Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, junho 21, 2008

EM REFORÇO DE NOSSA OPINIÃO - 2


EURO NOS ENSINA UMA DURA LIÇÃO SOBRE O FUTEBOL
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NoriBlog

Nunca fui o que se pode chamar de um grande fã do futebol europeu. Minha tendência sempre foi de me alinhar com os sul-americanos, liderados pelos grandes times brasileiros e argentinos. Além da simpatia pelos vizinhos que não tratam a bola assim tão bem. Minha tendência sempre foi a de olhar o futebol europeu meio como o colonizador, como a metrópole que se impõe pela força política e financeira. Talvez ainda pense assim, mas essa minha estréia em coberturas de Eurocopa de Seleções tem sido uma dura lição de futebol.

Não foi preciso mais do que a primeira fase para constatar que estamos, brasileiros, parando no tempo em termos de tática no futebol. O mundo segue para um lado e nós, feito um cabo de guerra, insistimos em seguir para o outro.

A tendência que a metrópole futebolística aponta na Suíça e na Áustria é escandalosamente evidente: saem os volantes brucutus, os terceiros zagueiros de fato ou improviados e entram pontas (enfim, eles estão voltando!) e jogadores de meio-campo que saibam jogar além de marcar. No Brasil, infelizmente, ainda temos times com três zagueiros e três volantes, com apenas um atacante isolado na frente. Isso sem falar na Torre de Babel futebolística em que se transformou a Seleção Brasileira.

A Europa, que sempre pagou o preço de ter inventado a retranca, o líbero e outras artimanhas para marcar Pelé e demais gênios sul-americanos, agora tem a chance - e aproveita - de instalar a contra-revolução. Ver os jogos dessa Euro tem sido edificante. Pela informação tática e pela postura dos jogadores. Quase não há frescura, tentativas de cavar faltas, enganar a arbitragem, faltas escandalosamente violentas. A principal preocupação é jogar futebol, sem reclamações inúteis contra a arbitragem ou provocações infantis entre os jogadores.

Tomemos como exemplo três seleções: Holanda, Alemanha e Portugal. A Holanda é até mais fácil de ser elogiada pela postura, mesmo eu sendo um crítico de seu jeito meio mascarado do passado. Agora, como não se encantar com esse time dirigido pelo Van Basten? É tanta gente chegando para atacar, com tal volúpia, que finalmente eu compreendo esse jeito "orange" de ser no futebol. Kuyt, Van Nistelroy, Persie, é muito bom jogador jogando bem.

A Alemanha também está exagerando na dose, se tomarmos como ponto de partida seu passado. Ballack, Klose, Podolski, Schweinsteiger e Lahm (que é um lateral que parece muito mais brasileiro que alemão) protagonizam uma autêntica blietzkrig quando partem para o ataque.

Portugal não fica atrás. Deco, Cristiano Ronaldo, Simão, Postiga, Nani. O time terminou o jogo com a Alemanha recheado de homens de frente.

Em termos táticos, Schweinsteiger o que é? O bom e velho ponta, meus amigos. Com a diferença de que está adaptado aos tempos modernos. Não guarda posição e ajuda na recomposição defensiva. Simão é a mesma coisa.

E pergunto: por que o Brasil traiu seu passado de grandes pontas? Por que baniu essa função? Não é impossível jogar com três homens de frente e com um ponteiro. E a Europa é que está mostrando isso. O Brasil precisa ter a humildade de aprender. Os europeus não são melhores apenas na organização. Eles estão melhores dentro de campo.


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Benê Lima