“De maneira convicta, somos conscientemente a favor da retirada de parte das cadeiras…”
É uma tarefa desafiadora explicar algo de tamanha complexidade e que merece um generoso espaço em poucas linhas. Contudo, é importante revelar que a retirada das cadeiras dos nossos estádios públicos, não é uma reivindicação que tenha nascido dos dirigentes de clubes. Na verdade, é uma antiga solicitação das Organizadas que ganhou corpo a partir do intercâmbio Brasil/Alemanha, gestado pela Coordenadoria de Juventude de Fortaleza, em parceria com a Agência de Cooperação Internacional de Políticas Públicas do Governo Alemão (GIZ). A ideia do intercâmbio é mostrar que as torcidas organizadas não são só violência como se apregoa.
Arena Grêmio e o local sem cadeiras
Por ocasião do I Encontro sobre Cultura de Futebol e Torcidas, realizado em 25 de novembro de 2014, como parte integrante do projeto Nossa Torcida é pela Juventude, com as presenças dos secretários de esporte do município de Fortaleza e do Estado do Ceará, além do assessor da Secretaria do Futebol do Ministério do Esporte, Helvécio Araújo, a solicitação de retirada das cadeiras, tanto do Estádio Presidente Vargas quanto do Castelão, foi recebida pelos secretários da Secel e da Sesporte, que ficaram de avaliar a reivindicação das Organizadas.
Local sem cadeiras no Chivas Estádio
Como se pode notar, juntou-se a fome com a vontade comer. O pedido dos torcedores das organizadas despertou nos gestores públicos e privados a oportunidade de sanarem, pelo menos parcialmente, o antigo problema da quebra das cadeiras e do prejuízo dos clubes. Assim, a ideia ganhou força. Restava, como ainda resta, o desafio do convencimento da opinião pública, discussão que vem sendo realizada.
Estádio Dortmund e seu local sem cadeiras
De maneira convicta, somos conscientemente a favor da retirada de parte das cadeiras, e não enxergamos nenhuma razão substancial para que não se dê guarida aos protagonistas de algo que pode voltar a ser outro espetáculo dentro do espetáculo maior que é o jogo. O arcabouço das razões alegadas para o não atendimento do que virou um coro de torcedores organizados e dirigentes, mostra-se fragilíssimo, além de um arrazoado frívolo e preconceituoso. Afinal, as opiniões precisam levar em conta as variáveis de um problema, bem como as implicações da decisão tomada a guisa de solução, seja a favor, seja contra. É importante que seja considerado que nos estádios e arenas multiuso, lugares há em que a estética pode ser privilegiada, mas não se deve impor nem privilegiar nos demais locais desses equipamentos, especialmente quando públicos, nem a priorização da visão estética nem a do elitismo. Desse ponto de vista, vale lembrar que é função desses equipamentos públicos serem funcionais e inclusivos, até porque não lhes são finalidades últimas a contemplação e a ostentação. Essencial é que eles expressem a pluralidade de classes sociais existentes em nossa sociedade, posto que esta é a concepção para os quais foram concebidos.
Outro fator que devemos levar em conta, é que as atuais praças esportivas ou arenas pré Copa, deveriam ter passado por um processo de adequação ou readequação à nossa cultura futebolística, possibilidade teorizada, mas não implementada. E se consentimos que elas temporariamente fossem da Fifa, por que não podemos retomá-las para nós, adequando-as às nossas realidades e idiossincrasias?
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Benê Lima