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Chegou o dia. Chegou o triste dia.
O torcedor tricolor menos aquinhoado, mas histórico, virou ‘filho bastardo’.
Ou porque não possa pagar, ou porque não queira fazê-lo a qualquer pretexto - o que é seu direito.
O torcedor explorado perde o seu outrora inalienável direito de assistir, quando bem lhe convier, o treinamento de seus ídolos. Negam-lhe, despudoradamente, a prerrogativa de estar ao lado do seu time de coração, e de até poder ‘regurgitar’ aqui e ali o seu desabafo.
Tudo em nome de uma tal modernidade.
E o que é pior: com o aprobativo de diretores recém egressos do seio da torcida, como são os casos de Adller Pinheiro e Estevão Romcy.
Não é por acaso que a classe média brasileira representa a pior média de pensamento do capital intelectual da nação. Afinal, ela é a maior vítima do signo do DESVALOR que tomou conta do país. Por isso é difícil para ela a percepção de eqüidade, de respeito, e de valor (no sentido axiológico).
Há alguns anos temos colocado na mesa das discussões um REPENSAR do nosso futebol. Porém, é preciso que se entenda o significado disto. Repensar não é apenas refletir. É mais. É também rever, revisar. E por isso exige de nós uma revisão de coisas e de posturas. Significa, pois, mudança. Em última instância, também se traduz por reconstrução.
Nossos times precisam ser pensados como clubes, necessitam antes de mais nada construírem seus perfis e edificarem suas personalidades. Sim! Clubes possuem personalidade – é verdade! E a maneira de delineá-la com legitimidade é a congressual, é pela participação do maior número possível de representantes da torcida num encontro agendado para este fim.
Mas para um clube que produz tanto ruído em sua comunicação com seu público interno, não nos causa estranheza que ele não dê bola para seu público externo. Os seguidos recados têm sido dados ao torcedor, expressando-se o que dele se espera, o que dele se quer tirar.
Que o torcedor não imagine que a ele se queira oferecer algo, além da precariedade do pouco que lhe é oferecido. Na verdade, ao torcedor cearense têm sido concedidos os subprodutos de uma relação típica entre exploradores e explorados:
- quase nenhuma opção de escolha dos produtos;
- preços extorsivos;
- baixa qualidade do que lhe é servido;
- falta de higiene dos serviços;
- falta de limpeza e conservação da praça esportiva;
- falta de segurança;
- falta de iluminação pública condizente no entorno do estádio;
- falta de transporte coletivo;
- falta de uma política de preços de ingressos consentânea com a realidade financeira da nossa população;
- deficiência no atendimento para aquisição de todos os produtos e serviços ligados ao futebol;
- entre outras.
Agora, com a ‘descoberta’ dos programas de sócio-torcedor e congêneres, enxerga-se uma panacéia que inexiste, da mesma forma como são vistos os mirabolantes centros de formação e treinamento, mais conhecidos como ctês.
E para que os sonhos delirantes da visão ‘proto-capitalista’ possam ser guindados ao patamar de realidade, seus executores e seguidores precisam encontrar meios de constranger o torcedor a fazer uma adesão, sem o que ele primeiro se sente aviltado em sua condição de torcedor; depois, sentir-se-á humilhado por finalmente compreender que nada representa para seus dirigentes, a não ser a possibilidade real de ser espoliado.
Pior é saber que o sentimento do qual falam os dirigentes, para convencer o torcedor a colaborar de modo o mais absurdo, é o mesmo que eles – dirigentes – fingem desconhecer para tomarem decisões como o batimento dos portões do clube na cara dos torcedores não-sócios (e/ou não-associados).
A partir de tão estreita visão, como se falar em programas de fidelidade, em meio a uma relação tão vorazmente infiel? Ou ainda não acordaram os dirigentes para as especificidades e peculiaridades do produto futebol? Como se sente um amante traído e ultrajado?
