Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, novembro 12, 2017

O drama do futebol pernambucano em 2017 serve de lição relevante para Ceará e Fortaleza

FERNANDO GRAZIANI                         
ILUSTRAÇÃO CARLUS CAMPOS 


Santa Cruz e Náutico vão disputar a Série C do Campeonato Brasileiro em 2018. Com campanhas pavorosas na Segundona, caíram juntos para a terceira divisão neste sábado, 11 de novembro. Se é um cenário ruim para o futebol nordestino, pior ainda para o futebol pernambucano, que ainda tem o Sport correndo risco sério de cair para a Série B – restando quatro rodadas, está na 17a. colocação, com três pontos a menos do que o Vitória, primeiro time fora da zona de rebaixamento.
As histórias dos três clubes do Recife nesta temporada são bons exemplos para os principais clubes cearenses. O Fortaleza, que vai disputar a Série B em 2018, não pode voltar a atrasar salários e a contratar mal, como fez nesta temporada. A Série C não guarda parâmetro algum com a Série B. Já o Ceará, muito perto da Série A em 2018, terá que manter a austeridade financeira e administrativa elogiável e já frequente, além de acertar em cheio nas contratações com o aumento enorme de orçamento, como já mostrei em texto recente neste espaço (serão no mínimo R$ 30 milhões a mais).

Mas há outras lições:
Timbu, mergulhado em uma crise política inacreditável, além de problemas financeiros e técnicos, conseguiu ter três presidentes e cinco treinadores em 2017, fora o elenco fraco e caro, com folha de R$ 1,2 milhão desde o começo do ano, salários atrasados e, evidente, ameaças de greve. A equipe vive um jejum de títulos desde 2004, algo que abala bastante a confiança, além de sentir falta dos Aflitos – joga na Arena para pouco público e chegou a mandar partidas em Caruaru na atual campanha, pagando pra jogar.
Tricolor do Arruda, por sua vez, teve quatro técnicos e remontou todo o elenco em relação ao ano anterior. O clube atualmente deve mais de 100 dias de salários para boa parte dos jogadores e alguns funcionários vivem o drama de 180 dias sem ver a cor do salário, algo que não foi sanado em momento algum da competição. Além disso, contratou mal e sofreu com bloqueios judiciais de suas rendas e cotas. Apesar de ter começado de forma razoável a Série B – na nona rodada era o sétimo colocado – sucumbiu no restante da Segundona. Faltou planejamento da diretoria, justamente a mesma que tinha sido campeã da Copa do Nordeste, bicampeã estadual e garantido o acesso para a Série A 2016.
O caso do Sport é emblemático. O clube, que desistiu de vez da Copa do Nordeste, tem um orçamento altíssimo para uma equipe da região – R$ 113 milhões de reais – e chegou a contratar o atacante André pagando ao Sporting, de Portugal, mais de R$ 4 milhões, algo impensável para Ceará e Fortaleza, como mostrei em texto neste espaço em fevereiro deste ano. Apesar de muita grana e de não atrasar salários – a folha mensal com o elenco é de mais de R$ 4 milhões – a realidade é a luta contra o rebaixamento, o que deixa claro que o dinheiro foi mal empregado, especialmente para reforçar o sistema defensivo. O time tem atualmente Daniel Paulista como técnico, mas neste ano já foram demitidos Ney Franco e Luxemburgo, escolhas que já eram bem questionáveis e que deixou o elenco sem padrão de jogo. Nas 14 rodadas mais recentes da Série A, o Sport ganhou apenas uma vez e precisa de três vitórias em quatro partidas para não cair. É o pior time do returno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima