aurélio e Amauri Knevitz: insípido ao extremo; desenxabido até chegar ao tédio. Do ponto de vista individual, atuações caricatas, outras desinteressadas. Descontadas as pré-condições que dificultam o bom espetáculo, tais como temperatura inadequada, piso do campo de jogo duríssimo, estado do gramado ruim, entre outros, ainda assim não se justifica tamanha acomodação da equipe tricolor, além do péssimo futebol. Podemos culpar o treinador Zetti pelo que vimos de ruim e pelo que não vimos de bom? Creio que não. Desta vez Zetti não deve ser considerado responsável relevante, sendo esta uma condição que cabe tributá-la, antes de tudo, aos atletas tricolores.

1º e 2º tempo indigentes
Dos dez menores públicos pagantes, o Ituano detém nove deles. Das dez piores partidas do Brasileirão da B, técnica e plasticamente falando, a equipe de Itu é séria candidata aos dez, levando na lufada de 27 de outubro deste o tricolor cearense. Um caso típico de sinistra contaminação por mau futebol. O Ituano foi uma das poucas – senão a única – equipe que conseguiu ter uma piora progressiva na competição. Pensávamos que o time do Ituano fosse ruim, mas não tanto. O Fortaleza enfrentou a um só tempo a pior defesa e o pior ataque da competição. E sob a égide da melhor campanha de seis rodadas para cá, o time leonino fez o jogo dos opostos, permitindo-se descer ao nível da mediocridade. Perder – sabemos – está no ‘script’; o que não se roteiriza é ‘entregar’ o jogo. A maneira como se perdeu é que intriga. Sem querer ‘rifar’ ninguém, mas uma análise individual se faz apropriada. Simão esqueceu de jogar futebol e ainda provoca sua expulsão. César anda tropeçando nas próprias pernas. Cleiton Cearense foi obtuso e inócuo. Rogério mais passeou em campo. Léo maltratou a bola de montão. Paulo Isidoro e Cristian foram de uma ineficiência pouco comum. Já os problemas de Edenilson e Cleiton (o atacante) transparecem a nós como ‘mau futebol encravado’ mesmo.

A simbologia de Itu
A cidade que se apresenta como ‘mãe do exagero’, tem em seu representante um exagero de mau futebol. Nos primeiros minutos de jogo já era evidente a dificuldade do Ituano em dar seqüência aos lances. Time limitadíssimo, nada mais natural não ter sustentação ofensiva. Sua peça de ataque vivia da velocidade do também limitado Júlio César. Apesar disto, com 4 min e 30 s de partida o lateral Simão já havia cometido 3 faltas. Aliás, as expulsões e 3ºs amarelos dos atletas tricolores quando jogam no eixo sudeste-sul devem fazer parte de algum ‘bom’ planejamento (ou não?). Impressionante!

Tática equivocada
25 minutos do 1º tempo foram suficientes para fazermos o seguinte diagnóstico. O posicionamento da equipe de Zetti, Silas e Moreno era incorreto. Em função do campo de jogo, da mediocridade e da covardia do Ituano, o Fortaleza deveria ter adiantado sua marcação, encurtando o espaço. Isto propiciaria um menor desgaste físico à equipe, além de colocá-la permanentemente mais próxima ao gol adversário. Afinal, pelas condições descritas, o contra-ataque não era a melhor opção. As triangulações não foram priorizadas, e quando foram tentadas só funcionou – parcialmente – pelo setor direito. O setor esquerdo do ataque tricolor praticamente inexistiu. Detalhe. Todas as vezes que a equipe acelerou o jogo o Ituano demonstrou sua fragilidade defensiva.

