Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, dezembro 08, 2016

Equipe feminina da Chapecoense busca força e inspiração na tragédia

CHAPECÓ, SC, BRASIL, 05-12-2016: Laura Brustolin, 17 anos, jogadora do time de Futebol Feminino do Chapecoense. Setenta e uma pessoas morreram após a queda de um avião que levava a equipe da Chapecoense, na Colômbia, na madrugada dessa terça-feira (29). (Foto: Avener Prado/Folhapress, COTIDIANO) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***

JULIANA GRAGNANI
ENVIADA ESPECIAL A CHAPECÓ (SC) 

Da trágica morte dos atletas e da delegação da Chapecoense na semana passada, as jogadores do time feminino do clube pretendem tirar força e inspiração.
"Virou uma motivação para a equipe. Temos que seguir adiante com o legado que deixaram", diz Laura Brustolin, 17, com um semblante preocupado. Ela é "Chapecoense desde pequena".

No futebol de campo, ela joga na lateral direita; na quadra de futsal, é goleira -o time de feminino da Chapecoense foi formado a partir dessa modalidade.
Financiado pela prefeitura, as meninas do futsal embarcaram em um projeto no começo de 2016: o futebol de campo da Chapecoense.

As jogadoras são pagas para disputar torneios pelo time de futsal da cidade, mas usam a estrutura da Chape para treinar no campo.

Desde 2015, o clube disputa competições de futebol feminino. Neste ano, porém, apostou com mais força nas categorias de base.

Com um grupo de quase 40 meninas de 14 a 19 anos, a equipe disputou a Copa do Brasil. A Chapecoense foi eliminada na segunda fase pelo Foz Cataratas, um dos times mais tradicionais da modalidade. "Jogamos a vida", diz o coordenador do grupo, Amauri Giordan, 36.

Pelas regras, era certo que no ano que vem a equipe disputaria a primeira divisão do Brasileiro. "Nosso objetivo era não cair da Série A durante cinco anos e, em 2020, brigar para ser campeão brasileiro com as mesmas meninas", afirma Amauri.

Para tanto, tinha apresentado um plano para 2017 ao presidente da Chapecoense, Sandro Pallaoro -o mandatário estava no avião que caiu na Colômbia, e foi sepultado no último domingo (4).

Giordan pedia um investimento do clube de R$ 500 mil no futebol feminino para gastos com treinos, seguro, disputa do torneio e contratação de "quatro ou cinco jogadoras feras do Brasil, para dar um corpo ao time", como a goleira Bárbara, da seleção brasileira feminina.

Agora, esse futuro está incerto. "Nesse momento, não podemos pensar nisso. Se o clube disser 'vamos dar uma segurada no projeto', estaremos com eles", diz o coordenador, preocupado primeiro com "as famílias desamparadas dos jogadores, de membros da delegação e de jornalistas" e, depois, com a reconstrução do time.


INSPIRAÇÃO

Para a volante Rafaela Schinaider, 16, a morte de 71 pessoas na queda do avião na terça-feira (29) "mexeu muito com as atletas".

"Mas conversamos sobre o que isso pode significar e resolvemos dar o nosso melhor para representar bem a Chapecoense." Ela diz "não saber o que vai acontecer com o time ainda", mas que todas vão continuar treinando.

As meninas encontravam os jogadores de vez em quando na arena ou no refeitório. Conversavam com os atletas da equipe principal e tiravam fotos com eles.

Uma das mais novas do time, a meia Bruna Nhaia, a Bruninha, é de Castro, no Paraná. "Não acompanhava muito a Chape, mas eu e as meninas que viemos para cá nos apaixonamos pelo time, que é de guerreiros, muito unido. Assistíamos aos jogos no estádio; eram nossa inspiração", lamenta.

Laura, a lateral direita, lembra da visibilidade que o futebol feminino ganhou nos Jogos Olímpicos do Rio.

"O campo ganhou bastante espaço e fez todas nós sonharmos com uma perspectiva melhor. Queremos fazer nosso time crescer como os atletas da Chapecoense fizeram com o deles."

Ivan Tozzo, presidente em exercício do clube, diz ainda não ter conhecimento sobre os planos do clube para o futebol feminino.
.

Colaborou LUIZ COSENZO, enviado especial a Chapecó (SC)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima