"Não consigo conceber hoje tomadas de decisão e/ou planos de ação que considerem conhecimentos de uma área só"
Rodrigo Azevedo Leitão / Universidade do Futebol
Apesar de já ter discorrido sobre o tema desta semana, faço-o novamente porque infelizmente – em minha opinião – o assunto tem sido retomado (acreditem!) com mais frequência do que eu poderia imaginar a essa “altura do campeonato”.
Existem muitas maneiras de se chegar ao sucesso. No que diz respeito à preparação desportiva do futebolista, a história tem nos mostrado que os caminhos são muitos para alcançá-lo.
A evolução do conhecimento, a exposição a problemas similares e frequentes na prática do treinamento desportivo e o estreitamento e desaparecimento das fronteiras científicas e tecnológicas, têm trazido à tona a ideia geral de que o aperfeiçoamento de soluções diferentes pode trazer resultados igualmente bons na preparação de jogadores de futebol (formação, desenvolvimento e aperfeiçoamento).
Seja no Brasil, observando as distintas ideias e concepções culturais regionais para a forma de se jogar, ou no mundo, tentando entender o sucesso dinâmico que se alterna pelo futebol italiano, francês, holandês, espanhol e mais recentemente alemão, fica cada vez mais claro que não há fórmulas mágicas, ou certos e errados.
O que existe é aquilo que funciona melhor ou pior em determinado ambiente, o que pode trazer resultados mais rapidamente ou não em determinada realidade, o que pode potencializar o ganhar ou o perder.
Pois bem, mas ainda que isso tudo seja assim, é importante ressaltar e lembrar sempre que, circunstancialmente, são muitas as variáveis que complexamente se envolvem com problemas e soluções, êxitos e insucessos.
Isso quer dizer que ainda que sejam muitas as possibilidades para superar os mesmos desafios, é importante que essas possibilidades estejam intimamente conectadas com a evolução do conhecimento, com o desenvolvimento do mundo e com a inegável contribuição que a ciência e experiência prática diária dão para entendimento do passado, compreensão do presente e planejamento para o futuro.
É óbvio que não serve ao futebol (ou a qualquer outra coisa) a verdade científica produzida dentro das salas de aula das universidades ou dos seus laboratórios de pesquisa, se essa verdade estiver desconectada do mundo real e dos seus problemas reais (como não é incomum).
Mas é óbvio também que não serve o discurso viciado e vazio de que aquilo que sempre deu certo em 1970 (80 e/ou 90 – porque não no início dos anos 2000), servirá ainda hoje, absolutamente, sem adaptações ou transformações.
O treino físico de outrora, por exemplo, não pode mais ser o treino físico de hoje. O treino técnico-tático de outrora não pode mais der o treino técnico-tático de hoje. O treino psicológico de outrora não pode mais ser o treino psicológico de hoje.
Venho da Fisiologia e Bioquímica do Exercício e do Esporte (ainda ministro uma disciplina de pós-graduação nessa área). Venho do Treinamento Desportivo, da Pedagogia do Esporte. Estudei Psicologia. Me aprofundei em conhecimentos das Ciências Exatas e da Filosofia Humana. Sou Professor de Educação Física. E quero mais! Tudo isso porque sempre acreditei na necessidade da compreensão de diversas coisas para saber um pouco de todas elas e entender bem o que eu concluísse ser essencial.
Não consigo conceber hoje tomadas de decisão e/ou planos de ação que considerem conhecimentos de uma área só.
Não consigo conceber hoje o desconhecimento sobre qualquer variável que esteja presente em determinada área de atuação.
Não consigo conceber hoje a ignorância sobre o Todo e de suas Partes...
Ainda que mudanças sejam difíceis, mais ainda é se desprender da burrice que nos cega a olhos bem abertos que enxergam apenas uma direção...
Que sobrevivam os jogadores de futebol!
PS - Gostaria de aproveitar e agradecer publicamente o apoio tecnológico e operacional da ClanSoft, e o seu pronto atendimento no desenvolvimento de ferramentas específicas, de grande utilidade didático-pedagógica, no aplicativo Tactical Pad para uso desse treinador que vos escreve. Obrigado!
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Benê Lima