Distante G-4
A Ceará e a Fortaleza lhes foram dado o direto à dúvida da esperança. Cada vez mais remota – é verdade! E o torcedor do Tricolor que se banqueteou com o empate do Marília diante do Alvinegro, agora leva o troco ainda maior de uma incrível derrota de seu time para o horrendo Ituano. O pior é que para os dois (Ceará e Fortaleza) não mais há margem para erro. Ganhar e/ou ganhar é a palavra-de-ordem. Antes, claro, garantir a permanência na Série-B. Outra coisa. Não se deve dizer que nossos times estão em posição igual. Ainda vejo o Fortaleza com um pouco mais de chance, por uma conjunção de fatores. O próprio discurso do técnico Heriberto da Cunha realça, de certa maneira, as limitações de seu elenco. Neste instante, é preciso olhar mais do que para a ‘tabula rasa’ da classificação.

Uma explicação
Ouvi de um torcedor do Ceará a queixa contra quem defendeu a tese de que as chances do Alvinegro são ligeiramente inferiores às do Fortaleza. O fundamento de tal análise estava – como ainda permanece – ancorado no fato do Tricolor ter estado com uma partida a menos e com pontos a mais. De outra parte, de ambos há que se levar em conta os adversários, o momento, as opções do elenco, a performance do time, o potencial de crescimento técnico e tático, o nível do estado físico dos atletas, e assim por diante. Que o torcedor se entregue a esse exercício com o máximo de isenção que puder, tirando assim suas próprias conclusões.

Sem deslumbramento
Fazer um programa semanal para uma torcida é muito mais fácil, sob todos os pontos de vista, que participar em diferentes níveis de dois programas diários, ora apresentando e produzindo, ora sendo co-partícipe em todos os seus processos. Como se não bastasse, a manutenção de mais três espaços produzindo textos e intertextos, de nós exige e muito, por isso estamos muito mais expostos. No entanto, nem isso nem nada me fazem tresvariar. Sabermos reconhecer o esforço dos outros – bem como a competência, quando for o caso – não constitui favor: é dever! Isenção e eqüidade fazem parte da minha vida por ideal e por ações, não por auto-intitulação. Compreendo que a falta do exercício da análise dessujeita, descativa, desapaixonada, imparcial enfim, é tarefa das mais difíceis, sobretudo quando se tem uma paixão como pano de fundo – o que não é o meu caso. Porém, resta lembrar que ninguém representa a medida de todas as coisas. Somos diferentes sim, mas isto deve ser mediado pela inteligência e pelo respeito.

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BREVES E SEMIBREVES ®

Miudeza. A impressão que tivemos é que a falta de público deixou os jogadores de Ituano e Fortaleza à vontade para realizarem um espetáculo de tão baixa qualidade. Enfim, não havia testemunhas visíveis.

’Sine die’. Assim tem sido adiada a passagem de nossos clubes à 1ª divisão do Brasileirão. E quem comenta precisa ter boa argumentação para não passar vergonha.

Aprendizado. Para quem acha que o volante Rogério já está no ponto, vale lembrar que além do combate a certa apatia, Rogério precisa saber o momento de cometer uma falta. Quando o adversário passeia horizontalmente, mesmo que de posse da bola, não há necessidade do cometimento da falta.

Em alta. O programa Domingo Esportivo, na Rádio Verdes Mares AM810, sob a batuta de Jurani Parente e Gualber Calado, tem marcado pontos como um dos agentes das mudanças que o futebol cearense tanto precisa. A repercuti-lo o próprio Blog do programa: domingoesportivo.blogspot.com.

Resposta. Radialista ligado ao Ceará promove pesquisa em programa de rádio, em que aparecem como pré-candidatos à presidência do Alvinegro os nomes de Eugênio Rabelo, Evandro Leitão, Getúlio Tadeu, Aragão e Castelo Camuça. Chamou-nos a atenção a falta de entusiasmo do torcedor alvinegro diante destes nomes.

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(*)”Combata sua inveja com o trabalho, e suas deformações de caráter com o exercício da generosidade.” (*) Benê Lima, R+C


Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br
85 8898-5106

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