Existem várias razões para uma sequência ofensiva resultar em gol no futebol
Rodrigo Azevedo Leitão / Universidade do Futebol
A ideia para o texto dessa semana era gerar um debate mais detalhado sobre o conceito geral de “intensidade de jogo” – tanto que escrevi uma boa quantidade de parágrafos sobre o assunto.
Porém, inspirado por uma ótima e interessante conversa com mais dois amigos do Café dos Notáveis (mister Grizalios Galbes e mister LossTche) – conversa que dessa vez, pelas circunstâncias, ocorrera fora do Café – resolvi abordar outro assunto, não menos interessante!
A conversa permeou, com uma série de questões sobre o jogo de futebol, a pressão sobre a bola e sua relação com os gols sofridos por uma equipe durante uma partida.
Como tenho um acervo de dados coletados para investigação do tema, resolvi fazer uma reflexão a partir deles e da conversa.
Então vejamos...
Existem várias razões para uma sequência ofensiva resultar em gol no futebol.
Da mesma maneira existem muitas outras para que a defesa sobressaia ao ataque durante uma partida, e para que, portanto, uma sequência ofensiva não resulte em gol.
Dentre as sequências que resultam em gols temos um grande número delas que são oriundas de uma situação de bola parada (tiro de canto, tiro livre direto ou indireto, e também, por que não, arremesso lateral).
Analisando jogos dos Campeonatos Paulista 2013 e 2014, Brasileiro 2013, Mundial de Clubes da FIFA 2013, UEFA Champions League 12/13, além das Copas do Mundo FIFA de Futebol 2006 e 2010 – e mais especificamente analisando os gols que não resultaram de jogadas de bola parada – coisas interessantes puderam e podem ser observadas no que diz respeito aos gols feitos.
E ainda que, como escrevi logo acima, sejam inúmeras as razões para uma sequência ofensiva resultar em gol (e agora falando pontualmente de situações de “bola rolando” e não bola parada), há pelo menos oito coisas (razões) que parecem ser comuns em uma grande parte das jogadas em que o desfecho é o gol.
E como essas oito razões podem gerar um grande, profundo e rico debate, vou me concentrar, para ser breve hoje, especialmente em uma delas – talvez por ser a mais “aceitável”: trata-se da pressão sobre a bola por parte da equipe que defende e sofre o gol.
Na “grande maioria” dos gols sofridos pelas equipes com bola rolando, uma, ou mais de uma vez na jogada que resultou em gol, há ausência de pressão defensiva sobre o portador transitório da bola.
E quando analisamos a “não pressão” nas jogadas de gol, considerando regiões do campo das equipes entre a linha 4 defensiva e a linha de fundo, a tal “grande maioria” bate os 90%.
Isso não quer dizer, que na maioria das vezes que uma equipe não consegue exercer pressão sobre a bola, ela estará propensa a sofrer um gol em uma sequência ofensiva adversária. Não!
O que isso quer dizer, é que em uma sequência que resulta em gol, é comum que a pressão sobre a bola esteja, em um grande número de vezes, ausente.
Qual a diferença?
A diferença é que NÃO exercer pressão ativamente, continuamente e instantaneamente sobre a bola, NÃO é garantia para a equipe que se defende, de que ela sofrerá um gol!
Claro!
Apesar de, em grande parte das sequências que resultam em gol não haver, em algum momento, pressão sobre a bola, em tantas outras que não resultam em gol, também pode ser constatada, um grande número de vezes, a ausência de pressão!
No entanto, pelo mesmo viés observacional, e com pauta nos mesmos dados dos jogos das competições mencionadas e analisadas, é plausível afirmar que manter pressão constante sobre a bola pode minimizar em muito, os riscos de que uma equipe sofra um gol em um jogo.
É bom lembrar, ainda que eu já tenha mencionado anteriormente, que sequências ofensivas que resultam em gols satisfazem um certo número de condições, além da condição “falta de pressão sobre a bola”!
Então, em outras palavras, não pressionar, não potencializa necessariamente as chances de uma equipe sofrer gols, mas por outro lado, manter a bola sob pressão pode minimizar as chances de que o gol aconteça!
Isso pode ser explicado e entendido se partirmos da ideia de que pressionar a bola não significa necessariamente atacar o portador dela para roubá-la diretamente!
Pressionar a bola, na essência, significar fazer com que a posse por parte da equipe adversária fique instável, na iminência do descontrole. É fazer com que o portador direto da bola e seus companheiros concentrem-se totalmente na bola e não no jogo!
Quando os jogadores de uma equipe que tem a posse da bola são levados a “olhar” mais para a bola e menos para o jogo, precisarão ser excepcionalmente mais hábeis para tomarem decisões vantajosas para a equipe dentro do jogo.
Sob pressão terão de ser mais rápidos para encontrarem as melhores alternativas. Em uma sequência ofensiva que sofre pressão constante, ter cada vez mais a bola aumenta a chance de tê-la cada vez menos na mesma sequência.
Então, seja ela curta, ou longa (a sequência ofensiva), na somação da série de ações que a compõe, as chances de êxito serão menores, porque as exigências estarão aumentadas, tanto na organização do espaço, e na velocidade das decisões, quanto nas ações propriamente ditas!
A ausência de pressão não dá garantias de que o adversário não irá errar sua ação com bola.
E os erros da equipe que está com a bola, mesmo sem sofrer pressão, são mais comuns do que se pode imaginar!
Vale aqui destacar que nos jogos dos campeonatos que foram observados, a incidência de erros sem pressão, principalmente na região entre linha 4 e linha de fundo, foi muito maior em jogos envolvendo equipes brasileiras do que envolvendo equipes europeias (por uma série de fatores que precisariam de um outro texto para serem debatidos).
Por hoje é isso...
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Benê Lima