(...)
Benê Lima
O torcedor tricolor menos aquinhoado, mas histórico, virou ‘filho bastardo’.
Ou porque não possa pagar, ou porque não queira fazê-lo a qualquer pretexto - o que é seu direito.
O torcedor explorado perde o seu outrora inalienável direito de assistir, quando bem lhe convier, o treinamento de seus ídolos. Negam-lhe, despudoradamente, a prerrogativa de estar ao lado do seu time de coração, e de até poder ‘regurgitar’ aqui e ali o seu desabafo.
Tudo em nome de uma tal modernidade.
E o que é pior: com o aprobativo de diretores recém egressos do seio da torcida, como são os casos de Adller Pinheiro e Estevão Romcy.
Não é por acaso que a classe média brasileira representa a pior média de pensamento do capital intelectual da nação. Afinal, ela é a maior vítima do signo do DESVALOR que tomou conta do país. Por isso é difícil para ela a percepção de eqüidade, de respeito, e de valor (no sentido axiológico).
Há alguns anos temos colocado na mesa das discussões um REPENSAR do nosso futebol. Porém, é preciso que se entenda o significado disto. Repensar não é apenas refletir. É mais. É também rever, revisar. E por isso exige de nós uma revisão de coisas e de posturas. Significa, pois, mudança. Em última instância, também se traduz por reconstrução.
Nossos times precisam ser pensados como clubes, necessitam antes de mais nada construírem seus perfis e edificarem suas personalidades. Sim! Clubes possuem personalidade – é verdade! E a maneira de delineá-la com legitimidade é a congressual, é pela participação do maior número possível de representantes da torcida num encontro agendado para este fim.
Mas para um clube que produz tanto ruído em sua comunicação com seu público interno, não nos causa estranheza que ele não dê bola para seu público externo. Os seguidos recados têm sido dados ao torcedor, expressando-se o que dele se espera, o que dele se quer tirar.
Que o torcedor não imagine que a ele se queira oferecer algo, além da precariedade do pouco que lhe é oferecido. Na verdade, ao torcedor cearense têm sido concedidos os subprodutos de uma relação típica entre exploradores e explorados:
- quase nenhuma opção de escolha dos produtos;
- preços extorsivos;
- baixa qualidade do que lhe é servido;
- falta de higiene dos serviços;
- falta de limpeza e conservação da praça esportiva;
- falta de segurança;
- falta de iluminação pública condizente no entorno do estádio;
- falta de transporte coletivo;
- falta de uma política de preços de ingressos consentânea com a realidade financeira da nossa população;
- deficiência no atendimento para aquisição de todos os produtos e serviços ligados ao futebol;
- entre outras.
Agora, com a ‘descoberta’ dos programas de sócio-torcedor e congêneres, enxerga-se uma panacéia que inexiste, da mesma forma como são vistos os mirabolantes centros de formação e treinamento, mais conhecidos como ctês.
E para que os sonhos delirantes da visão ‘proto-capitalista’ possam ser guindados ao patamar de realidade, seus executores e seguidores precisam encontrar meios de constranger o torcedor a fazer uma adesão, sem o que ele primeiro se sente aviltado em sua condição de torcedor; depois, sentir-se-á humilhado por finalmente compreender que nada representa para seus dirigentes, a não ser a possibilidade real de ser espoliado.
Pior é saber que o sentimento do qual falam os dirigentes, para convencer o torcedor a colaborar de modo o mais absurdo, é o mesmo que eles – dirigentes – fingem desconhecer para tomarem decisões como o batimento dos portões do clube na cara dos torcedores não-sócios (e/ou não-associados).
A partir de tão estreita visão, como se falar em programas de fidelidade, em meio a uma relação tão vorazmente infiel? Ou ainda não acordaram os dirigentes para as especificidades e peculiaridades do produto futebol? Como se sente um amante traído e ultrajado?
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Benê Lima
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