Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, outubro 01, 2007

O vislumbre de um futuro sombrio

Benê Lima

Encontramos-nos em estado de despreparo para lidarmos com a sistemática de um novo fazer futebolístico; mas podemos preparar-nos

O futebol cearense, em condições normais, já convive com os problemas criados por seus próprios dirigentes, tais como a falta de profissionalismo de suas administrações, a total ausência de investimento na aquisição do capital intelectual, o descaso para com os ativos dos clubes, a inexistência de projetos e de planejamento estratégico para as gestões de quem os dirige.

Além disto, a eclipsada visão de marketing – marca dos dirigentes locais – funciona como amarra para o progresso dos clubes cearenses. Destarte, Ceará e Fortaleza nem exploram suas marcas nem trabalham suficientemente para se tornarem bons produtos. Em razão disto, ambos se tornaram ‘indigentes em marketing’, situação que agrava o quadro de ultra dependência a que os dois estão sujeitos.

Se considerarmos as adversidades do contexto nacional, e a ela somarmos um ambiente global desfavorável, constataremos sem maior esforço um ambiente inóspito para a sobrevivência de Ceará e de Fortaleza.

Existem as competições abertas das quais nossos dois principais clubes participam - tais como o Brasileirão/Série-B -, mas há também uma competição velada que pouquíssimos se dão conta, que se estabelece à revelia deles. Trata-se da ‘corrida por apoio’, que tanto se traduz pela luta por atração de recursos provindos do capital financeiro e do capital intelectual, quanto pela arregimentação de adesões para projetos de interesse dos clubes de futebol.

Tem sido em meio a essa ambiência malpropícia que Ceará e Fortaleza têm sobrevivido, muito mais pela abnegação e pela tenacidade de seus torcedores/dirigentes do que pela adequação destes ditos clubes ao mundo do futebol.

Desde a atitude competitiva de alguns dos concorrentes dos dois clubes cearenses, de dotarem seus dirigentes de uma melhor formação na gestão do futebol, indo até ao apoio governamental de alguns estados a seus representantes – o que os coloca em posição de superioridade em relação aos nossos -, todo esse contexto acaba provocando a apoplexia do modelo gerencial dos clubes locais. Ao considerarmos igualmente tanto a imobilidade dos dirigentes da nossa entidade de administração – a FCF – quanto a dos dirigentes das entidades de prática desportiva – os clubes -, acabamos por entender o atraso do nosso futebol.

Para que possamos, pois, estar inseridos no ambiente das disputas extracampo, precisamos prover pelo menos a Ceará e a Fortaleza de recursos humanos e tecnicistas adequados, através de ações gerenciais congruentes com as necessidades desses novos tempos.

Neste ponto, vale ressaltar a necessidade de atualização da crítica, cujo esteio deve estar consolidado na multidisciplinaridade e na interdisciplinaridade, condição essencial e sem a qual não haverá progresso.

2 comentários:

  1. Olá Bené Lima,
    Parabéns por seus comentários, sempre coerente e embasados na sensatez. Sua visão do nosso futebol parece muito com a nossa. Continue assim ponderando suas críticas no sentido de colaborar positivamente para o engrandecimento de nosso futebol.
    Até breve!

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  2. Valeu pela participação, Gualber.
    Melhor ainda é termos uma visão próxima sobre o que representa o melhor para o futebol cearense. Um abraço!

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Benê Lima