Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, outubro 05, 2007

Dirigente tipo exportação - Partes 1 e 2

Benê Lima

Há muitas histórias matizadas por uma atitude piegas, feitas para construir falsos heróis. Não é o caso da presente, cujo personagem é real, sujeito a erros e acertos, condição da qual ele próprio tem consciência.

Outra coisa que é importante considerar é o contexto no qual está inserido o personagem, pois, o que a nós brasileiros causa admiração, pode revelar-se um comportamento comum a outros povos. Mas, como o que nos interessa é o protagonista devidamente contextualizado e suas ações meritórias, vamos a alguns fatos.

José Ribamar Felipe Bezerra, ou abreviadamente Ribamar Bezerra é um homem de origem simples, de uma época em que a humildade não andava lado a lado com a indignidade. A estrutura de seu caráter parece ter sobrevivido incólume à investida dos contra-valores. É nessa linha que foram forjados o homem e o profissional: pelo aprendizado da prática educacional familiar; pelo preparo da formação educacional escolar; pelo aspecto empírico do trabalho.

Depois de transformar-se em um empresário de sucesso, Ribamar Bezerra passou a ter uma maior aproximação com o seu time de coração, o Fortaleza Esporte Clube. Essa aproximação teve um custo para o então apenas colaborador, que foram os sucessivos aportes em capital, com os quais ele ajudou o clube.

O ápice desse ciclo de auxílio ao clube ainda estava por vir. No entanto, não se pode deixar de mencionar uma experiência até certo ponto inovadora e vitoriosa da qual Ribamar participou, que foi a implantação de um sistema de co-gestão no clube em que ele viria a se tornar presidente.

Em 2004, logo após a queda do time para a 2ª divisão do Brasileirão, um grupo de torcedores do Fortaleza resolveu unir-se em apoio à diretoria do clube, iniciativa que foi imediatamente aceita pelo presidente da época, o pacificador Clayton Veras. Desse modo Veras conseguiu congregar o apoio desses torcedores e do patrocinador do clube, a Santana Têxtil do Brasil, o que contribuiu decisivamente para uma campanha vitoriosa, culminando com nova ascensão do clube à divisão de elite nacional.

Mas as conquistas desse grupo gestor não ficaram por aí. Uma nova maneira de gestão do futebol foi inaugurada no estado do Ceará, dotando as decisões e atitudes dos dirigentes de maior transparência, de mais eficiência, de mais profissionalismo enfim. Isso, todavia, alterava substancialmente o nível de exigência sobre os dirigentes dali em diante. Esse ‘Grupo Gestor’ passaria a ser o parâmetro para as próximas administrações.


Dirigente tipo exportação - Parte 2

Foi nesse ambiente novo e exigente que o colaborador Ribamar Bezerra se transformou, através da legitimidade do processo sucessório normatizado pelo estatuto do clube, em seu presidente da executiva. Mal sabia ele o tamanho do desafio que teria pela frente. Mas, também, se soubesse sem dúvida o teria aceitado do mesmo modo. Afinal, encarar os desafios sempre fez parte das pautas da vida do homem intrépido que é Ribamar.

Com o Fortaleza Esporte Clube na 1ª divisão, mas com um passivo de curto prazo a ser encarado e, o que é pior, com um time para ser formado e uma embrionária estrutura para ser mantida, além de sonhos para serem sonhados, como a construção de um centro de formação e treinamento de atletas, eis o mínimo que se pode dizer acerca dos tais desafios a serem transpostos pelo agora dirigente Ribamar Bezerra, para o biênio 2005/2006.

Àquela altura, seria natural que esperássemos um primeiro ano de mandato de muitas dificuldades e de poucos resultados positivos. Já no segundo ano – ai sim! – poderíamos nos deparar com melhores resultados. Contudo, já em 2005 os bons resultados saltaram aos olhos, se bem que patrocinados, fundamentalmente, pelo próprio dirigente. Seguidos aportes financeiros foram necessários para manter o clube com o status de 1ª divisão, e todos estes recursos extras tiveram como fonte de origem o patrimônio do dirigente Ribamar Bezerra.

Ao tempo em que Ribamar bancava sua ousadia, também procurava dar exeqüibilidade ao sonho dos tricolores de construção de um centro de formação e treinamento de atletas. Para tanto, criou uma Organização Não Governamental (ONG), cujo nome é Instituto Fortaleza Esporte Clube (IFEC), que passou a cuidar do projeto, tendo à frente ele próprio. Hoje, já na condição de ex-presidente, ele coordena, com o pragmatismo que lhe é característico, as primeiras ações para o lançamento da pedra fundamental da tão aguardada obra.

Antes, porém, de passar o bastão a seu sucessor, Ribamar ainda conseguiu impressionar aos mais reflexivos componentes da crônica esportiva cearense, ao entregar ao novo presidente dos tricolores, um clube salubrizado, saneado, a ponto de, antes do final de dezembro p.p., ter quitado a folha deste mês dentro do próprio mês. Além disto, 13º de funcionários e atletas, rescisões, encargos, tributos, tudo enfim devidamente quitado.

Como se não bastasse, fez referência à moção do presidente do conselho deliberativo do clube, quando este propôs o reconhecimento e o escalonamento do pagamento dos recursos que ele injetou no clube, dizendo que, se no futuro o clube tivesse condições de ressarci-lo, que os recursos fossem destinados para a construção da obra do centro de formação e treinamento de atletas.

Com esse breve relato, o que pretendemos é propagar os bons exemplos, tanto como forma de promoção da justiça, como forma de incentivo aos dirigentes que, verdadeiramente, fazem bem ao ambiente do futebol.

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