Alberto Helena Jr.
O amigo viu o técnico José Mourinho falando na Sportv, no Tá na Área, à espera do Brasil e Argentina do Mineirão? Pois, deveria o Sportv editar todas as suas declarações e distribuir aos técnicos brasileiros (e cartolas), pois foi uma aula de como se deve encarar o futebol.
O mandrião não se limita a levar para a Itália seu currículo de campeão de Portugal e da Liga dos Campeões, pelo Porto, além de um campeonato inglês, pelo Chelsea. Ele se propõe a tirar o campeonato italiano da letargia e do atraso em que se encontra.
Como? Fazendo seu time jogar um futebol arejado, aberto, com pontas (alas ou extremos, no castiço português de lá), apenas um volante e dois meias de criação, sem falar no centroavante de praxe.
Em seguida, suspirou: ah, se tivesse em mãos os talentos de que dispomos por aqui...
E completou: medo de quê? Brasileiros e argentinos, com os recursos técnicos que têm, não podem temer nada, é bater ficha.
E não é que os dois entraram em campo cobertos de medo, um do outro? Resultado: aquele 0 a 0 deprimente para as duas escolas mais ofensivas e hábeis do mundo.
Escolas que caminham no sentido inverso de seus desígnios, buscando algo perdido no passado do futebol europeu da década de 90.
E é aqui que embico com Dunga. Ele julga que está fazendo uma renovação na Seleção Brasileira, depois do fracasso na Alemanha.
Digo e reafirmo que, ao contrário. Está apenas cristalizando conceitos superados e se agarrando a um grupo de jogadores que não representam renovação alguma.
O conceito de jogar pelo resultado, para não perder, é velho e superado. Não cabe mais no futebol-espetáculo que hoje predomina no planeta bola mais avançado.
Peito de mudar
Quando Mourinho diz que quer implantar na Inter de Milão um jogo mais aberto e ofensivo, acrescenta: o campeonato italiano, que já teve seu apogeu nos anos 80, hoje, perde disparado do inglês, do espanhol e do alemão. E por quê? Porque os italianos ainda continuam aferrados a um sistema mais defensivo, preocupados primeiro em não tomar gols para, só então, fazê-los, se possível.
Quando a massa no Mineirão pede a cabeça de Dunga e aplaude Messi, está enviando uma mensagem muito clara: quer o brilho acima da mediocridade implícita no tal futebol de resultado.
Os pragmáticos de plantão, imaginando que estão confraternizando com o torcedor e por isso disparam sobre Robinho todas as suas baterias, deveriam rever com isenção o tape do jogo.
Veriam, então, que os raros instantes em que a torcida mineira se animou foi quando Robinho recebeu a bola e ameaçou suas jogadas típicas. Não as completou, é verdade, mas as únicas duas chances de gol de um time que não marca um sequer há 300 minutos, nasceram de seus pés.
A questão aqui, porém, não é a análise deste ou daquele jogador, já que, no geral, ninguém, jogou nada.
Tampouco, culpar Dunga por sua eventual falta de experiência como treinador de futebol. Mas, sim, por sua concepção de jogo.
Se insistir em montar uma equipe sob a égide de três volantes de contenção e tal e cousa e lousa e maripousa, por certo, ganhará aqui, perderá ali, empatará acolá, mas nunca despertará na torcida brasileira o alegre e espontâneo aplauso que só o jogo bem jogado, à brasileira, desperta.
E essa foi a mensagem final de Mourinho: peço a Deus que nunca o Brasil perca sua identidade. Desgraçadamente, é o que estamos fazendo, ano após ano.
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Benê Lima