Esse assunto não é novidade, e já foi falado aqui, quando os bons resultados do Atlético Mineiro não traduziam o desempenho em campo, e aqui, quando um futebol “caótico” chegou à final da Copa do Brasil. Mas nem o mais otimista gremista esperava uma noite histórica no Mineirão e um vexame gigantesco do Atlético, que paga pelo atraso dos métodos e ideias de seu treinador.
Em primeiro lugar, é preciso ver que existem vários tipos de méritos. O futebol, assim como a vida humana, é complexa e cheia de nuances. Renato Portaluppi tem muito, mas muito mérito ao saber que não conseguiria fazer transformar água em vinho em alguns meses: o técnico manteve o modelo de jogo de Roger Machado e adicionou algumas coisas, como uma marcação mais intensa e individual, e cobrou o que o anterior já estava desgastado para fazer: competitividade, luta, intensidade.
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Tudo virou mágica quando o oponente é um time extremamente desorganizado. A ponto de ter jogadores como Pratto, Robinho, Cazares e Maicosuel e não conseguir construir uma - uma única - jogada ofensiva de forma coletiva. Um sufoco aqui - como foi contra Ponte, Juventude e Inter, um bom bocado de sorte acolá, e o Atlético vai conseguindo chegar.
Tudo virou mágica quando o oponente é um time extremamente desorganizado. A ponto de ter jogadores como Pratto, Robinho, Cazares e Maicosuel e não conseguir construir uma - uma única - jogada ofensiva de forma coletiva. Um sufoco aqui - como foi contra Ponte, Juventude e Inter, um bom bocado de sorte acolá, e o Atlético vai conseguindo chegar.
Mas em campo, o que vemos é quase um time de pelada: os melhores ficam na frente esperando a bola e o resto se sacrifica. Sem muita organização ou coordenação, no “vamo que vamo”. Aqui, você vê que o lateral direito do Atlético tenta sair, no momento da construção das jogadas de ataque. Agora repare: onde está a conexão com o setor de frente? Por que ninguém se aproxima para dar uma linha de passe ao lateral? Por que os volantes não se movimentam, sendo facilmente marcados?
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O show de horrores apareceu também na defesa. Muitas vezes, o Atlético tinha só 6 marcando, e o Grêmio infiltrava com pelo menos 4 ou 5. Como os encaixes de marcação eram individuais, Gabriel e Erazo eram “arrastados” pra fora da área e os espaços apareciam. Um prato cheio para o Grêmio se comportar com muita intensidade e aproveitar essas falhas no golaço de Pedro Rocha, que começou na baixa pressão em Maicon, lá no meio-campo. Concorda que todo jogador joga melhor quando tem espaço e tempo pra pensar?
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Com a bola no ataque, mesma coisa: um jogador flutua e procura os espaços vazios. Outro fica parado. Outro apoia, mas não recebe a bola. Tudo no Atlético parece meio aleatório, como se não tivesse treino. Poxa, mas e o talento? Veja a imagem: de que adianta ter talento se Cazares não tem NINGUÉM para passar essa bola? Olha onde Robinho está: preso na marcação, colado nos zagueiros. Como jogar assim?
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O Atlético foi engolido no primeiro tempo e perdeu o controle da partida. Uma situação desconfortável para os jogadores, acostumados a resolver na individualidade o que o coletivo não dá. O tempo passa, a pressa aumenta e os cruzamentos e balões para a área, visando uma “quebra” de Pratto pra Robinho marcar, se tornavam frequentes. Era a saída mais visada. O tal do “abafa” que surge nos piores momentos dos times de Marcelo Oliveira.
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O Grêmio só se aproveitava: fez um gol, marcou de forma muito comprometida com um jogador a menos e ainda deu tempo de marcar mais uma vez, numa jogada bizarra. Geromel de ponta, sem receber nenhum tipo de pressão do Atlético.
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Você deve estar se perguntando: faltou raça aos jogadores? Vontade de vencer? Não! Faltou treino. Faltou ideia de jogo. Faltou organização para que tudo o que Robinho e cia fazem de bom estivesse dentro de um coletivo que ajudasse eles. Faltou método, atualização...
Marcelo Oliveira tem méritos ao saber administrar bem um grupo tão rodado e com tantos egos. Mas o olhar aqui é outro: é investigar métodos, ideias, conceitos....saber a lógica por trás de tudo. E simplesmente não há lógica! Dar longos coletivos, treinos sem muito objetivo prático e "rachões" em pleno 2016 já não é uma solução tão eficaz como foi há uns anos atrás. Esse é o ponto que se questiona, e não os títulos - que podem vir independentemente de modernidade ou não.
Ninguém é campeão à toa, mas sempre há um preço a cobrar quando se treina o futebol que se jogava lá na década de 1970. E esse preço foi pago, com juros, pelo Atlético Mineiro na Copa do Brasil.
Ninguém é campeão à toa, mas sempre há um preço a cobrar quando se treina o futebol que se jogava lá na década de 1970. E esse preço foi pago, com juros, pelo Atlético Mineiro na Copa do Brasil.
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Benê Lima